Discurso durante a 191ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do lançamento do livro "O Bispo: a História Revelada de Edir Macedo", sobre a vida do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO.:
  • Registro do lançamento do livro "O Bispo: a História Revelada de Edir Macedo", sobre a vida do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
Aparteantes
Marcelo Crivella, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2007 - Página 36868
Assunto
Outros > RELIGIÃO.
Indexação
  • REGISTRO, LANÇAMENTO, LIVRO, REFERENCIA, BIOGRAFIA, PASTOR, IGREJA EVANGELICA, ELOGIO, INICIATIVA, DIVULGAÇÃO, ENTREVISTA, FAVORECIMENTO, ELIMINAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO, SEITA RELIGIOSA, POSSIBILIDADE, CONHECIMENTO, HISTORIA, RELIGIÃO, VINCULAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, caros colegas presentes, sou de uma época - como, talvez, todos nós aqui - em que aqueles que não eram católicos tinham uma única denominação: eram crentes. Lembro-me, menino, de ouvir dizer: “Olha, fulano é crente”.

Nos últimos anos, eu e todos nós somos ora testemunhas, ora observadores de um fenômeno que ocorre com uma pujança inacreditável em nosso País: o surgimento e o crescimento da Igreja Universal, e, paralelamente a isso, o crescimento de uma rede de comunicação, a Rede Record. Há um cidadão que está no epicentro desses dois fenômenos. Chama-se Edir Macedo. O Pastor Edir Macedo, o Bispo Edir Macedo.

Quero confessar uma fraqueza minha. Eu disse que, ora como testemunha, ora como observador, vemos o fenômeno surgindo, crescendo, se avolumando, se agigantando aos nossos olhos. Por onde a gente anda, em qualquer lugar do País ou fora dele, no meu pequenino Acre, nos grotões mais distantes, vemos a plaquinha da Igreja Universal, um fenômeno que vem tomando vulto, tomando corpo no nosso País. A fraqueza que quero revelar é que, ora por falta de uma fonte de pesquisa, de leitura, ora por outras razões, venho-me equilibrando, nesses últimos anos, em relação a esse fenômeno em particular, entre o desconhecimento e, vamos ser honestos, um certo preconceito, Senador Papaléo Paes. Aquilo se avolumando, se agigantando, e eu percebendo.

Particularmente, vou reconhecer a coragem e a ousadia do Bispo Edir Macedo, que, depois de anos e anos sem conceder uma entrevista, no silêncio total, a não ser no seu culto, resolveu abrir o jogo e o seu coração. Ele concedeu horas e horas e horas, dias e dias e dias de entrevista ao jornalista Douglas Tavolaro e à prestigiadíssima repórter Christina Lemos, que nos acompanha aqui amiúde. Há coragem no Bispo para se revelar não só pessoalmente, mas como figura pública que é, porque alguém que está por trás de dois fenômenos como esses torna-se uma figura pública no nosso País.

Então, parabéns ao Bispo por ter tido a coragem de se revelar - ele, que arrebanha milhões de fiéis e, ao mesmo tempo, desperta outros sentimentos em talvez outros milhões de pessoas, Senador Papaléo -, em entrevista longa, a ponto de resultar em uma obra que tenho a impressão de que será o lançamento editorial do ano. Por delicadeza da repórter Christina Lemos, já recebi um exemplar.

O lançamento do livro será: em São Paulo, na quinta-feira, e, em Brasília, no dia 12 de novembro.

Está aqui, Senador Papaléo: O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo.

Vou-me recolher e ler esse livro, porque, pela primeira vez, tenho às mãos uma obra que pode fazer com que eu desça, talvez, até, da minha pretensa arrogância de julgar.

Há uma frase do Bispo que me chamou muito a atenção, quando concedia as entrevistas, logo no início do livro, em que ele diz: “A injustiça é um castigo que marca a alma do homem”. Quem sabe eu não tenha sido, de certa forma, injusto com o fenômeno e com o Bispo? A Christina e o Douglas dão essa oportunidade não só a mim, Senador Papaléo, mas a todos nós. Tenho certeza absoluta de que esse meu comportamento não é único, não está isolado no País.

Ouço o Senador Mão Santa, com muito prazer.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, V. Exª, que aborda temas palpitantes, quase sempre ligados ao Direito, à Justiça, é o grande jurisconsulto daqui, vamos dizer assim, agora V. Exª está falando do mais importante: religião.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Não diga isso, não, porque senão o pessoal vai acabar acreditando, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - É verdade. Ela irradia. V. Exª aborda o mais fundamental: religião, caminhos que levam a Deus. Tenho 65 anos, Papaléo. Lembro que, na minha cidade, só havia uma igreja Batista. Quando estava no curso primário, comecei a estudar inglês. Por pressão tão grande da igreja, da minha mãe, porque aquilo era inconcebível - ainda hoje tenho essa frustração -, saí da escola de inglês. As coisas foram evoluindo, evoluindo. Meu nome é Francisco, é nome cristão, católico. Francisco é o que mais se aproxima da crença de minha mãe, 3ª franciscana. Estudei em colégio de padres, entre os quais São Luiz Gonzaga, que hoje é Diocesano, e depois nos Irmãos Marista. Mas, analisando as coisas hoje, creio que Lutero foi uma das maiores bênçãos da história da humanidade. Recomendo a todos os jovens que o leiam. Quem não gostar de ler, como o nosso amigo Luiz Inácio, que veja o filme Lutero. A Reforma foi o renascer. De repente, estamos aqui convivendo com essas Igrejas. Na minha cidade, eu me lembro de que se parou uma procissão para se jogar pedra numa igreja que você chamou crente, batista ou protestante. Nossa vida política nos faz conviver e andar pelo mundo. Tenho uma admiração, Senador Papaléo Paes, que vou dizer aqui. Esse Calvino, a história do Calvino na Suíça, em Genebra, a formação, a Igreja Anglicana... Respeito a convivência dela com os poderosos. Um dos fatos mais importantes que observei foi o seguinte: aqui no Senado, debatendo a violência, cada um dava a sua sugestão - bota o Exército, tira o Exército; bota a forca, bala, não sei o quê, dinheiro, tiro. Um jornalista disse: “Olha, eu freqüento as favelas e tenho observado que onde tem uma igreja, em torno dela, há paz”. E dá o testemunho dessa Igreja Universal - V. Exª diz aqui -, desta figura simpática, de Deus, que é o nosso Senador Marcelo Crivella. Vemos a abnegação...

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Eu o chamo de “meu pastor”.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Pois é. Quando ele fala da África... Isso tanto é verdade que, mesmo eu, sendo católico apostólico romano por tradição, tive a iluminação de outorgar ao Crivella o reconhecimento, homenageando-o na minha cidade, quando eu governava o Estado do Piauí, com a Grã-Cruz da Ordem da Renascença, nossa maior comenda. Então, V. Exª traz isso. Vou dizer o seguinte, vou comprar esse livro aí porque é um exemplo. Todas essas igrejas contribuem e são, vamos dizer, o maior instrumento, talvez único, já que o Governo falha no combate à violência; é o caminho mais fácil para encontrarmos a paz neste Brasil tão violento. Então, V. Exª, cujos temas são sempre ligados ao Direito e à Justiça, nos encaminha à paz, por meio da admiração a essas igrejas, que se multiplicam, o que é uma felicidade para todos nós.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado Senador Mão Santa.

Para não abusar da paciência do Presidente Papaléo, concluo, dizendo que, a partir do lançamento desse livro, Senador Papaléo, é bom atentarmos muito a isto: ninguém poderá mais continuar, de um lado, criticando; de outro lado, talvez dando uma dimensão que a coisa pode não ter. O certo é que, a partir desse livro, a partir desse documento - um livro deste passa a ser um documento literário -, que vou me obrigar a ler - já tenho o seu compromisso, Senador Mão Santa, em relação à leitura -, nós teremos informação da fonte, escrita por dois jornalistas da maior seriedade neste País. Aliás, colhi também aqui, logo nas primeiras páginas, que o único pedido feito aos dois foi de que eles retratassem, reproduzissem o fiel pensamento do entrevistado: o Bispo Edir Macedo

Portanto, eu fiz questão, Senador Papaléo, de anunciar aqui o lançamento dessa obra que, repito, reputo como o lançamento editorial do ano, Senador Mão Santa, tendo em vista a inexistência, pelo menos que seja do meu conhecimento, de obra que possa retratar com tanta profundidade uma figura e os fenômenos que se constituíram em torno dessa figura de forma tão pujante como o livro retrata.

O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Geraldo Mesquita, V. Exª me dá um aparte?

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Senador Marcelo Crivella, meu querido pastor, com muito prazer.

O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Muito obrigado. Senador Geraldo Mesquita, eu não poderia deixar de comparecer ao plenário porque fiquei comovido com a generosidade de V. Exª, que faz menção ao livro que é a biografia do Bispo Macedo, meu líder, meu tio, uma pessoa que conheço desde a infância e por quem tenho a maior admiração. Trata-se de um homem de muitas controvérsias, que foi perseguido injustamente, foi levado à prisão em razão de contumélias contumazes, em razão de acusações, calúnias, de porfias injuriosas, tão duras com quem na vida se propôs a ajudar os mais pobres. Nesse livro, V. Exª vai ver que ele conseguiu um emprego público devido a uma vigília cívica da minha avó às portas do Palácio Guanabara - a família é muito humilde. Ela esperou passar o Governador Carlos Lacerda, com quem havia convivido no interior do Estado do Rio de Janeiro, e conseguiu esse emprego público para o Bispo. De repente, ele larga esse emprego, já com 21, 22 anos, sem nenhuma perspectiva de sucesso, sem nenhuma garantia de que a Igreja iria prosperar; já casado e com uma filha, deixa, pela fé, um emprego que iria pelo menos mantê-lo para o resto da vida. Mas o importante é o seguinte, e eu gostaria de deixar consignado aqui: Habacuque, um homem que viveu 600 anos a.C., cunhou uma legenda estupenda. Seiscentos anos depois, isso vai inspirar o Apóstolo Paulo, na carta aos Hebreus; e 1.500 anos depois, na Descoberta do Brasil, vai inspirar Calvino, na Suíça, e Martinho Lutero, na Alemanha, a fazerem a Reforma da Igreja. Habacuque escreveu algo fantástico. Ele começa o livro dele, que tem só três capítulos, fazendo uma contemplação sobre as perguntas sem resposta: Por que uma criança nasce aleijada? Por que um raio cai do céu e incendeia a casa de um pobre? Por que o boi de uma família humilde cai em uma cova e morre? Por que uma bala perdida mata uma criança em uma favela? Essa era a contemplação de Habacuque. Ele responde com uma frase estupenda: “O justo viverá pela fé”. Para todas as perguntas sem respostas, a frase é esta: “o justo viverá pela fé”. O Bispo Macedo, poucos sabem, quando larga a loteria, quando larga o emprego que, para um homem de origem tão humilde como ele, era uma garantia de futuro, tem a segunda filha. A primeira, Mão Santa, uma boneca, formosa; a segunda, logo depois que ele toma a decisão de se lançar no Evangelho, nasce com um caso de lábio leporino gravíssimo, sem o céu da boca. Olhando no berçário, quando a vi, fiquei realmente penalizado, porque era uma ferida na boca. Ela chorava muito. Crianças assim têm dificuldade para mamar, engasgam. Do Hospital da Cruz Vermelha até onde morávamos, na Glória, fui com essa indagação. A cada passo, uma lágrima, e perguntando: “Meu Deus, por quê?”. Eu conheço esse homem, um homem humilde, mas, mesmo humilde, ganhando pouco, dizimista fiel, dedicado, cujo único desejo na vida é pregar o Evangelho. E, em um momento em que ele deixa tudo, em razão de sua fé, parece que recebe como prêmio um castigo, que é o nascimento dessa segunda menina, em uma situação tão difícil. Hoje, eu entendo que foi o bebê mais lindo que vi na vida, porque ali nasceu o grande líder, ali nasceu um homem que não pergunta por quê; que, nas suas lutas, nas suas dificuldades, nas suas angústias, apenas repete o que disse Habacuque: “O justo vive pela fé”. E é pela fé que esse homem tem vivido. Sua vida não consiste nos bens da igreja, nos bens pessoais, porque não os tem; vive exclusivamente pela vida que lhe vem nessa fé, eu diria, inexpugnável, irretorquível, nessa fé firme e valente que o põe de pé diante de todas, como disse, injúrias e calúnias que na vida lhe arrogam os ódios e as paixões. Parabéns a V. Exª! Eu fico eternamente grato pela homenagem que presta a meu tio, pela homenagem que presta à minha igreja, e por ler essa biografia verdadeira, escrita por dois jornalistas brilhantes e que, espero, esclareça ao povo brasileiro, tantas acusações e infâmias lançadas sobre esse homem, que, repito, é um justo e que vive pela fé. Muito obrigado, Senador.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Senador Marcelo Crivella, minha fala no dia de hoje, sem a sua participação, com todo respeito ao aparte do Senador Mão Santa, não seria nem a metade. Fico muito grato pela sua presença e pelo seu aparte esclarecedor.

Ao encerrar, Senador Papaléo Paes, anuncio a obra que, repito, é o lançamento editorial do ano, para que todos nós nos recolhamos e nos debrucemos sobre a sua leitura.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2007 - Página 36868