Discurso durante a 205ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contraposição à propaganda veiculada pelo PT da Bahia, atribuindo a governos anteriores o retrocesso econômico do Estado.

Autor
César Borges (PR - Partido Liberal/BA)
Nome completo: César Augusto Rabello Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Contraposição à propaganda veiculada pelo PT da Bahia, atribuindo a governos anteriores o retrocesso econômico do Estado.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2007 - Página 39728
Assunto
Outros > ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DIVULGAÇÃO, PROPAGANDA, TELEVISÃO, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, INEXATIDÃO, INFORMAÇÃO, DESVALORIZAÇÃO, ANTERIORIDADE, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DA BAHIA (BA), ALEGAÇÕES, INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • REGISTRO, DADOS, COMPROVAÇÃO, EFICACIA, ATUAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, PAULO SOUTO, ORADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), DESMENTIDO, DECLARAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL.
  • NECESSIDADE, GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), CONTINUAÇÃO, MODELO, DESENVOLVIMENTO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, RECONHECIMENTO, EFICACIA, EX GOVERNADOR.
  • LEITURA, TRECHO, COMENTARIO, PUBLICIDADE, PUBLICAÇÃO, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DETALHAMENTO, CRESCIMENTO ECONOMICO, REGIÃO NORDESTE, SUPERAVIT, EXPORTAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DA BAHIA (BA), ESCLARECIMENTOS, ORADOR, RESULTADO, GESTÃO, EX GOVERNADOR, EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, TURISMO, POLITICA INDUSTRIAL.

O SR. CÉSAR BORGES (Bloco/PR - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, venho a esta tribuna hoje para dizer que cresceu e se desenvolveu a nossa região, a Região Nordeste do Brasil, composta por nove Estados, com 1/3 da população do País e respondendo por um PIB maior do que o de dezenas de países da América Latina.

Não podemos aceitar que, de uma hora para outra, alguém queira dizer que a Bahia tenha sofrido, nos últimos anos, com a falta de investimentos e de ações por parte dos governos estaduais que antecederam o atual governo.

Falo isso, porque me causou revolta a propaganda a que assisti recentemente na televisão. Lamentavelmente, o partido que assumiu o governo, o Partido dos Trabalhadores, promoveu a veiculação de uma propaganda que leva o telespectador a crer que a Bahia andou para trás, como se a Bahia não tivesse, à vista de todos os brasileiros, nos últimos governos, avançado. A Bahia avançou, destacou-se, e hoje é a sexta maior economia do País.

Aqui está o Senador Félix Mendonça, que sabe que foi assim desde 1991. Corrigindo: Deputado Félix Mendonça - chamei-o de Senador e ele não gostou -, pois bem, o Deputado Félix Mendonça, que está na Bahia, sabe como avançamos de 1991 para cá. Primeiro, foi o Governo do Senador Antonio Carlos; depois, o do Governador Paulo Souto; depois, foi o meu Governo, de 1998 a 2002; e mais recentemente o Governo do ex-Governador Paulo Souto.

Perdemos o governo? Perdemos. É da política. A população quis mudar e mudou. É natural, é democrático que se tenha uma nova experiência. O que não podemos aceitar é a inverdade; o que não podemos aceitar é a mentira; o que não podemos aceitar é o desmerecimento de tudo o que foi feito.

Recentemente, Sr. Presidente, estive participando de atos com o Presidente Lula na Bahia. Um deles - o mais importante - foi a comemoração da fabricação do milionésimo carro produzido pela fábrica da Ford, que foi conquistada em 1999. Iniciamos o processo, inauguramos a fábrica em 2001, e nesses cinco, seis anos, foram um milhão de carros produzidos.

A Bahia responde por mais de 10% dos carros produzidos no País. A Bahia é, sem sombra de dúvida, um dos maiores - senão o maior - pólo turístico do Brasil. Tem os maiores resorts nos seus 1.100 quilômetros de praias. E o desenvolvimento econômico aconteceu para que fosse possível acontecer também o desenvolvimento social.

Então, não adianta desmerecer essa realidade. O que acho que o atual governo tem de fazer - e receberá o aplauso e o apoio de todos nós - é, sim, cuidar dos problemas da Bahia que continuam existindo, como existem no restante do País: dar continuidade a esse desenvolvimento que foi alcançado duramente no passado; cuidar da segurança pública, que lamentavelmente está indo mal; cuidar da educação, que também tem problemas; cuidar melhor da saúde e não tentar desfazer o que foi feito e colocar no lugar algo que nem sabem exatamente o que seja.

O atual Governador Jaques Wagner receberá apoio e aplauso quando estiver dando continuidade às políticas corretas. Se desejar mudar o rumo, tudo bem, é possível, é algo que ele pode fazer a qualquer momento, mas que ele não desmereça tudo o que a Bahia e o Nordeste alcançaram nos últimos anos, mesmo faltando o imprescindível apoio federal.

Trago, Sr. Presidente, o encarte do jornal O Estado de S. Paulo: Nordeste. É um informe publicitário e, como tal, quero crer que alguém tenha pagado; provavelmente os governos da região pagaram e, se pagaram, estão destacando o Nordeste. No caso da democracia brasileira, tivemos a renovação dos governadores no início do ano, em 1º de janeiro, portanto, estamos com dez meses do governo, entrando no décimo primeiro mês. Que não se destaque que esse avanço foi conseqüência dos últimos anos, das últimas décadas.

Então, aqui está: ”Crescimento acima da média com turismo e investimentos”. E quem paga esse informe publicitário não é o governo passado. Com certeza, os governos passados não dispõem de dinheiro para pagar um encarte deste de O Estado de S. Paulo. Portanto, quem está fazendo isso é o governo atual, reconhecendo que:

As mais importantes estatísticas da economia brasileira, divulgadas nos últimos meses, revelam expressiva mudança no perfil da região nordestina. [...]

Os dados do IBGE revelam que o rendimento do trabalho e o Produto Interno Bruto (PIB) da região crescem mais que a média brasileira há três anos [e vem crescendo há mais tempo]. Levando em conta o crescimento da renda, o avanço nordestino foi de 7,1% ao ano, em média, entre 2003 e 2006, enquanto a taxa nacional ficou em 4,1%. [...]

Segundo dados do Banco Central, a economia nordestina também foi favorecida com o aumento das exportações, que atingiu nível recorde para o trimestre até julho. O superávit da balança comercial da região foi de US$224,4 milhões: foram exportados US$3,1 bilhões e importados US$2,9 bilhões.

E é bom que se diga que metade dessas importações saiu do meu Estado - do Estado da Bahia - e tudo isso não foi alcançado em dez meses, mas em mais de dez anos de trabalho, Senador Mão Santa. Isso foi alcançado em Pernambuco, com o Governo Jarbas Vasconcelos; foi alcançado lá no Piauí, pelo trabalho de V. Exª; foi alcançado na Bahia pelo nosso trabalho.

E continua o encarte com manchetes excelentes: “Aumento de renda estimula consumo e investimentos”. E uma notícia boa que sempre cobramos do Governo: “BNDES vai duplicar financiamento até 2010”. Tomara que duplique; nós vamos aplaudir tal medida. Queremos que o Presidente Lula abra uma filial do BNDES em qualquer capital nordestina, porque o BNDES já aplicou até 20% dos seus recursos de empréstimo ao ano no Nordeste. Normalmente, a média era 13%. Caímos para 8%. Fala-se agora em duplicar até 2010, o que significa ir para 16%. Excelente, formidável! É preciso que se faça isso, Deputado Félix Mendonça. E vamos aplaudir. Mas esperamos que isso seja efetivamente feito.

E o encarte continua destacando o que foi feito. Veja, Senador Mão Santa: “Litoral da Bahia traz US$3,1 bilhões”. Temos os melhores resorts do Brasil, temos os quatro melhores campos de golfe, que estão lá atraindo o turismo de qualidade. E isso se deu em conseqüência de um trabalho persistente, determinado, competente. Não se atrai US$3,1 bilhões em dez meses. Portanto, o que é preciso é exatamente que se dê apoio para que esses investimentos permaneçam e, mais, que se ampliem, o que vamos aplaudir, mas nunca desmerecendo tudo o que foi feito no passado pela Bahia e pelo Nordeste. Mais uma manchete: “Fábricas batem recorde no Pólo de Camaçari”. “Bridgestone atrai novas empresas para a região”.

Quando chegou a Bridgestone na Bahia? Foi inaugurada há um ano e pouco, porque veio na onda da Ford, na onda que a Bahia surfou para o seu desenvolvimento, o seu crescimento industrial, a duplicação do seu Produto Interno Bruto. É isto que destaco: que o Nordeste tem condições de continuar ampliando e não é só a Bahia, mas todo o Nordeste.

(Interrupção do som.)

O SR. CÉSAR BORGES (Bloco/PR - BA) - Aqui está mais uma manchete: “Ford já produziu mais de um milhão de carros no Nordeste”. Novecentos e doze carros por dia ou 250 mil veículos por ano é a produção da Ford. Oito mil e quinhentos é o total de funcionários: quatro mil da Ford e quatro mil empregados por fornecedores. Um bilhão e 900 milhões de dólares é o total investido: US$1,2 bilhão pela Ford e US$700 milhões por fornecedores, sem contar o que o governo do Estado colocou na infra-estrutura - e eu era Governador do Estado - para que a Ford fosse uma realidade no Nordeste brasileiro.

Não aceitaremos essa mistificação de dizer que nos últimos 16 anos a Bahia não avançou. Avançou e avançou muito - e reconhecer o que foi feito é um bom caminho para continuar o desenvolvimento do Estado.

Ao contrário, aqui estão as principais atrações turísticas do Nordeste, inclusive do Piauí, do Senador Mão Santa. Está aqui o Delta do Rio Parnaíba destacado e tantas outras atrações. Temos, no Estado da Bahia, toda a nossa costa: Costa do Coqueiro, Baía de Todos os Santos, Costa do Dendê, Costa do Descobrimento, Costa da Baleia. Tudo isso foi desenvolvido, porque havia uma política estruturada de turismo no Estado da Bahia, e não aceitaremos nunca que a desmereçam, Sr. Presidente.

Destaco que, se essa matéria está hoje aqui para entusiasmar os brasileiros e os investidores internacionais sobre nossa região e, em particular, sobre o Estado da Bahia, é porque há um reconhecimento explícito do que foi realizado em todos esses anos. Quiçá - e desejo profundamente -...

(Interrupção do som.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. CÉSAR BORGES (Bloco/PR - BA) - ... que se dê continuidade ao trabalho de crescimento do Nordeste, porque não podemos aceitar a diferença social e de desenvolvimento econômico que existe entre Nordeste e Sudeste do País. Mas isso exige sacrifício, suor, lágrima; e a Bahia cumpriu seu dever nos últimos anos.

Concedo um aparte, com muita satisfação, ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador César Borges, o PT tem de reconhecer que, quando o estadista Fernando Henrique Cardoso comemorou os 500 anos de Brasil - atentai bem! -, o primeiro dia de comemoração foi no Piauí, na Serra da Capivara, berço do homem americano. Eu o recebi. E para mostrar essa grandeza, a última comemoração - V. Exª estava lá, pois governava o Estado - foi em Porto Seguro, aquela maravilha! Está certo que Deus fez o sol, a lua, o mar, o vento, as estrelas, mas a Bahia, da qual nos orgulhamos, foi feita a partir de Antonio Carlos Magalhães, e V. Exª é o seu discípulo maior. Outro dia, fiz uma comparação: o Getúlio tinha filhos, familiares, mas o sucessor dele foi João Goulart; V. Exª seria o João Goulart de Antonio Carlos Magalhães. O País ainda tem dúvida de quem corrigiu essa inflação - não tem nada a ver com o PT -: se foi Itamar ou se foi Fernando Henrique Cardoso. Vamos fazer o teste de DNA. Mas o pai da grande industrialização do Nordeste foi V. Exª, tanto é que V. Exª não ficou mais na Bahia. Quando governei o Piauí, atendendo ao clamor do povo do Piauí, reconhecendo que V. Exª era o ícone dos nossos Estados nordestinos, tive a honra de colocar no seu peito, no local onde se deu a Batalha do Jenipapo, onde nós, piauienses, exportamos os portugueses, a homenagem maior do povo do Piauí, que significa reconhecimento e gratidão a V. Exª, a Grã-Cruz Renascença. Então, V. Exª foi o ícone da modernização e da grandeza industrial do Nordeste, não só da Bahia.

O SR. CÉSAR BORGES (Bloco/PR - BA) - Muito me honra o seu aparte e a homenagem que V. Exª me prestou, à época, como Governador, a Grã-Cruz Renascença, da Batalha do Jenipapo. Lá estivemos e guardarei sempre com muita boa recordação.

Sr. Presidente, fiz esse pronunciamento acreditando que não é olhando o retrovisor e tentando desfazer o que foi feito que iremos avançar. O atual Governo tem avançado no aspecto econômico, soube manter a política econômica encontrada, deu estabilidade à moeda, o País hoje tem confiança internacional, está crescendo.

Se a fábrica da Ford produziu um milhão de veículos é porque há consumidores. Mesmo que o mercado exportador esteja ruim, o mercado nacional está bom. Há crédito suficiente. A política de crédito do Governo permitiu o crescimento da indústria e do comércio.

Então, não fiquemos aqui tentando desfazer o que foi feito ou não dando crédito ao que está sendo feito. Esta é a medida mais racional, a política mais correta: aplaudir tudo que for bom para o Brasil, venha de que governo vier.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2007 - Página 39728