Discurso durante a 226ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura de carta do Bispo Dom Luiz Flávio Cappio. Apoio ao nome do Senador Pedro Simon para o cargo de Presidente do Senado Federal.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. SENADO.:
  • Leitura de carta do Bispo Dom Luiz Flávio Cappio. Apoio ao nome do Senador Pedro Simon para o cargo de Presidente do Senado Federal.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Cícero Lucena, Mário Couto, Mão Santa, Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2007 - Página 44239
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. SENADO.
Indexação
  • EXPECTATIVA, RESPOSTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CARTA, BISPO, ESTADO DA BAHIA (BA), RETOMADA, GREVE, FOME, MOTIVO, DESCUMPRIMENTO, GOVERNO, COMPROMISSO, SUSPENSÃO, OBRA PUBLICA, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, AUSENCIA, DEBATE, ALTERNATIVA, ANUNCIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, DIRETOR, DIRETORIA EXECUTIVA, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), SOLIDARIEDADE, GREVE, FOME, BISPO, ESTADO DA BAHIA (BA), BUSCA, ALTERNATIVA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO SEMI ARIDA.
  • ATENDIMENTO, PEDIDO, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GOVERNO, SOLICITAÇÃO, SENADOR, ATENÇÃO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, CONFIANÇA, OPINIÃO PUBLICA, SUGESTÃO, INDICAÇÃO, PEDRO SIMON, CONGRESSISTA, CANDIDATURA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELOGIO, VIDA PUBLICA, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO, POLITICA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, REDEMOCRATIZAÇÃO, PREVISÃO, TRABALHO, UNIFICAÇÃO, MELHORIA, RELACIONAMENTO, LEGISLATIVO, EXECUTIVO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Srªs e Srs. Senadores, quero falar de um franciscano, Frei Luiz Flávio Cappio, agora referido pelo Senador Raimundo Colombo. Já o fiz quando da greve de fome que ele realizou em 2005. E agora, passados dois anos, conforme S. Exª assinalou em carta que aqui registrou, se tem em conta que não foi cumprido o acordo exatamente como havia o então Ministro Jaques Wagner, hoje Governador do Estado da Bahia, assumido com ele junto ao Presidente da República, de que haveria a suspensão das obras de transposição das águas do rio São Francisco tal como estava planejado e que haveria, antes de ser iniciada a obra, um profundo diálogo e debate a respeito. O diálogo não se realizou na forma como ele havia proposto.

            Inclusive, certa vez, o Ministro Geddel Vieira veio ao Senado, e transmiti-lhe a preocupação de Dom Luiz Flávio Cappio. Ele me disse que, afinal de contas, o Presidente Lula havia vencido as eleições, tinha na sua plataforma que iria realizar a transposição e que, embora ele até tivesse reservas originalmente em relação ao projeto, se sentia com o compromisso de defender a transposição.

            Mas avalio ainda ser importante que o Presidente Lula responda a esta carta, e espero que o faça, porque Sua Excelência sempre teve o maior respeito por pessoas com a história de Dom Luiz Flávio Cappio. E, como V. Exª aqui registrou a carta, escrita em 29 de novembro de 2007, ali em Sobradinho, dirigida ao povo do Nordeste, eu gostaria, então, de registrar esta carta, um pouco mais longa, pedindo que seja transcrita na íntegra.

            E quero também assinalar que, ainda hoje, um outro amigo do Presidente Lula, o economista e professor Paulo Nogueira Batista Júnior, recém-designado Diretor Executivo no Fundo Monetário Internacional, representando um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago), escreve um artigo, Dom Luiz não pode morrer, onde ele relembra essa história e, inclusive, as palavras de Dom Luiz Flávio Cappio na revista Estudos Avançados da USP ou São Francisco, a Razão e a Loucura, onde ele descreve o que é a greve de fome para quem a assume:

É uma agressão tremenda, já que faz parte do instinto humano a preservação da vida. Só tendo uma convicção espiritual muito forte podemos vencer o instinto. Os quatro primeiros dias são insuportáveis e muito dolorosos, porque se tem a expectativa do organismo pelo alimento que deve receber, que vem de fora. Depois disso, o organismo está psicologicamente preparado, pois sabe que não vai receber nada, e passa a se autoconsumir. Você não sente tanto a necessidade do alimento, mas o enfraquecimento é visível. Cada vez mais, você percebe a debilidade em seu corpo. Começa a faltar a memória, e aparecem as dificuldades de se locomover. Depois, fiquei sabendo que, pelas previsões médicas, eu agüentaria apenas mais dez dias.

            “Ora, hoje são dez dias já da greve de fome”, lembra Paulo Nogueira Batista as palavras de Leonardo Boff, que conhece Dom Luiz há muitos anos e que já advertira que, se o Governo implementasse o projeto sem levar em conta a existência de alternativas que muitos especialistas consideram mais baratas e socialmente mais eficazes, podemos contar com uma nova greve de fome do bispo. E, ainda, entre o povo que não quer a transposição e as pressões de autoridades civis e eclesiásticas, Dom Luiz ficará do lado do povo e irá até o fim. Então, a transposição será aquela da maldição, feita à custa da vida de um bispo santo e evangélico.

            Estará o Governo disposto a carregar essa pecha pelo futuro afora?

            Eu tenho a convicção de que o Presidente Lula vai pensar, vai refletir, ainda mais dadas as repercussões que estão ocorrendo neste horário, a partir das 16 horas. Ali na Catedral da Sé, em São Paulo, haverá um momento de reflexão e solidariedade a Dom Luiz Flávio Cappio.

            Eu não sou do Nordeste. Tenho procurado ouvir inclusive meus colegas do Senado - aqui muitos são favoráveis à transposição; outros são críticos, como D. Luiz Flávio. Mas avalio que assunto tão sério, que leva pessoas da seriedade e da história de D. Luiz Flávio Cappio a externarem sua posição, merece ser mais bem discutido. E faço aqui um apelo de amizade ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sentido de que possa ouvir, com muito respeito, a palavra de D. Luiz Flávio Cappio.

            Mas quero agora falar de outro franciscano e sobre os destinos do Senado Federal, pois recebi um apelo de minha Líder, a Senadora Ideli Salvatti, e da Líder do Governo, Senadora Roseana Sarney. Há um abaixo-assinado, que muitos Senadores já assinaram e tantos outros estariam e estão dispostos a assinar. Talvez esse abaixo-assinado - quem sabe? - pudesse significar, como é uma carta aos Senadores e Senadoras do PMDB, algum tipo de constrangimento. A outra coisa seria se fizéssemos esse apelo oralmente. Então, vou atender o apelo de ambas Senadoras, queridas, companheiras, para fazer o pedido ao Senado, aos Senadores, sobretudo aos Senadores do PMDB, para que possam ouvir o sentimento de tantos de nós.

            O apelo tem o seguinte sentido: nesta próxima quarta-feira, todos nós, os 81 Senadores e Senadoras, teremos uma decisão de enorme responsabilidade com respeito ao destino de nossa Instituição. Diversas pesquisas de opinião denotam que a imagem do Senado está muito baixa perante a opinião pública. A eleição do Presidente do Senado é importantíssima para resgatar a credibilidade desta Casa. Cabe ao PMDB, regimentalmente, como partido maior no Senado, a responsabilidade pela escolha do candidato prioritário. Temos a maior consideração e o maior respeito por todos os Senadores do PMDB, alguns dos quais já se apresentaram como candidatos - Senador Mão Santa, Senador Leomar Quintanilha, Senador Garibaldi Alves, Senador Neuto de Conto.

            Percebo, pelo noticiário, que há inclusive um movimento no sentido de que possa o Senador...

            Só um momentinho, Senador Mão Santa, eu me enganei se, por acaso, V. Exª não se apresentou.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Pelo contrário. Eu lancei, no encontro do PMDB, o nome de Pedro Simon.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sei. Mas, então, agora...

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Os outros, cada um, lançaram-se candidatos.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito bem.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu lancei o nome de Pedro Simon no encontro. É diferente.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito bem.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Acho que V. Exª está fazendo um trabalho extraordinário e não pode ser inibido nem por Ideli nem por Roseana. V. Exª está acima, está representando, digamos, o desejo do povo brasileiro.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Bem... Agradeço a V. Exª pela informação, Senador Mão Santa.

            Prosseguindo: todos nós estamos conscientes do extraordinário valor que esses Senadores que se apresentaram como candidatos têm e de quão bom pode ser o trabalho deles para o Senado à frente da Presidência. Mas gostaríamos de expressar um sentimento consensual que eu percebo ser de Senadores de todos os partidos, e é meu sentimento.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Eduardo Suplicy...

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Permita-me só concluir, e, com muita honra, concederei o aparte a V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Senador Eduardo Suplicy, o tempo de V. Exª já se esgotou. Mas, pela importância do assunto...

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sim. Permita-me só concluir, dada a relevância deste tema, Sr. Presidente e caro Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Quero fazer-lhe um agradecimento. Por isso, queria um aparte.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Mas eu darei o aparte.

            Há um Senador do PMDB, que tem uma história política formidável: foi Governador do Rio Grande do Sul, Prefeito de Caxias do Sul, está em seu quarto mandato de Senador e sempre dignificou seu mandato. Desde a fundação do MDB, ao lado das figuras maiores da história do Partido, como Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, com quem morou, Severo Gomes, Mário Covas, Franco Montoro - estes dois eram também do PMDB - e tantas outras, foi um grande companheiro nas lutas pela democratização das Diretas Já e por ética na política em nosso País.

            Nos diálogos informais que temos tido nesses últimos dias, pudemos detectar que o Senador Pedro Simon é a pessoa que poderá unificar, com todo entusiasmo, praticamente todos os Senadores, com vistas ao fortalecimento da democracia, ao aperfeiçoamento das relações entre o Congresso Nacional e o Poder Executivo.

            É certo que o Senador Pedro Simon, por vezes, tem feito críticas ao Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como fazia sobre os Governos dos Presidentes Fernando Henrique, do Presidente Collor - no Governo do Presidente Itamar Franco, ele foi o Líder do Governo -, dos mais diversos Governos quando na Oposição. Somos testemunha, entretanto, de como sempre soube manter uma relação construtiva de respeito e amizade com os Presidentes, em especial com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem, inclusive, ele esteve ontem conversando sobre os problemas do Rio Grande do Sul.

            Ali, esteve com os Senadores Sérgio Zambiasi e Paulo Paim, que me contaram da excelente conversa, do mais alto nível, inclusive de amizade, com o Presidente Lula. Quando faleceu o Senador Ramez Tebet, o Presidente Lula convidou o Senador Pedro Simon e outros para, no avião, voltarem com ele para Brasília. E, logo depois, marcaram um diálogo, para falar de tantas coisas importantes. E eu próprio sou testemunha da amizade que existe entre o Senador Pedro Simon e o Presidente Lula.

            Daí por que gostaríamos de, respeitosamente, sugerir a consideração dos Senadores e das Senadoras do PMDB, como o Senador Wellington Salgado e Mão Santa, que aqui se encontram, para que considerem a possibilidade de também o Senador Pedro Simon estar entre as escolhas.

            V. Exªs, felizmente, têm excelentes valores, mas avalio que, se for ouvida a voz de todos nós, vamos concluir, e o PMDB também, que o Senador Pedro Simon merece ser Presidente do Senado.

            O Senador José Sarney, por quem tenho o maior carinho e respeito, já foi Presidente do Senado, foi Presidente da República. E, para nós, que estamos tantas vezes aqui dizendo que ninguém é insubstituível, claro que está na hora, por seu merecimento, por sua história, por sua grandeza, por sua nitidez em sempre defender a ética, a democracia, o respeito por todos: o Senador Pedro Simon será um excelente Presidente.

            Concedo os apartes aos Senadores Cícero Lucena e Mário Couto, com muita honra.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Eduardo Suplicy, quero me somar às suas palavras e dizer que, ao ser procurado por V. Exª hoje, pela manhã, logo cedo, fiz questão de colocar minha assinatura, dando meu testemunho à história, à prática e ao procedimento do Senador Pedro Simon, que, além da sua formação religiosa, sem dúvida contribuiu muito para o processo democrático no País. Lamento profundamente o que ocorreu com tão boa iniciativa de V. Exª, não com o direito de interferir em outro partido, que não foi a sua intenção nem a minha, mas de dizer ao PMDB que era o momento oportuno para o reconhecimento de uma história. Posso dar o testemunho, inclusive, da relação que o Senador Pedro Simon tinha com o então Senador Humberto Lucena, do envolvimento, do comprometimento pela justiça social do País e pelo processo democrático.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Mas V. Exª continua com a liberdade de aqui expressar o sentimento.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - E é isso que estou fazendo.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - E as Senadoras Ideli Salvatti e Roseana Sarney disseram: que todos expressem seu sentimento oralmente - tudo bem - para, inclusive, demonstrarmos o nosso respeito à Bancada do PMDB.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Exatamente. É o que estou fazendo, somando-me às palavras de V. Exª e reconhecendo, inclusive, o valor da sua iniciativa. Esse não é um sentimento só meu, como também de outros companheiros do Partido que, se tiverem oportunidade, vão se expressar. Lamentamos esse pedido de retirar a assinatura, mas ninguém consegue retirar o eco da voz.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Não há pedido para retirar a assinatura, mas para que o apelo seja oral. Então, façamos o apelo oral, inclusive ao Senador Pedro Simon, para dizer à sua Bancada que, se é vontade de todos os Senadores e tantos Senadores, ele aceita.

            Então, esse é o meu apelo ao Senador Pedro Simon: se apresente a sua Bancada também.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Me somo ao seu apelo.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Mário Couto.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senador Suplicy, são muitos, logicamente, os nomes simpáticos dentro do PMDB: Sarney, Pedro Simon, Garibaldi, Wellington Salgado... São muitos os nomes. Mas deixe eu lhe fazer um agradecimento. São trinta segundos, Presidente, para fazer um agradecimento ao Senador. Às vezes a gente discute, as idéias são diferentes, como no caso da CPMF. Mas V. Exª me ajudou num problema crucial no meu Estado. V. Exª me disse uma vez que o Presidente Lula ou tinha informações da TV Senado ou via a TV Senado. E, logo que eu cheguei aqui, um dos primeiros pronunciamentos que fiz foi em relação ao Hospital Sarah. Mostrei a fotografia do hospital, mostrei como se encontrava, faltava bem pouca coisa para terminar, estava há quatro anos parado. E V. Exª imediatamente telefonou para Drª Lúcia, não é isso?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Drª Lúcia Braga, presidente da...

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - E aí então começaram as ações para, hoje, finalmente, graças a Deus, o Presidente da República estar inaugurando no meu Estado o Hospital Sarah. Eu sempre disse dessa tribuna, Senador, que não interessava quem pediu, quem não pediu, quem fez, não interessava a mim, inclusive, estar no palanque com o Presidente, hoje, festejando. Não interessava para mim. O que interessava, fundamentalmente, era que o hospital viesse a funcionar no meu Estado. Então, eu queria lhe agradecer, hoje, pela sua ação. E não foi só uma vez, não; V. Exª fez junto comigo várias ações, como também fez o Senador Paim e outros Senadores. Então, eu quero agradecer a V. Exª neste momento e dizer a V. Exª que eu não tenho nenhuma dúvida de que o povo paraense está agradecido àqueles que se esforçaram para que o Hospital Sarah Kubitschek pudesse funcionar na cidade de Belém, no Estado do Pará. Obrigado, Senador.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado, Senador Mário Couto.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Concedo o aparte ao Senador Wellington Salgado com muita honra.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Suplicy, eu costumo dizer que V. Exª é um dos Senadores mais educados desta Casa e, ao mesmo tempo, muito inteligente, pois sempre tem uma percepção do que acontece. O Senador Pedro Simon, como foi bem colocado, não é um Senador do Rio Grande do Sul, é um Senador do Brasil.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sem dúvida.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Isso foi dito na Bancada do PMDB quando houve aquele incidente junto à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Ali foi decidido que o Senador Pedro Simon é um Senador do Brasil, não é do PMDB. Agora, o PMDB é um partido que tem regras, em que tudo é decidido no voto, é um partido que não tem dono. Todo mundo fala que o PMDB é uma confusão danada, mas é porque não tem dono. Não é isso, Mão Santa? O Mão Santa, inclusive, na reunião, já tinha lançado o Senador Pedro Simon, na primeira reunião que nós tivemos. Agora, é preciso colocar o nome na lista. A lista está em aberto. Hoje, para mim, só existem quatro candidatos: Valter Pereira, Garibaldi, Quintanilha e Neuto de Conto. Por que os quatro? Porque os quatro colocaram o seu prestígio pessoal a serviço do partido e mostraram a cara dizendo: “Eu quero ser o Presidente do Senado”. Aí a lista não foi fechada. O Senador Garibaldi falou: Vamos fechar a lista? Não, não fechem a lista. Eu disse: Bom, vem alguma coisa por aí.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Está aberta então?

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - A lista ainda está aberta. Então, é só se inscrever para, terça-feira, nós decidirmos. Eu fico em uma situação... Como V. Exª bem colocou: o Senador Pedro Simon foi recebido pelo Lula, que viaja hoje com o Senador Sarney. Quer dizer, o PMDB é assim: você só sabe o que vai acontecer na hora e no voto. Não é, Senador Mão Santa? Vai ser no voto. Mas se o Senador Pedro Simon colocar o nome, com a história que ele tem, é um nome forte.

            É um nome forte dentro do partido e para o Senado Federal. V. Exª está de parabéns porque V. Exª vem, assume a posição e diz: olha, eu acredito nisso. E hoje V. Exª colocou uma idéia muito boa e para um homem que merece todo o nosso carinho. Obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Obrigado, Senador Wellington Salgado. Espero que o Senador Pedro Simon, estando aberta a possibilidade de ele inclusive se colocar perante o partido... Mas eu ouvi a notícia de que o Presidente Tião Viana ficou um pouco preocupado de o Presidente Lula manifestar preferência pelo Senador José Sarney, porque ele acha que a escolha deveria ser feita pelo Senado, pelos Senadores. Então, muito bem. A escolha deve ser feita pelos Senadores, e o Presidente Lula obviamente tem a possibilidade de opinar que ele gosta muito de um Senador que se dá muito bem com outro, e assim por diante; que seria ótimo que o Senador José Sarney fosse. Mas eu quero aqui dizer que é mais que legítimo que todos os 81 Senadores, que somos quem vamos votar, possamos nos expressar, da maneira mais livre, com a maior liberdade democrática, aquele nosso sentimento.

            Então, quero dizer, Senador Mão Santa, que estou falando como um amigo dos Senadores do PMDB e das Senadoras do PMDB, inclusive da Senadora Roseana Sarney, filha do Senador José Sarney. Eu transmiti a ela... Aliás, um sentimento que ela própria há cerca de um mês expressou na coluna do Ilimar Franco e Tereza Cruvinel, acho que ainda estava lá, que ela acharia ótimo e a preferência dela era o Senador Pedro Simon. Eu, aquele dia, até vim cumprimentá-la.

            Senador Romeu Tuma, também o Senador Cristovam gostaria de expressar o seu sentimento, importante, importantíssimo neste momento.

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Eu só me acautelo, porque V. Exª está em campanha eleitoral. Então, claro que é uma honra ouvir o Senador Cristovam. E V. Exª está com a coragem de expor o seu pensamento em favor do Senador Pedro Simon.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Suplicy, estou inscrito para falar hoje se houver tempo, porque a gente nunca sabe. Eu vou tocar nesse assunto também, provocado pelo senhor. Mas fico feliz que possa incluir no seu discurso um aparte em que eu me manifesto solidário com a sua preocupação com a democracia e com o Senado, porque essa é a preocupação. E nunca, talvez, desde o regime militar, a democracia esteve tão nas mãos do MDB - como o Senador Pedro Simon gosta de citar: MDB - quanto agora, porque a democracia depende da credibilidade e do prestígio desta Casa. E o prestígio desta Casa sempre depende do Presidente, mas agora, nas próximas semanas, muito mais do que em qualquer outro tempo. Então, congratulo-me com V. Exª por sua preocupação e quero ver se consigo tempo para falar também sobre esse assunto.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - E a sua conclusão, então, de apelo ao PMDB, permita que...

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Totalmente. De apelo ao PMDB. E vou acrescentar mais um apelo.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - É necessário mais um apelo: que o Senador Pedro Simon se disponha...

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não. Dois apelos, eu acho.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ... a se colocar como candidato. Isso também é importante.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Eu quero fazer dois apelos mais. Um, ao Senador Pedro Simon, para que aceite essa tarefa de que a Nação brasileira necessita.

            Mas vou fazer um apelo também ao Senador Sarney para que ele entenda que o cargo de Presidente aqui não vai lhe acrescentar uma linha no currículo e pode até diminuir algumas páginas na biografia dele. Muito mais interessante seria ele próprio apoiar o Pedro Simon para Presidente do Senado.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Eu agradeço. O Senador José Sarney tem muito para acrescentar à sua biografia, mas é uma questão de reconhecimento a uma pessoa que tanto serviço prestou a este País, e que, na minha avaliação, merece, sim, ser Presidente do Senado.

            Senador Mão Santa é o último, então.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - É muito importante. Todo mundo está refletindo. Ontem eu falei com um extraordinário Líder do PT, o Mercadante. Eu dei a minha preferência e expliquei por quê. Ele falava em Sarney. E quero dizer por que, professor Cristovam. Ninguém melhor do que o professor Cristovam nesta hora. Este drama do Senado já era esperado. Recentemente, lá no Piauí, que é o povo mais bravo deste Brasil, mais livre, mais independente, é o Piauí - a Paraíba vem depois. Eu estava num meio estudantil, numa universidade. Eles fizeram essa pergunta. Eu esclareci que a tendência, que a praxe é o partido majoritário. E que temos grandes nomes. Citei alguns nomes, lá no Piauí. Eles podiam ter me aclamado, era lá no meu terreiro! Atentai bem. Mas, quando eu falei “Pedro Simon”, os estudantes todos se levantaram e aclamaram. V. Exª entendeu?

            Ouça a voz rouca. Eram estudantes universitários. Platão disse: seja ousado, cada vez mais, com prudência. Eu tive a coragem na reunião. E ele saiu o candidato mais forte. Vamos analisar. Quatro se lançaram: Valter Pereira; depois, o meu irmão, camarada do Rio Grande do Norte, Garibaldi, Neuto de Conto, e Leomar Quintanilha. Cada um se lançou. Eu lancei o Pedro Simon. Então ele já partiu na frente. São dois votos, dez por cento. Então ele já partiu, e com V. Exª, liderando esse processo... Eu me lembro do Napoleão, o líder francês que disse que francês é tímido, mas quando tem um grande comandante, ele vale por cem. E V. Exª é um grande comandante, acompanhado - pois não posso dizer que é só - pelo Cristovam Buarque e por todos nós, como Cícero Lucena, que nos manifestamos. Então, neste instante, Deus não iria abandonar o Senado. Deus não abandonou o seu povo. Havia Golias, e Ele disse: vai lá, David, e mate o Golias. Havia o povo escravo e ele disse: vai lá, Moisés; e o Senado, desmoralizado, está aí o homem, a história, a virtude, o nosso próximo Presidente se nós quisermos virtude nesta Casa e que ela possa falar como o Senado Romano, o Senado e o povo de Roma, e nós possamos dizer o Senado e o povo do Brasil. E, para isso, a eleição de Pedro Simon é necessária.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Presidente Romeu Tuma, muito obrigado pela tolerância. Eu quero aqui transmitir a todos os Senadores e Senadoras, ao Presidente Lula, e aos Senadores José Sarney, Garibaldi Alves, Neuto de Conto, Valter Pereira e Senador Leomar Quintanilha, tenho o maior respeito por todos.

            Mas, hoje, tenho uma convicção fortíssima de que, se viermos a escolher o Senador Pedro Simon para Presidente do Senado Federal, iremos fortalecer extraordinariamente a nossa instituição e caminharemos passos largos na direção do que tanto desejamos.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Cartas do Frei Luiz


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2007 - Página 44239