Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as negociações para a prorrogação da CPMF, destacando a participação de S.Exa. e de membros do PDT em reunião realizada hoje com o Ministro da Fazenda.

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS. SAUDE.:
  • Considerações sobre as negociações para a prorrogação da CPMF, destacando a participação de S.Exa. e de membros do PDT em reunião realizada hoje com o Ministro da Fazenda.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2007 - Página 40171
Assunto
Outros > TRIBUTOS. SAUDE.
Indexação
  • CRITICA, METODO, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, APROVAÇÃO, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), SENADO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), SECRETARIA DE COORDENAÇÃO POLITICA E ASSUNTOS INSTITUCIONAIS, LIDER, SENADO, APRESENTAÇÃO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), APROVAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), OCORRENCIA, GRADUAÇÃO, REDUÇÃO, ALIQUOTA, AUMENTO, RECURSOS, DESTINAÇÃO, SAUDE, ISENÇÃO, CLASSE SOCIAL, BAIXA RENDA, IMPORTANCIA, COMPROMISSO, MINISTRO, FIXAÇÃO, PRAZO, REMESSA, PROJETO, REFORMA TRIBUTARIA.
  • SOLICITAÇÃO, EMPENHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), SOLUÇÃO, PROBLEMA, HOSPITAL DAS CLINICAS, MUNICIPIO, CURITIBA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), ATENDIMENTO, PROPOSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), GARANTIA, VOTO, ORADOR, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, ocupei esta tribuna para dar a minha opinião sobre a forma como o Governo vinha tratando o Senado Federal na negociação da votação da CPMF. E expressei aqui o meu completo descontentamento e decepção, porque o Governo sentou-se à mesa com o PSDB muitas vezes, pensando, talvez, que o PSDB decidisse sozinho a CPMF. De repente, contou os votos e viu que não era assim. Hoje, finalmente, pude participar de uma reunião com o Ministro da Fazenda Guido Mantega, com o Ministro Mares Guia, com outros Senadores e outros Líderes partidários. E o PDT, como sempre age aqui, coloca na mesa de negociação pontos de interesse da sociedade brasileira. Jamais o Partido ou um membro do Partido foi para uma reunião dessas colocando interesses pessoais de um Senador ou até da própria Bancada, mas interesses nacionais. Estava lá o Senador Antônio Carlos Valadares, que também participou da reunião e pôde ver como fizemos a nossa intervenção.

O PDT entrou na reunião com uma posição clara: se o Governo não mudar a proposta ou não assumir compromissos formais, votaremos contra a continuação da CPMF.

Pois bem, quais foram os pontos que levamos à reunião? A redução de alíquota. A redução de alíquota que propus por meio de uma emenda na CCJ é de 0,05% ao ano. O Governo, depois de muito negociar, chegou a 0,02%, mas é uma sinalização de que vai reduzir - e esse compromisso foi assumido pelo Ministro Mantega -, ou seja, vai chegar em 2011 a 0,30%. Com 0,30%, já aponta para que um dia possamos acabar com a CPMF. Gostaríamos que isso ocorresse logo, mas o Governo não abriu mão e fechou questão em 0,02% ao ano. Isso resulta em uma perda de arrecadação, segundo o Ministro Guido Mantega, de R$2 bilhões por ano. Como eu disse, o PDT propunha 0,05%. Essa proposta da redução é minha. Inclusive apresentei uma emenda na CCJ.

Segundo ponto, o PDT entrou na reunião propondo redução dos gastos correntes, das despesas correntes da União, porque não podemos ficar aprovando uma prorrogação da CPMF, visando atender uma área fundamental que é a saúde, e não ver o Governo colaborar com algo que também é fundamental para o País, que é investir em infra-estrutura. Se o Governo continuar gastando muito, vamos ter que aumentar os impostos cada vez mais, e isso não significará mais investimentos em infra-estrutura, principalmente nestas áreas que são fundamentais para a economia brasileira: rodovias, estradas ferroviárias, portos. Aí se fala: “mas o PAC vai investir em infra-estrutura R$19 bilhões!”. Vinha investindo R$7 bilhões ao ano. Mas isso ainda é insuficiente para recuperar o tempo perdido. Mas o Governo assumiu o compromisso de não aumentar os gastos com pessoal acima da inflação, mais 2,5%. Então, já é um outro ponto em que avançamos.

O outro é a aprovação da Emenda nº 29, que vai significar um ganho de R$24 bilhões para a saúde. Então, vamos ampliar os recursos para a saúde de qualquer forma.

Por fim, o outro ponto, Senador Gerson Camata, que preside a sessão, foi o teto estabelecido, com o qual o Ministro concordou. Esse é um compromisso, e terá que ser efetivado. O teto é o mesmo da Previdência, ou seja, ficam isentos de pagar a CPMF os que ganharem um salário menor que R$2,894 mil. Acima disso, paga-se a CPMF.

O Ministro apresenta um dado animador quando diz: “Tirando aqueles que pagam até R$2,894 mil, 35 milhões de brasileiros a menos pagarão CPMF”. Então, seis milhões continuarão pagando. Se esse dado estiver correto, tudo bem! Mas não sei se está. Deixariam de pagar a CPMF 35 milhões de brasileiros que ganham até R$2,894 mil. É lógico que precisamos ver se esse dado está correto. De qualquer forma, o teto estabelecido é R$2,894 mil, o teto da Previdência.

O mais importante de tudo isso - creio ser o mais importante - foi o compromisso assumido pelo Ministro - este, nós realmente lutamos para que acontecesse e batemos o pé -, de enviar ao Congresso Nacional um projeto de reforma tributária até o dia 30 deste mês, não é até o final do ano. O Ministro assumiu o compromisso e disse que, até o dia 30 deste mês, manda o projeto de reforma tributária.

Com todas essas propostas, vamos, agora, reunir o Partido para tomar uma decisão. Mas creio que o Governo terá muitas dificuldades de cumprir, principalmente, o último compromisso.

O Sr. Antônio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - V. Exª me permite um aparte, Senador Osmar Dias?

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Se puder...

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - Apartes não podem ser concedidos, porque o orador fala para uma comunicação inadiável e não como orador inscrito. Desculpe-me V. Exª.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sinto, Senador Antônio Carlos Valadares, mas V. Exª terá oportunidade, em seu pronunciamento, de também abordar a questão.

Esse último compromisso assumido pelo Governo, de enviar ao Congresso uma proposta de reforma tributária até o dia 30 de novembro, dificilmente será cumprido. Mas vamos esperar!

O Senador Jefferson Péres irá à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania hoje e tem a liberdade de votar como quiser. Não sei como será o voto dele, mas digo: compromisso tem que ser cumprido. Os compromissos aqui assinalados por mim foram assumidos pelo Ministro da Fazenda e, para que o nosso voto seja favorável à CPMF, todos eles deverão ser cumpridos. E não devem fazer, também, uma reforma tributária meia-boca, porque essa já foi feita e não resolveu o problema do País nem de ninguém. Queremos uma reforma tributária que resolva o problema do setor produtivo e da geração de empregos no País, porque não podemos continuar com essa carga tributária de 36% no lombo de quem trabalha, de quem produz.

São essas as alterações, Sr. Presidente, que propusemos ao Ministro e com relação às quais S. Exª assumiu compromissos, os quais queremos ver cumpridos.

Antes de encerrar, desejo comunicar que não barganho voto, mas também não posso votar enquanto vejo o Hospital das Clínicas de Curitiba fechando. Se o dinheiro é destinado à saúde, que o Governo resolva o problema do Hospital das Clínicas de Curitiba, porque é uma vergonha o País falar em atendimento à saúde pública enquanto deixa ser fechado um hospital que é referência internacional. O hospital ainda não está fechado, mas, se continuar assim, logo o será: de 40 cirurgias diárias, está fazendo cinco, pois não tem dinheiro para pagar pessoal. Isso é vergonhoso! O Governo deve arrumar essa situação.

Comprometeram-se em marcar uma audiência com o Ministro Temporão - parece uma grande coisa marcar uma audiência com um Ministro para um Senador! -, porque queremos que o Ministro resolva o problema. Ele nem precisa me atender se não quiser, mas que resolva o problema do Hospital das Clínicas de Curitiba, senão, não levarão o meu voto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2007 - Página 40171