Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre a vinculação do nome de S.Exa. ao episódio conhecido como caso Ivanete. Preocupação com a disputa por cargos na Petrobrás e destaque para os currículos dos atuais diretores da empresa.

Autor
Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Comentário sobre a vinculação do nome de S.Exa. ao episódio conhecido como caso Ivanete. Preocupação com a disputa por cargos na Petrobrás e destaque para os currículos dos atuais diretores da empresa.
Aparteantes
Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2007 - Página 34614
Assunto
Outros > IMPRENSA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • DESMENTIDO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, DEPUTADO FEDERAL, DENUNCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INFLUENCIA, GESTÃO, EX GOVERNADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).
  • RECONHECIMENTO, INTEGRIDADE, EFICACIA, TRABALHO, PROCURADOR, MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), INVESTIGAÇÃO, COMPROVAÇÃO, INOCENCIA, ORADOR.
  • ELOGIO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), IMPORTANCIA, EMPRESA, BRASIL, DEFESA, QUALIFICAÇÃO, COMPETENCIA, DIRETOR, CARGO DE CARREIRA, CAPACIDADE, EXERCICIO, FUNÇÃO, DIRETORIA.

O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Pela Liderança do Governo. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, vim a esta tribuna para falar da Petrobras.

Mas vou fazer um leve comentário com relação a uma leitura que fiz neste final de semana, Sr. Presidente, e li, com surpresa, a vinculação do meu nome ao episódio conhecido em Mato Grosso do Sul como o caso Ivanete, objeto de matéria publicada na edição 2.029 dessa respeitada revista.

A bem da verdade dos fatos, cumpre esclarecer que, desde o início desse episódio das denúncias, que não é recente, meu caro Senador Presidente Paim, e suas conseqüências, amplamente divulgadas, em nenhum momento meu nome foi citado, sob qualquer pretexto ou em qualquer contexto.

E é importante registrar, meu caro Senador Paim, que, ao longo do Governo Zeca, do Governo José Orcírio Miranda dos Santos, eu não interferi, nem direta nem indiretamente, na gestão do ex-governador. Não tive nenhuma participação na gestão do ex-governador, seja direta ou indiretamente. Agora, sempre fui um grande soldado, aqui em Brasília, para ajudar o meu Estado e ajudar o seu Governo.

É importante registrar, Sr. Presidente, que eu credito esse episódio a mais uma entre incontáveis tentativas de macular a minha honra, em função do comportamento independente que adoto no exercício do meu mandato como Senador da República por Mato Grosso do Sul, postura que se tornou particularmente evidente quando presidi, com reconhecida competência - reconhecimento esse da opinião pública brasileira -, a CPMI dos Correios, cujas conseqüências advindas da aprovação do relatório final incomodaram e, conseqüentemente, ainda incomodarão muitos.

Sr. Presidente, eu não poderia, e tenho pautado a minha postura... Quando surge qualquer nhenhenhém, eu respondo na hora, até porque sei e reconheço o trabalho competente da Imprensa, especialmente da revista Veja e de outros órgãos de comunicação, como também reconheço o trabalho absolutamente sério do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal. No caso Ivanete, o Ministério Público do meu Estado, o Mato Grosso do Sul, tem feito uma investigação exemplar, conduzida pelo Dr. Marcos Sotoriva com extrema competência, isenção, técnica e profissionalismo.

Eu não poderia deixar de destacar também, Sr. Presidente, e de apresentar aqui o exemplar de hoje do Correio do Estado, que traz uma entrevista com o Procurador Sotoriva, dizendo que eu não tenho absolutamente nada a ver com esse processo. Isso foi afirmado textualmente pelo Procurador que comanda essas investigações, que evidentemente envolvem outras pessoas. E não posso deixar de destacar também, até pela própria entrevista, a isenção do Deputado Antônio Carlos Biffi nesse processo, que também foi citado por essa mesma matéria.

Para quem tiver interesse nessa investigação, vou deixar aqui, nos Anais do Senado, todo o processo, mostrando que não há nenhuma menção ao meu nome e ao nome do Deputado Antônio Carlos Biffi. E, conseqüentemente, entendo esse assunto como absolutamente encerrado, mas não poderia deixar passar, meu caro Presidente Paulo Paim, a oportunidade de fazer este registro com fatos concretos, com documentos e com o próprio posicionamento público do Procurador Sotoriva, que, diga-se de passagem, tem feito um trabalho exemplar, representando com dignidade todo o Ministério Público do meu Estado, o Mato Grosso do Sul.

Vou encaminhar aos Anais do Senado todas essas informações, porque precisamos, mais do que nunca, nos pautar por transparência, por equilíbrio. Quando instados, precisamos sempre responder não só à população do meu Estado, o Mato Grosso do Sul, como também à população brasileira.

Por isso, mais uma missão cumprida, com a graça de Deus.

Porém, Sr. Presidente, o que me traz aqui a esta tribuna é que tenho lido muitas coisas sobre a Petrobras, sobre a disputa de cargos na Petrobras.

Quero destacar que a Petrobras é a empresa mais importante do Brasil. Agora, a Vale teve uma valorização de suas ações e passou à frente da Petrobras, em função de um momento específico, mas a Petrobras é a maior empresa brasileira, está entre as quinze maiores petrolíferas do mundo, investe cerca de US$32 bilhões a US$34 bilhões por ano.

Talvez as pessoas não conheçam como funciona a Petrobras. Com a quebra do monopólio, Sr. Presidente, a empresa abriu o seu capital e, hoje, é uma empresa que tem acionistas e investidores em todos os continentes. Portanto, é uma empresa que se pauta por uma expressão mágica chamada governança corporativa, transparência na sua administração.

E eu, acompanhando tudo o que tem sido falado ou escrito sobre a Petrobras e tendo sido da Casa, não poderia me calar, até para esclarecer os fatos todos e, mais do que nunca, trazer bom senso a esse debate.

A Petrobras é uma empresa que não agüenta desaforo, precisa ter gestores experientes, gestores capazes, para fazer frente aos seus grandes desafios. E eu não posso, Sr. Presidente, deixar de destacar - e tive o cuidado de separar aqui os currículos dos vários diretores da Petrobras -, primeiro para registrar o fato - e conheço bem a empresa - de que já faz algum tempo que a Petrobras não tem uma diretoria toda formada por quadros de carreira. Os nomes que estão aqui, todos eles, têm de 28 a 30 anos de casa.

Quando vejo uma discussão política, uma pressão sobre o Governo no sentido de se trocar a diretoria da Petrobras, isso é do processo - nós temos um governo de coalizão -, mas o que noto é que existem alguns interesses que tentam desqualificar as pessoas que hoje dirigem a companhia, companhia essa que tem apresentado resultados cada vez maiores, principalmente devido a sua gestão e a sua governança, que hoje é uma referência para todo o País.

E eu, Presidente, gostaria de, muito rapidamente, mostrar aqui quem são os diretores de Petrobras: Dr. Almir Barbassa, Diretor Financeiro da Petrobras, formado em Economia pela Fundação Getúlio Vargas.

O Dr. Almir Barbassa ocupou vários cargos na área financeira da Petrobras, e é importante registrar que foi quem criou a primeira subsidiária brasileira da Petrobras fora do País, na Líbia. Depois dessa experiência, ele trabalhou na Petrobras America, em Houston, no Texas. Depois disso, meu caro Senador Paim, ele foi Diretor Financeiro da Braspetro - para quem não sabe, o braço internacional da Petrobras. Depois disso, meu caro Presidente Paim, ele foi Presidente da Petrobras International Finance, foi Presidente da Petrobras na Holanda e ocupou uma série de cargos na diretoria financeira até assumir o comando das finanças complexas da nossa querida Petrobras. Um diretor financeiro da Petrobras precisa conhecer finanças acima de tudo complexas que pautam os projetos e project finances desenvolvidos especialmente para exploração e produção de óleo.

Vou mencionar agora o segundo Diretor da Petrobras, Sr. Presidente, e peço um pouco de paciência a V. Exª: o Dr. Guilherme de Oliveira Estrella. Geólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e funcionário da Petrobras desde 1965, começou como geólogo de poço e tornou-se gerente de exploração da Braspetro no Iraque, no Campo de Majnoon, o que muitas pessoas aqui lembram. Foi chefe de vários setores de interpretação de bacias, Superintendente-Geral do Cenpes, Diretor-Conselheiro e Vice-Presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Geologia. E integrou a Sociedade Brasileira de Paleontologia e também a associação americana de profissionais formados em geologia de petróleo.

O outro Diretor, meu caro Presidente Paim, é Paulo Roberto Costa, anterior Diretor de Exploração e Produção - tudo a ver com o seu currículo - hoje Diretor de Abastecimento. Engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Paraná em 1976, especializou-se em engenharia de instalações no mar pela própria Petrobras; participou de instalações de plataformas e de desenvolvimento de produção na Bacia de Campos, na área de engenharia, de superintendência de apoio e como Superintendente da Região de Produção do Sudeste. Em 1995, meu caro Senador Paim, foi indicado como Gerente-Geral de Exploração e Produção do Sul, responsável pela Bacia de Santos e até a Bacia do Rio Grande do Sul: a Bacia Pelotas. Foi também Gerente de Gás na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras; Diretor da Gaspetro, responsável pela infra-estrutura de gás; e Diretor-Superintendente da TBG. Paulo Roberto tem mais de trinta anos de companhia, meu caro Presidente Paim.

Dr. Nestor Cerveró, da Diretoria Internacional. Engenheiro químico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com MBA para gerentes executivos na Fundação Getúlio Vargas. Ocupou vários cargos de gerência, entre eles o principal foi de assessor da Presidência para Desenvolvimento do Programa de Energia da Petrobras. Foi Gerente de Energia da Diretoria de Gás e Energia da companhia; presidiu vários Conselhos de Administração. Hoje é Diretor Internacional da Petrobras com experiência em vários continentes: América do Sul, Golfo do México, África, e também Oriente Médio.

Sr. Presidente, o próximo Diretor, Renato de Souza Duque, Diretor de Serviços, meu caro Senador Sibá Machado. Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal Fluminense, com MBA pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Engenheiro de Petróleo Sênior da Petrobras, onde ingressou em 1978, teve várias funções na Bacia de Campos, entre elas a de Gerente de Recursos Humanos da Área de Exploração e Produção; Gerente de Engenharia e Tecnologia de Poço na Área de Exploração e Produção e também Gerente de Contratos da Área de Exploração e Produção. Hoje é o Diretor de Serviços da companhia.

Por último, a Drª Maria das Graças Silva Foster, que recentemente assumiu a Diretoria de Gás e Energia. Engenheira química formada pela Universidade Federal Fluminense; formada também em Engenharia Nuclear, com mestrado em Engenharia Mecânica e Engenharia Nuclear pela COPPE do Rio de Janeiro e com MBA pela Fundação Getúlio Vargas. Assumiu várias funções. Foi Presidente da Petroquisa; Gerente Executiva de Petroquímica e Fertilizantes; Secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia quando da gestão da Ministra Dilma Rousseff; responsável pelo Programa de Biodiesel do Governo Federal e responsável, como Secretária Executiva Nacional, pelo Programa do Governo Federal de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo, Prominp, um dos programas mais importantes para qualificar a mão-de-obra em função dos investimentos da Petrobras nos próximos anos; Presidente do Conselho de Administração da Liquigás; Vice-Presidente do Conselho de Administração da Companhia de Petróleo Ipiranga e Membro do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

Sr. Presidente, esses, resumidamente, são os currículos dos seis diretores da companhia, todos eles de carreira, e do Presidente Gabrielli, homem formado na área financeira, que, mesmo não sendo da Casa, entendeu o espírito da nossa companhia e tem trabalhado competentemente, fazendo uma gestão exemplar, não só como diretor financeiro, mas também como presidente da empresa.

Portanto, Sr. Presidente, eu não poderia me calar, eu não poderia deixar de fazer esses registros quando algumas pessoas começam a desqualificar a diretoria da Petrobras - uma diretoria, toda ela, formada por quadros de carreira -, dizendo, Senador Sibá, que o PT aparelhou a Petrobras. Se aparelhar a Petrobras é botar gente de carreira, com 28, 30, 32 anos de carreira, se isso é aparelhar, graças a Deus que o PT - ou os partidos aliados que hoje fazem parte da coligação do Governo do Presidente Lula - indicou profissionais de carreira. Não é feio indicar politicamente em um Governo de coalizão, porém, é preciso, mais do que nunca, como disse a Ministra Dilma Rousseff, estabelecer as premissas para indicar gente competente. E, inegavelmente, os diretores executivos da Petrobras são de carreira, são pessoas competentes e têm uma história de realizações na companhia.

            Meu caro Senador Sibá...

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Rapidamente, Presidente, eu não poderia deixar de parabenizar o Senador Delcídio Amaral pelo brilhante pronunciamento que faz na tarde de hoje, respondendo as verdades e fazendo justiça a quem a merece. Creio que, realmente, S. Exª precisava ter vindo à tribuna hoje colocar, no meu entendimento, um ponto final nesse tipo de maledicência que não contribui com absolutamente nada para o crescimento de uma empresa que tem a responsabilidade do tamanho do Brasil. A Petrobras hoje é orgulho para todos os brasileiros. É uma empresa estratégica para nossa economia, cuja importância supera, em muito, os interesses que se encerram no mandato de um governo. Nesse caso, acho que V. Exª colocou o ponto no ponto. Se alguém ainda tocar nesse assunto, com certeza basta reprisarmos o pronunciamento de V. Exª na tarde de hoje. Parabéns!

O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS) - Muito obrigado, Senador Sibá Machado.

Eu quero agradecer, meu caro Senador Paim, Presidente, pela oportunidade e paciência em me aturar durante tantos minutos aqui.

Encaminho estas documentações que aqui citei e apresentei, para constarem dos Anais do Senado Federal.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR DELCÍDIO AMARAL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Currículos de diretores da Petrobras


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2007 - Página 34614