Pronunciamento de Jayme Campos em 13/12/2007
Discurso durante a 233ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Manifestação sobre o momento de compromissos com o povo brasileiro vivido ontem pelo Senado, em razão da votação DA PEC da CPMF.
- Autor
- Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
- Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SENADO.
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Manifestação sobre o momento de compromissos com o povo brasileiro vivido ontem pelo Senado, em razão da votação DA PEC da CPMF.
- Aparteantes
- Paulo Paim.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/12/2007 - Página 45350
- Assunto
- Outros > SENADO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- REGISTRO, IMPORTANCIA, SESSÃO, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, ANALISE, RELEVANCIA, ATUAÇÃO, SENADO, DEMONSTRAÇÃO, SOBERANIA, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, LEGISLATIVO, COMENTARIO, VIDA PUBLICA, ORADOR.
- COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, MENSAGEM (MSG), INTERNET, ENDEREÇAMENTO, GABINETE, ORADOR, AUTORIA, CIDADÃO, MUNICIPIO, NOVA XAVANTINA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ELOGIO, ATUAÇÃO, SENADOR, VOTO CONTRARIO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), PRESERVAÇÃO, POPULAÇÃO.
- ADVERTENCIA, INEFICACIA, NEGOCIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, REGISTRO, IMPORTANCIA, EMPENHO, FACILITAÇÃO, ENTENDIMENTO, BENEFICIO, POPULAÇÃO, DEMONSTRAÇÃO, DISPONIBILIDADE, DEMOCRATAS (DEM), DIALOGO, GOVERNO.
- ELOGIO, ATUAÇÃO, CESAR BORGES, PEDRO SIMON, SENADOR, SESSÃO, EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).
O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente em exercício, companheiro e amigo Governador César Borges, demais Senadoras e Senadores, antes de mais nada, venho hoje a essa tribuna dizer que vivemos ontem um dia muito importante para o Senado Federal. O Senado deu uma demonstração inequívoca, clara, de que é um Poder independente.
Quero confessar, aqui, de público, que durante esse espaço de mandato que estou tendo nesta Casa, eu me sentia fragilizado diante de tudo aquilo que vinha ocorrendo nos últimos tempos. Fui eleito, nas últimas eleições, pelo meu Estado de Mato Grosso, onde tive a primazia de ser Governador.
Venho da cidade de Várzea Grande, da qual tive a oportunidade de ser três vezes Prefeito. E, diante de tudo aquilo que eu tinha visto aqui, das turbulências que esta Casa vivenciou nesses últimos seis ou sete meses, percebi ontem que o Senado Federal, a partir de agora, vai ter as suas prerrogativas restabelecidas em toda a sua plenitude. Eu acho que vivemos um momento de glória, de altivez, de grandeza e, acima de tudo, do compromisso que temos com o povo brasileiro.
Estou muito mais orgulhoso, porque recebi do povo de Mato Grosso, daqueles que me confiaram esta procuração, só no dia de hoje, algumas centenas e mais centenas de e-mails. Recebi algumas centenas também de telefonemas no meu celular, no do meu assessor e no meu gabinete, todos eles nos cumprimentando, nos felicitando, pela forma corajosa com que ontem desempenhamos nesta Casa a nossa função, votando contra a CPMF.
Nem fiz uso da palavra ontem, até porque havia mais de 50 oradores inscritos, e eu achei por bem, num gesto também de respeito aos próprios colegas, permitir que o trabalho de votação dessa PEC tivesse a maior rapidez possível. Abri mão do meu direito de falar.
Mas ouvi atentamente vários Senadores e Senadoras que fizeram uso da palavra. Muitos me chamaram a atenção, condenando veementemente a forma como são tratadas as oposições aqui nesta Casa, aqueles que não se coadunam, não pensam e não votam como o Governo quer.
Temos de fazer uma reflexão e dizer ao povo brasileiro, sobretudo, de tudo aquilo que foi dito aqui por companheiros, colegas e Senadores, que muitos não usaram da verdade, dizendo que os democratas eram contra o trabalhador brasileiro; dizendo que os democratas eram contra o bolsa-escola; dizendo que os democratas eram contra uma saúde pública de boa qualidade. Não é nada disso, meus senhores e minhas senhoras. Muito pelo contrário, o que fazíamos aqui, naquele exato momento, era a defesa de uma política tributária justa e compatível com a renda da sociedade brasileira. E só seremos um país de Primeiro Mundo quando tivermos políticas claras, definidas, que possam atender ao conjunto da população.
E estou muito feliz, alegre e contente por saber que está restabelecida a autoridade desta Casa. Esta Casa, meu caro amigo, Senador Mão Santa, não é uma Casa de barganha, não é uma Casa onde acham que vão comprar Senador com emenda de R$ 50,00, de R$ 100,00 ou de R$ 1.000,00. Não!
Eu vim aqui com a confiança de 65% dos brasileiros que moram no meu Estado. Eu vim aqui para defender políticas públicas que certamente possam contribuir para resgatar a cidadania plena de todo o conjunto de uma população.
De forma que ontem nós conseguimos um grande intento. Pressões e mais pressões, todos nós que não votamos com a CPMF, sofremos, Sr. Presidente. Contudo, eu quero dizer que valeu a pena, eminente Senador Pedro Simon, ícone desta Casa!
Chamou muito a minha atenção um e-mail que recebi, dentre milhares, de uma cidade do meu Estado de Mato Grosso, Nova Xavantina, lá na região do Baixo Araguaia - fica a mais de 1.100 quilômetros da capital do Estado:
Prezado Senador Jayme Campos, quero desta forma expressar meu aplauso a V. Exª pelo seu voto contra a CPMF, com o qual tão bem representou eleitores seus, como é o meu caso. Dessa forma, sinto-me bem representado no Senado Federal e tenho a satisfação de constatar que meu voto em V. Exª não foi perdido e nem foi dado em vão.
Como seu eleitor desde 1990, continuarei expressando minha opinião junto a V. Exª por sua atenção no Senado Federal, aplaudindo e repudiando suas ações de acordo com a minha opinião, com o objetivo de bem informá-lo de minhas posições.
Se muitos eleitores fizerem isto, terá o nobre Senador, um termômetro que avalie seu eleitorado e o ajudará a se posicionar melhor perante os grandes temas nacionais.
Receba, portanto, meus cordiais parabéns e os agradecimentos por bem representar condignamente, com certeza, a grande maioria dos seus eleitores mato-grossenses.
Antonio Carlos Maia Pinto Gouveia, da Cidade de Nova Xavantina.
Como este, recebi algumas centenas de e-mails e também de telefonemas.
Quero dizer aos Líderes dos Partidos que compõem a base de sustentação do Governo Lula que não somos contra o Governo do Presidente Lula. Estamos abertos ao diálogo. Desde o início do encaminhamento dessa matéria, ela já iniciou errado. O Governo, usando da força governamental, patrolou lá na Câmara Federal e queria usar do mesmo instrumento, esta ferramenta, para patrolar aqui os Srs. Senadores.
E nós, Senador Magno Malta, não podemos concordar. V. Exª, da base aliada do Governo, pode ter certeza de que foi bom para todos nós, Senadores. Foi bom para esta Casa, para saber que o Senado Federal será independente como sempre foi. O Senado Federal não pode ser visto como mercadoria de troca. O Senado Federal é a Casa revisora.
O Senado Federal não pode ficar à mercê de políticas que certamente o povo possa aplaudir. Não. Por isso venho aqui, com a consciência tranqüila, pois não tentei, nem jamais tentarei prejudicar nenhum cidadão brasileiro.
Estamos dispostos ao diálogo - volto a reiterar. Estamos prontos para somar, estamos prontos para dar nossa contribuição, mas que sejamos, de forma respeitosa, tratados por aqueles que naturalmente dependem do apoio dos Senadores que têm compromisso com a Nação brasileira.
Senador Paulo Paim, como já disse a V. Exª, por quem tenho o maior apreço na medida em que todas as vezes temos mantido aqui um diálogo transparente, franco, com objetividade, V. Exª pode ser o porta-voz junto à Presidência da República, dizendo que os Democratas não têm nada contra o Governo do Presidente Lula, que os Democratas estão abertos para o diálogo e para o entendimento. O que nós queremos é ser respeitados. O que nós queremos é conversa franca. Jamais eu, particularmente, posso falar em meu nome, aceitarei nenhum tipo de negociata, nenhuma negociata feita na calada da noite. Aceitarei negociata para o bem do Brasil e para o bem do seu povo. Do contrário, nunca, jamais agirei de outra forma, até porque a minha trajetória não me permite. A minha trajetória sempre foi na defesa do interesse de toda uma coletividade. E não é à toa que estou aqui. Não é à toa que o povo do Mato Grosso me confiou essa procuração. Não é à toa que o povo do Mato Grosso me confiou cinco mandatos.
Por isso, meu caro e estimado Presidente César Borges, V. Exª também foi, ontem, um homem firme; um homem que, certamente, foi cobrado pelo próprio Partido a que V. Exª está filiado, mas V. Exª me disse que votava com a sua consciência, votava com aquilo que V. Exª achava ser o melhor para o Brasil. Por isso, eu não posso deixar também de cumprimentá-lo, de parabenizá-lo por esse gesto de grandeza e de altivez demonstrado na tarde e na noite de ontem.
Se me permite, Sr. Presidente, concedo um aparte ao Senador Paulo Paim.
O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Jayme Campos, eu vou usar só um minuto. Eu quero dizer que não só V. Exª conversou comigo, como também ouvi uma entrevista de V. Exª com outro Senador do Mato Grosso na CBN. E lá V. Exª dizia, com toda a clareza que estavam esperando ainda algum fato novo que colaborasse para o entendimento, para a negociação. E V. Exª dizia ser um homem de Partido e que, se não houvesse negociação, se não houvesse entendimento, teria então de votar com o Partido. Então, V. Exª nunca omitiu o seu ponto de vista e falou diversas vezes, não somente para mim, mas para outros Senadores da base do Governo que torcia para o entendimento. É uma pena que a proposta veio na última hora e criou insegurança, embora o brilhante apelo feito pelo meu querido e Líder Senador Pedro Simon. Parabéns a V. Exª.
O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim, muito obrigado, Sr. Presidente. É essa a minha opinião; sempre serei, Senador Pedro Simon, não vou mudar nenhum centímetro, até porque estou com quase sessenta anos de idade. Não cheguei aqui de graça. Eu cheguei aqui, porque o povo de Mato Grosso sempre confiou nesse velho companheiro deles que é o Senador Jayme Campos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.