Discurso durante a 198ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre o momento econômico do Brasil. (como Líder)

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Reflexão sobre o momento econômico do Brasil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2007 - Página 38523
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • ELOGIO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, SETOR, INDUSTRIA, AGRICULTURA, AMPLIAÇÃO, VENDA, AUTOMOVEL, CAMINHÃO, MOTOCICLETA, CIMENTO, PRODUTO ELETRONICO, PRODUTO TEXTIL, PRODUÇÃO AGRICOLA, CONSTRUÇÃO CIVIL, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB).
  • ANALISE, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, AUMENTO, RENDA, PODER AQUISITIVO, POPULAÇÃO, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, DEMONSTRAÇÃO, NECESSIDADE, CRESCIMENTO, CONSTRUÇÃO CIVIL, MERCADO IMOBILIARIO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), JAPÃO.
  • COMENTARIO, CONTROLE, GOVERNO, INFLAÇÃO, DIVIDA EXTERNA, REDUÇÃO, DESEMPREGO, DIVIDA INTERNA, JUROS, ELOGIO, ESTABILIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela Liderança do PT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu queria registrar o momento econômico que o País atravessa e que nem sempre tem estado presente na reflexão deste nosso Plenário.

Os indicadores que chegam agora a público, os indicadores setoriais dos principais segmentos da indústria e da agricultura apresentam um ano como há muito tempo este País não tinha. De um lado, a projeção segura de crescimento do Produto Interno Bruto de, pelo menos, 5% este ano; crescimento que é mais do que o dobro da média dos últimos 25 anos.

E verdade que, nos três primeiros anos do Governo Lula, nesses últimos três anos, 2003, 2004, 2005, 2006, quatro anos, já tivemos um processo de recuperação econômica. Talvez apenas 2004 apresentasse um indicador semelhante. As vendas de automóveis, nos últimos 12 meses, cresceram 27%, e o Brasil vai bater recorde histórico de produção automotiva. As vendas de caminhões cresceram nada menos do que 34%, e o Governo estuda agora novas formas de financiamento para poder atender uma demanda crescente na venda de caminhões - o que é um indicador do aumento do volume de carga, da melhoria da produção agrícola -, no desempenho das empresas que fazem o transporte dos produtos do nosso País.

O aumento da venda de motocicletas foi de 37% nos últimos 12 meses. O aumento da venda de cimento foi de 15% nos últimos 12 meses; neste ano foi de 8,9%, e o setor, hoje, não tem como entregar o cimento, o que mostra a reativação da indústria da construção civil, que seguramente viverá este ano um dos melhores momentos da sua história.

Nós estamos assistindo ao aumento, no financiamento habitacional, em 4 anos, de 523%. O valor do financiamento, que era R$2 bilhões passou para R$14 bilhões. Várias empresas da siderurgia e da própria indústria de cimento estão reativando fábricas que estavam fechando e inaugurando novas plantas para poderem atender a uma demanda crescente nesse segmento.

Se nós analisarmos as vendas do setor têxtil, os últimos dados do IBGE mostram, em têxteis, calçados e confecções, um aumento de 10%. É verdade que uma parte dessas vendas está sendo suprida por importações, em função da apreciação do câmbio, mas o setor de confecções tem um crescimento positivo de 3,5%, e a indústria têxtil tem um crescimento de mais de 3%. E agora uma série de medidas que nós tomamos, de revitalização do setor, poderão ajudar a olhar com mais atenção esse setor que sofreu um grande impacto do câmbio.

Se nós analisarmos as vendas de eletrodomésticos, veremos que elas cresceram 20% nos últimos 12 meses, e que as vendas de computadores cresceram 30% nos últimos 12 meses.

Portanto, setores relevantes da nossa indústria onde há mais valor agregado e mais conhecimento, setores que, como a indústria automotiva, crescendo 27% a venda de automóveis e 34% a de caminhões, estão puxando toda a indústria, porque a indústria automotiva é conhecida como a indústria da indústria, o setor que tem mais relações intersetoriais e que ativa não apenas a indústria de autopeças, mas também a metalúrgica, a mecânica, a eletrônica, a eletroeletrônica, a de borracha, a de plástico, a de fios. Tudo isso está hoje embarcado atrás da indústria automotiva.

Esses indicadores de crescimento da economia também se expressam nos indicadores sociais. Tivemos, em quatro anos, um aumento da renda média da população brasileira em 20%; e um aumento da renda dos 50% mais pobres do Brasil em 32%. Isso significa que metade da população brasileira aumentou em um terço o seu poder de compra em quatro anos, fora o indicador deste ano, que seguramente é o melhor indicador econômico social dos últimos anos.

Os dados que estou apresentando da venda de automóveis, da venda de cimento, da venda de eletroeletrônico, da venda de computadores, da venda de caminhões, todos esses indicadores mostram a força, a consistência da retomada do crescimento no ano em que as exportações estão se mantendo, apesar do forte crescimento das importações; temos reservas de US$170 bilhões; o País se aproxima rapidamente do grau de investimento, e o grau de investimento vai alavancar ainda mais a indústria da construção civil e o setor imobiliário, como aconteceu em todos os Países que atingiram essa condição, porque o crédito no Brasil é de apenas 28% do PIB enquanto, num País como os Estados Unidos, é de 197% do PIB e, num País como o Japão, é de 165% do PIB. Quer dizer, nos Estados Unidos, o financiamento é duas vezes o PIB; o nosso é aproximadamente um quarto. Vinte e oito por cento do que representa a produção do País é o nosso volume de crédito. Vem crescendo fortemente, mas vai crescer muito mais fortemente à medida que o Brasil atinge a condição de graus de investimentos, especialmente financiamento imobiliário de médio e longo prazo, que é o setor que efetivamente o Brasil ainda não tem. Quer dizer, o crédito consignado, a venda automotiva, o leasing, tudo isso vem se deslanchando com muita eficiência, mas não temos ainda um financiamento de médio e longo prazo proporcional a um País com a renda per capita do Brasil.

Portanto, estamos entrando em um ciclo de crescimento sustentável: controle da inflação, melhora nas contas externas, indicadores de venda, indicadores de emprego. Fechando estes dez meses do ano de 2007, teremos gerado 1,5 de empregos com carteira de trabalho assinada. Estamos superando oito milhões de emprego no Governo Lula com carteira de trabalho assinada, emprego novo, emprego que dá estabilidade social, direito trabalhista, emprego que ajuda, junto com o Bolsa-Família, com a recuperação do salário mínimo, com o reajuste das diversas categorias da população brasileira, a puxar o consumo do País, a puxar o crescimento econômico, que não está mais somente centrado nas exportações, mas, hoje, está, sobretudo, centrado nas vendas internas, na produção doméstica e no investimento. E o mais importante, Sr. Presidente, a taxa de investimento da economia supera 10% do Produto Interno Bruto, mais do que o dobro do crescimento da economia. Isso significa que a nova capacidade produtiva que está se formando em termos de máquinas, equipamentos, modernização tecnológica, aumento da eficiência aponta para um crescimento sustentável e duradouro, que é exatamente por que lutamos há muito tempo e, finalmente, estamos conquistando.

O déficit nominal do País, o déficit público, em dois anos, teremos zerado. A dívida pública vem diminuindo, melhorando seu perfil e permitindo a queda da taxa de juros.

Portanto, se debatermos o Brasil, a economia brasileira, e analisarmos indicadores sociais, há muito, há muitos e muitos anos, não temos um cenário tão consistente, tão promissor como o deste ano de 2007.

(Interrupção do som.)

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Eu queria registrar desta tribuna - eu que acompanho a economia brasileira há mais de 35 anos, dei aula na minha vida, praticamente há 30 anos sou professor universitário, sempre acompanhando os indicadores econômicos - que quem analisar com profundidade e com rigor a economia brasileira seguramente não encontrará um cenário tão favorável pelo menos nas duas últimas décadas. Não apenas pelo que já está acontecendo: crescimento sólido, consistente, com inclusão social, com distribuição de renda, com estabilidade e sem vulnerabilidade externa, mas um crescimento sustentável, que penso ser o grande desafio que estamos conquistando na nossa sociedade.

Era o que eu tinha a dizer.

Agradeço a tolerância da Mesa e a atenção do Plenário.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2007 - Página 38523