O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do Orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Srªs e Srs. Senadores, quero, neste dia, também, como alguns Senadores que me antecederam, manifestar aos professores do Brasil felicitações e fazer reflexões acerca dessa importante profissão, desse segmento, dessa categoria de trabalhadores que compõe este Brasil.

Às vezes falamos dos professores das nossas universidades, passando a idéia, principalmente neste dia, de professores urbanos. Mas quero refletir também acerca dos professores que trabalham no Brasil rural, no Brasil das estradas, no Brasil das pequenas localidades, das vilas. Quero falar dos professores, quero refletir, nesta data, a data do professor, sobre o trabalho duríssimo dos professores lá da Amazônia, Presidente Jayme Campos, dos professores que acordam pela madrugada e que se deslocam em pequenos barcos, em canoas, professores que caminham a pé para chegar até a sala de aula, professores que têm uma vida mais dura do ponto de vista do ensinamento didático, das condições de trabalho neste Brasil rural, na Amazônia dos grandes rios, dos grandes lagos, das grandes distâncias. 

E lá está o professor que dá aula à noite sem iluminação, porque ainda não chegou o Luz para Todos ao campo. Então, os professores do Brasil são brasileiros especiais.

Não poderíamos também deixar, neste dia, de mencionar a organização desta categoria que ajudou, e muito, o nosso Brasil de hoje, o Brasil contemporâneo. Foi a presença politizada e organizada dos professores, no Brasil mais recente, que ajudou a termos democracia, os professores que exigiram eleições diretas, os professores que exigiram eleições para reitores, os professores que exigiram diretores eleitos - e lutaram em defesa deles - pelas suas categorias, pela comunidade, pelos pais dos alunos. Esse é o legado de um Brasil contemporâneo que tem a presença organizada e politizada dos professores.

Não poderia deixar de mencionar dois grandes professores. São dezenas, centenas de brasileiros que, inclusive, já se foram. Eu gostaria de registrar, nesta homenagem, a luta dos professores, professores que estão em sala de aula, professores que lutam com dificuldades, professores que são teimosos e fazem o dia-a-dia da escola, a sala de aula pela vocação, pelo entusiasmo, pela utopia de ser professor, de ensinar, de educar, de fazer com que a juventude, as crianças possam refletir um Brasil melhor.

Não poderia deixar de mencionar aqui a história, a vida desse grande professor que foi Paulo Freire. Tem um busto de Paulo Freire em frente ao Ministério. É um símbolo da luta dos professores aqui no Brasil.

Eu não poderia deixar de mencionar também este que passou pelo Congresso Nacional, passou pelo Senado da República, o Professor Darcy Ribeiro, fundador dessa referência que é a UNB.

Poderia aqui citar dezenas, centenas de professores, mestres, educadores que deram sua vida em defesa do ensino, da educação, da pesquisa em nosso País.

Senador Mão Santa, que fez aniversário neste último sábado, meus parabéns, Senador Mão Santa, que comemorou no delta do Piauí o aniversário - parabéns pelo aniversário - hoje, neste dia, a minha cidade no Amazonas, cidade onde nasci, Parintins completa 155 anos. Parintins é uma cidade depois de Manaus, conforme dados do último censo do IBGE, com a maior população do interior do Estado do Amazonas: 103 mil habitantes e com 62 municípios.

Cidade localizada à margem direita do rio Amazonas, na fronteira com o Estado do Pará. Cidade que tem presença e história e cujo marco é sua festa folclórica, a Festa do Boi-Bumbá, lá no Estado do Amazonas, nos dois grupos: Boi-Bumbá Garantido e Caprichoso, duas referências da arte, da dança, da beleza, da plástica que os artistas e o povo de Parintins fazem há alguns anos.

Então, hoje, quero parabenizar os parintinenses, o povo da minha terra - essa cidade de 103 mil de habitantes que fazem essa festa bonita lá no Amazonas. Mas quero também, neste dia de aniversário de Parintins, remeter essa minha saudação aos professores de Parintins, aos educadores de Parintins. E dizer, com muito orgulho, com muito cuidado - porque o último Ideb, que foi feito em 2005, mostra um resultado muito amargo para o Amazonas.

Precisamos, especialmente os senhores prefeitos, tomar uma decisão no Estado do Amazonas mais rigorosa em defesa do ensino para melhorar o índice do Ensino Fundamental. Mas quero neste dia de aniversário da minha cidade, no Dia do Professor, destacar aqui, Srs. Senadores Romeu Tuma e Mão Santa, os colégios que tiveram uma pontuação diferenciada no Estado do Amazonas com a média acima de quatro. Apenas quatro municípios no Amazonas tiveram colégios com a média 4. O Amazonas está muito inferior. Então, destaque para um colégio em São Paulo de Olivença, que é uma cidade nossa; um na cidade de Maués, onde se tem a produção de guaraná; e um na cidade de Tabatinga, lá na fronteira do Brasil com Colômbia e Peru.

E em Parintins, cidade do folclore, cinco colégios tiveram a média acima de 4, merecendo inclusive do Ministro Fernando Haddad uma menção. Na quinta-feira última passada, o Governador Eduardo Braga, na Assembléia Legislativa, concedeu prêmio aos colégios dos municípios que mencionei e aos seguintes colégios de Parintins, minha cidade: colégio Waldemar Pedrosa, colégio Gentil Belém, colégio Araújo Filho, colégio Batista e o colégio Nossa Senhora do Carmo, sendo que o colégio Nossa Senhora do Carmo foi premiado por notas acima de 4, do IDEB, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio.

Então, quero parabenizar os professores, e os pais, porque os pais também compreendem esse processo.

Quero homenagear, no aniversário de Parintins, no Dia dos Professores, com muita alegria, os professores de Parintins, mas, fundamentalmente os professores dessas escolas que tiveram uma nota destacada pela avaliação do Ideb, que é uma avaliação nacional, acerca do ensino nas escolas do nosso País.

Concedo um aparte, ao Senador Romeu Tuma e, em seguida, ao Senador Mão Santa.

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Serei rápido, Senador João Pedro. Sinto aqui arrepio e emoção quando se fala da Amazônia. Julgo-me um amazonense, em virtude de um desejo praticamente incontrolável que tenho de sempre por lá andar. Um dos meus sonhos é assistir à festividade de Parintins, para a qual, por mais de uma vez, fui convidado, mas, infelizmente, não pude comparecer. E V. Exª traz hoje uma homenagem ao aniversário de Parintins. Eu pediria que V. Exª fosse o portador aos moradores das nossas homenagens, com todo carinho, com toda a alegria de saber que lá é uma cidade realmente turística e que tem que haver um investimento bastante forte da Ministra com relação ao problema de Parintins. Isso é indiscutível. Mas li hoje nos jornais, Senador, se me permitir, que o Ministro Jobim está visitando a Amazônia, principalmente a região de Tabatinga, Cabeça do Cachorro, vários locais onde há bases militares e ele disse que há uma preocupação com o Projeto Calha Norte no sentido de ele ser desvirtuado.

Nós lutamos muito aqui, Senador Mão Santa, por verba, porque houve um período em que não havia recursos nem para a manutenção do Calha Norte. E houve queixas por parte dos estudantes sobre a dificuldade de ensino que está havendo lá. Eu sei que nos pelotões de fronteira, a esposa do tenente que vem lá de Agulhas Negras ou da reserva para fazer estágio passa a ser a professora, porque há dificuldades para se dar aula às comunidades indígenas e os que moram naquelas regiões de fronteira às vezes inóspitas. Da Funasa também. Ele disse que a Ministra Chefe da Casa Civil deu uma bronca no Diretor da Funasa, pelas queixas da falta de assistência médica. Então V. Exª merece palmas para a festividade bonita de Parintins, mas nós estamos amargurados pelo que relata essa comissão que acompanha o Ministro Jobim. Disse que são mais de quarenta pessoas. Provavelmente eles trarão ao nosso conhecimento, ou nós vamos pedir-lhes um relatório para saber o que realmente viram na região e quais são as dificuldades na área do ensino e na área da assistência médica. Meus cumprimentos a V. Exª e meus parabéns à sua cidade.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado.

Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador João Pedro, V. Exª é um homem puro, vem lá do Amazonas, da pureza da oxigenação. E V. Exª traz isso, mas é do Partido dos Trabalhadores. Eu não sou contra nada não. Eu sou a favor do Brasil e quero que esse negócio chegue à prosperidade. Nós temos um entendimento. Estou com 65 anos, Deus foi muito bom para mim e possibilitou-me estudar e entender as coisas. Quero falar sobre a minha preocupação, Senador João Pedro, que é Luiz Inácio. Votei em Sua Excelência em 1994, mas não votei na última. Não vou mentir. Franklin Delano Roosevelt dizia: "Cada pessoa que vejo é superior a mim em algum assunto e com ela procuro aprender." Tem de haver essa humildade. Minha preocupação é com os Estados Unidos. Estou acompanhando os dois candidatos. O republicano é aquele que foi prefeitinho, Giuliani, o homem do século. Todos eles estão naquela corrida de convenções. Todos estão dizendo que vão aumentar o estudo nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, hoje, Senador João Pedro, a média é de 19 anos. A nossa não atinge 5 anos. O que me entristece, Senador João Pedro - e não estou contra ninguém -, é que no Piauí as escolas estão fechando. A Universidade do Estado do Piauí tinha 36 campi, agora são 20. Recebíamos, no vestibular, mais de 12 mil estudantes pobres porque as escolas privadas, as particulares, são caras. Baixou para 3 mil. Isso me entristece. Nos Estados Unidos, agora, quem está disputando promete que vai aumentar a carga de estudo. Um pelo outro são 19 anos. Nós ainda não atingimos 5 anos. Estamos fechando escolas. V. Exª, com sua pureza, com esse sangue índio, amazonense, vá lá e diga ao Luiz Inácio que não tem nada. A verdade é essa, não tem culpa. Queremos encaminhá-lo para isso, para que se dedique. Por exemplo, no Piauí, está uma lástima. Na minha cidade, Parnaíba, que tem 150 mil habitantes, segundo o livro do Professor Francisco Iweltman Vasconcelos, houve a diminuição de quase 10 mil matrículas, desde as creches. Creche não há mais nenhuma. Quando a gente era prefeitinho havia creche; hoje, é zero. A Uespi diminuiu um quarto. Diminuir quase 10 mil é tirar esperanças. Estou tranqüilo porque entendo que plantei a grande semente no Piauí: a semente do saber.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

Faço uma reflexão sobre isso. A revista Veja desta semana traz, em suas Páginas Amarelas, uma entrevista muito importante com o Ministro da Educação, Fernando Haddad. Lerei uma pergunta da revista e a respectiva resposta do Ministro, porque ajudará nessa reflexão:

        - Na realidade, o Estado e a Nação brasileira - Darcy Ribeiro fez um estudo, uma reflexão sobre isso - sempre relegaram o ensino, o estudo, aos brasileiros.

        - É preciso dizer isto: a elite econômica, a elite agrária, a elite política no Brasil negaram isso, negaram à formação da Nação o ensino, a escola. São processos novos no Brasil. O Fundef foi um avanço, e votamos neste primeiro semestre o Fundeb, outro avanço. Penso que falta muito. Mas eu gostaria de dizer que o Brasil caminha e nós precisamos, nação do futuro, sociedade democrática moderna, mudar os parâmetros que norteiam hoje o ensino, a educação do nosso país. Nós precisamos levar a sério mesmo isso, senão nunca vamos ter uma plenitude econômica e democrática socialmente justa aqui no Brasil.

         Eu queria voltar à minha cidade de Parintins e registrar com satisfação o nome das diretoras dos colégios que tiveram um IDEB diferenciado no Estado do Amazonas. Eu gostaria de mencionar aqui a Diretora Ângela Reis, do Colégio Waldemar Pedrosa, que foi premiada. O Governador premiou com R$30 mil cada escola que teve a nota acima de quatro. Quero registrar ainda a Diretora Dilma Rego, do Colégio Gentil Belém; a Diretora Cleusa Barros, do Colégio Araújo Filho, que por sinal é uma referência de gestão. Lá no Amazonas, em Parintins, naquele Brasil do norte, o Colégio Batista, do Diretor Eduardo Lessa. E quero registrar, com satisfação também, o Colégio Nossa Senhora do Carmo, que é dirigido pela Irmã Maria Iracema Oliveira.

Então são os gestores das escolas que tiveram o melhor IDEB.

Não poderia deixar de mencionar a gestão do Professor Gedeão Timóteo de Amorim, que é Secretário de Educação do Estado e a sua Secretária Adjunta, a Professora Magali Portela, do interior.

Eu não poderia deixar de registrar aqui o nome da Coordenadora Regional de Educação de Parintins, que é a Professora Lanira Garcia. E gostaria de registrar outros nomes que compõem a categoria de Parintins, homens e mulheres que lutaram e continuam lutando em defesa do ensino público, em defesa da melhoria da qualidade do ensino, do salário justo.

Eu gostaria de fazer aqui uma homenagem in memorian a um grande lutador da categoria dos professores: o Professor João Bosco (Professor Baré), professor de Química e Física, conhecido lá na cidade, que faleceu há trinta ou quarenta dias. E gostaria de mencionar também in memorian a Professora Mércia Coimbra, professora de Matemática, que também já se foi há algum tempo.

Eu gostaria também de mencionar, Sr. Presidente, professores que continuam militando, professores que continuam na sala de aula, professores que continuam tendo um compromisso com a educação, como a Professora Ruth Prestes Gonçalves, que escreve, periodicamente, na imprensa do Amazonas; a Professora Fátima Guedes, uma mulher que é uma referência na cidade de Parintins; a Professora Clotilde Valente, outra mulher intrépida em defesa da educação e do ensino; a Professora Hélida Dray, que é uma das dirigentes da educação no Município de Parintins; a Professora Ieda Nascimento; a Professora Neide Miranda; a Professora Maria Lenilda; a Darlúcia Góes; a Professora Edilza Figueiredo; a Irmã Benedita, do Colégio Nossa Senhora do Carmo; a Helenice Farias; Francisco Morais; a Professora Ana Ester; o Professor Vinícios Garcia; a Professora Sarah Gomes; o Professor Mauro Mendes; o Professor Alcifran Ramos, o Professor Paulo Coimbra; a Professora Maria de Jesus Pacheco (Professora Pacheco); a Professora Elisabeth Brandão; a Professora Odinéia Andrade; a Professora Luíza Estela; a Professora Fátima Cardoso e a Professora Aldenora de Jesus.

Enfim, são muitos os professores da minha cidade. Quero neste dia homenageá-los, fazer esta saudação aos professores, e dizer que é justa a luta dos professores, é importante a politização dos professores. Não podemos ter a posição do professor neutro. Não, é preciso politizar. O futuro do Brasil está ligado à educação, à luta dos professores, à compreensão que o professor tem do papel estratégico do ensino para a melhoria de vida do povo brasileiro, para o Estado democrático, para uma Amazônia que possa servir ao Brasil, aos brasileiros.

Portanto, quero parabenizar os professores, as suas lutas, o dia-a-dia do professor, principalmente o professor rural, o professor que trabalha na escola que não tem luz elétrica. É uma vergonha, no Brasil, que tem uma economia tamanha, ter salas de aula sem condições mínimas para ministrar aulas, do ponto de vista didático, como sonhou o Professor Paulo Freire.

Enfim, quero parabenizar todos os professores do Brasil, especialmente os do Amazonas, e o Sindicato dos Professores, que tem uma vida de lutas em defesa do ensino, da educação. Parabenizo, portanto, os professores da minha terra e do Brasil.

Mais uma vez, parabenizo a cidade de Parintins, dos parintinenses, do povo parintintim, que completa, neste dia, Sr. Presidente, 155 anos. Parabéns, Parintins!

Muito obrigado.