Discurso durante a 228ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio ao nome do Senador Pedro Simon para ocupar a presidência do Senado Federal.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Apoio ao nome do Senador Pedro Simon para ocupar a presidência do Senado Federal.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2007 - Página 44600
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, COMPETENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), INDICAÇÃO, NOME, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENTE, SENADO, SUGESTÃO, ORADOR, ESCOLHA, PEDRO SIMON, SENADOR, PRESIDENCIA, REGISTRO, INICIATIVA, CRISTOVAM BUARQUE, CONGRESSISTA, COLETA, ASSINATURA, APOIO, CANDIDATURA.
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, PEDRO SIMON, SENADOR, DETALHAMENTO, FORMAÇÃO, ATUAÇÃO, POLITICA, ISENÇÃO, AUTONOMIA, CONDUTA, CAPACIDADE, RECUPERAÇÃO, CONFIANÇA, SENADO, REITERAÇÃO, RESPEITO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente Antonio Carlos Valadares, Srs Senadores, na última sexta-feira, o Senador Cristovam Buarque, aqui presente, fez uma manifestação muito importante sobre a decisão tão significativa que teremos, todos os 81 Senadores, na próxima quarta-feira.

Eu, o Senador Cristovam Buarque e tantos outros Senadores estamos aqui fazendo uma mensagem aos Senadores e Senadoras do PMDB, pois, tanto pela Constituição como pelo Regimento Interno do Senado, cabe ao Partido majoritário, em princípio, indicar quem será o nosso Presidente. É desejo de todos nós, Senadores, respeitar essa designação que a Bancada de 20 Senadores do PMDB fará. Conforme o Senador Valdir Raupp, Líder do PMDB, anunciou há pouco, a reunião do PMDB se realizará amanhã, às 9 horas, aqui no Senado Federal.

Nessa reunião, os 20 Senadores do PMDB dialogarão e, conforme o desejo do Senador Valdir Raupp, vão, na medida do possível, chegar a um consenso sobre o nome a ser escolhido, primeiramente pelos 20 Senadores do PMDB e, em seguida, pelos 81 Senadores.

O que inúmeros Senadores, hoje somando bem mais do que 30, estamos transmitindo ao PMDB? Respeitando que, obviamente, eles têm toda condição de indicar um nome, e é mais do que legítimo que o façam, avaliamos como importante que os Senadores do PMDB possam ouvir as palavras e o sentimento do conjunto dos Senadores, que estamos - tenho a mais plena convicção disto - todos ouvindo o sentimento da maioria do povo brasileiro.

Qual é esse sentimento? De que, ao longo dos últimos meses, o Senado Federal passou por dificuldades. Nós, Senadores, tivemos nossa credibilidade, assim como a do Senado, muito abalada, atingida. E cabe, sim, um movimento no sentido de restabelecermos, resgatarmos a credibilidade desta instituição.

Com todo o respeito a cada um dos Senadores do PMDB, inclusive àquele que foi, até a semana passada, Presidente do Senado, o Senador Renan Calheiros, que, conforme eu próprio fui testemunha, tantas vezes aqui dialogou com todos os Senadores, em especial com o seu companheiro de Partido o Senador Pedro Simon, avaliamos que, para essa decisão tão importante, tendo em conta a história tão positiva de Senadores como Neuto de Conto, Leomar Quintanilha, Valter Pereira, Garibaldi Alves Filho, entre aqueles que se colocam como possíveis candidatos à Presidência, nossa avaliação sincera é que o Senador Pedro Simon tem uma história no Senado Federal, tem uma história no Brasil que muito dignificaria, fortaleceria o Senado Federal.

Quando, na última quinta-feira, as Senadoras Ideli Salvatti e Roseana Sarney me disseram para, em vez de registrar isso em documento, simplesmente expressar nossa avaliação, conversei com o Senador Cristovam Buarque e lhe transmiti o fato. A ponderação de S. Exª foi de que já havia sido coletada uma série de assinaturas e que seria difícil dizer aos Senadores que não deveriam colocar suas assinaturas.

Quero aqui, com muito companheirismo, dizer a minha Líder, Senadora Ideli Salvatti, e à Senadora Roseana Sarney, Líder do Governo do Presidente Lula no Congresso Nacional, que o nosso propósito é simplesmente expressar um sentimento como membros desta Casa que serão eleitores, não no sentido de nos imiscuir naquilo que é o direito dos Senadores do PMDB de indicar o nome, mas no de expressar o nosso sentimento, que reflete o sentimento de brasileiros e de brasileiras pelo Brasil todo, pois, se viermos a escolher, se o PMDB vier a escolher uma pessoa com a história do Senador Pedro Simon, nós estaremos muito próximos de alcançar um consenso praticamente unânime nesta Casa e para além do PMDB.

Claro que quero aqui transmitir uma palavra de atenção para com o Senador Garibaldi Alves, que tem conseguido o respaldo de muitos Senadores. Sim, eu reconheço todos os seus méritos como um Senador, sendo meu colega há muitos anos, que foi Governador do Rio Grande Norte e que parece estar tendo o apoio de inúmeros dos seus colegas.

Se nós olharmos o histórico do Senador Pedro Simon no próprio PMDB, se olharmos, inclusive, a sua experiência, o seu conhecimento, eu avalio que se trata de uma questão até de mérito, de reconhecimento ao trabalho de um colega nosso. De todos os Senadores, aquele que tem maior longevidade nesta Casa é o Senador José Sarney, que está no seu quinto mandato. Depois do Senador José Sarney, aquele que tem a maior longevidade, experiência, conhecimento de tudo o que se passou nesta Casa é justamente o Senador Pedro Simon, que está no quarto mandato.

Assim como o Senador Garibaldi Alves foi Governador do Estado do Rio Grande do Norte, o Senador Pedro Simon tem também como mérito ter sido um Governador muito querido e respeitado no Rio Grande do Sul, tanto é que, depois, foi eleito. Ele foi Governador de 1987 a 1990 e, depois, foi eleito Senador. Aqui sou colega dele desde 1991.

O Senador Pedro Jorge Simon, que nasceu em Caxias do Sul, em 31 de janeiro de 1930, advogado, professor universitário, político brasileiro, formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica, com pós-graduação em Economia Política, e é também especialista em Direito Penal. Professor da Universidade de Caxias do Sul, teve passagens pela Sorbonne, pela Faculdade de Direito de Roma. Foi Presidente da União Gaúcha de Estudantes Secundários, Presidente do Centro Acadêmico Maurício Cardoso, Presidente da Federação de Estudantes de Faculdades e Escolas Superiores Católicas do Brasil. Presidiu o I Congresso de Estudantes de Direito da América Latina, em Porto Alegre. Foi o Secretário-Geral da V Reunião Penitenciária Brasileira. Em outubro de 1956, foi eleito Presidente da Junta Governativa da UNE. Presidiu ainda a implementação da Aços Finos Piratini e a Comissão de Implantação do III Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul.

Foi justamente na sua vida partidária, como membro do MDB, companheiro desde o início do que foi o prenúncio...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE. Fazendo soar a campainha.) - Senador Eduardo Suplicy, quero informar a V. Exª que o seu tempo já está esgotado. Já lhe concedi um minuto e vou lhe conceder mais um minuto para o término do seu discurso.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Está bem.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Eu gostaria de um aparte, se possível, Sr. Presidente.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Permita-me...

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Eu vou lhe conceder mais um minuto.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Então, concedo o aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Suplicy, quero apenas dizer da minha satisfação em estar sendo seu companheiro nessa grande luta para desajoelhar o Senado Federal, porque acho que esse é o nosso objetivo. Sr. Presidente, para desajoelhar o Senado, não basta mudar o Presidente. Vamos precisar de muitas outras coisas, e o senhor próprio já tem se manifestado a esse respeito. Mas não há dúvida de que o ponto de partida é a maneira como o povo olha hoje para a nossa Casa. E a escolha do próximo Presidente vai ser determinante para saber se o povo vai dizer “continua tudo como está” ou “começou uma mudança no Senado”. Não vai bastar para dizer que mudou, mas para dizer que começou uma mudança. O novo Presidente vai encarnar este Senado, e vai estar na cara desse novo Presidente “continuidade” ou “novidade”; vai estar escrito “credibilidade” ou “descrédito”. Vai estar escrito isso na cara dele. Sabemos por nós próprios, entre nós, que hoje não há um nome do PMDB e mesmo entre todos os 81 Senadores que tenha mais nitidez de ter no seu rosto a cara da credibilidade que Pedro Simon. A maior parte dos outros, sobretudo do PMDB, vão significar continuidade. Ao lado da credibilidade, autonomia, Presidente Valadares. Não podemos ter um Presidente que seja visto como Ministro do Poder Executivo.

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Essa cadeira que o senhor está sentado, Sr. Presidente, não é a cadeira de um Ministro; é a cadeira do Presidente de um Poder, ou pelo menos do Presidente do Senado, do Poder que é o Congresso. Deve haver autonomia não de um oposicionista ao Governo, porque o Presidente do Senado não é oposicionista nem situacionista - o problema é que querem colocar um situacionista, continuísta -, nem também a continuidade dos mesmos que há anos de mandatos sucessivos se repetem na Presidência do Senado. Por isso, eu fico feliz quando vejo que a nossa lista, só para dizer, tem 32 nomes assinados, se comprometendo. E, se o Presidente me permite, eu leio aqui os nomes dos que já assinaram este compromisso. Eu creio que não vai haver tempo, porque deve haver muita pressa. Mas eu gostaria de ler os nomes outro dia, talvez amanhã, de quantos assinaram. Eu vou tentar, Sr. Presidente, me desculpe, mas eu acho que este momento é tão importante: Adelmir Santana, Alvaro Dias, Antonio Carlos Valadares, Arthur Virgílio, Augusto Botelho, Cícero Lucena, eu próprio, Delcídio Amaral, Demóstenes Torres, Eduardo Azeredo, Eduardo Suplicy, Eliseu Resende, Flávio Arns, Flexa Ribeiro, Gerson Camata, Heráclito Fortes, Jayme Campos, João Durval, José Nery, Lúcia Vânia, Marcelo Crivella, Mário Couto, Marisa Serrano, Osmar Dias, Patrícia Saboya, Paulo Paim, Romeu Tuma, Sergio Zambiasi, Tasso Jereissati. O Senador Jefferson Péres assinará amanhã. O Senador Raimundo Colombo e o Senador Papaléo Paes assinaram hoje. Outros Senadores me disseram que não assinam apenas porque querem ainda tentar pelo PMDB. O Senador Mão Santa não assinou porque não estamos pedindo assinatura ao PMDB; o único que assinou foi Gerson Camata, quase que por um descuido, porque não queriam o PMDB. É a possibilidade de termos um Presidente cuja cara traga escrito “autonomia” e “credibilidade”. Eu espero que o PMDB amanhã entenda que o povo brasileiro está de olho no Senado, está de olho no PMDB, e nós precisamos ter uma cara diferente. Por isso, eu estou contente de estar ao seu lado, Senador Suplicy, junto com todos esses outros 32, 33 que já assinaram e os outros que, amanhã, bem provavelmente, chegarão a 41. E, chegando a 41, vai ser muito difícil parar esse movimento.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Vou concluir, Sr. Presidente.

Agradeço ao Senador Cristovam Buarque as palavras. Também me sinto feliz de estar nessa batalha com ele, porque considero esta uma causa dos brasileiros, em homenagem a uma das pessoas que mais lutou pela democracia, por ética na política, pelo engrandecimento do Senado Federal.

Enfim, são muitas as ocasiões em que, Senador Antonio Carlos Valadares, nós dois e todos os outros, Senador Alvaro Dias, Senador Cristovam Buarque, vimos a história ser mudada em função de pronunciamentos, de palavras, de atitudes e de gestos do Senador Pedro Simon, nas Comissões, seja na de Constituição e Justiça, seja na de Assuntos Econômicos, seja da tribuna do Senado. Tantas vezes observamos episódios históricos em que ele fez enorme diferença, inclusive para mostrar a luz, o melhor caminho, o melhor sal da terra.

Tenho todo o respeito aos demais pré-candidatos à Presidência que estão à disposição do PMDB e ao próprio Senador José Sarney, que seria, sem dúvida, um fortíssimo e grande candidato à Presidência do Senado. Mas, de acordo com as suas próprias palavras, desta vez, não está sendo candidato à Presidência do Senado e nem o quer ser, avaliando ainda que o Senador Valdir Raupp conduzirá, com a maior isenção, a importante reunião de amanhã.

Por essa razão, reitero: o nosso propósito é o de respeitar a decisão do PMDB.

Nós estamos simplesmente transmitindo um sentimento aos Senadores do PMDB. E o próprio Senador Pedro Simon nos assegura que vai respeitar a decisão da maioria do PMDB e continuará, sim, qualquer que seja a decisão, membro do Partido que ajudou a fundar, do qual é um dos participantes mais ilustres, e um companheiro nosso que tem tanto honrado o Senado Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2007 - Página 44600