Discurso durante a 174ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre o momento por que passa a democracia brasileira. Citação de artigos sobre o crescimento dos gastos com as contratações de servidores pelo Governo Lula. Defesa da gestão dos recursos do Bolsa-Família pelas prefeituras municipais.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA NACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Reflexão sobre o momento por que passa a democracia brasileira. Citação de artigos sobre o crescimento dos gastos com as contratações de servidores pelo Governo Lula. Defesa da gestão dos recursos do Bolsa-Família pelas prefeituras municipais.
Aparteantes
Mário Couto.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2007 - Página 34327
Assunto
Outros > POLITICA NACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, SITUAÇÃO POLITICA, BRASIL, COMENTARIO, DECISÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), APOIO, FIDELIDADE PARTIDARIA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO FEDERAL, PAGAMENTO, TERCEIRIZAÇÃO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, ESPECIFICAÇÃO, INVESTIMENTO, MUNICIPIO, GUARIBAS (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Tião Viana, que preside esta sessão de segunda-feira, 8 de outubro, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, a realidade é que vivemos o momento mais difícil da democracia no Brasil. Vou fazer 65 anos no dia 13 de outubro, Senador Papaléo Paes, e V. Exª está convidado, junto com o Senador Mário Couto - não sei quando vou ao seu Amapá; V. Exª me convide. Mas é o momento mais difícil da história do Brasil.

Senador Mário Couto, o povo buscou construir a democracia, achando que o absolutismo não era bom, a não ser para o rei - que seria Deus na terra, enquanto Deus seria o rei no céu. 

E gritaram e foram às ruas. O povo é o poder. O povo não é trouxa e construiu a democracia, gritando “liberdade, igualdade e fraternidade”. Dividiram logo o poder total - L’Etat c'est moi - e criaram os três poderes, por Montesquieu, Mário Couto.

Eu entendo - e nós estamos aqui para debater - que o erro é aí: Tião Viana, jamais devemos chamar Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Entendo que esses podem ser instrumentos da democracia. Ó vaidosos do Judiciário, do Legislativo e da turma do Luiz Inácio do PT, que governa, poder é quem paga a conta, no meu entender. Quem paga é o povo que trabalha. Nós escorchamos esse povo com 76 impostos. Poder é Deus! Eu acho que esses são instrumentos da democracia - ouviu, Papaléo? Vamos baixar a bola, que nós estamos errados muito.

Luiz Inácio foi decente, quando reconheceu: “Eu errei”. E quando disse: “Estou rodeado de aloprados por todo lado”. Então, ele teve instantes de consciência e de verdade. Ele mesmo reconheceu que era o reinado dos aloprados.

Todo mundo sabe: ou se é honesto ou não. Sou médico e fui ginecologista. É como virgindade, ó Mário Couto. Nunca vi uma meio virgem. Ou se é virgem ou não. Não é isso, Papaléo? Ou se é honesto ou não.

No nosso mundo do Legislativo é o pecado, a corrupção, a falta de decência, a mentira. O Judiciário aí está. E o pau quebra do lado mais fraco: os pobres dos Vereadores, eu sei, estou aqui. Há que se entender, que se apresentar, que ser humilde. Mitterand disse: fortalecer os contrapoderes. Um é para frear o outro. Olha, Papaléo Paes, o que está sendo feito com os pobres Vereadores do meu País, os políticos mais importantes da democracia...

Senador Mário Couto, Giscard d’Estaing, atentai bem, ganhou no primeiro turno de Mitterrand. Aí se uniram todos contra ele, que era do lado do De Gaulle. Mas Mitterrand foi muito sabido e disse que ia diminuir o horário de trabalho dos funcionários públicos, passando de oito horas para cinco. Fez uma matemática, dizendo que daria milhares de empregos e, com isso, ganhou a eleição. Giscard d’Estaing, estadista, governou a França. 

A França de Carlos Magno - Les Gaulois croyent que les sources et les riviéres, le montagne d´Alsace étaient des Dieux que pouvaient faire le bien et le mal; a França de Joana d’Arc; a França de Napoleão Bonaparte; a França de Charles de Gaulle, de Mitterrand, de Giscard d’Estaing. Perguntaram então: “O que é que você vai fazer?”, quando ele entregou o Governo para Mitterrand. Papaléo, sabe o que é que ele disse? “Eu vou ser vereador na minha cidade”. Isso define a grandeza. Olha, o que os vereadores estão sofrendo com essa medida...! Que foi uma evolução, uma consolidação pétrea de não ter mudança há um ano, antes das eleições.

Papaléo, eu já li, ô Luiz Inácio, acredite, eu já devo ter lido uns cinqüenta livros de Abraham Lincoln - desde menino, vou fazer sessenta e cinco anos. Uns cinqüenta de Abraham Lincoln; e agora está Hillary Clinton, mulher candidata à presidente. Teve o Bush. O Bill Clinton que tem aquele livro dele. Olha a convenção do Abraham Lincoln e do Bush, do Bill Clinton, é igual, é a mesma, não se muda. Há um respeito do povo às regras, às leis, às normas. Aqui, a cada instante, a cada hora, nós somos povo vendido. E o povo que é soberano, que é superior, que presta, que trabalha, que paga tem essa democracia que não está a merecer.

Leiam o Abraham Lincoln e leiam agora. São aquelas convenções regionais, colégios que possibilitam até, às vezes, o Presidente assumir sem ter a maioria absoluta de votos, mas eles mantêm porque são as regras do jogo, se curvam. Aqui a gente muda a cada instante.

Então hoje o que está ocorrendo? Cinco mil, quinhentos e sessenta e dois municípios - é vereador muito. Vamos dizer que 10% mudou de partido, que é natural. Muda-se até de mulher, não quero mudar da Adalsiginha, não, mas se mudam por que ele não muda de partido? Mudaram. E vou dar, Mário Couto, uma definição porque tem vereador que - e eu vou citar - é mais competente do que muita gente do Congresso, é mais competente do que muita gente do Palácio do Planalto, do Lula, e do Poder Judiciário. É um vereador da minha cidade, professor da Universidade. Vou contar o fato que é um quadro, para viver o momento que vivemos, Papaléo. Um quadro vale por dez mil palavras. Atentai bem!

Ele disse: “É, Senador Mão Santa”. Mas é interessante. Eu gosto. Um do deputado federal dos mais honrados que tem no Piauí, um bom caráter, foi um dos melhores secretários de educação, é o Professor Átila Lira. O professor Átila Lira foi eleito, tem suas razões e disse que o prefeito da capital não votou nele, o traiu. Eu sei que ele foi eleito e no dia seguinte ele mudou de partido.

E ele, viu, Papaléo?, esse vereador, professor Iveltmam, nível altíssimo; daria um grande Senador da República - seria um orgulho para esta Casa. Está lá porque é professor universitário. Ele pensa como Giscard d’Estaing, faz a política por ideal. Ele disse o seguinte - reflita Mário Couto... quer dizer, o professor Átila Lira trai na lua-de-mel. Foi eleito. Traiu. Não tem nada. Olha a justiça! E eu estou há 17 anos no negócio, vou dar uma saída, uma desquitada, uma pulada... cassado o mandato. É justo?

Hein, Mário Couto, você entendeu? Eu não tenho nada, não. O Átila é um dos melhores políticos que eu conheço. Mas morreu, ele justificou, entendeu?

Está tudo embaralhado, o Brasil todo! Então, tem que se implorar: Ó Deus, nos ajude! Me ensinaram a rezar, é dizer: Divino Espírito Santo, providenciai! Divino Espírito Santo, providenciai! Divino Espírito Santo... porque estão embaralhados os instrumentos da democracia. Não tem nada de poder. Poder é o povo que trabalha, o povo que paga e o poder eu reconheço em Deus.

Mas o que nós estamos aqui... E eu estou consciente, Mário Couto, recebi muitos elogios do meu povo, porque quando V. Exª exigia que esse Plenário fosse soberano, o povo do Piauí me viu, minoritário, com V. Exª, mas respeitando a soberania, que, por essa soberania estava mantido o Presidente da Casa, e lhe foi negada. Mas eu fiquei como V. Exª. Os piauienses me aplaudiram.

E o que eu queria dizer, ô Papaléo e brasileiras e brasileiros, nós estamos aqui porque aqui é a última resistência. Somos poucos, mas nós estamos resistindo. Se não, este País, se nós, poucos, aqui não abrirmos isto... que nós estamos dizendo o que o povo quer dizer e não pode, o que o Boris Casoy dizia: “Isto é uma vergonha!”, e a maior vergonha do mundo se deu, ele desapareceu. Entendeu, Mário Couto? E nós estamos aqui. Milhões queriam dizer o que eu estou dizendo. É esse momento que nós queremos... Oposição? Governo, os índios tinham, tinham cacique. Oposição é um aperfeiçoamento da democracia.

Rui Barbosa, que está ali, 32 anos, a maioria dos 32 anos foi oposição. E a gente só vê... né? Joaquim Nabuco ficou sozinho, sozinho aqui, defendendo os negros. E nós estamos aqui! Como Brossard esteve, como Ulysses, mas dizer que esse povo... e dizer uma verdade para o Luiz Inácio. Nós temos que frear. São contrapoderes. Mitterrand, morrendo, deixou uma mensagem, Luiz Inácio! Luiz Inácio diz que não lê, não gosta de ler. Problema dele. Ele disse que uma hora de esteira é melhor do que ler uma página de livro. Agora, Mário Couto, ele disse que gosta mesmo é de novela. Na certa foi aquele último capítulo em que a Bebel... ah... ah... ah... Senado... hein? Ele gostou. Na certa, ele...

Mas o que quero dizer é que a última do nosso Presidente foi infeliz. A razão de existirem os três Poderes é para um frear o outro. O Judiciário tem o direito de nos frear? Tem, porque nos omitimos, fomos preguiçosos, incompetentes, fomos malandros, não fizemos a reforma ideal. O Bornhausen, que não é do meu Partido, fez uma mini reforma extraordinária, capaz, e este Congresso a perdeu. O PFL perdeu com a sua ausência e nós também. Não fizemos porque fomos fracos.

Com isso, o Judiciário teve esse direito e é para isso mesmo, para frear, para cutucar. Temos os três Poderes. Tenho o dever de advertir a polvorosa em que estão os nossos valorosos vereadores nesse instante. O pau quebra sempre no mais fraco; eles já foram vítimas de uma medida. V. Exª se lembra que diminuíram.

Vivemos aqui a democracia. Estamos de peito aberto, mostrando a nossa cara.

Olhem aqui, O Estado de S. Paulo: “Lula diz que é um choque de gestão”. Nomear mais, ele diz que é um choque de gestão. Não é! Isso é um choque do “gastão”, não é um choque de gestão, é do “gastão”. Agora, gastar o dinheiro do povo, do povo que trabalha, do povo que paga.

Está aqui, O Estado de S. Paulo: “Lula gasta mais do que Fernando Henrique Cardoso com os terceirizados”.

Olha, a média de todos os países do mundo está entre 12 e 15 ministros. Nós estamos chegando a 40! Na França, Mário Couto, onde começou essa democracia, um ministro tem dois DAS e uma secretária. Aqui, se nós não tivéssemos enterrado a “Sealopra”, haveria 600, e é o povo quem paga.

Nós enterramos a “Sealopra”. Foi o momento de maior grandeza deste Senado: 46 a 22; um momento de grandeza, Luiz Inácio. Nos mancamos, olhamos para Rui Barbosa e tivemos aquele instante de dignidade: 46 a 22 - e a Patrícia ainda disse que se atrapalhou na mudança. Ou seja, a diferença foi grande! Nesse instante, o Senado recebeu os aplausos.

Quanto aos terceirizados, eles diziam que estão acabando... Está aqui o jornal O Estado de S. Paulo: “Além de contratar mais servidores, Governo eleva despesa com trabalhadores temporários”. E quem paga? É o povo!

Brasileiros e brasileiras que trabalham, olhem para cá. Quem de vocês que, não sendo do PT - os aloprados estão aí ganhando esse emprego -, nesses cinco anos de Luiz Inácio, aumentou o patrimônio de sua família? Como está trabalhando o brasileiro, resistindo e pagando a conta! Quem aumentou seu patrimônio? Quem comprou apartamento em Miami? Quem comprou um desses carros? Eu só vejo a turma do PT em apartamento novo, carro novo e tudo! Lá no Piauí é fácil identificar.

Está aqui ilustrado por um gráfico: “Lula gasta mais que Fernando Henrique com terceirizados. Além de contratar mais servidores, Governo eleva despesas com trabalhadores temporários” - isso foi publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Vamos adiante: “Lula infla quadro de servidores, mas não reduz gasto com terceirizados”. Isso não é choque de gestão, é choque do “gastão”.

Onde está a segurança que o povo merecia? Onde está a saúde? Morreu a colega de Papaléo de dengue, que não existia mais, mas voltou. E a educação? Uma faculdade de medicina privada custa R$3 mil ao mês. Qual é o pobre que pode pagar para seu filho, Luiz Inácio? Isso segue o modelo americano, no qual a pessoa trabalha, ganha US$2 mil e a faculdade é US$800. Mas aqui, se ele ganhar, Luiz Inácio, é um salário mínimo. Não é verdade, Papaléo?

“Lula infla quadro de servidores.” Ele faz, ataca e dá os números de Fernando Henrique Cardoso. Então, aumentou.

“Meias verdades e meias mentiras” - Correio Braziliense. O Presidente Inácio quer que o País pare com duas coisas: com a mania de achar que aumentar o número de servidores é inchar a máquina pública e com o medo de arrecadar mais impostos. Para ele, não há medo não. É para pagar, vamos inventar mais imposto. São 76 impostos. Eu já os li aqui, Papaléo Paes. Vamos enterrar essa CPMF.

Sem meias verdades: contratar mais gente... Olhem o que diz o escritor Raul Pilati:

São meias verdades. Contratar mais gente não melhora, por si só, o serviço público. Mas, com certeza, eleva o gasto público. Aumentar a carga tributária não garante justiça social. Mas, com certeza, transfere renda das empresas e de trabalhadores para o governo. Em ambos os casos o Estado brasileiro fica mais forte, não necessariamente melhor. E a sociedade, enfraquecida.

Verdades e mentiras: não é o País que deve parar, mas o Governo deve parar de nomear, de aumentar.

Tancredo Neves, quando foi eleito, disse uma frase. Papaléo, ouça a frase de Tancredo, desliga aí: “É proibido gastar”. É muito fácil gastar com o povo pagando. Qualidade onde? Tem de crescer na qualidade.

Parabéns à Veja. A melhor coluna da Veja é esta aqui: “Sobe e desce. Sobe o casamento. O casamento é uma coisa boa mesmo, eu sou feliz. Aliás, eu não vou fazer 65 anos; quando me perguntam quantos anos tenho, eu digo que tenho 38 anos, só considero os anos de casado. Antes, Papaléo, eu era uma pedra, um Pedro baiano, não tinha vida.

Olha aqui, sobem: camisa da seleção de 70, o Supremo Tribunal Federal e o casamento. Desce: Lula - está aqui na Veja. Desce, estamos vivendo esse momento de mentiras, mentiras e mentiras. Shakespeare: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Há algo de muito podre no reino de Luiz Inácio.

Está aqui: descem a família do Pinochet, o dólar e o Lula. Lula desce, desce, essa é a verdade.

Aqui tem outra matéria da Veja: “5 questões fundamentais sobre o funcionalismo”; na seção de Economia. “Choque de gestão não é só contratar melhores servidores, mas aumentar a eficiência dos 9 milhões que já existem.” Já tem nove milhões de funcionários aí. Vamos qualificá-los, melhorá-los. Na revista Exame, há um artigo muito bem-feito. “Eles querem trabalhar. A burocracia não deixa”. Olha aí o Governo. Fizeram uma classificação. Sabe qual é a posição do Brasil entre 170 países? Está em 122º, porque há tanta burocracia na máquina estatal que as dificuldades crescem. É por isso que a China está crescendo, a Índia, a Rússia, os outros, a Argentina.

Com a palavra o Senador Mário Couto.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senador Mão Santa, V. Exª está sempre trazendo a esta tribuna temas de relevância. A sociedade brasileira, com certeza, mais uma vez, principalmente aqueles que o vêem pela TV Senado, deve estar aplaudindo V. Exª. Outro dia, lembrei-me de V. Exª: abri o jornal Correio Braziliense e vi uma reportagem sobre uma cidade do Piauí. Não me lembro do nome, ajude-me.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Guaribas. O Governo fez marketing: cidade modelo e tal. Conte aí.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Pois é, Guaribas. O Presidente Lula, ao assumir o seu primeiro mandato, disse que a cidade de Guaribas iria ser, Presidente Papaléo, um modelo de combate à pobreza, à fome e à miséria; Guaribas, no Piauí, por ser uma cidade muito pobre, tipo a nossa, no Marajó, chamada Bagre, que é uma cidade também muito pobre. Hoje, depois de quase cinco anos de Governo, Guaribas está pior, e o povo cobra a presença do Presidente: “Presidente, você prometeu vir a Guaribas. Cadê o combate à pobreza e à fome?” O jornal mostra, por fotografia, como vivem os habitantes de Guaribas: mais pobres do que quando Lula esteve lá. A qualidade da educação está decrescendo, a saúde está decrescendo, tudo em Guaribas está decrescendo. Mas olhe, Mão Santa, há um detalhe. O repórter perguntou: “E o Lula?” E um dos habitantes: “Não, Lula não; o titio Lula”. O outro disse: “Não, Lula não; o papai Lula”. Curioso, o repórter perguntou: “Mas por que você o chama de tio, o outro o chama de pai?” A resposta: “É porque ele nos dá dinheiro. Ele manda, todo mês, dinheiro pra gente”. Mesmo passando miséria, mesmo sem saúde, mesmo com educação de péssima qualidade, quase inexistente, sem estradas, sem nada, absolutamente na miséria, e ainda chamam o Lula de titio por causa do Bolsa-Família. Este é exemplo, Sr. Presidente, sobre o qual o povo brasileiro tem de meditar e fazer uma análise mais profunda, Senador Mão Santa, sobre as cobranças de impostos que o Governo determina a esta Nação. E ele disse - e vou falar sobre isso na quarta-feira ou quinta-feira, se Deus quiser - que o povo brasileiro está ganhando mais. V. Exª perguntou ainda há pouco quem estava ganhando mais. Pois o Presidente disse que o povo brasileiro está ganhando mais e tem de pagar mais impostos. Na Associação Comercial de São Paulo, há um painel na entrada do prédio que marca diariamente o crescimento da cobrança de impostos ao povo brasileiro, que sai do bolso do brasileiro. Sabe quanto o País, a sociedade brasileira já pagou este ano de impostos? Sabe em quanto está? Seiscentos e setenta e nove bilhões de reais já foram retirados dos bolsos dos brasileiros! Quase 40% do PIB em arrecadação com impostos! Nunca, em governo algum, se tirou tanto do bolso do brasileiro. Estamos caminhando para um trilhão! Daqui a dezembro vai passar de um trilhão, e ele ainda quer retirar mais, Senador Mão Santa. Eu vou lutar, Presidente Papaléo Paes, e vou para esta tribuna com vontade de derrubar a CPMF. Vou dar os nomes daqueles que votaram a favor de mais impostos para o povo brasileiro. Senador Mão Santa, sempre brilhante, parabéns por seu pronunciamento.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Mário Couto, incorporo todas as palavras de V. Exª ao meu pronunciamento e solicito ao Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, um pouco de paciência.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, olhem o Zezinho, ele é um exemplo de bom funcionário deste Senado; e temos que ver o lado bom. O Zezinho já pegou o Correio Braziliense. Também temos a TV Senado, a Rádio Senado AM e FM e o Jornal do Senado, todos muito bons, mas coloca bem grande, faz de conta que sou do PT, porque quando é o PT, eles aumentam. O Correio Braziliense é um bom jornal... Porque quando é o Mário Couto, fui olhar o discurso dele, eles diminuem.

Correio Braziliense: “Guaribas. Depois do circo, o abandono”. Só fizeram circo e propaganda. Há dois jovens aguardando o Lula. A terceira: “Um símbolo esquecido”. Só demagogia, só propaganda!

No nosso Piauí, Luiz Inácio, o caboclo ensina que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade, contradizendo aquela máxima de Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida se torna verdade”. Não, a verdade vem; está aqui: “Um símbolo esquecido”. Os velhos estão lamentando e o jornal Correio Braziliense - que está é bom! - publica: “À espera de Lula”, que prometeu cinco anos.

Luiz Inácio, estou aqui para ensiná-lo, é meu dever, sou pago. Senador tem de ser o pai da Pátria. No dia em que eu não tiver condição de guiar o Luiz Inácio, vou para o meu Piauí, para a praia ficar agarrado com a Adalgisa. Eu posso porque eu fui prefeitinho e ele não foi, fui governador, fui secretário de saúde, sou médico e cirurgião há mais de 40 anos.

Ô Luiz Inácio, isso foi bom. O Bolsa-Família, que já foi Bolsa-Escola, foi bom. Não vou dizer que não. É uma caridade. São Paulo já pregava sobre a fé, a esperança e a caridade, que é amor. Não estou contra. Luiz Inácio, pegue isso e entregue para os prefeitinhos. Não precisa mais desses aloprados do PT. Prefeito é para isso. O Papaléo foi prefeitinho, e o prefeitinho conhece todo mundo da cidade. Está ouvindo, Eurípedes? Então, o prefeitinho vai pegar aquele pessoal e qualificar. Podem ser jardineiros, vigias, merendeiras, guardas de trânsito. Mas vai dar cursos para aquele pessoal trabalhar e viver.

Desculpe-me Luiz, eu votei em você, mas sou mais Luiz Gonzaga, o profeta. Ele diz que a esmola que se dá a um homem são ou mata ele de vergonha ou humilha o cidadão. Para esse pessoal, o prefeitinho tem o serviço social. Não é isso, Papaléo? Como é o nome da sua esposa mesmo?

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Josélia.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - A Josélia não fazia o serviço social? Elas vão orientar esse povo para trabalhar, e o prefeitinho pode aumentar o dinheiro. O Luiz Inácio está dando mais de R$100,00; o prefeito pode dar mais 10%, o Governador aumenta, tudo para que aquelas pessoas trabalhem. Que exemplo eles darão aos filhos e aos netos?

É isto: corrija o programa de Vossa Excelência. Ainda está em tempo, Luiz Inácio. O General do México disse que prefere um adversário que o leve à verdade a um aliado, que Vossa Excelência chama de aloprado, que o engana a cada instante.

São essas as nossas palavras.

Quero dizer outra coisa. Ô Papaléo, você é o que da Mesa? Onde está o Agaciel e o Waldeck? Ô Zezinho, você é muito eficiente. Vou pedir ao Agaciel que lhe dê um daqueles DAS-6, de R$10.448,00, que os aloprados ganham. Você me trouxe o jornal.

Determinadas coisas estão erradas. Ô Agaciel, quero fazer um pedido: quero o jornal Tribuna da Imprensa no meu gabinete. Tribuna da Imprensa é o jornal de Hélio Fernandes. Ele é muito importante na História do Brasil; foi preso várias vezes. Assim como Niemeyer é importante para a arquitetura; ele é um patrimônio da imprensa. Interessante! Tiraram o jornal só porque ele é independente, é livre e escreve. Ele até colocou uma nota com um retrato meu, dizendo: “Mão Santa inaugurou um estilo novo no Senado. Divertido, irônico, mas ético”.

Temos de colocar a imprensa livre nos nossos gabinetes.

Então, Papaléo, você é da Mesa? Na próxima reunião, você, que é da Mesa e é independente, diga: “Olhe, meu Diretor, o Mão Santa reclamou que quer o jornal Tribuna da Imprensa no gabinete dele. Ele tem o direito”. Não é possível que não possa escolher o jornal que quero ler. Quero a Tribuna da Imprensa no meu gabinete. É só isso. Acredito que um jornal vale pela verdade que diz.

Essas são as minhas palavras.

Luiz Inácio, já está chegando o fim. Sei que isso passa ligeiro. Estamos aqui para ajudar Vossa Excelência. Vamos rever a questão de Guaribas. Vamos passar essas bolsas para os prefeitos, fazer convênio para os prefeitos aumentarem... Deixe os prefeitos tomarem conta disso, porque eles são gente boa.

Os vereadores estão atordoados por essas leis, mas eles têm a estrutura. Não é preciso criar outra roda para botar os aloprados do PT onde já existem as unidades das células administrativas, que são os prefeitos. Vamos salvar o Bolsa-Família, encaminhando as pessoas que o recebem para o trabalho em respeito a Rui Barbosa, que disse que a primazia deve ser dada ao trabalho e ao trabalhador, porque são eles que fazem a riqueza.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SENADOR MÃO SANTA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno)

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Matérias referidas:

“O cheiro do medo (Estado de S.Paulo)”;

“Lula infla quadro de servidores, mas não reduz gasto com terceirizados” (Estado de S.Paulo);

Meias verdades e mentiras (Correio Braziliense).

“Eles querem trabalhar. A burocracia não. (Exame)”;

“Cinco questões sobre o funcionalismo (Veja)”;

“Guaribas. Depois do circo, o abandono (Correio Braziliense).

Um símbolo esquecido (Correio Braziliense).

À espera de Lula (Correio Braziliense).


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2007 - Página 34327