Discurso durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória de Ernesto Che Guevara.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória de Ernesto Che Guevara.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2007 - Página 36932
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, SENADO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ERNESTO CHE GUEVARA, VULTO HISTORICO, REVOLUÇÃO, SOCIALISMO, AMERICA LATINA, BUSCA, INTEGRAÇÃO, JUSTIÇA SOCIAL, COMBATE, EXPLORAÇÃO.
  • ANALISE, CONTINUAÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, AMERICA LATINA, CONCLAMAÇÃO, LUTA, SOLIDARIEDADE.

     A SRA. SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, gostaria de começar a minha fala parabenizando esta Casa por essa homenagem a uma figura mundial que traduz todo o significado da luta pela igualdade e liberdade, prinpalmente aos irmãos da nossa América Latina.

     Che no Peru em sua primeira viagem percorrendo a América Latina fez questão de saudar, segundo ele, com todo seu coração o povo daquele País. Ernesto disse, pela primeira vez, para um pequeno grupo de Peruanos, que a divisão da América em nacionalidades incertas e ilusórias era totalmente fictícia. Que constituímos uma única raça mestiça do México até o Estreito de Magalhães. E assim, se despedindo de qualquer provincianismo brindou ao Peru e pela América Unida.

     Ainda nessa viagem Che tomou consciência da miséria em que vivia a maior parte da população dos países da América do Sul e Central e decidiu que deveria lutar pela mudança desse estado de coisas. No México, em 1954, conheceu e se juntou aos irmãos cubanos Fidel e Raul Castro, que estavam organizando um grupo guerrilheiro para derrubar o governo ditatorial

de Cuba.

     E é esse ponto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que eu gostaria que todos pensassem nesse dia de homenagem a Guevara. “A Consciência das Dificuldades em que Vivem a Maior Parte da População da América do Sul e Central”. O que hoje, depois de 40 anos, podemos refletir e principalmente AGIR para diminuir essas diferenças, essa miséria? Essas dificuldades? Hoje nos denominamos de Mercosul, podemos dizer que avançamos economicamente, mas

muito ainda se há para fazer na busca dessa América Unida e mais justa que Che buscou durante sua vida.

     Che foi um combatente corajoso, internacionalista, ideólo do foco guerrilheiro, crítico de Moscou, simpatizante de Mao Tse-Tung, apaixonado por poesias, médico e asmático.

     Che amava o povo, amava a humanidade, amava a América Latina, e dedicou sua vida à tarefa de tornála livre, soberana, em paz e com Justiça Social. Se um revolucionário é movido pelo amor ao próximo então sem dúvida Che foi o revolucionário perfeito. Sua mensagem de solidariedade sobreviverá no tempo, no espírito de quem já foi jovem, de quem já lutou e ainda luta com todas as forças por uma causa, por um mundo melhor.

     Seja nessa juventude que usa botons, camisetas vermelhas, boina... A mensagem que Che nos deixa é de que “sempre haverá esperança”. Se nosso sonho for grande o suficiente e tivermos a coragem de seguilo, não há nada que possa nos deter.

     O tempo e a elite esforçam-se para deturpar uma vida inteira de trabalho, tentam tirar a razão que há na luta de um homem para com o seu povo. Com suas mentiras anestesiam e ofuscam o brilho contagiante que emana de dentro de cada um de nós clamando por uma sociedade mais justa, um mundo mais humano.

     Felizmente, a história tem sido uma grande professora às elites, à mídia e à todos que são contra a soberania popular. Basta a eles agora se contentarem ao papel de alunos e compreenderem que o que é do povo uma hora tem que voltar às suas mãos, que no mundo sempre haverá pessoas como Che Guevara, como Gandhi, como Nelson Mandela, como Jesus Cristo, para dedicar suas vidas à tarefa de transformar o lugar onde vivemos, essa terra, na Pátria do Homem.

     Che poderia ter vivido sua vida em Cuba e morrido como um bom burocrata. Optou por outro caminho.

     Crente absoluto na necessidade de levar a revolução até outras terras, abandonou seu cargo de ministro e sua cidadania cubana e partiu primeiro para o Congo e, depois, para a Bolívia.

     Dedicou à luta contra o capitalismo e o imperialismo tudo o que tinha, defendeu energicamente a solidariedade ativa e militante aos povos em lutas, foi a vanguarda dessa solidariedade e pagou com a vida por ela.

     Como a experiência e a história nos mostram, o desapego aos cargos e honrarias não tem sido uma das virtudes mais comuns e não foram poucos os que sucumbiram ou se adaptaram à burocracia dos estados.

     Gostaria de terminar minha fala, Sr. Presidente, com mais um pensamento de nosso homenageado:

     “No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada a ninguém...”

     Era isso que tinha a dizer.

     Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2007 - Página 36932