O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei rápido, para dar oportunidade aos outros Srs. Senadores e então iniciarmos a Ordem do Dia.

Nosso objetivo nesta tarde, ao retornar a esta tribuna, é falar, mais uma vez, sobre o drama da seca do Nordeste, em especial no meu querido Estado da Paraíba, e também registrar a publicação da matéria “A tragédia da seca e a luta pela transposição”, veiculada na edição do último fim de semana do jornal A União, que contém texto primoroso do jornalista José Euflávio.

Sr. Presidente, vou tentar resumir o material que solicito de V. Exª que faça incluir, na íntegra, no meu pronunciamento, para que conste dos Anais da Casa. Deve-se refletir sobre o que está publicado na primeira página:

Conhecido como “rio da integração nacional”, o São Francisco é hoje motivo de uma grande polêmica, por conta do projeto de transposição patrocinado pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujas obras já foram iniciadas nas cidades de Cabrobó e Floresta, em Pernambuco.

Em meio à tormenta, sob fogo cerrado de setores contrários à transposição, estão doze milhões de nordestinos habitantes do chamado Nordeste Setentrional, a área mais seca e com as menores reservas hídricas do País. A seca, fenômeno recorrente da natureza, é apenas mais um componente do drama da gente que clama por água nessa região árida do Brasil.

Há um misto de miséria e sofrimento em cada lar, em cada rosto dos que, empurrados pelo destino, nasceram num Nordeste seco e carente de água. Na caatinga os animais morrem; pelas estradas, levas de agricultores - homens, mulheres e crianças - caminham léguas a partir de suas casas a procura de açudes e barreiros, de onde tiram água para o seu consumo.

Muitos, Senador Tião Viana, Presidente desta Casa, não sabem quanto vale uma légua. O nordestino usa muito a palavra “légua”. Uma légua é igual a seis quilômetros. Dizer que são percorridas léguas significa dizer que são percorridos vários quilômetros, em busca de uma lata d’água.

Nas cidades - pequenas, grandes e de porte médio -, o vergonhoso comércio da água é apenas mais um componente dessa tragédia, empurrando o homem para a humilhante cena de pedir como favor por um bem natural: a água.

Durante mais de uma semana, os jornalistas José Euflávio e Augusto Pessoa [...]

O primeiro, Sr. Presidente, conhece muito bem a situação, pois nasceu no sertão da Paraíba, no vale do Piancó, na pequenina Santana dos Garrotes, e conhece o drama do homem. Viveu, venceu, veio para a Capital e colaborou com essa extraordinária obra que servirá de base para que as Srªs e os Srs. Senadores possam realmente conhecer, em detalhe, a situação humilhante dos flagelados da seca.

Sr. Presidente, continuo a leitura.

Durante mais de uma semana, os jornalistas José Euflávio e Augusto Pessoa, de A União, percorreram 2.600 quilômetros pelos Estados de Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, para mostrar o drama de quem não tem água para beber, para suas necessidades domésticas e para os animais. E apresentar também, em contrapartida, como há fartura e vida melhor onde existe água.

O resultado é este suplemento “A tragédia da seca e a luta pela transposição”. O trabalho é uma contribuição que A União, o terceiro jornal mais antigo em circulação no Brasil, com 114 anos de história, oferece ao leitor como subsídio para a sua compreensão do projeto e o que ele representa para o País e para o Nordeste.

Segmentos representativos da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte estão unidos pela causa. Desde a iniciativa, em julho passado, dos Governadores Cássio Cunha Lima, da Paraíba; Eduardo Campos, de Pernambuco; Cid Gomes, do Ceará; e a Governadora Wilma Farias, do Rio Grande do Norte, em pôr no centro de debate político regional o tema da transposição, crescem as mobilizações populares e os atos públicos em defesa do projeto.

Nós desejamos a boa leitura. Vamos colocá-lo à disposição de todos os brasileiros nos nossos Anais.

Então, Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, vem uma ampla, mas uma ampla reportagem, mostrada pelos jornalistas sob o título: “Uma dura convivência e a esperança de mudar”. Há na reportagem o seguinte tópico: “No interior da Paraíba as pessoas buscam água em barreiros muito distante de suas casas”.

E aqui mostra as imagens: o gado morre, casas são abandonadas, a água some, a seca atormenta a todos: homens, mulheres e crianças.

Mais adiante, outra reportagem, sob o seguinte título: “Onde quase nada é tudo”. Aqui os jornalistas dizem que as pessoas procuram por água como um bem precioso, que custa caro para os que não têm recursos para comprá-lo. Mostra a situação nessa margem do Cariri paraibano.

Então vejam os senhores que o produto, e diz ainda a reportagem, é como se fosse ouro, Senador Jayme Campos.

Aqui cita o depoimento de alguns agricultores, como, por exemplo, do Sr. Luiz Ferreira da Silva, em cuja casa não tem água há 12 dias; uma longa espera pelo carro-pipa do Exército.

Continua a reportagem: “Produto raro em tempos de seca, a água custa caro para o povo do interior”.

Ainda mais: “Nem as crianças são poupadas na luta pela água numa região que tem clima de deserto: quente durante o dia, frio à noite e neblina pela manhã”. Este é o Cariri paraibano.

Mas adiante, Sr. Presidente, o que nós observamos é a vibração de uma cidade quando chega um carro-pipa com água tratada e é recebido em festa pelos moradores. É muita humilhação, é muita humilhação não só contra os homens, mas contra as mulheres e contra as crianças nordestinas.

Outro tópico da reportagem: “Falta água e sobra fé”. Está aqui a fotografia de um homem levantando as mãos e um chapéu para o céu em busca da fé divina, para que a água caia nos sertões do Cariri, Curumataú, do Nordeste e da minha Paraíba.

Ainda outro: “Os rastros da seca”, Sr. Presidente, “uma tragédia que leva a morte e o sofrimento para as comunidades e os animais”.

E, depois - aqui vou encerrar, Sr. Presidente -, vem a seguinte matéria: “O rio da integração”. A água que se chegar à Paraíba, ao Ceará, ao Rio Grande do Norte e a Pernambuco diminuirá a humilhação desses homens, mulheres e crianças, mas que por vaidade de algumas pessoas, incompreensíveis, como se fossem proprietários dessa água, não deixam acontecer essa transposição.

São 12 milhões de brasileiros, nordestinos, que começam a morrer de fome pela falta da sensibilidade humana, pelo desconhecimento, acima de tudo, da situação desse homem.

Aqui está a foto do Presidente da República ao lado da matéria em que Sua Excelência diz que “O rio é dos brasileiros”. “Lula diz que há muita desinformação e que o projeto é maior do que pensam”.

Eu tenho feito oposição ao Governo do Presidente Lula, mas, por várias vezes, não só em reuniões em defesa da transposição do rio São Francisco, mas também nesta tribuna, o Presidente Lula tem o meu apoio. Tem o apoio do Senador Efraim Morais e o apoio de todos os paraibanos em busca desta solução: da transposição para matar a sede dos irmãos nordestinos.

Por isso, Sr. Presidente, solicito a V. Exª que insira nos Anais do Senado essa reportagem dos jornalistas José Euflávio e Augusto Pessoa, do jornal A União, sobre a tragédia da seca e a luta pela transposição. Vamos sim conseguir fazê-la, porque é um projeto do bem em busca da solução, da garantia daquilo que é direito de todos: água, água para beber.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EFRAIM MORAIS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“ A tragédia da seca e a luta pela transposição”.