Discurso durante a 226ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio da apresentação do Projeto de Lei 107, de 2007, que propõe ao Governo Federal a doação do Palácio Gustavo Capanema ao Governo do Rio de Janeiro.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Anúncio da apresentação do Projeto de Lei 107, de 2007, que propõe ao Governo Federal a doação do Palácio Gustavo Capanema ao Governo do Rio de Janeiro.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2007 - Página 44234
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, FUSÃO, ESTADO DA GUANABARA (GB), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), TRANSFERENCIA, NOVA CAPITAL, COMPROMISSO, ORADOR, ATENDIMENTO, INTERESSE, AMBITO ESTADUAL, ESPECIFICAÇÃO, DESTINAÇÃO, PATRIMONIO HISTORICO, ARQUITETURA, PALACIO, EDIFICIO, ANTERIORIDADE, SEDE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), AUTORIA, GRUPO, OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, PARTICIPAÇÃO, ARTISTA, SUPERIORIDADE, QUALIDADE, PATRIMONIO ARTISTICO.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, OBJETIVO, UNIÃO FEDERAL, DOAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EDIFICIO, ANTERIORIDADE, SEDE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MELHORIA, CONSERVAÇÃO, PATRIMONIO ARTISTICO.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores dos vários Estados da Federação, os senhores sabem muito bem que a Capital do Brasil, minha cidade do Rio de Janeiro, no Estado da Guanabara, mudou com a fusão.

            Quando Brasília foi criada, uniu-se a Guanabara com o antigo Estado do Rio de Janeiro. V. Exªs sabem também que a Capital do Brasil foi transferida para Brasília no dia 21 de abril de 1960. Foi uma mudança radical, uma mudança primorosa. Realizou-se o sonho dos Constituintes de 1891. Desde esse tempo que havia uma preocupação dos políticos em transferir para a área central, para o interior do País a Capital. Não havia uma política de interiorização.

            Pois bem, estou falando de meio século. A Capital já está aqui há quarenta anos. Os funcionários vieram do Distrito Federal, da Guanabara. E a lei que criou a fusão é objeto de uma Mensagem do Presidente Geisel. Ele diz, claramente, que foi responsável pela transferência da Capital, só ele, o ex-Ministro da Justiça Armando Falcão e o seu assessor especial Heitor Aquino. Isso está lá, muito bem escrito e gravado no seu livro autobiográfico, publicado recentemente e que hoje explica muita coisa que aconteceu no seu governo.

            Mas o que quero falar é que tenho um enorme compromisso com o novo Estado do Rio de Janeiro, oriundo da fusão entre o antigo Estado da Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro, que ocorreu em 1975. Meu compromisso é com o Rio de Janeiro, e sério, porque o Senado, com as eventuais falhas que pode haver em qualquer casa legislativa, é o grande fórum da República. Não tenho dúvida disso. Mas é a primeira vez que se muda uma capital. Criaram-se Estados, mas mudança da Capital só ocorreu quando a sede ainda da colônia, a sede principal foi da Bahia para o Rio de Janeiro e lá ficou durante muitos e muitos anos, décadas. E o que fazer com o Rio de Janeiro? - pensaram, na época, os Deputados e Senadores que já estavam aqui, nesta sala, neste plenário. 

            O que fazer com o que ficou no Rio de Janeiro? O que fazer, por exemplo, com o edifício do Ministério da Educação, que é uma obra primorosa, uma obra-prima?

            Aquele ministério levou dez anos para ser construído. É um palácio que é uma marca de arte internacional, o Ministério da Educação. É o Palácio Gustavo Capanema. Quando foi construído e quando foi mobiliado, foram convocados os maiores arquitetos do País daquela época. E até alguns estrangeiros vieram aqui, ganharam dinheiro, deram palpite e pouco fizeram. Os principais responsáveis foram cariocas. O principal responsável foi Lúcio Costa. O principal responsável foi Oscar Niemeyer, que está completando cem anos e vai ser homenageado daqui a uns dias. Ele criou uma cidade.

            Foram eles que, com prestígio total e a força bruta que lhes deu Gustavo Capanema, com sua equipe, que, na época, era constituída por Carlos Leão Veloso, Affonso Reidy, Jorge Moreira e Ernani Vasconcellos, um grupo jovem e de sábios arquitetos, que construíram e inovaram no Palácio da Educação.

            Além de ser um monumento reconhecido internacionalmente pelas novidades, pelas inovações que trouxe - na época ninguém pensava que fosse realmente haver uma mudança da Capital -, o Ministério levou dez anos para ser construído, aquele Palácio. Inovou em tudo, na iluminação, na sustentação... São dezesseis andares, com 27 mil metros quadrados de construção. E foram chamados para decorar aquele Palácio os maiores artistas, os maiores pintores da época, a maior parte brasileiros. Portinari, por exemplo, foi chamado para pintar os murais. Guignard, outro exemplo de pintor imortal, tem diversas obras. Foi construído ali o melhor e o maior auditório para conferências e representações.

            É considerado o melhor porque tem a melhor acústica talvez do Brasil. Não há auditório melhor, mais amplo, mais consentâneo com as conferências, com os debates e com as atividades artísticas.

            Por isso, quando a capital veio para cá, quando eu assumi o mandato de Senador, um dos primeiros projetos que apresentei foi para o Governo Federal doar ao novo Estado do Rio de Janeiro aquele prédio, que está sem serventia, está subcuidado, está-se deteriorando, com todas aquelas obras que eu poderia nomear a V. Exª de artistas primorosos brasileiros. Não tem sentido haver um prédio do Ministério da Educação aí perto e haver outro prédio do Ministério da Educação antigo lá na cidade do Rio de Janeiro.

            Assim, Sr. Presidente, como este assunto é delicado, mas importantíssimo para a minha cidade do Rio de Janeiro, apresentei o Projeto de Lei do Senado nº 107, de 2007. Espero vê-lo discutido e aprovado, já não direi este ano, mas numa próxima sessão legislativa do Senado Federal.

            Quero deixar registrado que esta foi uma das minhas iniciativas a favor do Estado que represento, com quem tenho responsabilidade.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Paulo Duque?

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Se o Presidente permitir, concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permite, porque eu queria trazer aqui a voz rouca das ruas. Todo mundo participou da sessão em que era julgado o Presidente desta Casa. Mas quero lhe dizer o testemunho da verdade. Olha, a minha esposa Adalgisa - aqui a gente vê, cansa, vai lá fora - ouviu a sessão. Quando cheguei lá, ela disse que V. Exª foi o mais vibrante e contundente de todos os oradores daquela sessão solene. Então, V. Exª é o Senador Paulo Duque. E agora, depois dessa vitória, V. Exª não é mais duque, é arquiduque.

            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Eu agradeço essa promoção de última hora, aqui em pleno plenário, perante pessoas tão importantes e célebres, estando na Presidência um grande líder do Paraná, que todos conhecemos e respeitamos.

            Proximamente, volto a este assunto para conversarmos, dessa vez sobre a arte que existe no Palácio Gustavo Capanema e que precisa ser preservada e bem cuidada, porque aquilo representa meio século de cultura.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pela prorrogação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2007 - Página 44234