Discurso durante a 197ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Defesa da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2007 - Página 38013
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, OPOSIÇÃO, ESCOLHA, BRASIL, SEDE, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, ALEGAÇÕES, CORRUPÇÃO, INSUFICIENCIA, INFRAESTRUTURA.
  • IMPORTANCIA, PRESENÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNADOR, ESTADOS, PAIS ESTRANGEIRO, SUIÇA, DEFESA, EFETIVAÇÃO, BRASIL, SEDE, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL.
  • IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, ESTADOS, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, SETOR, AVIAÇÃO CIVIL, SEGURANÇA PUBLICA, AUMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), TURISMO, CRIAÇÃO, EMPREGO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COREIA DO SUL, JAPÃO, ALEMANHA, AFRICA DO SUL, REGISTRO, DADOS.
  • COMENTARIO, EFICACIA, RESULTADO, JOGOS PANAMERICANOS, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MELHORIA, INFRAESTRUTURA, SEGURANÇA PUBLICA, DEFESA, CAPACIDADE, BRASIL, CUMPRIMENTO, EXIGENCIA, FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL ASSOCIATION (FIFA), REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srªs e Srs. Senadores, Sr. Presidente Papaléo Paes, V. Exª que é um Senador sempre interessado no esporte brasileiro, torcedor do Paysandu, que está na terceira divisão, vou falar hoje sobre um assunto que parece não ter importância para a população brasileira, porque, quando se fala em Copa do Mundo, fala-se só da festa, fala-se só daquele momento da disputa entre os países para saber quem será o campeão mundial. O Brasil já conseguiu cinco vezes.

Eu não ia falar hoje sobre o assunto, mas li matéria do Financial Times, jornal famoso no mundo inteiro, mas que às vezes escreve umas coisas fora da realidade.

Diz o jornal que o Brasil não pode sediar a Copa do Mundo de 2014, porque aqui há muita corrupção e pouca infra-estrutura. Embora isso seja verdade - há muita corrupção e pouca infra-estrutura -, eu acho que o Brasil precisa mostrar exatamente que pode vencer esses dois desafios: combater a corrupção e fazer a infra-estrutura necessária.

Aliás, quero defender aqui - teve gente que não entendeu - a ida do Presidente Lula à Suíça, hoje, para defender e finalmente concretizar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. A presença do Presidente Lula e de vários Governadores é muito importante, porque dá a dimensão daquilo que representará a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. É só pegar os dados. E quero fazer uma análise, sob o ponto de vista econômico, social e até de indutor de desenvolvimento, do que representa a Copa do Mundo. É só pegar os dados das últimas Copas.

Quando a Copa foi realizada nos Estados Unidos, eles não precisaram fazer muitos investimentos - US$400 milhões -, pois já possuíam todos os campos de futebol americano, que foram apenas adaptados; tinham uma infra-estrutura de aeroportos. Não precisaram mesmo fazer investimentos. De outro lado, na Coréia do Sul e no Japão, os investimentos foram de US$13 bilhões; na Alemanha, US$9 bilhões; na África do Sul, US$2 bilhões.

Por que falei que é indutor do desenvolvimento? Porque o Brasil será obrigado a fazer um investimento em torno de US$5 bilhões. Quem sabe esteja aí o caminho para solucionarmos de vez os problemas dos aeroportos brasileiros, porque ninguém agüenta mais. Os aeroportos brasileiros são um caos. Quando pensamos que isso seria resolvido, que não teríamos mais problemas nos aeroportos, já se prenuncia para o fim do ano, de novo, um caos, que afasta turistas e, assim, acaba afastando a entrada de muito dinheiro e de muitos empregos que são gerados por esse importantíssimo segmento da economia, que é o turismo.

Estou defendendo, levando em conta dados que revelam que o crescimento do PIB no país que organiza a Copa do Mundo, naquele ano, é impulsionado numa média de 1,5%. Ou seja, cresce 1,5% a mais, na média, o PIB nos países onde se realiza a Copa.

Na Alemanha, por exemplo, onde a última Copa foi realizada, o crescimento do PIB foi de 1,7% a mais do que sem a Copa do Mundo. Ou seja, acima da média do crescimento do país. É previsto para a África do Sul 0,5% a mais do que média que o país consegue.

O dado principal é a geração de empregos. Na Coréia do Sul e Japão, 100 mil empregos a mais foram criados. E não são apenas empregos criados na época da Copa do Mundo e que depois se extinguem; esses empregos continuam, em função dos investimentos na nova infra-estrutura do País. E precisa haver, evidentemente, um acompanhamento, porque a atração de turistas faz com que esse fato se repita em outras oportunidades.

Este é um dado impressionante: para os Estados Unidos foram, a mais do que o normal, 400 mil turistas; para a Alemanha, 2 milhões de turistas a mais; para a África do Sul, estão previstos 250 mil; para o Brasil, quantos serão? Esses turistas que vêm no ano da Copa do Mundo não vêm apenas naquele ano; eles voltam depois, se forem bem tratados, se houver uma infra-estrutura funcionando.

Vamos conversar sério: a Copa do Mundo é o maior evento esportivo do futebol, mas ele não pode ser visto somente sob esse ângulo. O Presidente Lula não iria daqui para a Suíça se fosse só para conseguir trazer para cá um evento esportivo.

Já vieram os jogos Pan-Americanos, que atraíram muitos turistas e foram um sucesso. O Brasil mostrou que pode organizar, sim, e que a infra-estrutura vai se adaptar, vai se adequar às necessidades do evento.

No roteiro dos eventos da Copa do Mundo de 2014, o meu Estado, o Paraná, já está incluído. E nós teremos necessidade de reformar o estádio. Aí as pessoas podem dizer: mas vai haver dinheiro público nisso? Vai haver dinheiro público, mas é dinheiro público investido na infra-estrutura dos aeroportos, das estradas, das ferrovias.

(Interrupção do som.)

O SR. OSMAR DIAS (PDB - PR) - Isso tudo não vai ser retirado depois, quando acabar a Copa do Mundo e os atletas voltarem para seus países de origem. Não, vai continuar como uma infra-estrutura moderna do País. Por isso eu disse, no começo, que a Copa do Mundo pode ser vista como um evento indutor do desenvolvimento, da modernização do País e do investimento.

Vou ler aqui um dado impressionante: na África do Sul, onde se realizará a Copa de 2010, os investimentos em segurança pública cresceram 600%. E o maior problema que o País vive hoje, fora o caos na saúde pública, é a insegurança da população.

Se nós fizermos qualquer pesquisa, Senador Geraldo Mesquita, a população vai responder: a maior preocupação é saúde; a segunda maior preocupação é segurança pública. Na África do Sul, o índice é de 40 assassinatos para cada grupo de cem mil habitantes; aqui no Brasil, é de 27. Esse índice é muito alto. Nós precisamos combater isso. Só por este dado já valeria a pena defender a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil: aumentar os investimentos em segurança pública.

Lembro-me de um Senador que disse assim: “Acabaram os jogos Pan-Americanos, vai começar a violência no Rio”. Durante o período dos jogos Pan-Americanos não ocorreu nada. Não mesmo. Mas é preciso fazer os investimentos para que aquele momento de paz que ocorreu nos jogos possa prosseguir depois. Eu tenho convicção de que, se os investimentos no Brasil forem realizados da forma como a África do Sul os está realizando, vamos avançar muito nessa questão de segurança pública.

Então, vamos olhar para a realização desse evento, Senador Papaléo Paes, não apenas como uma festa do esporte...

(Interrupção do som.)

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - ...mas como uma oportunidade para o País investir na sua infra-estrutura, que é precária, para atrair mais turistas e movimentar a máquina da economia brasileira e gerar empregos, para investir especialmente nesse setor de segurança pública - e vai ter de investir, senão, não obterá, evidentemente, aprovação. Todas as exigências que a Fifa fez terão de ser cumpridas e, entre elas, está a segurança, em todas as cidades onde ocorrerão jogos da Copa do Mundo e em todas as cidades brasileiras onde haja fluxo de turistas.

Isso é bom para todo o País, isso é bom para os brasileiros, porque o turismo traz emprego - e emprego de qualidade, é bom que se diga -, traz recursos para a economia. Teremos oportunidade de ver o PIB crescendo mais, a segurança pública se modernizando e a infra-estrutura melhorando.

Para encerrar, Senador Geraldo Mesquita - já agradecendo a tolerância de V. Exª -, quero dizer que estou aqui a defender um evento que não deve interessar apenas ao mundo do futebol, mas a todos os brasileiros. Está longe 2014? Não, faltam oito anos. Mas é preciso começar a trabalhar já, para organizar um evento que pode servir de exemplo para o mundo; para mostrar que o Brasil pode - desmentindo esse jornal - fazer um trabalho muito bonito, não só na organização do evento, mas na recuperação da sua infra-estrutura e, sobretudo, para que possamos investir em segurança, e nossas famílias possam viver em um ambiente mais tranqüilo, com mais paz e menos medo.

É hora de aproveitarmos a oportunidade da Copa do Mundo para fazermos investimentos nesses setores tão importantes na vida brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2007 - Página 38013