O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

Senadora Serys, fique absolutamente tranqüila, porque a nossa amizade é inoxidável, resiste ao tempo e à chuva. Resiste às mudanças de comportamento do seu Partido.

Estou aqui, Senadora Serys, para lhe mandar uma série de declarações e afirmações de pessoas ilustres do seu Partido, tais como o Presidente Lula, feitas contra a CPMF, um pouquinho lá atrás. Aqui tem uma fantástica, do Palocci, dizendo que se prepararia para a renovação da CPMF, inclusive dando três alternativas. Não se prepararam. Não se prepararam.

Quando eu disse que V. Exª fazia uma ameaça é porque virou refrão. Antes, tínhamos ouvido aqui do Senador Wellington: “Ah, vocês vão chegar na base e vocês vão ver”. Como se a base fosse nos crucificar porque estamos aqui tomando conta do dinheiro do povo.

No momento em que o Brasil está querendo a CPMF, vemos o Tribunal de Contas proibir, suspender licitações de obras superfaturadas. O Presidente da República vai ao Rio de Janeiro dar R$12 milhões para escolas de samba. Gosto muito, adoro escola de samba; mas, num momento como este não podemos, até para dar o exemplo, fazer festa para escolas de samba. É muito bom para o Rio de Janeiro e para o Brasil, mas devemos pensar no País, na economia que é preciso ser feita, Senadora Serys.

O problema do Governo de V. Exª não é de arrecadação. O Governo de V. Exª está abarrotado de dinheiro. É problema de gestão! Tanto é que estamos com crise em outros setores que não têm CPMF. O Governo está vivendo uma crise de má administração. Isso acontece na saúde e na educação. As estradas estão esburacadas. Vão criar fundo para cada uma dessas graves crises que o Governo vive? É o questionamento.

Concordo. V. Exª, pressionada pelo Governador Blairo Maggi, que é um grande líder, aliou-se à sua cartilha eleitoral no Estado. Compreendo como é que são essas coisas; existe esse compromisso político. Blairo, inclusive, é um candidato à Presidência da República e V. Exª sabe disso. Eu até estudo a possibilidade de apoiá-lo como um grande realizador; no entanto, não sou obrigado a concordar que, pelo fato de o Mato Grosso precisar renovar uma dívida, nós tenhamos que votar pela CPMF.

Os acordos de V. Exª com o Governador Blairo, respeito-os todos. Aliás, depois que vi aqui o Senador Eduardo Suplicy ser porta-voz da Senadora Roseana, fiquei muito feliz, mas alguns companheiros ficaram muito frustrados porque passaram a vida inteira próximos à Senadora e não tiveram esse privilégio. Veja como o Partido de V. Exª muda! A metamorfose ambulante que o Presidente Lula tanto prega está aí.

Agora não fique pensando, Senadora Serys Slhessarenko, que o Brasil não está acompanhando isso. Vocês se protegem na blindagem pessoal do Presidente Lula, mas o povo brasileiro está atento ao que vem acontecendo. Daí por que fique V. Exª absolutamente tranqüila e, se precisar, eu vou ao Mato Grosso ajudá-la nessa justificativa de V. Exª com o Blairo, porque é para o bem do Mato Grosso. Não tem essa história de Esquerda, nem de Direita, não; V. Exª e o Blairo estão juntos porque querem o bem do Mato Grosso, e o Mato Grosso irá aplaudi-la, aí sim, porque V. Exª se uniu a um adversário. É outra questão.

Mas o voto da CPMF não pode ser colocado nem por V. Exª, nem por este pedagogo universal, que é o Senador Wellington Salgado. Nós não podemos levar a coisa dessa maneira, principalmente diante de um pedagogo, um educador; não se pode mostrar às criancinhas brasileiras que estão nos ouvindo neste horário que ou se vota ou não se chega em casa inteiro. Não é bem assim, meus caros amigos.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.