Pronunciamento de Jayme Campos em 29/11/2007
Discurso durante a 220ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Lamento pelo episódio brutal ocorrido ontem no Mato Grosso, quando dois professores e um servidor da Universidade Federal, foram assassinados. Apelo ao Governador Blairo Maggi para que o Estado aceite a parceria da Polícia Federal na elucidação do caso.
- Autor
- Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
- Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SEGURANÇA PUBLICA.:
- Lamento pelo episódio brutal ocorrido ontem no Mato Grosso, quando dois professores e um servidor da Universidade Federal, foram assassinados. Apelo ao Governador Blairo Maggi para que o Estado aceite a parceria da Polícia Federal na elucidação do caso.
- Aparteantes
- Romeu Tuma.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/11/2007 - Página 42468
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
-
- APREENSÃO, HOMICIDIO, PROFESSOR UNIVERSITARIO, PRO REITOR, PREFEITO, CAMPUS UNIVERSITARIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT), INDICIO, ATENTADO, CRIME ORGANIZADO, DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO ESTADUAL, POLICIA FEDERAL, APURAÇÃO, CRIME, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, PUNIÇÃO, CRIMINOSO.
- SOLICITAÇÃO, GOVERNADOR, ACEITAÇÃO, PARCERIA, POLICIA FEDERAL, NOMEAÇÃO, COMISSÃO ESPECIAL, APURAÇÃO, VIOLENCIA, CRIME HEDIONDO.
- COBRANÇA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PRISÃO, CRIMINOSO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), IMPEDIMENTO, VIOLENCIA, VIOLAÇÃO, DIREITOS HUMANOS, ESTADO DO PARA (PA).
- CUMPRIMENTO, TRABALHADOR, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, MELHORIA, SITUAÇÃO, ENTIDADE.
O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei rápido, até pelo compromisso de iniciarmos os trabalhos desta tarde, mas venho comunicar um fato grave que aconteceu no meu Estado, Mato Grosso, anteontem.
Mato Grosso amanheceu ontem com um misto de revolta e de tristeza. Um véu de dor e de ressentimento encobriu nossa comunidade. Cinco balas assassinas irromperam a tranqüilidade da noite e mataram dois professores e um servidor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), de forma covarde e traiçoeira. Foi um crime bárbaro que ceifou a vida de três profissionais que se dedicavam à defesa da dignidade humana. O homicídio da pró-Reitora do Campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Rondonópolis, Soraiha Lima Miranda; do Prefeito do Campus, Luís Mauro Pires Russo; e do Professor de Zootecnia, Alessandro Luis Fraga, constitui-se uma das páginas mais infames da recente crônica policial mato-grossense.
Nossa sociedade, caro e ilustre Senador Romeu Tuma, está chocada diante da violência cometida contra pessoas inocentes, que nada fizeram além de promover a educação, a justiça social e a liberdade em nossa terra. Foi mais uma agressão vil e descabida ao nosso modo pacífico de vida, à nossa crença na perfeita vivência entre iguais e à nossa esperança de um mundo de seres comprometidos com a justiça e com o respeito à condição humana.
As balas, Senador Romeu Tuma, que atingiram mortalmente Soraiha, Luís e Alessandro também acertaram a autodeterminação do povo mato-grossense, que não agüenta mais conviver com a impunidade. A brutalidade dessa chacina nos revolta, mas a indignação de nossa gente será o combustível para lutarmos corajosamente contra a tirania do crime. A força moral de nossa geração vai vencer o banditismo, vai resgatar nossa sociedade das trevas e do medo.
Senador Romeu Tuma - um dos grandes exemplos de homem que prestou relevante serviço à segurança pública de nosso País -, esse homicídio deve ser apurado de forma exemplar. As circunstâncias ainda são nebulosas. As primeiras suspeitas indicavam para um latrocínio, mas, no decorrer da investigação, surgiram fortes indícios que apontam para um crime de mando. De qualquer forma, as autoridades mato-grossenses da área de segurança devem esclarecimentos à opinião pública nacional.
Nesse sentido, faço um apelo aqui desta tribuna ao Governador Blairo Maggi, para que o Estado aceite a parceria da Polícia Federal na elucidação desse caso. Mais do que isso, o Governo de Mato Grosso deveria nomear uma comissão especial com integrantes da área de inteligência da Polícia para apurar diuturnamente esse crime bárbaro que aconteceu em nosso Estado, principalmente, Senador Romeu Tuma, porque, passadas algumas horas da tragédia, apareceram suspeitas de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) no assassinato, visto que a Universidade reivindicava a desapropriação de terras que teriam sido compradas com o dinheiro do roubo do Banco Central em Fortaleza. A área serviria para a implantação de uma fazenda experimental para os cursos de Agronomia e de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis.
Outros indícios, Senador Romeu Tuma, sugerem que as mortes tenham ocorrido em função de uma auditoria interna na instituição comandada pela pró-Reitora. De qualquer forma, o crime ganha requintes de uma execução, de um bárbaro atentado contra a atuação honesta de servidores. Foi um ataque direto contra os educadores mato-grossenses.
Concedo um aparte ao Senador Romeu Tuma.
O Sr. Romeu Tuma (Bloco/PTB - SP) - Senador Jayme Campos, a amargura e a emoção com que V. Exª traz à tribuna esse bárbaro crime deixam-nos uma grande preocupação. V. Exª se manifesta assim hoje, e outros Senadores o fizeram com relação à agressão infamante no Pará. Enfim, a sociedade brasileira está atônita, paralisada diante de crimes bárbaros como o que V. Exª descreve. Um homicídio doloso, pré-concebido, sem dar o direito mínimo de tentativa de defesa às vítimas, não pode ficar no ostracismo. É preciso haver uma investigação rápida e a prioridade da Justiça para colocar atrás das grades os responsáveis. V. Exª dá um brado de alerta, e acredito que o Ministro da Justiça, a esta altura, ao lado do Governador Maggi, que é um bom Governador, um homem sério, que tem trabalhado pelo seu Estado, não terá constrangimento em conversar e em designar as autoridades que tenham realmente a capacidade de elucidar esse crime com a maior rapidez, primeiro, para punir os responsáveis; segundo, para que o fato não se repita mais.
O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma.
Espero que essas providências sejam tomadas não só pelo Governo de Mato Grosso, mas, sobretudo, pelo Governo Federal, por intermédio da Polícia Federal, tendo em vista que três servidores públicos federais foram vítimas desses assassinatos.
Sr. Presidente, para concluir, quero dizer que é lógico que qualquer homicídio deve ser lamentado, mas esse, em particular, tem contornos trágicos, não apenas pelo ato delituoso em si, mas por subtrair da vida acadêmica regional três de suas mais promissoras expressões. A Professora Soraiha era doutora em Educação, inclusive com livros publicados sobre o tema; seu colega Alessandro era um respeitado mestre em Zootecnia; e Luís, servidor da universidade há 22 anos, atualmente exercendo o cargo de Prefeito do Campus em Rondonópolis. Mais que a perda desses profissionais de alto gabarito, esse crime hediondo fere o espírito altivo de nossa gente. Enquanto esses criminosos estiveram soltos, impunes, Mato Grosso continuará de luto.
Dessa forma, Sr. Presidente, meus caros Senadores, minhas caras Senadoras, espero que o Governo Federal tome providências, para que fatos como esse, fatos que aconteceram no Estado do Pará com relação à violência, não se repitam mais no Estado brasileiro. Lamentavelmente, hoje, o bandido tomou conta deste País. Esta Casa tem a obrigação de levantar a voz e de cobrar do Governo Federal providências, para que fatos como esse jamais ocorram novamente em qualquer cidade brasileira.
Encerro, Sr. Presidente, cumprimentando o pessoal da Central Única dos Trabalhadores (CUT), todos os trabalhadores presentes, dizendo-lhes que eles aqui contam com um valoroso Senador, o Senador Paulo Paim, que tem lutado incessantemente em prol das causas que vêm atender aos trabalhadores brasileiros. Faço questão de estar presente hoje aqui para votar o projeto de lei que, certamente, vai contemplar também todas as entidades que defendem a classe trabalhadora brasileira.
Muito obrigado, Sr. Presidente.