Discurso durante a 189ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos médicos brasileiros e, em especial aos do Estado de Rondônia, pela passagem do Dia do Médico. Considerações sobre a Amazônia brasileira.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Homenagem aos médicos brasileiros e, em especial aos do Estado de Rondônia, pela passagem do Dia do Médico. Considerações sobre a Amazônia brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2007 - Página 36453
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEDICO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), SUPLANTAÇÃO, DIFICULDADE, TRANSPORTE, CONDIÇÕES DE TRABALHO.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, CONCILIAÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, BEM ESTAR SOCIAL, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, APOIO, PACTO, VALORIZAÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, COMBATE, DESMATAMENTO, DETALHAMENTO, PREVISÃO, RECURSOS.
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, BRASIL, CONTROLE, ALTERAÇÃO, CLIMA, MUNDO, REGISTRO, DADOS, EVOLUÇÃO, DESMATAMENTO.
  • NECESSIDADE, ATENÇÃO, DEFESA NACIONAL, SUPERIORIDADE, PROBLEMA, TRAFICO, DROGA, ARMA, GUERRILHA, FRONTEIRA, REGIÃO AMAZONICA, GRAVIDADE, FALTA, RECURSOS, FORÇAS ARMADAS, EXERCITO, DEFESA, REAPARELHAMENTO.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - É bondade de V. Exª.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, eu gostaria de também me unir às homenagens do Senador Tasso Jereissati, do Senador Arthur Virgílio e de V. Exª aos médicos brasileiros homenageando, em especial, os médicos do meu Estado de Rondônia, que trabalham, muitas vezes, em lugares longínquos, com dificuldades até de transporte.

            Senador Mão Santa, conheci médico, quando fui Prefeito de Rolim de Moura, que trabalhava em cidades vizinhas que não tinham asfalto. No período da chuva, ele andava a cavalo.

            Um médico que trabalhava no Município de Alto Alegre vinha, dormia na minha casa, em Rolim de Moura, às vezes chegava à noite, debaixo de chuva, para dirigir-se, no outro dia, à sua cidade, a cavalo, porque carro não passava.

            Assim era com os médicos na maioria dos Municípios da Amazônia. Até hoje, a alguns lugares eles só chegam de barco, de canoa, a cavalo, no período da chuva, porque de outra forma não conseguem chegar àqueles lugares mais longínquos.

            Ele é um grande médico, assim como V. Exª, que ganhou o apelido de Mão Santa por ter uma mão abençoada, que, com certeza, salvou muitas vidas no seu querido Estado do Piauí.

            Parabéns a V. Exª e, por extensão, a todos os médicos brasileiros e do nosso Estado de Rondônia.

            Mas, Sr. Presidente, trago aqui um tema que não é a CPMF e nenhum outro assunto a não ser a Amazônia brasileira.

            Sr. Presidente, a Amazônia, hoje, é, ao mesmo tempo, o grande desafio brasileiro e o nosso maior tesouro nacional. É um desafio encontrar um meio termo entre o atendimento das necessidades de desenvolvimento da região, para garantir bem-estar e prosperidade às populações que lá vivem, e as necessidades de preservação do meio ambiente.

            Proteger esse tesouro não é tarefa simples e envolve investimentos, não só de recursos, mas também de talento, de atenção, de energia.

            Ainda no mês passado, lançou-se, publicamente, aqui, no Congresso Nacional, a idéia de um Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia.

            Uma das idéias básicas desse pacto é o fim do desmatamento em sete anos, o que seria possível, segundo estudos, com um investimento anual de R$1 bilhão.

            Seriam necessários, portanto, R$7 bilhões para cumprir a meta de zerar o desmatamento em apenas sete anos. Não é muito, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se pensarmos no tesouro que estaríamos assim preservando. Não é muito também se pensarmos estrategicamente, levando em conta que a questão ambiental, sobretudo nas suas implicações climáticas, deverá ser cada vez mais um item prioritário da agenda internacional.

            O lugar que o Brasil vai ocupar no cenário mundial nas próximas décadas vai depender em grande medida do papel que assumiremos nesse grande drama global que são as mudanças climáticas.

            Hoje, freqüentemente, com ou sem razão, associam-nos ao papel de vilões, sobretudo em função da queima de áreas florestais, mas temos potencial para assumir outro papel. Afinal, 80% de nossa energia elétrica vêm de hidrelétricas. Cerca de 45% dos nossos veículos rodam com combustíveis não-fósseis, que provêm de fontes renováveis, como o álcool.

            Temos, portanto, bons exemplos a oferecer para o mundo, pelo que o saldo de nossa contribuição para o problema climático não é, de forma alguma, negativo. Aliás, mesmo no quesito em que ainda estamos mal, que é o desmatamento, tem havido vitórias importantes. O Governo, com uma ação integrada de várias instâncias, já conseguiu diminuir significativamente o ritmo das derrubadas nos últimos dois anos.

            Outra área, Sr. Presidente, na qual precisamos, urgentemente, de recursos para resguardar nosso imensurável tesouro amazônico é a área da defesa.

            Também no mês passado, esteve aqui, no Senado, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o General-de-Exército Enzo Martins Peri, Comandante da Força Terrestre, que deixou clara a situação de penúria em que se encontra o Exército Brasileiro. Em especial, essa situação de penúria põe em cheque sua capacidade de garantir nossa soberania sobre a Amazônia, o que - desnecessário dizer - é gravíssimo, sobretudo diante da conhecida cobiça estrangeira pelas riquezas da nossa floresta.

            Nossas fronteiras amazônicas tocam algumas das regiões mais problemáticas do continente, regiões mergulhadas em conflitos que envolvem tráfico de armas e de drogas, guerrilhas políticas e bandidagem comum. Pensar que nossas Forças Armadas não têm como enfrentar essa ameaça é assustador, Sr. Presidente.

            Se a contribuição das Forças Armadas fosse apenas a garantia da defesa da região, Srªs e Srs. Senadores, se justificaria a recuperação dos investimentos para o seu reaparelhamento. Mas não nos esqueçamos de que elas exercem, na região, um papel social insubstituível. São muitos os amazônidas que dependem quase que exclusivamente do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para terem suas necessidades de saúde, por exemplo, atendidas. O Exército também desempenha um papel primordial na manutenção da infra-estrutura da região, especialmente no que diz respeito aos transportes.

            Sr. Presidente, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, já declarou que precisamos incluir a Amazônia na agenda do Governo como uma questão de defesa. Hoje, a região aparece ligada sobretudo aos problemas ambientais. Precisamos mudar isso a tempo, antes de nos vermos diante de uma situação de fato que dificilmente seríamos capazes de enfrentar, sem preparação prévia.

            Precisamos cuidar de nosso maior tesouro. Enquanto passarmos para o mundo a idéia de que descuidamos de nossas florestas e desperdiçamos suas riquezas, desmatando-as, perdemos força diante das ambições internacionais.

            Sr. Presidente, de quando em quando, autoridades internacionais falam na internacionalização da Amazônia, que a Amazônia não é só do Brasil, que a Amazônia é do mundo e por isso deveria ser administrada por uma junta internacional.

            Não podemos admitir isso porque é duplamente arriscado. Arriscado porque perdemos apoio de nossos amigos e porque, infelizmente, ao que parece, não estamos preparados para fazer frente a ameaças mais concretas a nossa soberania.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago aqui este alerta porque, aos poucos, nós, da Amazônia, estamos nos conscientizando de que a Amazônia é um patrimônio nacional, um tesouro nacional, e precisamos preservá-la. Fico muito preocupado a cada verão, quando milhões e milhões de hectares são queimados, muitas vezes sem licença ambiental.

            Reconheço que até agora o homem que ocupou a Amazônia teve que desmatar para plantar e sustentar suas famílias; e as terras hoje desmatadas, com as novas tecnologias, são suficientes para o sustento das nossas famílias, do povo da Amazônia. As florestas são a grande riqueza que a Amazônia possui. Por isso defendo, daqui para frente, a preservação da Floresta Amazônica.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2007 - Página 36453