Discurso durante a 209ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o mercado de rochas ornamentais, como um dos principais setores da economia do Espírito Santo, e questionamento sobre o seu transporte, que representa uma ameaça para a população capixaba.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Considerações sobre o mercado de rochas ornamentais, como um dos principais setores da economia do Espírito Santo, e questionamento sobre o seu transporte, que representa uma ameaça para a população capixaba.
Publicação
Publicação no DSF de 15/11/2007 - Página 40870
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • REGISTRO, DADOS, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO, EMPREGO, EXPORTAÇÃO, PEDRA ORNAMENTAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), SUPERIORIDADE, CONTRIBUIÇÃO, MERCADO INTERNACIONAL, GRAVIDADE, PROBLEMA, ESCOAMENTO, MERCADORIA, AUMENTO, ACIDENTE DE TRANSITO, RODOVIA, COMENTARIO, REUNIÃO, CONSELHO NACIONAL DE TRANSITO (CONTRAN), DEBATE, URGENCIA, REGULAMENTAÇÃO, TRANSPORTE, ROCHA, REDUÇÃO, RISCOS, POPULAÇÃO.
  • ELOGIO, EMPRESARIO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), INVENÇÃO, DESENVOLVIMENTO, PROJETO, CAMINHÃO, ADAPTAÇÃO, CARROÇARIA, TRANSPORTE DE CARGA, ROCHA, IMPEDIMENTO, DESLOCAMENTO, NECESSIDADE, HOMOLOGAÇÃO, AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT), RECEBIMENTO, LICENÇA, TRANSITO, OBJETIVO, COMERCIALIZAÇÃO, DEFESA, INCENTIVO, AUTORIDADE.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mercado de rochas ornamentais vem apresentando um crescimento extraordinário nos últimos anos, e passou a ser um dos principais setores da economia do Espírito Santo. O Estado tem mais de 1.200 empresas que atuam na área e geram 20 mil empregos, produzindo cerca de 70 por cento das rochas comercializadas no País. Calcula-se que dentro em breve estaremos respondendo por um terço da demanda mundial, o que não é pouco, considerando-se que o mercado internacional consome quase 3 bilhões de dólares anuais em rochas ornamentais.

Em metrópoles como Paris, Nova York e até mesmo Tóquio, fachadas e pisos de muitos edifícios são revestidos com granitos e mármores que têm como origem o Espírito Santo, pois nosso Estado detém uma das maiores reservas do País, com uma variedade que não é encontrada em lugar algum do mundo.

Esse desenvolvimento do comércio de rochas em território capixaba apresenta, entretanto, um efeito colateral indesejável: tem aumentado o número de acidentes envolvendo caminhões carregados com blocos de granito. Em 16 de maio deste ano, na BR-101, em Aracruz, um bloco pesando 40 toneladas caiu da carroceria de uma carreta e acertou um ônibus interestadual, destruindo a frente e a lateral direita. Morreram no acidente o motorista do ônibus e três passageiros.

No mesmo dia, ocorreram outros três acidentes com carretas que transportavam blocos de granito. No município de Marechal Floriano, um bloco caiu sobre a BR-262. Os outros dois acidentes aconteceram em locais diferentes de Vila Velha.

Em 12 de julho, a Câmara Temática de Assuntos Veiculares do Contran, o Conselho Nacional de Trânsito, realizou uma reunião em Vitória, para debater a regulamentação do transporte de rochas ornamentais. Trata-se de medida urgente, diante do perigo que representa o transporte inadequado de blocos que pesam dezenas de toneladas, colocando em risco as vidas não só de quem trafega pelas estradas como também de moradores de centros urbanos, como demonstram os acidentes em Vila Velha, nos quais, felizmente, não houve vítimas.

A razão principal de tantos acidentes é o fato de que a maioria dos blocos é transportada em caminhões que não foram projetados para a tarefa de carregar rochas. A carga é simplesmente inadequada para as carretas existentes no mercado, concebidas para levar peso distribuído, e não peso concentrado, como é o caso dos blocos. Eles deslizam em cima das carrocerias comuns, especialmente quando o caminhão trafega em alta velocidade, freia bruscamente ou faz uma curva. Como se isso não bastasse, há muitos motoristas que carregam dois blocos numa só carreta, excedendo o peso máximo permitido pela legislação.

Graças ao espírito empreendedor e à criatividade de um jovem empresário capixaba, a solução para o problema já existe. Trata-se de Juberto Sieperski, de 32 anos, sócio de uma fábrica de implementos rodoviários localizada no município de Cariacica. Há dois anos, ele concebeu uma carreta que atende às normas técnicas internacionais para o transporte de blocos de rocha. Depois dos últimos acidentes, tirou seu projeto da gaveta e já construiu dois protótipos, o último deles com aperfeiçoamentos derivados dos testes que realizou com o primeiro.

A carreta criada por Juberto tem baixo centro de gravidade e é 20 por cento mais larga que as convencionais. Dispõe, assim, de grande estabilidade. Os blocos ficam a 1 metro e 10 centímetros de distância do solo, presos por travamentos lateral, frontal e longitudinal. Isto impede que se desloquem mesmo em caso de freadas, colisões ou curvas acentuadas. Pode transportar blocos até o peso máximo permitido pela legislação, de 37 toneladas, e já foi testada em estradas asfaltadas e de terra, fazendo curvas a até 60 quilômetros por hora, sem que ocorresse qualquer deslocamento da carga.

O custo da carreta desenvolvida pelo empresário é de R$75 mil, mas, por R$25 mil, é possível fazer a adaptação de caminhões mais novos, tornando-os seguros para o transporte de rochas. Além disso, a carreta tem outras vantagens: é mais leve uma tonelada que as convencionais, e é versátil, pois pode carregar, além de granito, bobinas e contêineres de até 20 pés.

A invenção de Juberto já foi apresentada à Câmara Temática do Contran. Precisa agora de homologação pela ANTT, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, para receber a licença de trânsito e poder ser comercializada. É uma invenção brasileira, produto do empenho de um empresário capixaba interessado em solucionar um grave problema, e merece o incentivo das autoridades.

Só no Espírito Santo, temos mais de mil carretas transportando granito. Este ano, os acidentes com esses caminhões causaram 6 mortes e ferimentos em 14 pessoas. A média de desastres é alta, e tende a crescer à medida que se intensifica o comércio de rochas. A carreta desenvolvida por Juberto Sieperski pode conferir a segurança que falta ao transporte, salvando vidas e evitando os prejuízos decorrentes dos acidentes causados pelo uso de veículos impróprios. Aliada a uma fiscalização mais rigorosa, impedirá que o transporte de rochas continue a representar uma ameaça para a população capixaba.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/11/2007 - Página 40870