Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do debate que está sendo realizado pela Subcomissão Permanente da Amazônia sobre o primeiro Simpósio da Amazônia. Defesa da criação da Universidade dos Países do Pacto Amazônico.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Registro do debate que está sendo realizado pela Subcomissão Permanente da Amazônia sobre o primeiro Simpósio da Amazônia. Defesa da criação da Universidade dos Países do Pacto Amazônico.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2007 - Página 40167
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, DEBATE, SUBCOMISSÃO, REGIÃO AMAZONICA, MOZARILDO CAVALCANTI, SENADOR, REALIZAÇÃO, SIMPOSIO, ESTADOS, REGIÃO NORTE, ESPECIFICAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • DEFESA, PROPOSTA, CRIAÇÃO, UNIVERSIDADE, PACTO, REGIÃO AMAZONICA, AMERICA DO SUL, RELEVANCIA, FORTIFICAÇÃO, DEMOCRACIA, ESTABILIDADE, NATUREZA POLITICA, REGISTRO, IMPORTANCIA, PROCESSO, BRASIL, REDEMOCRATIZAÇÃO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, CONSOLIDAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, FAVORECIMENTO, INTEGRAÇÃO, CONTINENTE.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, RENOVAÇÃO, ARTICULAÇÃO, TRATADO, COOPERAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, SIGNATARIO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, EQUADOR, GUIANA, PERU, SURINAME, VENEZUELA, RELEVANCIA, ESTOQUE, BIOMASSA, ECOSSISTEMA, BIODIVERSIDADE, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, BACIA AMAZONICA, APERFEIÇOAMENTO, MODELO, COMPLEMENTAÇÃO, ECONOMIA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, RACIONALIZAÇÃO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS NATURAIS.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ECONOMISTA, EXPOSIÇÃO, PLANO DE GOVERNO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, quero, nesta tarde, registrar o debate que está sendo realizado pela Subcomissão Permanente da Amazônia, que é presidida pelo Senador Mozarildo Cavalcanti, sobre o 1º Simpósio da Amazônia. Participei de dois eventos: um realizado quinta-feira passada no Estado do Acre, em Rio Branco, e o outro, que ocorreu na sexta-feira em Manaus, na Assembléia Legislativa daquele Estado. Como palestrante, além da presença dos Deputados Federais da Região, do Estado do Pará, do Amapá, de Rondônia, do Acre e do Amazonas, participou o Ministro do Planejamento Estratégico, Mangabeira Unger, que discutiu temas sobre a Amazônia.

Esses simpósios estão sendo realizados nos Estados - ontem foi realizado outro no Estado do Pará, na capital Belém - e vão terminar num grande momento: vamos realizar um simpósio aqui no Congresso Nacional, cuja abertura será no dia 20 do corrente. Em seguida, nos dias 21 e 22, haverá vários debates, com a participação de vários ministros, acerca dos primeiros simpósios sobre a Amazônia. Então, está havendo um grande, rico e profundo debate sobre a Amazônia.

Sr. Presidente, nesta tarde, quero fazer um discurso acerca de uma proposta que defendo, que é a criação da Universidade do Pacto Amazônico. O Pacto Amazônico é composto por oito países da América do Sul. Penso que são muitos os debates que envolvem todo esse universo da Amazônia, para os quais devemos nos unir para estudá-los juntos. Portanto, como o tempo é curto, passo a ler esse discurso - não é só um discurso, mas sim também uma proposta de criação da Universidade do Pacto Amazônico.

Estou certo de que a democracia latino-americana se fortalecerá, cada vez mais, na medida em que os países que a compõem construam uma agenda consistente e duradoura baseada no princípio do respeito mútuo. Isso, certamente, demanda tempo, vontade política e qualidade diplomática acumulada. Esses fatores contribuirão para que os resultados dos tratados e acordos entre os países se traduzam em benefícios concretos para suas populações, como melhoria de qualidade de vida, liberdade de expressão, liberdade de imprensa e democracia plena.

Hoje já podemos afirmar que a América Latina alcançou um nível de estabilidade política que precisa, a todo momento, ser aperfeiçoado para que nunca mais se envolva em retrocesso. E o Brasil tem papel histórico nesse processo, haja vista a sua experiência no processo de redemocratização das suas instituições e na consolidação de uma economia sustentável.

É hora, pois, de o Brasil assumir a rearticulação do Tratado de Cooperação Amazônica, cujos signatários são o Brasil, a Colômbia, o Equador, a Guiana, o Peru, o Suriname e a Venezuela. Trata-se de nações estratégicas não para a América Latina, mas para o mundo, em função dos estoques de biomassa, dos ecossistemas e da sociodiversidade que elas detêm.

A Amazônia é tema obrigatório nos fóruns multilaterais que discutem o futuro ecológico do planeta. Essa é a questão central da polêmica pauta que tem como tema principal a necessidade de detenção do aquecimento global. Esse é um assunto controverso que divide e une nações ao mesmo tempo. É por isso que os países amazônicos devem estar atentos, unidos e equipados técnica e intelectualmente para defender seus interesses com determinação e conhecimento de causa.

Assinado em 3 de julho de 1978, o Tratado de Cooperação Amazônica tem como objetivo o desenvolvimento harmonioso e integrado da Bacia Amazônica, com base de sustentação em um modelo de complementação econômica regional direcionado à melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes e à conservação e utilização racional de seus recursos.

Essa proposta está em sintonia com a política externa do Governo do Presidente Lula, que valoriza a aproximação, a cooperação e a solidariedade com os países vizinhos principalmente. É notório que o Brasil constitui-se na referência de país respeitoso, firme e magnânimo na condução de questões que almejam a construção de uma América Latina sólida econômica, política e ambientalmente. É desse modo que o Brasil ajuda a concretizar o sonho de uma região irmanada em ideais e estatuto que lhe estimulem o combate permanente contra a pobreza e regimes antidemocráticos. Não podemos perder a esperança de que atingiremos esse patamar de bem-estar social, certamente que na luta árdua do cotidiano e da vida política.

Concedo um aparte ao eminente Senador Mozarildo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador João Pedro, de maneira muito oportuna, V. Exª traz para o Senado uma informação que, dados os temas que dominam a agenda, talvez seja do conhecimento de poucos. Refiro-me a esse importante simpósio sobre a Amazônia que está sendo realizado inicialmente em suas rodadas estaduais. Quero, a propósito, cumprimentar a Deputada Vanessa e a Deputada Marinha Raupp, que, na verdade, foram as grandes locomotivas desse evento. Ao mesmo tempo, quero cumprimentar V. Exª pelo destaque que dá à questão do Tratado de Cooperação Amazônica. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Senador João Pedro, está sem dirigente há vários meses, já que a Drª Rosalía Arteaga, que era a Secretária-Geral, saiu há alguns meses em razão do término de seu mandato - ela esteve na Comissão da Amazônia e fez uma brilhante exposição. Até hoje os países não se entenderam para escolher o novo Secretário-Geral. Veja o descaso que há com a pan-Amazônia, a Amazônia em toda a sua extensão, que alcança o Brasil e alguns de seus vizinhos. V. Exª levanta a questão da criação de uma universidade amazônica. Acho isso muito importante, mas estou um pouco descrente da idéia, já que o Parlamento Amazônico, que faz parte desse contexto, não funciona há vários anos porque o Brasil não participa, o Brasil descuidou-se disso. Quero me somar a V. Exª nesse apelo pelo fortalecimento do Tratado de Cooperação Amazônica e pela implantação da universidade. Muito obrigado.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Mozarildo. V. Exª contribui em duas questões: primeiro, a participação da bancada do Congresso Nacional junto à organização parlamentar; outra é a OTCA, que precisa definir seu Secretário-Geral e cumprir uma agenda e o seu papel de articular políticas para a nossa região.

Sr. Presidente, finalizo dizendo que o Tratado é importante nesse contexto porque ele é, também, um instrumento jurídico de natureza técnica que prevê, por meio de colaboração entre os países-membros, as seguintes medidas: a promoção da pesquisa científica e tecnológica e o intercâmbio de informações; a utilização racional dos recursos naturais; a liberdade de navegação nos rios amazônicos; a proteção da navegação e do comércio; a preservação do patrimônio cultural; cuidados com a saúde; a criação e a operação de centros de pesquisa; o estabelecimento de uma adequada infra-estrutura de transportes e comunicações; o incremento do turismo e do comércio fronteiriço.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Sr. Presidente, mais um pouquinho e eu concluo.

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª dispõe de um minuto a mais.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Os membros da OTCA precisam, urgentemente, criar uma agenda que restabeleça esse diálogo sobre itens comuns em torno da Amazônia para que se estabeleçam novos modelos de como usar e desfrutar dos recursos bionaturais, renováveis ou não, sem que ocorra a sua degradação e extinção. No âmbito do governo brasileiro, esse tema é prioridade na Secretaria Especial de Ação de Longo Prazo.

Em Manaus, na última sexta-feira, o Ministro Mangabeira Unger fez uma exposição detalhada dos planos do governo brasileiro para a Região Amazônica. Ele advertiu, no entanto, que as ações do Poder Público têm de se estabelecer em novos paradigmas políticos, econômicos, geográficos, culturais e éticos para que não se repitam, no presente e no futuro, os erros do passado, quando a ocupação da região foi direcionada apenas pela lei do custo/benefício dos agentes econômicos internos e externos.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Brasil vive um momento ímpar de sua história por várias razões, mas aqui quero destacar a economia sustentada na distribuição crescente da renda nacional.

Trata-se, portanto, de uma postura que, com certeza, contribuirá para o aperfeiçoamento da visão de governo de outros países, com destaque para os vizinhos amazônicos, do mesmo modo que estes têm muito a contribuir com o Brasil. Na Amazônia, esta questão é crucial: os problemas e as soluções diversas são, em larga escala, comuns aos signatários da OTCA. Logo, a sinergia entre esses países é necessária para a geração rápida e eficaz de benefícios sociais, econômicos e ambientais.

Sr. Presidente, encerro este pronunciamento com a seguinte afirmação: para defendermos a Amazônia dos malfeitores de todas as espécies e nacionalidades, precisamos conhecê-la profundamente. Essa, ao meu ver, é a melhor forma de combatermos a biopirataria, o tráfico de drogas, a pobreza, o analfabetismo, a intolerância e, por que não dizer, os deslizes antidemocráticos.

Sr. Presidentes, essas são as preocupações que quero externar ao lado dos Senadores e Deputados que estão construindo o simpósio e quero deixar esta proposta: de criarmos, o Governo brasileiro juntamente com os governos que compõem os oito países do Pacto Amazônico, uma universidade com foco nas disciplinas do Humanismo. Precisamos estudar mais e compreendermos mais a mulher e o homem da Amazônia. A Amazônia só será nossa se a estudarmos, ou seja, só vamos dominar e conhecer a Amazônia e, assim, poder dizer que ela é nossa, se, concretamente, buscarmos os caminhos da pesquisa, do ensino e do estudo com qualidade.

Portanto, Sr. Presidente, para não abusar do tempo - e o meu querido Senador Sibá Machado, meu companheiro da Amazônia, também está preocupado com esta temática - quero encerrar, deixando a minha proposta...

(Interrupção do som.)

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Sr. Presidente, peço a V. Exª mais 30 segundos para encerrar o meu pronunciamento.

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª dispõe exatamente de 30 segundos para concluir.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Mas deixando, portanto, a minha proposta, a minha contribuição para o fórum, porque o simpósio percorre todos os Estados da Amazônia e vai encerrar aqui, no Congresso Nacional, nos dias 20, 21 e 22 do corrente.

Quero, então, dar esta contribuição: a minha proposta da criação da Universidade dos Países do Pacto Amazônico.

Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR JOÃO PEDRO.

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2007 - Página 40167