O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria de cumprimentá-lo. Este é um momento importante na vida do País, na vida do Senado. Durante seis meses este País assistiu ao Senado da República agonizar, e, neste momento, precisamente quando V. Exª é cumprimentado pelos seus companheiros, em função de uma licença de 45 dias do Presidente Renan Calheiros, nós que temos as melhores impressões de V. Exª...

Neste momento, permita-me lembrar, Senador Tião Viana, que travamos grande amizade quando eu ainda era Deputado Federal e presidia a CPI do Narcotráfico e V. Exª, Senador, sofria com a angústia do seu Acre, onde o crime organizado, comandado pelas autoridades, fazia angustiar a sociedade como um todo.

Lembro-me de quando V. Exª chegou à Câmara dos Deputados, acompanhado pela nossa Ministra Marina Silva, acompanhado pela nossa Lilu Correia, Deputada Estadual, levando as lutas, as mazelas e as agruras do Acre, de tanto crime, de tanto sofrimento, de tanta angústia.

Eu tive o privilégio de ir ao seu Estado um mês depois daquele encontro e tive oportunidade de participar da dor de uma sociedade. Ao cruzar as ruas de Rio Branco, vi as pessoas escondidas atrás das suas portas com medo do crime organizado, que grassava nas vísceras do Poder Público e ninguém contra eles nada podia. Eu vi a presença firme do Governador Jorge Viana e do Senador Tião Viana e a determinação, em detrimento até da própria vida, porque há ameaça constante, que ainda paira até hoje, daqueles que não se conformam por aquela quadrilha ter sido desbaratada naqueles dias. Foi num cenário desse que travei amizade com V. Exª, que aprendi a confiar em V. Exª e que a nossa amizade se firmou.

Hoje presidida por V. Exª, Presidente em exercício do Senado Federal, a reunião da Mesa, de que faço parte, foi muito bem conduzida por V. Exª. Foi uma reunião de espíritos desarmados, de todos querendo trazer para debaixo de uma boa luz, saindo dessa nuvem escura, o Senado da República.

Eu desejo, em nome de Deus, com muita sinceridade, que V. Exª esteja coberto, impregnado de muita sabedoria, Senador Tião Viana, para conduzir este momento do Senado da República. O povo, a sociedade e a imprensa vêem o gesto do Senador Renan Calheiros como um gesto para distender o Senado, mas desconfia de que isso foi uma armação nossa para ainda o protegermos. E, certamente, sob a Presidência de V. Exª, a sociedade verá que o comportamento da Mesa do Senado e o comportamento do Senado da República colocam ungüento na grande ferida de um Poder tão importante, que vem sangrando há seis meses; um Poder importante para a democracia, que, certamente, nesses 45 dias, será muito bem conduzido por V. Exª.

Encerrando minha fala, Senador Tião Viana, ouço V. Exª, porque V. Exª precisa se retirar. Em seguida, vou concluir o pronunciamento - eu ia fazê-lo da tribuna.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Agradeço muito a V. Exª, Senador Magno Santa... Magno Malta...

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Não tenho mão santa, eu já tive mãe santa!

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - ... que foi tão generoso com o Acre, com o povo acreano, que vivia aquele momento tão difícil da vida institucional. Lembro-me da sua firmeza, da sua coragem e da sua determinação como Deputado Federal, percebendo a importância de um ato que deveria haver na instituição Congresso Nacional contra o crime organizado. O Acre nunca deixará de ser grato a V. Exª por aquele momento, e eu me incluo entre os primeiros a agradecer-lhe.

Muito obrigado.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PT - AC) - Agradeço a V. Exª e gostaria de concluir minha fala, Sr. Presidente.

Cumprimento e abraço nossa querida Neymara, da nossa querida Barra do Jucu, em Vila Velha, lugar de pescadores, de bons restaurantes, de peroá frito, de moqueca capixaba. E a Neymara, mais uma vez, Sr. Presidente, sagra-se campeã mundial; campeã mundial de bodyboarding. Acúmulo de títulos, nossa pequena notável. Abraço essa figura de quem gosto tanto! É campeã mundial, Senador Mão Santa, mas, quando está em Barra do Jucu, ajuda seu pai no restaurante dele. As vezes em que lá estive, tive o privilégio de ser servido por esta campeã mundial, que, num gesto de ousadia, treinada nas águas de Vila Velha, nas águas do Espírito Santo, nas águas de Barra do Jucu, aprendeu a desrespeitar as ondas do mundo; desrespeitar respeitando, para se tornar a campeã que é.

Por isso, muito orgulhosamente, em nome do povo do Espírito Santo, abraço nossa querida Neymara; mais uma vez, campeã. Abraço sua família, abraço Vila Velha e abraço Barra do Jucu, que, certamente, está em festa, lamentando que Neymara já poderia muito bem ter um patrocínio da Caixa Econômica, do Banco do Brasil ou da Petrobras, mas, infelizmente, nunca teve.

A campeã mundial de bodyboarding tem muitos títulos acumulados; como ela, tantos outros atletas, a exemplo do Popó, que nunca tiveram patrocínio federal. O Popó, coitado, se não fosse tomar murro na cara lá fora, quem sabe não pudesse dar nem uma casa para a mãe. Mas conseguiu tudo o que conseguiu tomando pancada no rosto, tendo de fazer exames após cada luta para poder dar conforto à família e viver como vive hoje. Aliás, ele faz um belo trabalho como Secretário de Esporte, na Prefeitura de Salvador. Mas ele nunca teve patrocínio federal. Essas coisas me impressionam muito, porque ele é o único tetracampeão de boxe do mundo na sua categoria; um homem que ficou com todos os recordes de boxe para si, em um País sem essa tradição.

Então, abraço o Popó, solidário, porque ele nunca teve esse tipo de patrocínio; e abraço, muito feliz, nossa pequena notável, Neymara, por mais esse título e porque também nunca teve patrocínio federal, apesar de tantos títulos acumulados. Mas, graças a Deus, as águas de Barra do Jucu fizeram com que pelo menos ela pudesse se sobressair no País e no mundo, mesmo sem patrocínio federal, e tornar-se orgulho de todos nós.

Obrigado, Sr. Presidente.