O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - É muita bondade, e já inicio o dia muito bem, depois de ouvir as palavras elogiosas e generosas de V. Exª, Sr. Presidente, Senador Mão Santa.

Vim hoje a esta tribuna para falar de um pacote de projetos que estamos apresentando no Senado Federal para a federalização de algumas estradas de Mato Grosso, o que certamente será a redenção de Mato Grosso, sobretudo para a sua economia, gerada pelo agronegócio.

Srªs e Srs. Senadores, há 25 anos, Sr. Presidente, uma Unidade da Federação era dividida ao meio. Foram seccionados projetos ideais de desenvolvimento. A história foi partida pela metade. Nascia o Mato Grosso do Sul, um Estado promissor, consolidado economicamente e muito bem estruturado do ponto de vista político. Na posição norte, remanesceu o Mato Grosso, com uma grande integração quanto ao seu futuro.

Na época, a região encontrava-se carente de infra-estrutura, com baixa densidade populacional e vocação econômica indefinida. No momento da divisão, restou à população do Mato Grosso uma enorme inquietação, um vazio de poder e uma dúvida monumental: o que seria do nosso amanhã?

Pois bem, passados os anos nosso Estado venceu o pessimismo, ordenou a sua ocupação territorial e tornou-se a maior potência agrícola do País. Na esteira do desenvolvimento rural, apareceram investimentos privados, cidades surgiram e uma nova sociedade ganhou viço no panorama demográfico da região.

Mato Grosso, Sr. Presidente, é hoje uma síntese humana desta Nação. Lá vivem brasileiros de todas as partes do País, plantando sonhos e colhendo esperança. Essa moderna estrutura social e econômica, implantada com a incorporação do cerrado ao processo produtivo nacional, requer, antes de tudo, novos caminhos, traçados que encurtem a distância entre a produção e o consumo, trilhas que restituam a segurança para quem vive e para quem investe na região.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesse sentido, a Bancada Federal de Mato Grosso do Senado, composta pela Senadora Serys Slhessarenko, pelo Senador Jonas Pinheiro e por este que vos fala, encaminhou um pacote de projetos à Mesa Diretora da Casa, propondo a alteração do Plano Nacional de Viação, no intuito de modificar o traçado das BRs-251, 174, 080, 359, que é a M-0100, e 242; além de implantar uma nova rodovia federal no trecho compreendido entre o Município de Cáceres, passando por Porto Estrela, em direção a Barra do Bugres, subindo até a localidade de Itanorte, no médio norte do nosso Estado, indo até o entroncamento da BR-364.

O acordo já celebrado com as autoridades do Governo mato-grossense também permitirá a federalização de vários trechos de estradas estaduais, originalmente descritos como traçado de BR.

Mais do que abrir espaços, a ampliação da malha rodoviária regional vai redesenhar o modelo de exploração econômica de vastos territórios mato-grossenses, projetando um significativo acréscimo na produção estadual.

Trata-se da reavaliação do próprio conceito de desenvolvimento mato-grossense, porque, ao mesmo tempo em que incorpora importantes perímetros para o agronegócio, mantém intocadas as áreas de preservação ambiental e de reservas indígenas. Os novos eixos rodoviários estruturantes reorganizam aspectos do crescimento econômico e solucionam antigas demandas sociais.

Prezados Senadores Heráclito Fortes e Paulo Paim, para se ter uma idéia da relevância da BR-242 para a economia regional, basta dizer que seu traçado abriga um rebanho bovino superior a 1,6 milhão cabeças; ou ainda, uma produção de soja equivalente a 2,5 milhões de toneladas. Somente o Município de Sorriso é responsável pela colheita de 1,8 milhão de toneladas de soja; e o município de Juína concentra o maior rebanho do País, com 565 mil cabeças de gado de corte.

Atualmente, essas duas cidades não possuem interligação rodoviária entre si. O novo desenho da BR-242, passando por Sorriso e chegando até Juína, possibilitará a implantação de um novo eixo de escoamento que ainda alcançará o Estado de Rondônia, via BR-174, ou seja, passando também por Juína, Castanheira, Juruena, Colniza, Cotriguaçu, Aripuanã, saindo no Estado de Rondônia.

Além do caráter econômico, a nova configuração rodoviária em território mato-grossense visa, primordialmente, diminuir o desequilíbrio regional, estabelecendo conexões viárias entre setores de maior densidade produtiva com regiões de baixo desempenho. Esse é o caso específico da BR-153, que sai de llhéus, na Bahia, e vai desembocar na fronteira com a Bolívia, cortando Mato Grosso e unificando, numa mesma linha, Municípios de perfis econômicos diferenciados.

Os novos traçados definidos pela Bancada de Mato Grosso, com inteiro aval dos técnicos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura do Transporte e do Governo Estadual, orientam uma melhor logística de transporte e a conseqüente criação de uma estratégia que preveja a ampliação do potencial para o desenvolvimento das regiões abrangidas.

Vale destacar, Srªs e Srs. Senadores, que o crescimento de Mato Grosso se deu muito mais pelo ímpeto e o pioneirismo de sua gente do que pela ação governamental decisiva. Os projetos que apresentamos aqui permitem tão-somente um planejamento seguro e eficaz do sistema rodoviário estadual. Quanto aos investimentos para a modernização, a recuperação e a pavimentação dessas estradas, a luta começa agora.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essas obras são de fundamental importância para o nosso Estado. Para que tenham conhecimento, hoje nós pagamos por um produto que sai de Sorriso, de Lucas de Rio Verde, 30% a mais do que o normal, tendo em vista que vamos aos portos mais distantes. À medida que tivermos a BR-242 pavimentada, nós teremos, com certeza, uma redução de pelo menos 30% no seu transporte. Ou seja, a nossa produção será muito mais competitiva e deixará, com certeza, muito mais lucratividade aos nossos produtores.

Da mesma forma, a nossa BR-163 é um sonho de todos nós, mato-grossenses. Lamentavelmente, vários Presidentes já passaram pelo Estado prometendo, assegurando essa obra, que, até hoje, é apenas promessa. Todavia, lembrando o saudoso Rui Barbosa, não podemos perder a esperança de sonhar e estamos no aguardo agora, enquanto o Dnit promove licitação para fazermos com que a BR-163 se torne uma realidade.

Senador Paulo Paim, V. Exª é gaúcho. Aquela região do meu Estado, Mato Grosso, tem a maioria da sua população composta por gaúchos, que saíram lá do Rio Grande do Sul, que saíram do Estado do Paraná e foram implantar ali uma nova civilização moderna em plena selva amazônica.

Todavia, é de fundamental importância que essa obra da BR-163 seja concretizada, diminuindo sobremaneira os custos dos transportes, até porque sairemos por meio do Porto de Santarém.

Dessa forma, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vejo, neste exato momento, uma nova perspectiva, até porque é compromisso do Presidente Lula. Só espero que Sua Excelência não seja mais um presidente que vá a Mato Grosso prometer e depois não cumprir. Pior do que prometer é mentir, mas entendo que mentir é pior do que prometer.

Então, espero que essas obras sejam concretizadas ainda neste período do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, certamente, buscaremos o transporte intermodal também, que será por meio da Ferronorte, que está parada lá em Alto Araguaia, para ela possa prosseguir, vindo até Rondonópolis e, se possível até Cuiabá.

Temos a questão das hidrovias do Araguaia, do Tocantins, e o que queremos é apenas oportunidade, Senador Paulo Paim, até porque aqueles brasileiros que para lá foram fizeram-no incentivados pelo Governo Federal, na década de 70. Talvez V. Exª não se lembre dos problemas que havia lá no Estado do Rio Grande do Sul, de falta de terras para fazer assentamentos. O pessoal de Ronda Alta, lá no Rio Grande do Sul, todas essas pessoas estão no meu Estado de Mato Grosso. Graças ao bom Deus, todos já estão em uma situação privilegiada, pois as cidades, hoje, têm infra-estrutura, recebem o mínimo de atenção por parte do Governo Estadual. Se dependêssemos do Governo Federal lamentavelmente não teríamos essa grande produção agrícola com que o Mato Grosso tem contribuído.

De forma que venho aqui, com muita humildade, pedir apoio dos meus pares, no sentido de que os nossos projetos, em que estamos propondo a privatização dessas rodovias de Mato Grosso, possam ser vistos não apenas como a redenção do Mato Grosso. Também para o Brasil será bom, porque estaremos contribuindo muito mais com a balança comercial do que hoje.

Sr. Presidente, encerro as minhas palavras, dizendo ao povo do meu Estado, que com certeza me assiste nesta oportunidade, que nós estamos aqui, na trincheira, lutaremos todos os dias e todas as horas para que o Governo Federal nos dê contrapartida por tudo aquilo que temos produzido, até porque...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - O Senador Paulo Paim lhe pede um aparte.

O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Com muita honra, Senador Paulo Paim, concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Jayme Campos, V. Exª, como sempre, gentilmente fala do que eu chamo de povo do Sul, o povo gaúcho, que foi muito bem acolhido no seu Estado, onde procura reproduzir o que fez no Rio Grande do Sul. Queria lhe dizer - e até mexeu um pouco com as minhas emoções -, em relação à história de Ronda Alta, que, na noite em que aconteceu a ocupação - era uma terra que estava praticamente abandonada -, eu estava lá. Estava lá, acompanhei, houve uma ampla negociação. Enfim, construiu-se depois um grande entendimento. Parte daqueles agricultores depois se deslocou para o Mato Grosso. Faço este aparte a V. Exª, cumprimentando-o pelo pronunciamento, pela forma firme e muito convicta com que V. Exª defende os interesses do seu Estado. Isso é correto. Os três Senadores do Rio Grande estamos intercedendo, tensionando positivamente junto ao Governo Federal em matéria de investimentos no Rio Grande. Entendo que é correto também o tensionamento positivo que V. Exª faz neste momento, pensando no seu glorioso Estado. Por isso, parabéns a V. Exª. Sei que a gauchada está muito bem lá no seu Estado, com o apoio que V. Exª tem dado. Parabéns.

O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Obrigado, Senador Paulo Paim, pelo aparte.

É verdade, eles contribuíram muito com o nosso Estado. Se hoje somos o maior produtor de soja do Brasil, se somos o maior produtor de algodão, se temos o maior rebanho bovino - Mato Grosso tem 27 milhões de cabeças - e ainda temos, com certeza, espaço para produzir, evidentemente, foi graças a essa migração de valorosos brasileiros que ali chegaram, como os gaúchos, os paranaenses, os catarinenses, os goianos, os mineiros, os nordestinos. Enfim, é uma sociedade heterogênea. Temos a convicção de que Mato Grosso continuará dando alegria ao povo brasileiro, sobretudo ao Governo Federal, a quem, mesmo investindo pouco, temos dado muito retorno por meio da nossa grande produção.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho certeza de que esses projetos que eu, a Senadora Serys Slhessarenko e o Senador Jonas Pinheiro apresentamos nesta Casa contarão com o apoio e a participação efetiva de todos os Senadores e Senadoras que bem representam os seus Estados aqui no Senado Federal.

Muito obrigado e um abraço a todos.