Discurso durante a 214ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração aos oitenta anos da chegada no Brasil dos missionários norte-americanos de Utah e do início da pregação Mórmon no Brasil.

Autor
Edison Lobão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Celebração aos oitenta anos da chegada no Brasil dos missionários norte-americanos de Utah e do início da pregação Mórmon no Brasil.
Aparteantes
Gerson Camata.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2007 - Página 41657
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, INICIO, ATUAÇÃO, GRUPO RELIGIOSO, BRASIL, DESCRIÇÃO, HISTORIA, IGREJA, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), VITIMA, PERSEGUIÇÃO, COMPARAÇÃO, CRISTÃO, COMENTARIO, CRESCIMENTO, NUMERO, MEMBROS, ESPECIFICAÇÃO, AMERICA LATINA.
  • ANALISE, ATUAÇÃO, GRUPO RELIGIOSO, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, ELOGIO, DEFESA, FAMILIA, DETALHAMENTO, ORGANIZAÇÃO, IGREJA, TRABALHO, MEMBROS, VOLUNTARIO.
  • COMENTARIO, PESQUISA, CENTRO DE ESTUDO, RELIGIÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEMONSTRAÇÃO, CRESCIMENTO, NUMERO, MEMBROS, GRUPO RELIGIOSO, COMPARAÇÃO, REDUÇÃO, IGREJA CATOLICA, AGRADECIMENTO, PRESENÇA, AUTORIDADE RELIGIOSA, SESSÃO SOLENE.
  • REGISTRO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIO, SEDE, IGREJA, GRUPO RELIGIOSO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INCENTIVO, TRABALHO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA.

            O SR. EDISON LOBÃO (PMDB - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srs. Deputados, Srs. convidados, minhas senhoras e meus senhores, com requerimento de minha autoria, tenho a honra de homenagear, no dia de hoje, nesta Sessão Especial do Senado da República, os oitenta anos do início da pregação Mórmon no Brasil. É uma das Igrejas que mais crescem no mundo, e já ocupa lugar de destaque em todo o território brasileiro, para nossa honra e para nossa alegria. Apenas para termos uma breve idéia da sua grandeza, segundo estimativas divulgadas por vários meios de comunicação, unicamente nas regiões do Paraná e Santa Catarina, existem hoje cerca de oitocentos mil seguidores dessa Igreja de Cristo.

            Os mórmons já se tornaram figuras comuns na vida social brasileira. Quase sempre são vistos no meio da multidão, nos lugares mais longínquos de nossa imensa hinterlândia, nas ruelas dos minúsculos vilarejos empobrecidos do Nordeste brasileiro, nas feiras populares das pequenas e médias cidades, nas ruas, nas praças, nos parques e nas avenidas das grandes metrópoles.

            Eles são inconfundíveis porque normalmente são jovens, andam quase sempre em dupla, são simpáticos, pacíficos e bem-educados.

            Em verdade, o contingente de missionários dedicados é a espinha dorsal da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, seu nome oficial, organizada em 06 de abril de 1830, em Fayette, Nova York, sob a orientação do jovem missionário Joseph Smith, primeiro Profeta e Presidente da Igreja, nascido no dia 23 de dezembro de 1805, em Sharon, Vermont, nos Estados Unidos.

            Quando foi reorganizada, a Igreja tinha apenas seis membros batizados, incluindo os líderes, e mais uns vinte simpatizantes. A primeira reunião oficial ocorreu em um modesto barraco de madeira no quintal de uma casa de família, na localidade de Finger Lakes, na região norte do Estado de Nova York, nos Estados Unidos. A partir daqueles seis membros, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias iria se tornar uma respeitável organização religiosa mundial.

            Ela não foi diferente, Senador Mão Santa, da Igreja diretamente formada por Jesus Cristo, que nomeou como seu representante Pedro e ao qual determinou: “Pedro, tu és rocha e sobre esta rocha edificarás a minha Igreja”. E Pedro começou com uma igreja modesta, chamada Igreja do Caminho. Não era a Igreja Católica de hoje, não era o Cristianismo.

            Eu ainda hoje comentava esse episódio com alguns mórmons no meu gabinete. Tempos depois, já com Saulo convertido a Paulo e com Lucas se aproximando da Igreja do Caminho, Lucas deu uma opinião. Achava que a Igreja deveria chamar-se Cristianismo, que a idéia de Jesus deveria chamar-se Cristianismo e não Igreja do Caminho e foi aí que começou de fato a primeira Igreja de Jesus Cristo.

            Essa Igreja que nós hoje estamos homenageando cresceu nos Estados Unidos para, logo em seguida, atravessar as suas fronteiras e se expandir por todo o mundo. Hoje está presente em mais de 200 países e territórios. De todas as nações associadas à Organização das Nações Unidas, a Igreja está presente em 135, representando mais de 70% dos países filiados. Mais de 60 mil missionários - Que homens extraordinários! - estão espalhados por todas as latitudes do globo terrestre! A Igreja tem mais de 11 milhões de membros e não pára nunca de crescer. A maior área de crescimento fora dos Estados Unidos é a América Latina. Neste continente o Brasil e o México lideram as taxas de aumento de fiéis. O mesmo dinamismo acontece no Chile, no Peru, na Argentina e na Guatemala. Por outro lado, as maiores concentrações de mórmons estão nos Estados Unidos, em toda Europa, no Canadá, na América Latina, na África e na Escandinávia.

            Alguns meses após a sua organização, a ira e a inveja dos intolerantes forçaram a igreja a mudar-se. Vejam como a história religiosa se repete. Houve intolerância com Cristo e a sua igreja; os seus apóstolos. Intolerância com os mórmons também. Perseguidos, Joseph Smith e seus seguidores estabeleceram uma nova sede em Kirtland, no Estado de Ohio, onde o primeiro templo foi construído, em 1836. Apesar da mudança, a perseguição não cessou e os membros da igreja se dirigiram ainda mais a oeste, para a região do Missouri e mais tarde para o Illinois, onde, em 1839, a igreja fundou a próspera comunidade de Nauvoo, que abrigava mais de 11 mil habitantes. Na época, era a maior cidade de Illinois.

            Quanto maior era a perseguição, mais temperados na luta os missionários se demonstravam. Desígnios de Deus; nem mais e nem menos do que isso.

            Nessa comunidade de Illinois, os negócios cresceram. As fazendas que foram abertas se tornaram prósperas. A paz se instalou e um grande templo foi construído. Todavia, a felicidade deles não duraria para sempre e, mais uma vez, a violência e a perseguição contra o direito de livre manifestação religiosa estava presente. As colheitas foram queimadas, animais foram mortos, lares foram destruídos, o templo foi profanado e, como se não bastasse tanto ódio, o profeta Joseph Smith, juntamente com seu irmão, foram covardemente assassinados, em 27 de junho de 1844.

            Porém, a sucessão veio a tempo: o apóstolo Young, que presidiu o Quórum dos Doze Apóstolos, foi escolhido para seguir o caminho traçado por Joseph Smith, como presidente da igreja. Outra vez pressionados pela coação, foram obrigados a atravessar o rio Mississipi, em busca de maior segurança e de uma vida, pelo menos, um pouco mais tranqüila. Finalmente, em 24 de julho de 1847, a primeira caravana de pioneiros, composta de 148 homens, mulheres e crianças, chegou ao Vale do Grande Lago Salgado, no Estado de Utah. Nos anos seguintes, milhares de simpatizantes vindos de inúmeras regiões dos Estados Unidos se instalaram no lugar e transformaram, em pouco tempo, aquela vastidão desértica em um vale verde com árvores, casas, fazendas, escolas e hospitais. Que gente benfazeja! Que gente operosa! Que gente religiosa! Que gente resistente a todos os sofrimentos!

            Quatro anos após a chegada no Vale do Lago Salgado, os mórmons já estavam construindo povoados em todo o Oeste americano. A título de exemplo, fundaram vilas e cidades no Arizona, no Sul do Canadá, na Califórnia, em Idaho, no Novo México, no Norte do México, e no Wyoming. Por volta de 1857, e já haviam fundado 135 comunidades, com uma população de mais de 75 mil pessoas. Em 1887, as colônias equivaliam a uma área de 2.200 Km, do Canadá ao México.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como disse no início desse pronunciamento, os primeiros missionários mórmons iniciaram seus trabalhos no Brasil há oitenta anos, quase um século. Suas pregações começaram em Santa Catarina, em uma colônia agrícola alemã situada na localidade de Opimo. O ponto de referência foi uma família alemã, que havia adotado a igreja antes de emigrar para o Brasil, em 1923. Um ano após o primeiro contato com os germânicos, diversos missionários desembarcaram no Brasil, principalmente na região de Santa Catarina. É importante salientar que a dificuldade de conhecimento da Língua Portuguesa foi um grande obstáculo ao desenvolvimento do trabalho inicial dos pregadores mórmons.

            Mesmo assim, com o passar do tempo, as barreiras lingüísticas foram sendo superadas e a missão mórmon começou a ganhar terreno em nosso País.

            Em 1935, foi criada a missão São Paulo Brasil. Com a eclosão da 2ª Guerra Mundial, o trabalho foi interrompido e os missionários voltaram para os Estados Unidos. Somente em 1948, com o fim do conflito, a igreja retornou ao País. Hoje, o seu crescimento é vertiginoso em todo o território nacional.

            No Brasil inteiro, existem mais de setecentas capelas e outras cem estão em construção. São templos divinos. Em São Paulo, Recife, Campinas e Porto Alegre, já funcionam e ministram seus ensinamentos. Em construção, as de Curitiba e Manaus. A igreja possui centenas de milhares de fiéis no Brasil, e esse número cresce a cada ano.

            Seu clero não é profissional nem pago, o que é admirável. As atividades eclesiásticas são ministradas por membros da sociedade que doam parte de seu tempo para servir à igreja, sem dela nada cobrar jamais. Assim, velhos, jovens, crianças, homens, mulheres, estudantes, empresários, intelectuais, profissionais liberais, homens públicos, lideranças comunitárias e qualquer pessoa, todos podem participar, como lideranças da igreja e todas as suas atividades.

            É a partir da sede, situada na cidade de Lago Salgado, Salt Lake City, que milhares de congregações em todo o mundo são supervisionadas. Dessa maneira, em qualquer país, os escritórios existentes estão em contato permanente com o centro de supervisão, de onde recebem orientação. Em Lago Salgado estão situados os escritórios das autoridades gerais, que são dirigidas pelo presidente da Igreja, considerado um profeta de Deus. A Primeira Presidência compreende o Presidente e seus dois conselheiros - é uma estrutura algo parecida com a da Igreja Católica. Abaixo da Primeira Presidência, a maior autoridade é o Quórum dos Doze Apóstolos.

            Nobres Srs. Senadores, para a Igreja Mórmon, a unidade familiar é a base principal do equilíbrio social, da harmonia e da felicidade. Eu nunca tive dúvida de que a família é a principal instituição da humanidade. Assim pensa por igual a Igreja dos Mórmons. Os seus pregadores ensinam que o casamento é sagrado, os seus ensinamentos religiosos têm o poder de fortalecer a estrutura familiar e de engrandecer o lar, porque baseados na paz e na esperança. Para solidificar seus laços, a Igreja incentiva o estudo do Evangelho e destina às famílias a maioria de suas atividades.

            O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Permite, Exª?

            O SR. EDISON LOBÃO (PMDB - MA) - Senador Camata, com todo o prazer, ouço V. Exª.

            O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Senador Edison Lobão, inicialmente, quero me congratular com V. Exª pela iniciativa desta sessão em homenagem aos 80 anos da chegada dos primeiros missionários mórmons ao Brasil. No Espírito Santo, participei com alguma coisa da história dos Mórmons no meu Estado. Eu era dos Diários Associados, como V. Exª foi também jornalista dos Diários Associados, e trabalhava na TV Vitória, quando chegaram os dois primeiros Élders - porque eles usavam uma camisa branca, uma gravata preta e uma calça preta. Eu os entrevistei por várias vezes na televisão perguntando qual era o objetivo. Eles eram norte-americanos, mas falavam português com pouco sotaque, pois foram treinados para chegar lá.Candidatei-me a Vereador na época e andava favela, morro, classe média, loja, botequim e, em todos os lugares, me encontrava com eles. Esses dois missionários que lá estavam eram onipresentes. Vários amigos meus foram convertidos à Igreja Mórmon. O primeiro templo foi feito no bairro de Maruípe, até num lote de um amigo meu que era fotógrafo do jornal, que se converteu. Hoje há vários templos Mórmons por todo o Estado do Espírito Santo. Entrei um pouco, como Pilatos no Credo, na história do desenvolvimento da Igreja Mórmon no Espírito Santo. Depois, tive um episódio interessante na minha vida sobre os Mórmons. Eu era convidado pelo Departamento de Estado Norte-Americano, quando ainda era Deputado Federal, e fizemos um vôo com direção a Washington. Era um dia de domingo e, antigamente, no avião, serviam uma refeição quente - não era como hoje, que é um sanduíche ou uma barra de cereal. Quando fui servido, pedi um vinho. A um certo momento do vôo, a aeromoça colocou um copo enorme de papelão em cima, dizendo assim: “Não beba por enquanto”. E eu perguntei, depois, a ela por que não podia beber. Ela me disse: “O avião está sobrevoando o Estado de Utah, onde, aos domingos, é proibido beber bebida alcoólica em público. Quando eu tirar o copo, depois de atravessarmos o Estado de Utah, o senhor pode continuar bebendo vinho”. E eu disse: “Mas tem algum perigo”? Ela disse: “Não tem tanto, mas, se alguma autoridade de lá embarcar um fiscal, o senhor desce e fica seis meses na cadeia lá”. De modo que há obediência à lei, mesmo passando por cima do Estado. Hoje sei como a Igreja Mórmon tem a história de todas as famílias do mundo arquivada, guardada, microfilmada, digitada. Se, no tempo de Adão e Eva, já existissem os mórmons, a história da humanidade estaria toda na nossa mão. Fui dono de uma das primeiras bíblias de Joseph Smith, que me deram um dia quando eu estava entrevistando esse missionários. Quero que esse fato registrado pelo Senado seja um fato cívico para o Brasil pelo desenvolvimento da igreja e pelo bem que ela tem feito aos brasileiros.

            Cumprimento V. Exª. (Palmas.)

            O SR. EDISON LOBÃO (PMDB - MA) - Senador Gerson Camata, V. Exª faz um depoimento de natureza prática e objetiva. Muito interessante. Menciona o episódio do seu vôo aos Estados Unidos, passando por sobre o Estado de Utah. Realmente, os mórmons não bebem, não aconselham e até proíbem. Creio que existe aí a minha única discordância com os Mórmons, creio que existe aí a minha única discordância com os mórmons, porque Jesus Cristo tomava o seu vinho; os apóstolos todos tomavam vinho. É claro que, àquela época, havia um outro sentido no vinho, pois a água não era tratada, era poluída, gerando, de modo geral, problemas de toda natureza, e o vinho era puro. Não se tomava, portanto, o vinho com o sentido da embriaguez, mas com um sentido medicinal, que fosse. Mas os mórmons, hoje, adotam esse princípio. Não acho que façam mal, porque o vinho tomou outro sentido hoje. As pessoas buscam a bebida por outras razões; deletérias todas, ou quase todas.

            Estive em Utah, Senador Gerson Camata, a convite dos mórmons, até recentemente - soube até que o nosso Presidente, Senador Alvaro Dias, também irá lá. Que gente admirável! Visitei os templos, quase todos, participei de alguns momentos e me convenci, cada vez mais, que tenho uma frustração na vida: a de não ter sido um pregador evangélico, ou um pregador dos mórmons, ou até da Igreja Católica. Quanto eu desejava isso! Se bem que se, um dia, eu sair daqui e não tiver outra ocupação, se me aceitarem, vou tentar encaminhar-me por aí.

            Vejo a luta dos mórmons. Ela se difere da luta dos apóstolos de Cristo apenas numa coisa - no mundo moderno, as comunicações estão facilitadas. Os transportes existem; naquela época, não. Mas a obstinação, a dedicação que eles hoje incluem na sua religião é a mesma dos tempos de Cristo.

            São Paulo, depois de visitar inúmeras cidades da Galiléia, da Ásia, da Europa, fundando igrejas de Cristo, começou a receber, em Antióquia, cartas desesperadas de igrejas que ele havia deixado funcionando e que já então entravam em dificuldades, porque não poderiam continuar. E ele não sabia o que fazer, até com a dificuldade do transporte, como acudir a todas aquelas igrejas espalhadas por todo o território. E aí houve a inspiração de Cristo: escrever as epístolas; escrever cartas às igrejas com palavras de estímulo. São as famosas Epístolas de São Paulo, que a dificuldade de locomoção gerou. A história da Igreja é uma história fascinante, toda ela.

            Vejo aqui o oficial-general que representa o Exército nesta solenidade. Ali, o Senador Tuma, que esteve na Polícia Federal por muitos anos; o Deputado Moroni Torgan, que também militou na segurança.

            Eu hoje digo, sem nenhum receio de equívoco: as igrejas de Cristo promovem mais segurança no mundo, combatem mais a violência do que o aparelho policial de Estado. À medida que as igrejas atraem para o seu seio, para a sua intimidade, as pessoas estão seguramente sendo retiradas do vício da droga, da violência e de tudo o mais.

            Daí o meu encantamento cada vez maior com as igrejas e com a palavra de Jesus, cujo nome para sempre seja louvado.

            Prossigo, Sr. Presidente, e já vou concluir.

            Uma ampla programação dirigida às famílias é organizada com freqüência por eles. Semanalmente, nos lares, em seus templos e em outros lugares de oração, são organizadas noite familiares. Os “mestres familiares” assim são chamados e aproveitam a ocasião para levar mensagem de fé, de inspiração religiosa, de orientação e de boa vontade às famílias necessitadas. A Bíblia Sagrada, o Livro dos livros, o Velho e Novo Testamento, o Livro de Mórmon, os Escritos de Doutrinas e Convênios, Presidentes da Igreja e Pérola de Grande Valor não deixam de ser consultados durante esse trabalho paciente de orientação, unificação e evangelização. O batismo é também uma forma de manutenção da família e um dos acontecimentos mais importantes.

            Quando falta a religiosidade degrada-se, em geral, a família. Degradada a família, é o descaminho.

            Srs. Senadores, os mórmons já conquistaram o Brasil porque o nosso País está entre os maiores seguidores da religião. Segundo estimativas feitas por estudiosos em ciência da religião, em menos de 30 anos, um em cada 20 americanos será mórmon; o mundo deverá ter mais de 50 milhões de seguidores e existirá, pelo menos, uma congregação em cada país do planeta.

            No livro ainda não traduzido no Brasil, A Religião Americana - é o título do livro -, o autor, Harold Bloom, Professor da Universidade de Yale, afirma que os mórmons trabalham duro e sofreram todo tipo de perseguição para construir o seu formidável patrimônio religioso. Portanto, patrimônio de Cristo. O dia-a-dia de um mórmon é rigoroso, o que torna a religião elogiada por muitos. Eles são disciplinados, cumprem uma programação rigorosa, assumem compromissos e os realizam, têm comportamento reservado e são honestos. Assim, em tempos de violência e de dificuldade em organizar a vida, muitos vêem a conduta mórmon como uma orientação e um exemplo a ser seguido.

            Não é por acaso que, entre 2001 e 2006, no Brasil, o número de aderentes à religião cresceu mais de 460%. De acordo com a última pesquisa sobre o trânsito de fiéis, realizada pelo Centro de Estatística Religiosa em Investigações Sociais, do Estado de São Paulo, enquanto o crescimento mórmon no País aconteceu de maneira explosiva nos últimos cinco anos, o percentual de católicos - e eu sou católico - caiu de 74% para 67% no mesmo período.

            Lamento muito que tenha acontecido isso.

            Ainda bem que o católico, nessa estatística, não deixou de ser religioso; houve uma transferência, um trânsito de uma igreja para outra.

            Gostaria de finalizar minhas palavras dizendo que, neste início de século, vivemos em um País onde está sendo travada uma importante disputa religiosa. Todavia, diferentemente do que está acontecendo em diversos lugares do mundo, aqui essa competição por maiores espaços religiosos acontece de forma pacífica e democrática. Felizmente, não temos agressões pessoais ou trocas freqüentes de insultos nessa luta para arrebanhar o maior número possível de praticantes. Na verdade, no que diz respeito a esse aspecto, o Brasil é um País tolerante, e essa capacidade de aceitar as diferenças faz parte de nossa formação e do nosso espírito democrático.

            Dessa forma, louvo o comportamento correto dos pregadores mórmons em nosso País, que começaram a levar a sua palavra religiosa há 80 anos. Hoje, a igreja reúne milhares de praticantes em todo o território nacional, pessoas de todas as raças e de todas as crenças que batem todos os dias às portas dos templos mórmons em busca de abrigo espiritual. O cidadão desavindo espiritualmente está, automaticamente, desavindo também na sua casa, na sua cidade, no seu bairro, no seu país.

            Enfim, não podemos deixar de considerar que a presença permanente de Deus é incontestável no imaginário coletivo e na vida cotidiana de todas as classes sociais.

            Parabéns aos representantes da Igreja Mórmon pelo incansável trabalho religioso que realizaram até agora em nosso País. Agradeço por terem vindo até aqui ouvir nossas modestas palavras e receber as homenagens do Senado da República do Brasil.

            Senhoras e senhores, na viagem que fiz a Utah, num determinado momento, fui  convidado a comparecer a uma solenidade em que se homenageava um dos primeiros missionários americanos no Brasil. Ele foi para o Rio de Janeiro, ele e a mulher dele, recém-casados, não falavam o idioma, não tinham recursos financeiros e o sofrimento era atroz. Eles foram, aos poucos, se adaptando, mas antes começaram a pensar que sua missão iria fracassar. Oravam diariamente para que aquilo não acontecesse, para que Deus lhes desse forças para levar adiante a palavra de Cristo. Anos depois, já perfeitamente adaptados e prestando um bom serviço à causa de Deus, eles voltaram para os Estados Unidos, já então numa situação melhor, onde se tornaram empresários e prosseguiram a serviço da mesma causa: a causa da palavra divina.

            Sobre esse casal foi feito um filme por um brasileiro, que se encontra aqui no plenário do Senado, ao qual eu assisti. Será exibido daqui a pouco, às 15 horas - e convido a todos que puderem comparecer -, na Sala nº 2 das Comissões Técnicas do Senado.

            Eu assisti àquele filme com lágrimas nos olhos. Que exemplo admirável de sofrimento, de dedicação! Somente a palavra divina é capaz de mobilizar tanta gente, tanto esforço e tanto sofrimento sem nenhuma remuneração, sem nenhum benefício à vista que não seja a compensação espiritual, divina, no futuro.

            Como é mágica a palavra de Deus! Como ela é catalisadora! Como ela é inebriante! Como ela é convincente! Como ela é mobilizadora de consciências e de mentalidades! Aquele que se detém, um minuto que seja, na leitura da Bíblia que se encontra nos hotéis, por exemplo, não vai para o descaminho; segue as instituições divinas.

            Não quero prosseguir por mais tempo, embora desejasse, porque até já estou ansioso para ouvir a palavra do Senador Alvaro Dias, que aqui também vai falar sobre esta mesma matéria. Mas quero dizer que esta homenagem que o Senado da República do Brasil presta aos mórmons pelos seus 80 anos em nosso País é justa! É justa, porque todos eles estão a serviço da melhor consciência brasileira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2007 - Página 41657