Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração ao Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Comemoração ao Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2007 - Página 35273
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, FISIOTERAPEUTA, TERAPEUTA OCUPACIONAL, IMPORTANCIA, PROFISSÃO, REABILITAÇÃO, SAUDE, APOIO, MEDICINA, REGISTRO, TRATAMENTO, FISIOTERAPIA, RECUPERAÇÃO, APTIDÃO FISICA, ORADOR, MOTIVO, LESÃO, POSSIBILIDADE, RETORNO, ESPORTE.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Geraldo Mesquita Júnior; Srª Ana Cristhina de Oliveira Brasil, Vice-Presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, que, neste momento, representa o Presidente do Conselho, o Dr. José Euclides Poubel e Silva; Srª Marta Rosa Gonçalves Pereira, Vice-Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 10ª Região; Sr. Ricardo Lotif Araújo, Presidente do Conselho Regional do Piauí; demais componentes da Mesa; Srªs e Srs. Senadores e convidados; estou olhando para o Senador Alvaro Dias, que acabou de operar o joelho - portanto, é freguês -, para lembrar da minha própria vida. Dou muita importância ao profissional da fisioterapia em função do meu apego ao esporte, por ter praticado esporte a vida inteira. É mais fácil eu identificar que lugar do corpo eu não engessei do que ficar lembrando dos locais do corpo que já tive ocasião de engessar. Fiz judô e jiu-jitsu a minha vida inteira; hoje mesmo sou ciclista, corro, disputo provas e não consigo trabalhar sem o apoio de bons fisioterapeutas.

A última vez em que operei o joelho direito - que não tem nenhum ligamento dele próprio, tudo foi refeito -, eu o fiz com o meu querido amigo, Professor José Luiz Runco, que hoje é médico da Seleção Brasileira e que já foi médico do Flamengo. Ele me recomendou, para os primeiros cuidados, a Patrícia, uma fantástica fisioterapeuta do Rio de Janeiro. Depois disso, eu vim do Rio para Brasília, passei parte de um recesso lá e vim para Brasília, e aqui encontrei um fisioterapeuta fantástico também, que me ajudou muito, o Sílvio, formado na Escola do Dr. Aloysio Campos da Paz, no Hospital... no Hospital... Isso: no Hospital Sarah Kubitschek. Realmente, a reunião foi tão dura que acho que estou precisando mais de um psicólogo do que de um fisioterapeuta neste momento.

Mas, em 1997, operei os dois joelhos de uma vez só. Fiz artroscopia no joelho esquerdo e fiz ligamento e artroscopia no joelho direito. Optei porque tinha trabalho a fazer. Então, fiquei um bom tempo sem colocar os dois pés no chão, trabalhando à base de muleta. Depois, começou aquela empedernida jornada para recuperar a musculatura em volta da área lesionada. Em outras palavras, eu devo muito da minha felicidade pessoal aos fisioterapeutas; muito.

Até hoje mesmo, quando não acontece nada, tenho de fazer fisioterapia. Pedalo 25, 30 quilômetros todos os dias. Não tenho tempo para fazer mais; se tivesse, eu faria mais. Ando muito de bicicleta em Manaus, e a garotada vai chegando perto e vai andando junto. Percebo que tenho a diferença da idade contra mim e digo muito para eles: “Vocês têm uma vantagem que é maior do que a idade de vocês contra a minha: é o fato de que, enquanto eu me esforço para pedalar esses 20, 25 quilômetros, vocês podem fazer 100 quilômetros, porque a vocês ainda é dado o direito a uma fantástica vagabundagem da qual vocês têm de usufruir mesmo nas horas vagas de vocês”. A garotada lá pedala e muito - 100 quilômetros todo dia; 80, 90, 70, eles ficam frustrados.

Isso sem falar nas corridas! Sou aficionado em participar da São Silvestre. É preciso mesmo haver essa ligação entre quem faz esporte e a fisioterapia. A última São Silvestre de que participei arranjei uma pubalgia na descida. Falam tanto da subida, e a subida não é nada para quem tem fôlego. A descida é que é complicada porque gera uma pubalgia, porque tem de travar muito. Enfim, isso é algo que acontece até com os atletas de ponta, até com os atletas de alto rendimento.

Devo, portanto, registrar aqui a importância de uma carreira que, crescentemente, se soma aos conhecimentos da Medicina.

Aqui, ainda há pouco tempo, tive problemas de novo no manguito rotator e voltei para o Sílvio, na academia Fit 21, da Asa Norte. Lá, fiz um pouco de exercícios na água e, depois, musculação para recuperar o manguito rotator. Ele está bem, graças a Deus. Está ótimo, e só não sei como ficarei no dia em que tiver de parar com tudo. Talvez eu tenha que ficar realmente sem mexer nada, porque, se tudo depende do fortalecimento muscular, um dia, os músculos não estarão tão bem.

Eu percebo que o fisioterapeuta dá alegria àquele que acabou de sofrer um AVC; ele dá alegria, ele restitui vida àquele que é tetraplégico ou é paraplégico, sobretudo quando faz exercício dentro d’água; ele dá alegria e conforto a quem não acredita mais que vá ter a recuperação da lesão que sofreu e acaba tendo a máxima recuperação possível; ele acaba dando muita alegria àquele que precisa competir para ganhar dinheiro ou pelo seu prazer pessoal.

Na primeira vez em que machuquei feio o joelho, fiquei nove meses sem operar e sem recuperar o joelho. Eu tinha um médico muito famoso, que era sócio mais jovem de um médico da seleção brasileira - não cito nem o nome, porque foi uma experiência muito ruim, e foi o fisioterapeuta que me socorreu, porque o médico queria me convencer de que eu ia voltar a andar. Eu perguntei: “Andar, mestre?”. Eu era, na época, campeão carioca de jiu-jitsu. Perguntei: “Vou andar? Andar? Eu não quero andar. Eu quero voltar a fazer o que eu fazia, eu quero voltar a ter a tonicidade que eu tinha, voltar a ter a agilidade que eu tinha, voltar a ter a vida que eu tinha. Andar? Você não está me oferecendo nada. Eu aprendi a andar com dois ou três anos de idade. Está querendo colocar um bode na sala? Quer me convencer de que eu estou fazendo um alto negócio, voltando a fazer uma coisa que eu aprendi a fazer aos três, aos dois ou com um ano de idade (nem me lembro quando!)?” Ou seja, não foi um médico à altura daquilo que eu estava pedindo.

Mas eu tive um fisioterapeuta muito bom, que, inclusive, me encaminhou para o médico que me curou definitivamente. Eu já estava há seis meses sofrendo, e não tinha solução. Cada vez mais aumentava o peso com que eu fazia ginástica para a perna, e não resolvia a minha vida. Esse fisioterapeuta me levou ao Dr. Hilton Gosling, falecido Dr. Hilton Gosling, que me disse: “Olha, você, em três meses, vai estar pronto para voltar a fazer luta. Tudo seu vai estar ruim; a única coisa que vai estar boa em você vai ser o seu joelho”. Em 90 dias, ele cumpriu a palavra. Foi um trabalho das três partes: Dr. Hilton, eu próprio e o fisioterapeuta.

Eu fiz questão de me inscrever para falar por entender que é muito meritória, Senador Geraldo Mesquita, a iniciativa de V. Exª, de chamar a atenção sobre uma categoria profissional que tem o maior valor, o maior mérito, tem muitos serviços prestados e mais serviços ainda a prestar, porque não é todo mundo que sabe que pode recorrer a um fisioterapeuta. As pessoas pensam logo em recorrer a um médico. No entanto, há soluções tão boas, tão fáceis e tão sábias a partir do conhecimento que se está acumulando.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2007 - Página 35273