O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, quero falar de um assunto que me preocupa no meu Estado. Não quero falar de CPMF; sobre esse assunto, falaremos em seguida.

            O SR. PRESIDENTE (Tião Viana/ Bloco/PT - AC) - Senador Agripino, uma pequena interrupção: a seguir, falará a Senadora Kátia Abreu, que ainda está inscrita como Líder, e, posteriormente, passaremos à Ordem do Dia.

            V. Exª tem a palavra.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN) - Fizemos hoje uma ótima reunião com democratas e tucanos. Compareceram todos. Sobre a bancada do PSDB, o Senador Arthur Virgílio haverá de falar. Fixaram uma posição uniforme.

            Hoje, quero falar sobre uma preocupação que me aflige e que se refere ao meu Estado.

            Sr. Presidente, estive na convenção do meu Partido no Município de Currais Novos há três semanas. Cheguei e encontrei, na entrada do recinto, um jovem, estudante universitário, estudante de Direito, que me convidava para fazer uma palestra em Caicó, no campus avançado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Caicó, sobre reforma política. De plano, aceitei, até porque tenho todo interesse em dividir minhas idéias e debater meu pensamento com estudantes universitários da minha terra. Já o fiz com estudantes de Direito da FAO, com estudantes de Administração da UNP e, agora, com estudantes de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus de Caicó.

            Mas, após a convenção, tive oportunidade de participar de uma reunião com meus companheiros de Currais Novos, inclusive com o ex-Prefeito Geraldo Gomes, que me trouxe uma preocupação que não é dele só, é da cidade toda, que é o abastecimento d’água de Currais Novos.

            O Município tem 42 mil habitantes e tem grande tradição no Estado. É um Município que, ao longo de anos e anos, foi o maior produtor do Brasil de tungstênio. As minas foram reativadas, e a cidade hoje está, Senadora Kátia Abreu, com 50% do abastecimento d’água em colapso, por falta d’água. Cinqüenta por cento da água de Currais Novos vem do Açude Gargalheiras, 50% vem do Açude Dourado. Em função da seca, o Açude Dourado zerou, está na lama retorcida, não tem um pingo d’água.

            Estive, nesse fim de semana que passou, em Caicó, para cumprir o compromisso da palestra, e fiz uma palestra que muito me agradou até pela qualidade das perguntas que me foram apostas durante o debate pelos estudantes de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus avançado de Caicó. Lá, tive oportunidade de anunciar algo que esteve ao meu alcance.

            Quando fui Governador, Presidente Tião Viana, passei por um drama semelhante ao que Currais Novos atravessa agora, que foi a falta d’água no Município de Santa Cruz, Município grande, pólo da região do Trairi. Eu era Governador, peguei o peão na unha e transformei uma área da cidade, do Município em um paliteiro. Consegui encontrar água e consegui atravessar a fase mais difícil com enorme obstinação. Desloquei inclusive Secretários de Estado da região, da terra, para ficarem morando em Santa Cruz, tal minha obstinação em resolver o seriíssimo problema de falta d’água em Santa Cruz, que eu queria ver resolvido em Currais Novos.

            Motivado pela angústia de Santa Cruz, que me levou a sentir a dor de Currais Novos nesse momento - porque metade da cidade não tem água, recebe-a por distribuição em carro-pipa ou por doação de sei lá quem -, nas emendas coletivas de bancada, tomei uma iniciativa. Caicó é um Município de gente muito valente. É a terra do ex-Senador Dinarte Mariz, homem que foi 1º Secretário desta Casa, fez história no Senado. O que Caicó é deve muito a Dinarte.

            Caicó, que é uma cidade de gente valente, onde há uma venturosa indústria de bonés, parou no tempo. Em matéria de evolução no campo econômico, parou, embora tenha uma enorme vocação calçadista e têxtil. E parou porque tem uma restrição chamada água, mas está próxima a um rio chamado Piranhas-Açu.

            Para fazer com que Caicó ressurgisse em termos econômicos, fiz, na minha emenda coletiva, emenda de bancada - e toda a bancada aprovou minha idéia -, uma nova concorrência para a Barragem de Oiticica, que vai barrar o Rio Piranhas-Açu, na altura de Jucurutu, e vai oferecer à região do Siridó água pelo Rio Piranhas-Açu, perenizado, e vai abrir para Caicó, que é uma das mais importantes cidades do meu Estado, a oportunidade econômica que está contida pela falta de água. A indústria têxtil e a indústria calçadista, que são consumidoras de água, vão poder se aventurar com essa obra construída pela ação que eu tomei, na medida em que a Barragem de Oiticica possa oferecer os 550 milhões de metros cúbicos represados.

            Muito bem! Eu faço este registro porque acabei de estar em Currais Novos, acabei de estar em Caicó e acabei de anunciar, em Caicó, essa emenda coletiva para uma obra grande, infra-estruturante, para uma região inteira, o que demonstra, é claro, as minhas preocupações.

            Eu quero fazer aqui um apelo às autoridades estaduais, à Governadora do Estado e às autoridades federais para que, assim como eu fiz na seca de Santa Cruz, olhem para Currais Novos, que é uma cidade com 42 mil habitantes, uma das dez maiores cidades do meu Estado, que está passando sede. Metade da cidade não tem água.

            Você já imaginou uma cidade - a sua Rio Branco - com metade da população sem água, o desespero das pessoas, as questões voltadas de saúde pública?

            De modo que eu quero, com este registro, Sr. Presidente, e agradecendo a oportunidade que é me é dada, a palavra que me é franqueada antes da Ordem do Dia, renovar o apelo às autoridades, ao Dnocs, ao Governo do Estado e ao Governo Federal para que adotem uma providência - porque existem providências viáveis - para que Currais Novos volte a beber água.

            Obrigado, Sr. Presidente.