Discurso durante a 210ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da inauguração, na próxima segunda-feira, de nova unidade de ensino descentralizada da escola técnica existente em Roraima.

Autor
Augusto Botelho (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO PROFISSIONALIZANTE. AGRICULTURA. SAUDE.:
  • Registro da inauguração, na próxima segunda-feira, de nova unidade de ensino descentralizada da escola técnica existente em Roraima.
Aparteantes
Edison Lobão.
Publicação
Publicação no DSF de 17/11/2007 - Página 40913
Assunto
Outros > ENSINO PROFISSIONALIZANTE. AGRICULTURA. SAUDE.
Indexação
  • IMPORTANCIA, INAUGURAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), ESCOLA TECNICA, AGROPECUARIA, MUNICIPIO, CARACARAI (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR), DESCENTRALIZAÇÃO, CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA (CEFET), INCENTIVO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, JUVENTUDE, AMPLIAÇÃO, PRODUÇÃO, ALIMENTOS.
  • ESCLARECIMENTOS, SITUAÇÃO, CLIMA, VEGETAÇÃO, REGIÃO NORTE, FAVORECIMENTO, ATIVIDADE, PRODUÇÃO, GRÃO, NECESSIDADE, IMPORTAÇÃO, CALCARIO, CORRETIVO, SOLO, INEXISTENCIA, MINAS, DEFESA, APROVEITAMENTO, LOCALIZAÇÃO, FRONTEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, GUIANA, PROXIMIDADE, LITORAL, POSSIBILIDADE, EXPORTAÇÃO, CONTINENTE, EUROPA, IMPORTANCIA, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE DE CARGA.
  • ELOGIO, AMPLIAÇÃO, UNIVERSIDADE ESTADUAL, ATENDIMENTO, MUNICIPIOS, EXPECTATIVA, FORMAÇÃO, JUVENTUDE.
  • APREENSÃO, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, ESTADO DE RORAIMA (RR), REGISTRO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL, MUNICIPIOS, DISTANCIA, CAPITAL DE ESTADO, EXPECTATIVA, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, MINISTERIO DA SAUDE (MS), BENEFICIO, POPULAÇÃO CARENTE.
  • SAUDAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, INSTALAÇÃO, ESCOLA TECNICA.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Geraldo Mesquita Júnior, Srªs e Srs. Senadores, hoje, venho aqui para trazer uma notícia que alegra muito o meu Estado, uma notícia que vai deixar o Senador Geraldo com um pouquinho de ciúme, de inveja, embora ele não seja um homem invejoso, porque no Acre não há uma escola técnica ainda.

Em Roraima, já existe uma escola técnica, Senador Edison Lobão, e, na segunda-feira, o Ministro Haddad vai inaugurar uma nova unidade de ensino, descentralizada da escola técnica.

Boa Vista encontra-se a 800 km de Manaus e sempre as coisas, em Roraima, foram voltadas para a região próxima à Venezuela e à Guiana. As obras foram feitas naquela direção e assim começou a habitação do nosso Estado.

Há 40 ou 45 anos, começamos a habitar o lado voltado para o Brasil. Quando começou a ser feita a 174, que foi concluída em 1974, começou a haver condições de se habitar essa região.

No sul do nosso Estado, na região voltada para o Brasil, existem vários Municípios onde, quando os visitamos, dá-nos até tristeza ver jovens, filhos de agricultores, terminarem o 2º Grau sem meios para continuar estudando em Boa Vista, onde há universidade federal e universidade estadual, que completou dois anos na semana passada. Portanto, lá, as oportunidades de se cursar uma universidade são melhores.

Como eles sofriam muito com isso, lutamos pela criação de uma escola agrotécnica no Estado, porque Roraima só se pode desenvolver por meio do setor primário. Lá, não podemos ter fábricas e indústrias, mas precisamos produzir comida.

Na Venezuela, há 25 milhões de pessoas, em Manaus, 2 milhões e, na Guiana, 800 mil. Manaus, o mais distante desses locais, está a 700 quilômetros, a Guiana está a 500 quilômetros e a Venezuela, a 210 quilômetros, contando-se com boas estradas para lá.

Assim, Roraima precisa produzir alimentos, mas não possuía escolas agrícolas. Houve uma escola desse tipo há muito tempo, que funcionou durante mais ou menos cinco anos e foi fechada depois que um professor, que era entusiasmado por ela, de lá saiu e, depois, morreu.

Então, lutamos por isso e o Ministério da Educação construiu uma unidade de ensino descentralizado do Cefet. Ela se encontra a cerca de 500 quilômetros de Manaus e a quase 300 quilômetros de Boa Vista, numa região chamada de Novo Paraíso. É de lá que sai a BR-210, que seria a Transamazônica, que vai até o Pará, iria até a Bolívia, por ali. E os nossos Municípios, o de São Luiz, o de Caroebe, o de São João do Baliza estão nessa direção, e, mais abaixo, está Rorainópolis. Portanto, essas pessoas ficavam ilhadas lá.

Então, com a instalação da Uned, uma escola técnica agropecuária, que já conta com 172 alunos matriculados e freqüentando o curso de técnico em agropecuária - alguns provenientes do Ensino Médio, o 2º Grau normal e outros provenientes do Educação de Jovens e Adultos, que também não tinham um curso de profissionalizante -, à qual iremos inaugurá-la segunda-feira, tenho a certeza de que isto vai proporcionar mudanças na fisionomia daquela região. 

Sr Presidente, a minha região produz bananas de boa qualidade, que exportamos para Manaus. De lá, saem de 10 a 15 caminhões de bananas por semana para Manaus. Atualmente, eles estão aprendendo a embalar melhor a banana. Antigamente, saiam caminhões carregados de banana, com quase quatro metros de altura, umas em cima das outras, e, quando a mercadoria chegava a Manaus, as que ficam embaixo estavam todas estragadas. E ainda saem cargas assim, porque não termos capacidade para melhor embalar toda essa banana. Mas estamos começando a embalá-las melhor.

Disse ao Senador Geraldo que não deveria ficar assim, porque temos também na cidade uma escola técnica, que já é mais antiga, que conta com 2.600 alunos, tem onze cursos técnicos e cinco superiores, inclusive um de administração em saúde. Quando entrei, a primeira medida que adotei foi arranjar recursos para montarmos um curso de administração, melhor, um curso em Gestão de Saúde. Só que o Ministério mudou para Gestão Hospitalar. Acho que não precisávamos de um curso de gestor de hospital; precisamos de gestores para pequenas unidades, para centros de saúde.

Concedo o aparte, com muita honra, ao Senador Edison Lobão, que fez um discurso brilhante sobre nossos brasileiros que sofrem ao saírem do Brasil.

O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Senador Augusto Botelho, embora falando sobre o seu Estado, de fato, V. Exª aborda um tema a respeito do qual, recentemente, também discorri, e que considero de grande importância para a vida social e até econômica deste País, que são as escolas técnicas. O Brasil, ao longo de sua história, tem adotado algumas práticas condenáveis. Instituiu, por exemplo, o sistema ferroviário, há décadas e décadas passadas, até de boa qualidade e, em seguida, o abandonou. É o que fizemos. Abandonamos as nossas ferrovias, substituindo-as por rodovias, sistema muito mais caro de transporte e de difícil manutenção, o que encarece todos os produtos: a cesta de alimentos fica mais cara, tudo fica mais caro quando o transporte é o rodoviário, além da poluição que, hoje, é algo combatido no mundo inteiro. Assim se deu também com as escolas técnicas, notadamente com as agrícolas. As agrotécnicas, já as tivemos no Brasil muitas, mas todas estão fechadas. Será que não aprendemos nunca? Agora vem o Governo, no que faz muito bem, e adota um programa implantação de 70 escolas técnicas em diversos Estados brasileiros, entre os quais está Roraima, Estado que V. Exª representa tão bem.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Obrigado.

O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Quero, portanto, cumprimentá-lo por trazer esse assunto ao Senado da República hoje, até como estímulo ao próprio Governo, para que prossiga nessa política correta de instalação e manutenção das escolas técnicas. Hoje o Brasil está repleto de doutores, formados e Direito, em Economia, em Administração, que não encontram emprego - aliás, há médicos que trabalham até como enfermeiros -, no entanto, não temos técnicos de nível intermediário para as grandes indústrias, nem para a atividade do campo, que é fundamental. O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, tem o maior rebanho do mundo, é o maior exportador de produtos agrícolas, mas onde estão os nossos técnicos? Não existem. Cumprimentos a V. Exª.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador. Acredito que, realmente, é pelo campo que o Norte vai se desenvolver. Quando se fala em campo em Roraima ou na Amazônia, estranha-se, mas o nosso Estado tem 4 milhões de hectares de savana propícios à criação de gado, à agricultura, à cultura da soja. O que nos falta ainda é uma mina de calcário para corrigirmos o solo. Compramos calcário da Venezuela e do Amazonas, mas quando acharmos o calcário lá em Roraima - dizem que está muito fundo para ser extraído, está abaixo dos cinqüenta metros de profundidade - vai melhorar. Por enquanto, mesmo trazendo da Venezuela ou de Manaus, ainda é o mais viável, porque o período de insolação em Roraima é de 12 horas praticamente. O arroz irrigado dá vinte dias mais cedo; a soja, com quase um mês de antecedência, então, isso tudo representa custos para a agricultura, que tem de pedir capital e pagar juros por ele. Por isso, se o produto é colhido antes, melhor. Nossa safra é na entressafra da do sul do País. A Região Norte seria o lugar ideal para a produção de grãos, de sementes. Aliás, produzimos grãos, sim, mas nossa semente sairia de lá pronta para ser plantada aqui, uma semente boa, nova. No futuro vai ser assim, em um futuro não muito distante, Senador Geraldo Mesquita Júnior, veremos isso lá ainda, se Deus quiser!

Sobre a escola técnica de Boa Vista, quero dizer que ela possui 2.600 alunos e oferece 11 cursos, inclusive o de tecnólogo de turismo e de informática. Em Roraima, só havia curso de informática nas faculdades particulares.

A nossa universidade estadual, Senador Edison Lobão, também criou campus em todos os 14 Municípios do interior de Boa Vista. É outra oportunidade que está surgindo. Com dois anos, conta com 5.000 alunos. É outro passo.

Como V. Exª pôde observar, nossa escola técnica realmente teve êxito enquanto o Prof. Carlos Casadio era vivo e lutava por ela. Ele era italiano, mas morava em Roraima, por que casado com uma roraimense. Ele era o coração da faculdade e, quando saiu da escola técnica, relaxaram e os cursos acabaram.

Podemos dizer que já houve boas iniciativas no Brasil.

Nunca tivemos também nem um metro de ferrovia em Roraima, exceto em algumas serrarias, que elas próprias construíam alguns metros de trilhos para carregar toras de madeira.

Do nosso lado está a Guiana - aliás, a Guiana é um novo país, mas de colonização inglesa. Então, penso que se começarmos a produzir grãos, a Inglaterra ou mesmo alguma empresa de lá vai fazer uma estrada de ferro para escoar a produção de grãos em direção ao porto, porque Boa Vista está a 500 Km do mar.

Sr. Presidente, vou abordar outro assunto.

Estive, nesta semana, na Casa Civil para falar sobre o fato de Roraima ter somente um hospital público, o Hospital Geral de Roraima, que fica perto do aeroporto de Boa Vista, que é bem central. O Hospital fica na parte antiga da cidade, portanto, a parte nova de Roraima, que está a 22 Km de distância, dificulta o acesso para as pessoas de menos recursos, por ficar muito longe do Hospital Geral.

Trata-se de reivindicação do povo de Roraima a construção de um hospital mais próximo a eles. Há a necessidade de um hospital, inclusive por não termos o número de leitos por habitante recomendado pela Organização Mundial de Saúde em Boa Vista. Estamos pleiteando. Já temos a emenda parlamentar, que está orçada para a construção de um hospital. O Governo deu entrada no projeto para a construção do hospital há mais ou menos quinze dias e a registrou aqui. Eu tenho agido para que sejam liberados esses recursos junto ao Ministério da Saúde. Ainda não está fechada a liberação, mas tenho a certeza de que vai ser liberada, porque o Presidente Lula é sensível em relação aos pobres. Esse hospital vai ser feito na área mais carente do meu Estado. É um hospital que vai servir a todos, mas estará mais próximo das pessoas de menos recursos. Tenho a certeza de que meu Estado vai ganhar com isso e o meu povo também.

Agradeço o Ministério da Educação e o parabenizo, já que o projeto do Ministério da Educação é completar 250 escolas técnicas novas. Espero, Senador Geraldo Mesquita, que pelo menos duas saiam lá no seu Estado, no Acre.

Temos outro núcleo prometido, uma outra escola, também na região agrícola, mas para região sudoeste do meu Estado, no Município de Amajari. Trata-se de uma outra área em que as pessoas terminam o 2º Grau e ficam lá, nas colônias, nos arrendamentos, sem terem oportunidade. Com esse núcleo lá, além de fazerem um curso técnico, vão aprender a trabalhar nas suas propriedade, nas suas terras, incluindo tecnologia e conhecimento.

Agradeço muito ao Ministério. Portanto, segunda-feira, estaremos inaugurando essa escola. Espero estar lá para inaugurar a escola técnica do sul do meu Estado.

Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/11/2007 - Página 40913