Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização da Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó - SC e da vigésima quarta edição da Oktoberfest, em Blumenau - SC. Solidariedade aos Senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, afastados da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Autor
Raimundo Colombo (DEM - Democratas/SC)
Nome completo: João Raimundo Colombo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL. LEGISLAÇÃO ELEITORAL.:
  • Registro da realização da Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó - SC e da vigésima quarta edição da Oktoberfest, em Blumenau - SC. Solidariedade aos Senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, afastados da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2007 - Página 34586
Assunto
Outros > SENADO. ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL. LEGISLAÇÃO ELEITORAL.
Indexação
  • ANALISE, CRISE, SITUAÇÃO POLITICA, BRASIL.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, FEIRA AGROPECUARIA, MUNICIPIO, CHAPECO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), COMENTARIO, IMPORTANCIA, CIDADE, QUALIDADE, EXPORTAÇÃO, CARNE, FRANGO, SUINO.
  • DETALHAMENTO, QUANTIDADE, FESTA, PERIODO, DEMONSTRAÇÃO, CULTURA, MUNICIPIOS, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ESPECIFICAÇÃO, BLUMENAU (SC), BRUSQUE (SC), FLORIANOPOLIS (SC), JARAGUA DO SUL (SC), TREZE TILIAS (SC), ATRAÇÃO, TURISTA, BRASIL.
  • ELOGIO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MODELO, QUALIDADE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, PROGRESSO.
  • SOLIDARIEDADE, JARBAS VASCONCELOS, PEDRO SIMON, SENADOR, AFASTAMENTO, MEMBROS, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA.
  • CUMPRIMENTO, IMPORTANCIA, DECISÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), APOIO, FIDELIDADE PARTIDARIA, MELHORIA, SITUAÇÃO POLITICA.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna, hoje, para comentar um pouco algumas coisas sobre o meu Estado, Santa Catarina, e também sobre o momento político nacional.

Quando Prefeito lá em Lajes, a gente vivia dizendo sobre a distância das coisas que acontecem no dia-a-dia das pessoas nas cidades para a realidade de Brasília. Aqui é a Capital, o poder central, a capital política, mas, também, o excesso do controle sobre a questão da burocracia.

E o que a gente vê hoje em Brasília - os fatos políticos, o desgaste da classe política, as denúncias, esse clima ruim que está sobre todos nós, sobretudo aqui no Senado, mas, na verdade, em todo o poder central, no modelo de Estado brasileiro, na ação política de todos os seus políticos - é o desgaste acentuado, a desmoralização da classe política, a falência das instituições, a resposta inadequada para os problemas brasileiros. No entanto, quando a gente viaja para o interior, volta para o nosso dia-a-dia, para a nossa realidade, para o contato com as pessoas, para o que está sendo feito lá, volta revigorado, renasce na gente a esperança. E aí a gente vê o Brasil que está dando certo, o Brasil que é exemplo.

Na sexta-feira, eu participei, em Chapecó, da abertura da Efapi - Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó, que é a cidade pólo do oeste, a região que mais produz frango, carne suína, com grande capacidade de exportação. Ela é, hoje, a segunda maior feira econômica do sul do Brasil, atrás apenas da Expointer de Porto Alegre, a terra do nosso querido Senador Paulo Paim.

Cerca de 450 mil pessoas estarão visitando a Efapi. E aí a gente conversa com os empresários, com os agricultores, com os cooperativados, com os produtores rurais, fica por alguns dias, e parece que esquece, Senadora Serys, tudo o que está acontecendo aqui. Funciona exatamente como um elemento de força para a gente continuar o trabalho.

Hoje, lá mesmo, comemora-se o aniversário da Cooperalfa - a maior cooperativa, com cerca de quinze mil associados -, e é um evento de grande importância. A Cooperalfa é dona da marca Aurora - entre outras -, que é uma das grandes empresas do nosso País, um sucesso enorme e faz com que o oeste de Santa Catarina seja uma das regiões mais desenvolvidas e com forte crescimento econômico no nosso País. Mas não é só lá, também em Campos Novos, Caçador, Lajes - esse é um período muito rico em eventos, e o evento é a oportunidade de mostrar o produto, a qualidade do produto, de promover quem faz o produto, quem lidera essa ação, quem gera o crescimento, quem faz o Brasil crescer.

Já em Santa Catarina, em outra região do nosso Estado, mostra-se a força da gente, sobretudo de origem alemã, na região de Blumenau. Está acontecendo agora a Oktoberfest. Em 1984, Blumenau sofreu uma segunda grande catástrofe. Em 1983 houve uma grande enchente e veio outra em 1984, que praticamente arrasou a cidade. É uma cidade fortemente industrial, a terceira maior cidade de nosso Estado, o segundo maior centro econômico. Foi realmente um negócio terrível. Eu era Secretário de Estado àquela época e convivi com aquela catástrofe. Foi uma coisa impressionante. O rio subiu e chegou a níveis nunca antes alcançados. Foi uma situação muito difícil para toda aquela população, mas eles encontraram várias formas de reerguer a sua auto-estima, recuperar a sua capacidade de trabalho, conseguir superar a crise e as conseqüências econômicas dessa situação.

Uma das razões foi muito própria do espírito e da força do alemão: reencontrar, por meio da festa, da alegria, da convivência, a força para superar. E aí nasceu a Oktoberfest, que já se realiza há 24 anos, com base mais ou menos naquela experiência que acontece lá em Munique há mais de 150 anos.

            Blumenau conseguiu também recuperar e dar oportunidade aos artistas para que eles apresentassem a força da sua cultura, da sua tradição. Nessa época, em 1984, apenas um grupo germânico apresentava e revivia, com esforço muito grande, essas tradições. Hoje, mais de trinta grupos cultuam a cultura alemã e se apresentam em diversas oportunidades. Para que tenham uma idéia, neste período, cerca de 750 mil pessoas comparecem à Oktoberfest, evento famoso no Brasil inteiro. Durante esses vinte dias, a cidade vive esse clima e comemora a sua história. Blumenau tem 157 anos de fundação e uma história muito bonita de progresso. É um orgulho para todos os catarinenses. Essa festa já está acontecendo - aproveito a oportunidade para convidar a todos.

Com o sucesso da Oktoberfest, aconteceu outro fenômeno muito interessante: as cidades vizinhas começaram a realizar eventos parecidos, de tal forma que o turista pode ficar um dia em Blumenau e, depois, ir a Brusque, cidade também de origem alemã, que tem forte vocação industrial principalmente no setor têxtil, onde se realiza a Fenarreco. Depois, há a Marejada em Itajaí, festa gastronômica que dura dezessete dias, cidade muito vocacionada para a questão açoriana, portuguesa. Florianópolis, a cerca de 80 quilômetros, realiza sua Fenaostra - para se ter uma idéia, são produzidas, comercializadas, consumidas cerca de 80 mil dúzias de ostras. Depois, na maior cidade do Estado, a querida Joinville, com forte história de colonização alemã e italiana, realiza-se a Festa das Tradições, evento extraordinário. É incrível como fica bonita a cidade, como as pessoas vão à rua, se confraternizam, mostram seus valores humanos. Acontece também, em Jaraguá do Sul. A Tirolefest, lá em Treze Tílias, cidade de interior com cerca de 6.000 habitantes, para se ter uma idéia, os hotéis já estão reservados para 2009. É a região do Tirol, a divisa da Alemanha, da Itália, toda a cultura tirolesa fica ali apresentada.

Em Rio do Sul, temos a Kegelfest, assim como outras em Timbó, em Rio Negrinho, em São Bento do Sul, em São Pedro de Alcântara, em São José, em Corupá. Enfim, Santa Catarina, no mês de outubro, é realmente um local onde as pessoas se confraternizam, comemoram as conquistas do seu trabalho, mostram a riqueza da sua produção em muitos eventos, sejam eles da indústria, da agricultura, do comércio, além das festas que promovem a tradição, a cultura e a riqueza do seu povo.

É essa Santa Catarina que orgulha a todos nós, catarinenses. E acredito que o Brasil a considera como exemplo de sucesso, de progresso.

Temos, é verdade, muitos desafios fortes, que estão presentes no dia-a-dia do nosso povo, na luta dos nossos governantes, no exemplo da nossa classe empreendedora, na ação corajosa, determinada, parceira do nosso trabalhador.

Em todos os lugares, Santa Catarina tem mostrado, ao longo da sua história, pela qualidade da sua gente, grandes conquistas. É realmente um Estado que tenho orgulho de representar.

Vencida essa parte do meu discurso, queria me solidarizar, mostrando a minha admiração e o reconhecimento pela carreira política de dois homens públicos que estão aqui no Senado e são exemplo para o Brasil inteiro, e, infelizmente, houve esse processo de substituição deles na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Acredito que todas as pessoas que pensam neste País e têm um mínimo de conhecimento e capacidade de avaliação estão revoltadas com a substituição do Senador Jarbas Vasconcelos e do Senador Pedro Simon.

É absolutamente inaceitável a violência desse ato e o que isso representa. Sem entrar no campo da ação interna do Partido, que eu respeito e que não me cabe comentar, é absolutamente indispensável. É necessário que, como Senador, como pessoa de bem, que quer o bem e quer trabalhar nessa direção, não nos calemos. É fundamental dizer que a ação política é cheia de coisas complexas, difíceis de ser entendidas, mas esta, Senador Mão Santa, não dá para aceitar. Ela é realmente absurda, sem nenhum sentido. Mexer com gente da qualidade, do peso, da história política, dos princípios e dos valores comportamentais que têm esses dois homens públicos é absolutamente inaceitável.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Colombo.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Colombo, a história do renascer da democracia tem muito a ver com o PMDB. Atentai bem, Osmar Dias, que está aí! Ulysses imaginou-se o anticandidato. Ele viu que não tinha possibilidade de obter vitória. Já havia um candidato, escolhido no Colégio Eleitoral, que já estava eleito. Mas ele lançou-se e teve o apoio integral do Partido. Ele fez campanha no Brasil todo para motivar o espírito de renascimento da democracia, mas não houve uma concordância, porque os seus companheiros do PMDB não queriam que ele viesse no dia da eleição. Achavam que aquilo seria festejar a ditadura, seria legalizar o Estado revolucionário ditatorial dos militares. Mas ele se entusiasmou e veio. Eu não o condeno, porque, na história, existem os dois melhores pronunciamentos: Petrônio Portella, do Piauí, falando para Ernesto Geisel, uma obra de literatura e de razões democráticas; e Ulysses, representando o anticandidato. Mas, naquele instante, dezessete companheiros seus do PMDB negaram-lhe voto, porque consideraram que ele devia... Eles ficaram na história como os autênticos, e esses não receberam nenhuma pressão. E agora, no mundo em que vivemos, Pedro Simon é o símbolo maior não só do PMDB, não só deste Congresso, não só da democracia. Ele é o único que pode se igualar a Rui Barbosa. Rui Barbosa, Serys, passou 32 anos nesta Casa. Pedro Simon já tem, do povo gaúcho, o direito de chegar ao trigésimo segundo ano. Quer dizer, é uma figura histórica, que pertence à Pátria e à esperança. E o outro também, do Nordeste, é um herói. É um herói lutador. Como era difícil, eu me lembro de que ele saiu candidato a Senador no Nordeste, em Pernambuco. O Partido do Governo, que era a Arena, teve de colocar três. Ele perdeu: perdeu o pai, que tombou na véspera da eleição. O Jarbas também é esse patrimônio. Então é isso, perderam a cabeça, perderam a noção, perderam o juízo, perderam o respeito. Como disse Rui, só existe um caminho e uma salvação: a lei e a justiça. Isso não foi justiça, mas um ato emocional, pensando que estar com o Governo, ter o apoio do Presidente da República é ter tudo. Isso não pertence somente a nós, do PMDB, que estamos sofrendo, constrangidos, mas a V. Exª, que é do...

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Democratas.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ...Democratas. Quer dizer, todos estamos unidos para que sejam restaurados os direitos daqueles dois Congressistas que engrandecem não só a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania - os dois são advogados. É como o povo diz: “Cada macaco no seu galho”. Eles estão no galho deles. Eles estão na função que engrandece. Então, recebo, em nome dos companheiros vitimados, a sua solidariedade, que agradecemos.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Eu que agradeço, Senador Mão Santa.

Realmente, é algo que deixa o Senado menor. Ficamos constrangidos. Não sou do PMDB, mas sou Senador. Esta Casa é plural e o debate contraditório das idéias aperfeiçoa esta Casa. Que exemplo estamos dando para as Câmaras de Vereadores por todo Brasil? Quando houver alguém que discorde, começarão a substituir e a perder toda a condição.

Também me solidarizo com o Senador Demóstenes Torres e com o Senador Marconi Perillo. Não sei se essa história é realmente verdade - não conversei com eles -, mas nos assusta. Isso não pode estar acontecendo aqui. Esta Casa está dando sinais de falência, correndo riscos absurdamente desnecessários, porque esse procedimento nos revolta.

Se isso ocorreu, temos de tomar medidas duras.

E ainda quero, Presidente Osmar Dias, concluindo, apenas expressar a alegria de ver o Supremo Tribunal Federal reafirmando a sua posição. Era aquilo que eu esperava.

Fiz um discurso em relação à fidelidade partidária. A eleição municipal se aproxima. É nela que se constroem partidos políticos fortes; é com ela que surge a oportunidade de nascerem novas lideranças. A prática política precisa ser reformulada - esta que está aí faliu. Precisamos ter Partidos políticos fortes. E a decisão do Supremo é um norte, é uma linha nova.

É uma pena que não tenha, Senador Sibá, partido de nós, aqui do Congresso Nacional. Isso é algo que devia ser feito pelo Legislativo, de uma forma bem mais ampla. Tinha de haver o voto distrital, que daria uma cara mais humana; o financiamento público de campanha, mas infelizmente não deu, não conseguimos fazê-lo. Nós nos atrasamos, mas o exemplo está aí presente, com a decisão do Supremo, que quero cumprimentar, porque é um passo importante.

Acredito que os Partidos devem aproveitar essa oportunidade não apenas para ser, como são hoje, uma máquina eleitoral, mas sobretudo...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Osmar Dias. PDT - PR) - Peço a V. Exª que conclua.

O SR. RAIMUNDO COLOMBO (DEM - SC) - Concluindo, Sr. Presidente, abrindo espaço para o novo e sendo uma base intelectual para a sociedade. Temos de inovar na forma de fazer política, temos de construir novos métodos, temos de alterar procedimentos. E, para fazer Partido forte, ele precisa ter qualidade. Não é só uma máquina eleitoral, não é apenas visando ao resultado da urna, mas, sobretudo, qualificando a classe política, para que ela faça de forma diferente a atividade política que hoje, desgastada e desmoralizada, prejudica o nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2007 - Página 34586