Discurso durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Dr. José Aparecido de Oliveira.

Autor
Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento do Dr. José Aparecido de Oliveira.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2007 - Página 37154
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSE APARECIDO DE OLIVEIRA, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, EX MINISTRO DE ESTADO, EMBAIXADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, novamente convoca-me o dever, como representante do povo mineiro nesta Casa, de registrar com o meu mais profundo pesar o falecimento do grande brasileiro Dr. José Aparecido de Oliveira, este mineiro que deixou no rastro de seu destino imensos serviços prestados ao Estado de Minas Gerais e ao País, na ocupação de importantes cargos ao longo de uma vida inteira dedicada à política, à diplomacia e, sobretudo, às ações voltadas ao apoio, ao desenvolvimento e à divulgação da cultura nacional.

            José Aparecido de Oliveira, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pertenceu a uma geração de idealistas mineiros que tinha o sentimento e a visão global do mundo. Uma geração que aceitava, entendia e transformava os desafios em uma grande motivação para mudá-lo e melhorá-lo. Ainda jovem, com sua acentuada capacidade de articulação é chamado a servir ao Ex-Presidente Jânio Quadros como seu secretário particular. Daí pra frente, cuidou o destino de traçar-lhe os dinâmicos caminhos de uma carreira política que teve seu começo com um mandato de Deputado Federal buscado e trazido das solenes e venerandas ruas de sua região eleitoral, cuja base política fincava-se em sua cidade natal, Conceição do Mato Dentro, encantadora comunidade do interior mineiro, onde o Dr. José Aparecido absorveu os princípios básicos da mineiridade: o profundo amor à liberdade e o respeito à integralidade do ser humano.

            Daí adiante, a vida apontou-lhe os amplos e claros caminhos de seu futuro, interrompido de forma truculenta pelo arbítrio injusto imposto pelo Golpe Militar de 1964, que lhe tomou o seu mandato legítimo de representante mineiro na Câmara dos Deputados.

            Com o término do mais longo período de obscurantismo político que manchou com sangue a nossa História do Brasil, em 1985, retorna o Dr. José Aparecido de Oliveira ao palco da política nacional, tendo sido escolhido Governador do Distrito Federal, na oportunidade em que empreendeu um governo cuja ênfase voltou-se ao apoio às iniciativas direcionadas a cultura. Credencia-se, por isso a assumir, a convite do Presidente José Sarney, de setembro de 1988 a março de 1990 as funções de Ministro de Estado da Cultura.

            Como político exercia o hábito da conciliação. Tinha, como que impresso em si a marca tão bem definida pelo nosso inesquecível Ministro Santiago Dantas, ao definir o homem público como aquele que “ajusta o seu destino individual ao da sociedade a que pertence e não só procura, como consegue exprimir, na sua vida intelectual e na sua vida pública, o imperativo vital de sua época, fazendo de si mesmo um instrumento e uma resposta às questões que desafiam seus contemporâneos”.

            Ainda foi, o Dr. José Aparecido nosso Embaixador em Portugal à época do Governo Itamar Franco e Fundador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, José Aparecido de Oliveira foi um acabado exemplo de adaptação do individuo à sua vocação. Sua inteligência era fértil em sugerir fórmulas de conciliação. Construiu pacientemente seu destino nos caminhos dos valores mais elevados da gente mineira: trabalho, honradez e orgulho de suas tradições.

            Tive o privilégio de conhecê-lo de perto. Na minha opinião, poucos o excederam em descortínio, na visão e análise da importância da cultura como expressão de uma nacionalidade e na visão de como ela interfere e contribui para o desenvolvimento de uma sociedade.

            Termino, Sr. Presidente, dizendo que José Aparecido de Oliveira era um político que tinha um grande coração aberto a todos. E todos, à sua volta, percebiam.Dele, podia-se discordar, mas era mister admirá-lo e respeitá-lo por suas posições no cenário político mineiro, nacional, e, sobretudo nesta fase recente da nossa história política contemporânea.

            Trago de minha memória hoje, a quantos aqui neste plenário do Senado Federal o conheceram, aquela figura amiga, serena e cheia do “jeitinho mineiro” que faz agradável a convivência entre amigos.

            Por tudo isto, relembrando-me de tão saudoso amigo, solicito que seja enviado por esta Casa ao seu filho Deputado Federal, José Fernando Aparecido de Oliveira, à sua família e às autoridades do Município de Conceição do Mato Dentro, os nossos votos do mais profundo pesar pelo falecimento do inesquecível político mineiro Dr. José Aparecido de Oliveira.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2007 - Página 37154