Discurso durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura de cartas publicadas no jornal O Globo em apoio à política de combate à violência e ao tráfico de drogas do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Leitura de cartas publicadas no jornal O Globo em apoio à política de combate à violência e ao tráfico de drogas do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2007 - Página 37074
Assunto
Outros > DROGA. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • REITERAÇÃO, OPINIÃO, RESPONSABILIDADE, CLASSE MEDIA, CLASSE SOCIAL, RIQUEZAS, GRAVIDADE, CRIME ORGANIZADO, TRAFICO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, CONSUMO, DROGA, PROTESTO, LEGISLAÇÃO, IMPUNIDADE, USUARIO, FACILITAÇÃO, ATIVIDADE, TRAFICANTE.
  • LEITURA, TRECHO, CARTA, CIDADÃO, PUBLICAÇÃO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PROTESTO, POSIÇÃO, ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB), ALEGAÇÕES, DIREITOS HUMANOS, CRIMINOSO, DEFESA, ATUAÇÃO, POLICIAL, COMBATE, CRIME ORGANIZADO, TRAFICO, DROGA, IMPORTANCIA, APOIO, GOVERNADOR, POLITICA, SEGURANÇA PUBLICA.
  • GRAVIDADE, OMISSÃO, LEGISLATIVO, DEMORA, APROVAÇÃO, PROPOSIÇÃO, REFORÇO, LEGISLAÇÃO PENAL.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, há alguns anos, aqui, eu aparteava a então Senadora Benedita da Silva, nossa companheira do Rio de Janeiro, que proferia um discurso sobre a violência nas favelas do Rio, sobre os crimes cometidos pelos traficantes, sobre o sufoco que o povo do Rio de Janeiro vivia, ameaçado constantemente pelos traficantes de drogas. E disse-lhe que uma parte da culpa se devia aos ricos do Rio de Janeiro, que, consumindo drogas, financiavam o crime e a opressão dos bandidos sobre a sociedade carioca.

            Foi um desastre! Disseram-me que eu estava culpando o Rio de Janeiro, destruindo a fama da cidade. E agora vejo, no filme Tropa de Elite, exatamente isso. O filme prova que quem financia o tráfico, quem financia o crime são os viciados das classes média, média alta e alta, que são os consumidores de drogas.

            Contribuímos um pouco aqui, quando aprovamos o projeto segundo o qual sobre o usuário não incidiria nenhuma penalidade, abrindo a freguesia para os traficantes, que comemoraram com muitos foguetes no Rio de Janeiro e, hoje, estão comemorando com muitas mortes no Rio.

            Eu estava preparando um discurso de apoio ao nosso colega, ex-Senador e Governador Sérgio Cabral, pela luta que ele, finalmente, depois de certo tempo, resolveu travar contra o tráfico no Rio, porque, nós, do Espírito Santo, sofremos as conseqüências daquilo.

            Lendo o jornal O Globo, resolvi usar cartas de cariocas para o referido jornal, no qual apóiam a luta do Governador Sérgio Cabral. Essas cartas são de pessoas que moram no Rio de Janeiro, que sentem o problema naquele Estado, que sofrem na carne a opressão, os assassinatos e os abusos dos traficantes e que as endereçam ao jornal diariamente.

            A primeira é de Rosemary Martins Hissa contra a posição tomada pela OAB:

O presidente da OAB/RJ se esquece que a sociedade organizada, que sustenta o estado de direito do qual ele tanto se orgulha em defender, está sofrendo uma caçada humana implacável pelos marginais que estão aterrorizando nossas vidas. Isto sim é inadmissível. Em verdade, seus comentários devem ser entendidos como opinião pessoal, até porque desconheço qualquer pesquisa que tenha sido amplamente divulgada entre os advogados inscritos nesta seccional para apuração da opinião da classe. Também desconheço alguma campanha feita pela OAB/RJ em solidariedade ou defesa das famílias dos policiais chacinados por bandidos mais bem armados e bem remunerados.

            Outra, de Maria Porto de Mendonça Clark:

O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, disse que o homem não pode ser tratado como animal de abate. Como o senhor acha que somos tratados pelos bandidos? Em qualquer parte do mundo sempre houve suporte com helicópteros, só aqui não pode. Por favor, senhor, vamos deixar de hipocrisia. Direitos humanos... Por que não procuraram pela família do policial morto em combate a essa famigerada guerra com os traficantes do Rio? Deixemos de cinismo e vamos deixar a polícia trabalhar. Ou será que nossos policiais devem ser alvos para saciar a vontade dos bandidos que gostam de matar inocentes?

            Outra, de Alex Galvão:

É, no mínimo, estranha a declaração de Wadih Damous, presidente da OAB/RJ. Fui vitima de três roubos nos últimos seis meses. Em nenhum momento recebi a visita de ONGs nem da OAB/RJ e muito menos de seu presidente. Sr. Damous, direitos humanos devem ser para humanos direitos! Parabéns ao policiais!

            Outra, do Sr. Ary Rubem Gonçalves Passos:

Onde estava a OAB quando o menino João Hélio foi arrastado até a morte? E agora, quando o assassino da menina Gabriela tem a condenação cancelada pelo STF, o que tem a tão respeitada Ordem a nos dizer? Desculpem, mas estou... [não vou usar a palavra que ele disse aqui] Cadê a minha cidadania? Francamente, crianças morrendo covardemente e a OAB defendendo e preocupada com bandidos e assassinos? Chega!

            E mais:

Se no campo de futebol ocorrem faltas abusivas, quanto mais numa guerra, em que adrenalina e morte estão presentes! É demagógica a preocupação do subprocurador Leonardo Chaves sobre “possível atentado à ordem democrática” na operação policial em Senador Camará (onde a polícia sofreu baixas). Ora, os bandidos é que ameaçam a democracia! Tenha bom senso, sr. procurador! Guerra é guerra, só fale em democracia após a ordem ser estabelecida!

            Outra, de José Augusto Wanderley:

O presidente da OAB/RJ já foi lamentável em suas primeiras declarações de apoio a bandidos. E, não satisfeito, continua mais lamentável e confuso, associando bandidos com pessoas que combateram a ditadura. E, o que é pior ainda, outorgando-se o direito de falar em nome de toda a sociedade. O Sr. Wadih Damous deveria falar tão-somente em seu próprio nome.

            Outra, de Maria Helena Lima Mota:

O presidente da OAB/RJ deveria cuidar mais e fiscalizar a atuação dos seus filiados, em vez de criticar a política de segurança do estado e defender traficantes. É cada vez mais preocupante o envolvimento de advogados com a criminalidade. Ainda hoje o jornal publicou mais um escândalo com a participação de advogados e cartórios do Rio.

            Então, Sr. Presidente, é, na verdade, a leitura de cartas de leitores de O Globo, do Rio de Janeiro, em uma manifestação de apoio à luta do Governador Sérgio Cabral. Pela primeira vez, depois de muitos anos, ele resolve enfrentar a bandidagem, o crime organizado e o tráfico no Rio de Janeiro.

            Eu queria fazer aqui uma advertência a nós. Quando o menino João Hélio foi arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro, o Senador Cristovam Buarque usou uma palavra que muito me emocionou, aqui, dizendo que, na verdade, foi o futuro do Brasil que foi esquartejado pelas ruas do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, tramitaram aqui oito projetos de lei endurecendo, mudando o tratamento, condenando os celulares nas cadeias, criando penas para o uso de celulares nas cadeias, diminuindo o benefício da redução de pena. Oito projetos de lei. E eu disse, aqui, que iria fazer uma profecia: “Passado um ano, não iria acontecer nada por parte do Legislativo.” E não aconteceu nada! Nós não fizemos nada! Fomos omissos e temos culpa dessas mortes que estão acontecendo, porque com leis não tentamos resolvê-las.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2007 - Página 37074