Discurso durante a 205ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamentos sobre a não-aplicação do dinheiro da CMPF no setor de saúde. Preocupação com o surto de malária que afeta a Ilha de Marajó, no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Questionamentos sobre a não-aplicação do dinheiro da CMPF no setor de saúde. Preocupação com o surto de malária que afeta a Ilha de Marajó, no Estado do Pará.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Flexa Ribeiro, Jayme Campos, Kátia Abreu, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2007 - Página 39712
Assunto
Outros > SAUDE. SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • DIVULGAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), MALARIA, ILHA DE MARAJO, DENUNCIA, DESVIO, RECURSOS, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), AREA, SAUDE.
  • CRITICA, GOVERNADOR, TENTATIVA, IMPUTAÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, ANAJAS (PA), ESTADO DO PARA (PA), RESPONSABILIDADE, EPIDEMIA, MALARIA, PROTESTO, FALTA, RECURSOS, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, CONVITE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISITA, ILHA DE MARAJO.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, MOTIM, INVASÃO, PROPRIEDADE RURAL, ESTADO DO PARA (PA), OMISSÃO, GOVERNADOR, FALTA, INTERVENÇÃO, POLICIA, CONFLITO, DESCUMPRIMENTO, DECISÃO, JUSTIÇA, COBRANÇA, ORADOR, PROVIDENCIA.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. e Srs. Senadores, vou, hoje, falar sobre dois assuntos. Um deles tem sido muito comentado nesses últimos tempos, que é a saúde relacionada com a CPMF. O outro é sobre o que está acontecendo no Estado do Pará.

Peço a TV Senado que mostre essa reportagem da revista Veja, que está preocupando todo o Estado do Pará, o Brasil inteiro. Temos a obrigação de falar sobre isso, principalmente por sermos paraenses.

Senadora Kátia Abreu, vou mostrar aqui para aqueles que desejam votar a favor da CPMF tenham clara e cristalinamente que vão votar contra a população brasileira, que já não agüenta mais ser taxada com tanto imposto.

Estou aqui, neste dia, para primeiramente lembrar àqueles que viram a TV Globo, na terça-feira, mostrar as imagens, as tristes imagens da malária na Ilha do Marajó.

Penso que toda a população brasileira, Sr. Presidente, sentiu no fundo do seu coração ao ver aquelas imagens. Algumas pessoas já tiveram dez casos de malária. Crianças de seis, sete, oito, nove, doze anos, que já tiveram três, quatro, cinco casos de malária.

E para onde vai o dinheiro da CPMF? Dizem que é para a saúde. Não é para a saúde coisíssima nenhuma. Olhem os dados, são estarrecedores. Em 2005, na cidade de Anajás, Senador Wellington Salgado, houve onze mil casos de malária. Senador Jayme Campos, 923 casos por mil habitantes, quase toda a população da cidade de Anajás, no Marajó, teve pelo menos um caso de malária. É estarrecedor!

Onde está a CPMF? Podem os Senadores, Senadora Kátia Abreu, aqueles que querem votar a favor da CPMF, dizerem assim para si próprios: nós estamos contra o povo brasileiro? Está aqui, Senador Jarbas Vasconcelos, uma prova textual de que, neste País, a CPMF não é aplicada na saúde.

E pasmem, senhoras e senhores, Senador Mão Santa, a Governadora... quero deixar bem claro que, quando eu falo da Governadora Ana Júlia, não falo com raiva, não falo com ódio. Eu já falei isso aqui desta tribuna. Eu queria aqui ter o prazer de poder elogiar a Governadora do meu Estado. É o que eu desejo.

Agora, não posso, em hipótese nenhuma, Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Mão Santa, aceitar que a Governadora do meu Pará, no caso da malária, queira jogar a responsabilidade sobre o Prefeito de Anajás. Não tenho procuração nenhuma para defender o Prefeito de Anajás, cidade que tem por volta de doze mil habitantes, no centro do Marajó, e ruas de palafitas. São poucas as ruas que têm condições concretas para se andar. Não existe carro. Nem carro pode andar na cidade de Anajás, somente bicicletas - para que V. Exª tenha a condição de saber o que é uma cidade pequena e miserável.

De que vive essa cidade? Governadora Ana Júlia, não foi isso que V. Exª prometeu, em palanque, ao povo do Pará. E ainda quer jogar a responsabilidade sobre o Prefeito, que mal tem condição de pagar a folha do funcionalismo público? Que mal tem condição de pagar os seus fornecedores, Senador Flexa Ribeiro? Que mal tem condição de fazer o repasse à Câmara? E a Governadora ainda diz que é responsabilidade do Prefeito colocar os equipamentos nos barcos para tratar da malária. Pelo amor da Nossa Senhora de Nazaré! Senadora Kátia, a senhora tem toda e absoluta razão. É isso mesmo. O seu relatório tem de dizer que aqueles que votarem a favor da CPMF estarão votando contra o povo brasileiro. Na saúde, absolutamente nada é feito. E quem me questionar aqui é porque quer agradar o Governo, é porque está recebendo algo do Governo. Porque não tem questionamento, a coisa é muito clara. Está aqui a prova, a Rede Globo mostrou ao vivo o que eu já tinha falado aqui dias antes: a miséria que vive aquele povo, o que passa o povo da Ilha do Marajó, que não tem transporte, não tem energia.

Presidente Lula, V. Exª liberou - pasmem senhoras e senhores, povo do meu Brasil - dois bilhões de dólares para Angola, abriu crédito para as empresas brasileiras investirem em Angola. Dois bilhões, Presidente! Invista no Marajó, que tem um potencial turístico imenso, um dos maiores potenciais turísticos do Brasil, quiçá do mundo. E ele manda para Angola. O Marajó votou e votou muito nele. Por que ele não manda para o Marajó aqueles R$20 milhões que deu para a Bolívia, Senador Suplicy? Visite o Marajó em vez de visitar o Iraque. Visite primeiro o Marajó, e V. Exª vai chorar, conheço a sensibilidade de V. Exª.

O povo morrendo de malária, o povo sofrendo de malária, e a Governadora ainda quer cobrar responsabilidade do Prefeito. Pasmem, senhores, Isso é muito triste.

Eu não tenho raiva de ninguém. Aliás, tenho recebido e-mails dos aloprados, Mão Santa, não sei se tu recebes. Sei que V. Exª não é, está fora, conheço V. Exª.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já, Presidente?

            Mas, eu quero dizer o seguinte: não me ofendem. Estão perdendo tempo. Esta voz aqui não vai parar. Esta voz vai defender o povo brasileiro, do meu Estado, até o último momento de vida. Não vai parar. Só me param à bala. E eu não tenho medo de bala. Não tenho, não! Não! Não sou peru, que morre de véspera. Não sou, não! Não tenho medo! Ninguém vai me intimidar. Por falar em bala, Senador, olhe onde está a bala no meu Estado. Já vou descer, Presidente, só vou comentar este assunto.

           A Veja diz assim, Senador Jayme, já não é o Senador Mário Couto: “Faroeste no Pará”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sr. Presidente, em três minutos encerro.

           “Sem-terras e bandoleiros saqueiam e destroem fazendas no sul do Estado e a Governadora Ana Júlia Carepa nada faz para impedi-los.”

           Aí, depois, podem dizer que Mário Couto tem alguma coisa contra a Governadora do Estado? Não tenho. Quero um dia poder aplaudir a Governadora. Virei a esta tribuna para elogiá-la. Quero que ela me dê motivos para fazer isso. Com essas notícias, não tenho motivos para elogiar, mas sim para criticar. Ela tem de entender isso. É bom para ela. Essa crítica faz bem a ela, Senador Flexa Ribeiro.

           O Pará da Governadora Ana Júlia Carepa, é o mesmo meu e o mesmo seu, Senador Flexa Ribeiro, Estado que amamos, que defendemos nesta tribuna do Senado, que não queremos ver em manchetes de jornais, principalmente com esses títulos. O que dizem do nosso Estado, Senador? “O Pará da Governadora Ana Júlia Carepa é uma terra sem lei”.

           É bom ver isso? É bom ler isso? Eu estou gostando disso? Não estou.

           O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sabe por que digo isso, Senador Wellington Salgado? Porque um grupo encapuzado... E se é encapuzado, Senador Eduardo Suplicy, um grupo encapuzado que esconde a cara, o que é? Bandido.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não quer ser identificado.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Quem não quer ser identificado é bandido.

           Não estou aqui, Senador, para falar dos movimentos sociais organizados. Sempre fui a favor deles. Não sou contra, absolutamente. Grupo social encapuzado não é grupo social organizado, é grupo de bandidos. E é esse grupo que está invadindo frigoríficos, fazendas, laticínios, Vale do Rio Doce...Meu Deus do Céu! Olhem a conseqüência para a economia do meu Estado! E a Veja diz que a Governadora emitiu uma circular para que a Polícia não intervenha nesses conflitos.

           Senador Jayme Campos, se a Justiça manda, a Senadora tem de intervir! Se a Justiça manda, ela é obrigada, pela Constituição Federal, art. 35, § 6º. Ela é obrigada pela Constituição!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Prometo que vou encerrar.

           Ela é obrigada pela Constituição, art. 35, § 6º. Senão, vamos pedir a intervenção no Estado do Pará. É lógico que o Lula não vai fazer isso, porque é amigo da Governadora. Mas temos de deixar registrada a nossa atribuição nesta Casa, que é a defesa do povo do Estado do Pará e do nosso querido Brasil.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Vou dar a todos.

           Mas não podemos calar. Calar nós não podemos! A Governadora tem de tomar uma iniciativa imediata para conter a invasão daqueles que estão encapuzados. Encapuzado quer dizer bandido e ladrão. E isso ela tem de combater. Isso não é movimento social organizado coisíssima nenhuma! 

           O SR. PRESIDENTE (César Borges. Bloco/PR - BA) - Senador Mário Couto, queria alertar que o tempo de V. Exª já se excedeu. A Mesa foi bastante compreensiva. Vou conceder-lhe mais três minutos para que V. Exª permita os apartes que lhe foram solicitados. Solicitaria que os apartes fossem curtos, porque a Senadora Kátia Abreu, o Senador Mão Santa e o Senador Jayme Campos estão inscritos. Portanto, concederei mais três minutos. Espero que seja tempo suficiente.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Não quero abusar de V. Exª. Aliás, V. Exª, além de morar no fundo do meu coração, sempre foi uma pessoa muito carinhosa e atenciosa comigo.

           Já estou até fechando a revista. Pode sair alguém encapuzado aqui de dentro. Já estou fechando, colocando aqui em baixo, para que os bandidos possam ficar longe de mim.

           Senadora Kátia Abreu, tenho a honra de conceder um aparte a V. Exª.

           A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Senador, queria me solidarizar com V. Exª e com todo o povo do Pará, especialmente os produtores rurais pequenos, médios e grandes. Tive oportunidade, ainda no ano passado, de estar em Redenção, no sul do Pará, região de que gosto muito, onde tenho grandes amigos. Fui fazer uma visita a convite do Sindicato Rural de Redenção. Confesso a V. Exª - conversei, inclusive, com o Senador Flexa Ribeiro - que voltei de lá bastante transtornada, indignada com o que vi, especialmente no sul do Pará: quase 130 reintegrações de posse sem serem cumpridas. No sentimento geral daquela região, não existe polícia, não existe lei, não existe julgamento. A lei é dos bandoleiros, que se utilizam do nome MST e, na realidade, não têm o cunho social legítimo daquelas pessoas que querem uma propriedade rural, e têm todo direito, de forma organizada e civilizada. Estão usando essas pessoas de boa-fé para montar os bandos e assaltar as fazendas, matando produtores rurais nas suas próprias casas e, principalmente, levando as armas para os seus esconderijos. Quero dizer, de público, que não apenas li na Veja, eu vi de perto. E fui à missa de um produtor que havia falecido há trinta dias. Havia uma comoção geral na cidade de Redenção por esse rapaz de 43 anos, que foi morto em casa, fazendo um sanduíche na sua cozinha.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Quero dizer que, realmente, precisamos tomar providências, porque o Pará é um Estado promissor...

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Senadora...

            A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Pois não.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - É possível ser cumprida uma reintegração sem morte. É lógico que é possível. Quantas vezes a Polícia já não fez isso? Por que a Governadora está com receio? Ou então não é Governadora!

           A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Senador, se V. Exª observar as pesquisas, normalmente aonde os Governadores fazem cumprir a lei há o menor índice de invasão de terras do País.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Isso é lógico.

           A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - O maior número de invasões ocorre justamente onde Governadores são omissos e não cumprem as reintegrações de posse. Muito obrigada.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - A Governadora não tem de ter medo de cumprir as ordens judiciais.

           Concedo um aparte ao Senador Jayme Campos.

           O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Senador Mário Couto, como sempre brilhante, sobretudo pragmático na sua fala, durante o seu mandato nesta Casa. Observei bem e ouvi com muita atenção a sua preocupação, que naturalmente é de todos nós, brasileiros...

(Interrupção do som.)

           O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Imagino, Senador Mário Couto, que essas ações que estão ocorrendo no Estado do Pará serão desencadeadas em todo o Brasil, acobertadas pelo Governo Federal, que está incentivando essa indústria de bandidagem. Isso nada mais é do que uma indústria de bandidagem. Ontem, assisti ao Jornal Nacional, Senador Mário Couto e fiquei muito preocupado ao ver as estradas do Pará, sobretudo as ferrovias, tomadas por pessoas encapuzadas. Fico muito mais preocupado, até porque a Governadora tem a obrigação de cumprir o mandado de reintegração de posse. Caso contrário, é a quebra do Estado Democrático de Direito.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Intervenção federal.

           O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Intervenção federal. O companheiro Presidente foi Governador da Bahia, eu fui Governador do meu Estado, Mato Grosso e sempre cumpri os mandados de reintegração de posse. De maneira que espero que o Governo do Pará, a sua Governadora, tome as devidas providências, até porque fatos como esse poderão ocorrer, como ocorreu no passado aquela tragédia do confronto entre posseiros e grilheiros com a Polícia Militar daquele Estado. Certamente, V. Exª, um Senador zeloso e brilhante, tem feito nesta Casa belíssimos pronunciamentos, denunciando com freqüência os órgãos que têm praticado atos ilícitos e de corrupção. V. Exª está sempre atento. E nada mais justo do que vir a esta Casa, representando o povo brasileiro, para mostrar a sua preocupação e cobrar do Governo Federal as devidas providências em relação a esse crime organizado que está sendo constituído de forma acobertada pelo Governo Federal. De forma que o cumprimento. V. Exª pode contar com a solidariedade do Senador Jayme Campos.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Muito obrigado, Senador Jayme Campos, pela sua solidariedade.

           Não posso deixar de ouvir o Senador Eduardo Suplicy, o Senador Mão Santa e o Senador Flexa Ribeiro.

           Prometo que, com os apartes, encerrarei o meu pronunciamento.

           Só quero dizer ao Senador Jayme Campos que fico muito gratificado com as suas observações.

           Concedo o aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Mário Couto, primeiro gostaria de dizer que a avaliação crítica que V. Exª faz da destinação dos recursos da CPMF não possui a informação completa, porque, ainda por ocasião da audiência que tivemos com o Ministro José Gomes Temporão, pudemos ouvi-lo com atenção sobre como esses recursos são tão importantes para a saúde, para os inúmeros progressos que tem havido, ainda que em muitos lugares do Brasil, como a Ilha de Marajó, salientada por V. Exª, haja problemas sérios relativos à saúde pública que precisam ser melhorados. Com menos recursos haverá mais dificuldades. Aceito a sua sugestão de visitar a Ilha de Marajó, que infelizmente ainda não conheço. Tenho lido a respeito e quero muito conhecê-la. Conheço o Estado do Pará, diversos lugares, mas o Brasil é tão grande...

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Vá ao Marajó antes de ir ao Iraque, senão V. Exª pode não ir ao Marajó.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas eu, possivelmente, irei ao Marajó antes de ir ao Iraque. Informo a V. Exª que já marquei para a segunda quinzena de janeiro a minha visita ao Iraque. Quem sabe eu possa ir à Ilha de Marajó antes, mas tenho recebido muitos convites de muitos lugares do Brasil para explicar a proposição da renda básica de cidadania. E assim espero fazer inclusive no Pará, ao seu lado, se oportunidade houver. Gostaria de transmitir a V. Exª que, em suas observações sobre o movimento social, que ali se utilizou de capuzes e de alguns instrumentos, como foices e outros, que estragaram as linhas de trem...

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Só no caso da Vale. No caso das fazendas até arma de fogo.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pois bem! Eu gostaria de aqui reiterar a recomendação que sempre tenho feito aos movimentos sociais, seja ao MST ou outros, que sempre procurem utilizar meios não violentos.

           O SR. MARIO COUTO (PSDB - PA) - Senador, não são movimentos sociais. Foi criada ali no Sul do Pará uma milícia armada e nós precisamos combater essa milícia armada. Não é movimento social. É isso que tem que ficar bem claro.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É que pode haver movimentos sociais que acabem utilizando instrumentos inadequados. A minha recomendação sempre a eles tem sido: “Vocês terão muito maior força, inclusive para a causa da reforma agrária e dos assentamentos, na medida em que utilizarem de formas pacíficas e não violentas. Eu, por outro lado, quero transmitir que vou conversar com a Senadora Ana Júlia, minha amiga, colega aqui no Senado por tantos anos, sobre a importância...

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Faça isso! Faça isso!

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Avalio que ela esteja querendo evitar que não se repitam os episódios...

           O SR. MARIO COUTO (PSDB - PA) - Sim, mas isso ela vai evitar, mas existem outras maneiras de evitar. Ninguém quer que se repitam os episódios. Lógico! Nem V. Exª nem eu. Jamais!

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Ninguém quer outra vez os episódios de Eldorado de Carajás, como V. Exª aqui reitera.

           O SR. MARIO COUTO (PSDB - PA) - Lógico! Jamais! Agora é preciso se tomar uma providência.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - PA) - Mas vamos então procurar colaborar e eu, instado por V. Exª, vou conversar com a Senadora Ana Júlia

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Lógico. Obrigado. Eu lhe agradeço. Eu tenho certeza de que V. Exª faz, pois sou testemunha disso. No caso do Hospital Sarah, V. Exª me prometeu e fez. No caso da CPMF, eu só quis mostrar que não estão realmente colocando dinheiro da CPMF para a saúde. V. Exª viu a Globo, na terça-feira? V. Exª chegou a ver a matéria?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Essa matéria a que V. Exª está se referindo...

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Dá dó. Eu não posso ver meu Marajó. Dá dó.

O SR. PRESIDENTE (César Borges. Bloco/PR- BA) - Senador Mário Couto, eu vejo a Senadora Kátia Abreu bastante inquieta, querendo fazer uso da palavra. S. Exª está bastante inquieta querendo fazer uso da palavra. Já fomos extremamente condescendentes, e vamos continuar sendo. Vou dar novamente três minutos para os seus companheiros fazerem o aparte, e V. Exª encerrar. Eu agradeço a sua compreensão.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Os baianos são assim. Senador Mão Santa, ouço V. Exª.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto, sobre a CPMF e a saúde, falarei em seguida. Mas quanto a esse problema de invasão de terra, da empresa Companhia Vale do Rio Doce, falta ao brasileiro ler a bandeira: Ordem e Progresso. Atentai bem, Luiz Inácio, eu fui prefeitinho da maior cidade do Piauí, onde nasci; fui Governador daquele Estado duas vezes, e não houve nenhuma confusão. Por quê? Eu entendo que a terra é de quem nela nasce, de quem lá mora e de quem lá trabalha. V. Exª tem de fixar esses, desapropriar esses. Esse negócio de andar para cima e para baixo com arma; sair do Pará e ir para o Piauí; e do Piauí ir para o Rio Grande do Sul? Isso é malandragem. Você fixa aqueles que têm raízes - e eu fixei milhares e milhares. Então, temos que lembrar que este Governo tem que ensinar, ao Suplicy, ao PT, aos aloprados, o que está na bandeira: “Ordem e Progresso.”

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Senador Mão Santa, obrigado.

Senador Flexa Ribeiro, seja breve, que eu ainda tenho um minuto para encerrar o meu pronunciamento.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Claro. Amigo Senador Mário Couto, quero parabenizá-lo pelo seu pronunciamento, como sempre brilhante, e reforçar aquilo que V. Exª colocou da tribuna: estamos aqui V. Exª, eu e o Senador José Nery, para ajudar a Governadora Ana Júlia Carepa. Estamos à disposição da Governadora Ana Júlia Carepa, para ajudar o Pará - não é à Governadora Ana Júlia Carepa - mas ao Pará, aos paraenses. Esse é um dever nosso, esse é um dever nosso. Então, Senador Mário Couto, lamentavelmente, não podemos assistir ao nosso querido Estado nas manchetes, seja das revistas semanais, seja da Globo, mostrando episódios que denigrem a imagem do nosso Estado. Ontem, fiz um pronunciamento nessa linha, referindo-me à questão do movimento dos sem-terra, porque todos nós, como bem V. Exª diz, apoiamos os movimentos sociais organizados que buscam, através do diálogo, ter seus interesses atendidos, mas não de forma violenta como está sendo feito, com pautas que representam programas de governo. Com a questão da saúde, Senador Mário Couto, quero dizer ao Senador Suplicy que, com certeza absoluta, a Câmara Municipal de Anajás fará, Senador Suplicy, um convite a V. Exª, para que vá até lá para, além de expor sobre a renda básica de cidadania, também conhecer as agruras do povo do Marajó, que, como bem disse o Senador Mário Couto, está totalmente abandonado. E, para encerrar, Senador Mário Couto, Governadora Ana Júlia, ponha o Hospital de Santarém para funcionar. Estão morrendo pessoas por falta de atendimento e temos lá um hospital pronto há um ano e V. Exª não o coloca para funcionar. Parabéns, Senador Mário Couto!

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador Flexa, muito obrigado pelas considerações.

Vou encerrar, Sr. Presidente.

Senador Suplicy, vou encerrar olhando para V. Exª, dizendo a V. Exª o seguinte: eu o convidei para ir ao Marajó, mas eu quero, pela competência que V. Exª tem - e olha, Senador, que eu sei do seu prestígio com o Lula, V. Exª tem prestígio -, pegue o Lula e diga a ele o seguinte: “Lula, ao invés de tu ires para Angola dar dinheiro para os angolanos, vá lá comigo ao Marajó, vá lá resolver o problema da Ilha do Marajó. Não precisa convidar o Mário Couto.” Eu não vou, só dou o caminho para vocês irem, só ensino o caminho. V. Exª vai com ele, porque ele não vai gostar que eu vá ao lado dele. Ele não vai gostar, não importa. Eu já convidei várias vezes desta tribuna o Presidente para ir à Ilha do Marajó. Ele dá dinheiro para todo mundo no exterior, meu Deus do céu, e o povo do Marajó morrendo de malária, Presidente Lula! Leve-o, Senador Suplicy, leve-o. Angola? Vá ao Marajó.

Primeiro, socorra os brasileiros. “Mateus, primeiro os teus.” Socorra primeiramente os brasileiros para depois socorrer os angolanos. Estamos morrendo aqui de malária, Presidente Lula! Senador Eduardo Suplicy, sem nenhuma demagogia, do fundo do meu coração, leve o Lula ao Marajó.

Obrigado, Sr. Presidente, Senador César Borges.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2007 - Página 39712