Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo pelo crescimento da geração de empregos no País, com destaque para o aumento no Estado de Santa Catarina, do crédito imobiliário e das exportações.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL. TRIBUTOS.:
  • Regozijo pelo crescimento da geração de empregos no País, com destaque para o aumento no Estado de Santa Catarina, do crédito imobiliário e das exportações.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Jefferson Peres, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2007 - Página 36089
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL. TRIBUTOS.
Indexação
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, PAULO PAIM, SENADOR, DEBATE, CRESCIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, ASSINATURA, CARTEIRA DE TRABALHO, LEITURA, DADOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), EFICACIA, SITUAÇÃO, SETOR, INDUSTRIA TEXTIL, VESTUARIO, INDUSTRIA DE ALIMENTAÇÃO, DEMONSTRAÇÃO, CAPACIDADE, SOLUÇÃO, CRISE, CONCORRENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, ALEGAÇÕES, AUMENTO, RENDA, PODER AQUISITIVO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, DADOS, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, SUPERAVIT, NATUREZA COMERCIAL, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, CONSTRUÇÃO CIVIL, CREDITO IMOBILIARIO, REDUÇÃO, INFLAÇÃO, CRESCIMENTO, VENDA, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, EMPRESA DE BRINQUEDOS, DEFESA, NECESSIDADE, QUALIFICAÇÃO, MÃO DE OBRA, INVESTIMENTO, INDUSTRIA.
  • REGISTRO, DECISÃO, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO (OMC), BENEFICIO, BRASIL, SUBSIDIOS, ALGODÃO, PENALIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMENTARIO, INSUCESSO, MANIFESTAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PROTESTO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), DEMONSTRAÇÃO, POPULARIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • DEFESA, DEBATE, EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Agradeço, Sr. Presidente.

Srs. Senadores, nesta tarde de quarta-feira, encerramos uma importantíssima reunião a que mais tarde vou me referir, na condição de Liderança do PT.

O Senador Paulo Paim fez um pronunciamento bastante contundente, como não poderia deixar de ser para uma liderança que tem a biografia de S. Exª, liderança sindical representativa dos trabalhadores deste País, alguém que dedicou e vem dedicando a vida na defesa do interesse dos trabalhadores, do emprego e da renda. O Senador Paulo Paim fez um contundente pronunciamento e apresentou dados extremamente significativos com relação à geração de empregos que estamos acumulando - não é, Senador Paulo Paim? -, mais de 8 milhões de empregos com carteira assinada no País, durante o primeiro e o início do segundo mandatos do Presidente Lula.

Senador Paulo Paim, para contribuir, vou ler alguns tópicos que dizem respeito àquilo que muitas vezes nós aqui no Senado nos esquecemos que está acontecendo - e muitos fazem questão de esquecer e ficam sempre naquela situação do “tá ruim, tá ruim, tá ruim...” -; os números são muito contundentes e vou resgatá-los.

Em primeiro lugar, mais de 251 mil empregos com carteira assinada foram criados em setembro. É o melhor resultado desde setembro de 1992. O melhor resultado, no mês de setembro. Isso significa crescimento do nível de emprego consecutivo, sem parar, durante 14 meses. Há 14 meses, o nível de emprego cresce no País. E é isso que permite o Senador Paulo Paim comemorar os 8 milhões de empregos com carteira assinada, acumulados nos últimos 5 anos.

E eu, muito faceira, Senador Paulo Paim, vou falar do crescimento do emprego em meu Estado.

Jornais de hoje divulgam que o emprego em Santa Catarina cresceu 43%. De janeiro a setembro, foram criados quase 70 mil novos postos de trabalho, e essa geração de empregos com carteira assinada teve o seu segundo melhor desempenho da história nos nove primeiros meses do ano, fechando, em setembro, portanto, com o aumento de quase 70 mil postos. O resultado foi 43,6% maior do que o verificado nos primeiros nove meses do ano passado, quando apenas 47 mil vagas foram criadas, em vez das quase 70 mil que comemoramos agora.

O setor de atividade econômica que mais contribuiu para o bom resultado do emprego no mês foi a indústria de transformação.

Veja bem, Senador Paulo Paim, é geração de emprego em um setor que aponta mais crescimento, porque a indústria de transformação é exatamente aquela que só se desenvolve quando o restante da economia, outros setores, também se desenvolvem e geram emprego.

Com exceção de um único subsetor, o de material de transportes, todos os ramos industriais obtiveram saldos positivos no mês, com destaque - preste atenção, Senador Paulo Paim - para a indústria têxtil e de vestuário.

V. Exª se lembra da crise da entrada dos produtos chineses? Pois bem, o saldo positivo, nas indústrias têxtil e de vestuário, nas indústrias de produtos alimentícios e de bebidas, é uma prova inequívoca de que conseguimos superar a questão da competição com a China, principalmente porque as pessoas estão comprando mais. Do contrário, têxtil, vestuários, alimentos e bebidas não crescem, a não ser com crescimento de mercado interno, ou seja, as pessoas obtendo mais renda.

Senador Paulo Paim, além da questão do emprego, quero ainda aqui fazer alguns registros: as exportações crescem 15,5% e o superávit comercial ultrapassa os US$ 32 bilhões; o mercado financeiro reduz a projeção de inflação e eleva a de crescimento da produção industrial para este ano; a construção civil cresce rapidamente e já sente falta da mão-de-obra qualificada, mas investimentos em novas fábricas crescem.

Além do crescimento na construção civil, da falta de mão-de-obra e dos investimentos, o crédito imobiliário renova o recorde em setembro. Os recursos de poupança destinados ao crédito imobiliário voltaram a bater recorde em setembro, com a concessão de R$ 1,85 bilhão, volume 137% maior que o registrado no mesmo mês do ano passado, conforme informações da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O número surpreendeu a própria Associação por ter superado a cifra de empréstimos para o setor de habitação em agosto, quando foi concedido R$ 1,8 bilhão. Agosto costuma ser, inclusive, um mês de demanda maior do que setembro. No acumulado dos nove meses do ano, o crédito imobiliário com recursos da poupança soma R$ 12,18 bilhões. O resultado de setembro representa quase cinco vezes o volume de crédito imobiliário com recursos da poupança concedido em janeiro deste ano.

Portanto, além de melhorar o emprego, de melhorar as exportações e do próprio mercado financeiro apontar a redução da inflação e a elevação do crescimento da produção industrial, a construção civil e o crédito imobiliário estão em um verdadeiro boom, como há muitas décadas não se via. As vendas, no Dia das Crianças, registraram um crescimento significativo. A Volkswagen do Brasil elevou as vendas em 32%, em 2007, e o mercado doméstico de caminhões, que alcançará 100 mil unidades neste ano e renderá aos fabricantes um faturamento de R$ 15 bilhões, será ainda mais generoso em 2008. Portanto, as previsões para o setor de transporte de caminhões para o ano que vem são de um aumento de 10% nas vendas, devendo girar em torno de 110 mil unidades.

Além disso, há outros indicadores extremamente positivos.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Ideli, V. Exª me permite um aparte?

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Pois não, Senador Paim, com muito orgulho.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Ideli, de fato, fui à tribuna, na mesma linha de V. Exª, porque, há muitos e muitos anos, eu insistia na questão do salário mínimo. V. Exª não tocou no assunto hoje, mas o fez ontem. O salário mínimo, também, com o crescimento que teve, fortaleceu o mercado interno.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Exatamente.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Foi uma demonstração de que estávamos certos, e o Presidente Lula foi - digamos - no veio correto, com a distribuição de renda. Graças ao salário mínimo, as pessoas comem melhor, vivem melhor e consomem mais. Isso funciona como efeito dominó - inclusive na fonte geradora de emprego. Por isso, fiz o registro, que já vou concluir. Se não me engano, com o PL nº 76 do Executivo, aprovado na Câmara e na nossa Comissão de Assuntos Econômicos, e que o Senado vai aprovar - o requerimento de urgência está vindo ao Plenário -, vamos dar mais subsídios ao setor moveleiro, têxtil, de couro, de calçado e de pedra, o que vai melhorar ainda mais esse quadro.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Todos setores que empregam muita mão-de-obra, que estão voltados para o mercado interno e que só podem se desenvolver se as pessoas tiverem aumento de renda. Mais emprego, mais renda, mais consumo, mais produção, mais fortalecimento da economia brasileira.

Ouço, com muito prazer, o Senador Jefferson Péres.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senadora Ideli Salvatti, mal entrei no plenário e pude ouvir trecho de seu discurso, que retrata fielmente a situação do País: uma situação de bonança econômica como há muito tempo não se via; o mercado imobiliário está estourando, vai continuar crescendo; o consumo, em geral, aumentando; renda melhorando substancialmente e mais bem distribuída. Mas tudo isso é possível, Senadora Ideli Salvatti, graças a um pré-requisito que foi cumprido, que se chama estabilidade econômica, inflação baixa...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - E rigor fiscal, Senador Jefferson Péres.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Rigor fiscal, que foi iniciado em governos passados - eu diria Itamar Franco e passou por Fernando Henrique, mas que o Presidente Lula teve a lucidez de ampliar.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Ampliou, teve a coragem de ampliar.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - É isso que eu quero dizer. Seria impossível alguém hoje ter um crédito de 30 anos para comprar casa própria, Senadora Ideli...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Sem estabilidade.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) -...se não tivéssemos uma inflação de 3% e, portanto, sem reajuste de prestações. De forma que acho que os políticos brasileiros todos vão entendendo hoje: estabilidade econômica não é de direita, nem de esquerda; não é do PT, nem do PSDB.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - É do povo.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - É um consenso nacional. Parabéns pelo seu pronunciamento.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Jefferson.

Concedo um aparte ao Senador Suplicy para, depois, eu poder concluir.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim, Senadora Ideli Salvatti, quero também solidarizar-me com a apreciação que V. Exª faz, como Líder do Partido dos Trabalhadores, sobre a fase tão positiva da economia brasileira. Dessa vez, o crescimento está, na medida do possível, sendo compatibilizado com maior eqüidade social e com erradicação da pobreza.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - E compartilhado, não é, Senador Suplicy? Compartilhado, essa é a diferença fundamental do momento econômico que estamos vivenciando.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É muito importante que isso possa ocorrer da melhor forma possível, daqui para frente, conforme os objetivos do Presidente Lula. Gostaria também, assim como V. Exª também mencionou no início do seu pronunciamento, de saudar o que aconteceu hoje entre 11h30min e 14h. Tivemos um acontecimento de excepcional significado para a história do Senado e para a história da relação entre a Presidência da República e o Senado Federal.

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Refiro-me à visita do Presidente em exercício, Vice-Presidente José Alencar, a todos nós, Senadores, no gabinete do Presidente Tião Viana. Até quero saudar um fato, além da comemoração do Presidente José Alencar. Mais do que isso, como é público, pois foi Sua Excelência quem divulgou - Sua Excelência será submetido a uma cirurgia proximamente. Eu disse a S. Exª: “Que bom, Presidente José Alencar, que esteja com tão boa saúde!” Destaco a forma como se dispôs a vir ao Senado e dialogou com todos nós - havia mais de 50 Senadores, quase todos. Todos os Líderes e presidentes de comissões ali externaram a sua apreciação e contentamento pela maneira como o Presidente em exercício nos visitou para dialogar sobre a CPMF. Quero saudar esse evento como algo de grande significado na história do nosso Senado.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço a V. Exª, Senador Eduardo Suplicy. Posteriormente, falarei em nome da Liderança, refletindo esse momento belíssimo que tivemos na Presidência com o Presidente José Alencar.

Antes de concluir, cito alguns números positivos, Senador Paulo Paim, porque vim aqui exatamente trazer o conjunto de resultados que atendem ao anseio das classes de menor poder aquisitivo, das classes médias, dos setores empresariais e do desenvolvimento do País como um todo. As exportações de carne bovina cresceram 18% até setembro. Tivemos uma importante vitória na Organização Mundial do Comércio. Em relação àquele nosso processo sobre o subsídio ilegal do algodão, a OMC confirmou a posição do Brasil e penalizará os Estados Unidos. Portanto, temos condições econômicas, para todos os segmentos, extremamente positivas. O último dado das pesquisas é que o consumidor paulistano está mais otimista.

Senador Jefferson Péres, consideramos positivos todos esses números, esse conjunto de dados e de resultados para todos os segmentos da população brasileira, para os inúmeros setores produtivos, para o desenvolvimento do nosso País e, inclusive, para a própria soberania brasileira, principalmente agora, quando a OMC confirmou a posição correta do Governo brasileiro em defender os interesse do Brasil.

No ato realizado ontem no Anhangabaú, chamado de show protesto, envolvendo muitos artistas de renome, que era um protesto contra a CPMF, aguardavam-se dois milhões de pessoas. Há divergência a respeito da quantidade de pessoas presentes, alguns falam em sete mil, outros em oito, dez ou um pouco mais. Entretanto, essa é uma demonstração muito clara, muito clara, de que nós podemos ter debate, de que pode haver posições contra a CPMF, mas essa popularidade que o Presidente Lula tem é resultado da ação do seu Governo. E não é só do seu Governo obviamente, porque vem num acúmulo, numa seqüência, mas, no Governo do Presidente Lula, isso se faz por meio de políticas de distribuição de renda, de crescimento, de habitação, de emprego com carteira assinada, de melhoria das condições de saneamento e de habitação.

Por isso, fico sempre muito incomodada, Senador João Pedro, quando ouvimos que a popularidade do Presidente Lula é por causa do Bolsa-Família, como se a única política adotada fosse a de redistribuição de renda pelo Bolsa-Família. Tem Bolsa-Família, tem emprego, tem aumento de renda, tem habitação, tem incentivo, ou seja, é um conjunto de medidas que têm feito este País, e o povo brasileiro, e os que mais precisam dentro do povo brasileiro, obter resultados significativos.

Portanto, Senador Alvaro Dias, vamos fazer um belo debate sobre a CPMF. Tenho certeza de que vamos aprová-la, tenho certeza também de que vamos fazer a continuidade das desonerações tributárias, como no caso da construção civil, que foi tão benéfica, que está aí mostrando o resultado quando se desoneram produtos que desenvolvem o País, criando condições de melhoria de vida para a população. E faremos isso com a tranqüilidade e com o clima harmonioso que tivemos na reunião que terminou agora há pouco lá na sala da Presidência.

Por isso, muito obrigada. Agradeço pela gentileza, inclusive, de uns minutinhos a mais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2007 - Página 36089