Discurso durante a 230ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Marinheiro.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração do Dia do Marinheiro.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2007 - Página 44958
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • COMENTARIO, QUALIDADE, ORADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, ANTERIORIDADE, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMANDANTE, FORÇAS ARMADAS, DEBATE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ANTIGUIDADE, INSUFICIENCIA, EQUIPAMENTO MILITAR, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, AMERICA DO SUL.
  • ELOGIO, CONGRESSO NACIONAL, AUSENCIA, ALTERAÇÃO, PROGRAMA, REAPARELHAMENTO, FORÇAS ARMADAS, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PROJETO, MARINHA, CONSTRUÇÃO, SUBMARINO, PROPULSÃO, COMBUSTIVEL NUCLEAR, POSSIBILIDADE, EXPORTAÇÃO, MATERIAL MILITAR.
  • HOMENAGEM, MARINHA, ELOGIO, EMPENHO, ATUAÇÃO, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL, APOIO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, AUMENTO, REMUNERAÇÃO, MILITAR, ADVERTENCIA, NECESSIDADE, AUSENCIA, RETROCESSÃO, DECISÃO.

O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Sr. Almirante-de-Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha; Sr. General-de-Exército Enzo Martins Peri, Comandante do Exército; Sr. Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica; Sr. Almirante-de-Esquadra Júlio Saboya de Araújo Jorge, Chefe do Estado-Maior da Armada, em primeiro lugar, eu queria agradecer a generosidade sempre crescente do Senador Romeu Tuma, que, possibilitando a inversão na ordem dos oradores, permitiu que eu, como Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, pudesse me dirigir aos senhores nesta manhã.

Antes dos cumprimentos à Marinha pela sua data, quero, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dar o testemunho de uma experiência que vivi ao longo deste ano.

O Brasil não tinha conhecimento - e, se alguns o tinham, era muito limitado - da real e grave situação por que passam as Forças Armadas brasileiras. Era um assunto que não se tratava de maneira clara; era um tabu. Eu achava, meu caro Senador Zambiasi, que esse era um sistema que não trazia benefício para as partes. Ao assumir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, propus audiências públicas com os Comandantes das três Forças. E aí vimos, de maneira muito positiva, o resultado dessas audiências. Vimos a situação crítica das três Forças, mas nós vimos uma coisa fantástica: a garra, a determinação e o otimismo do militar brasileiro, e foi exatamente sob esse prisma que nós demos continuidade às três audiências, ouvindo os representantes das três Forças.

A partir daí, vimos que o Brasil está numa posição crítica, disputando, numa indesejável olimpíada, o terceiro ou o quarto lugar na América do Sul. Nós, que fomos preparados para a paz e que temos a convicção de que este é um País de paz, nunca nos preocupamos com nenhum tipo de corrida armamentista. Ainda bem! Porém, circunstâncias nos fizeram olhar com cautela essa questão.

E aí, mais uma vez, Sr. Presidente, o Congresso Nacional exerceu um papel que a sociedade precisa reconhecer. As emendas que competem às comissões setoriais geralmente eram disputadas, legitimamente, por Deputados, por Senadores, para projetos localizados. Pela primeira vez, recebemos as emendas vindas das Forças da maneira que vieram, sem nenhuma correção, Sr. Presidente, exatamente porque tínhamos a convicção de que, neste momento de crise, não cabia nenhuma interferência no projeto de reequipamento das Forças Armadas.

A Marinha, com seu fantástico projeto nuclear, ou seja, o de construção do tão desejado e tão esperado submarino, mostrou-nos que estava preparada não só para construir, mas também para gerir essa tecnologia e, inclusive, exportá-la.

Eu quero citar aqui um exemplo da situação crítica das nossas Forças Armadas, meu caro Senador Alvaro Dias.

O General Enzo, na sua exposição, mostrou, na Amazônia, um dos veículos utilizados, um Jeep Willys 1951, o famoso “Cara Baixa”. Eu sou de uma geração em que quase todos aprenderam a dirigir naquele tipo de carro, uns oriundos da guerra da Coréia, e eles ainda estão - vejam bem - prestando serviço ao Exército brasileiro. Eu me espantei e alguém me disse lá: “Não, nós temos fuzis, nós temos armas de 1945”.

Meu caro Presidente, esta sessão de homenagem à Marinha, além de ser uma homenagem justa, é, acima de tudo, um alerta. Essa experiência que nós vivemos neste ano tem que se repetir, Srs. Comandantes, Srs. Militares. E nós temos que mostrar que a proximidade permanente, não-eventual, entre as Forças Armadas e o Congresso brasileiro é altamente positiva para o País. O diálogo é fundamental. Vocês têm canais naturais, como o Senador Romeu Tuma, que tem sido um defensor permanente de questões relativas às Forças Armadas. Sou apenas um Presidente eventual, mas bastou sentir na pele a questão vivida pelas Forças brasileiras para me sensibilizar e me inscrever espontaneamente nesse mutirão de recuperação.

Quero parabenizar, de maneira muito especial, a nossa Marinha pelo esforço que faz em formar profissionais, enfrentando dificuldades, escassez de equipamentos e tendo pela frente este imenso mar territorial brasileiro.

Recentemente vimos vizinhos mais abastados comprarem seis submarinos. Sr. Presidente, se aqueles submarinos forem funcionar na costa do país que os adquiriu, vamos ter um engarrafamento equivalente ao da Avenida Paulista, dado o espaço e a pouca utilização, a pouca vantagem. E o Brasil, tão grande, lutando para chegar aí.

Portanto, como Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, não poderia deixar de dar este depoimento. E quero também, finalizando, mostrar minha alegria.

Vi, pela primeira vez ontem, o Ministro da Defesa começar a falar do aumento para os militares. Era necessário, mas é preciso que o Ministro não recue, como recuou - ou, pelo menos, está esperando - na questão do espaço entre as poltronas das aeronaves civis. Esse assunto não pode parar.

Estamos vivendo hoje num país que bate recordes de arrecadação. Nomeiam-se, muitas vezes, sem necessidade, cargos de DAS, bem como, meu caro Senador Zambiasi, inexperientes militantes que recebem mais nas suas sinecuras do que os militares que deram sua vida inteira a serviço do Brasil.

Essa é uma questão que não é da Marinha, não é do Exército, não é da Aeronáutica; é do Congresso e do Brasil, e nós não podemos nos afastar dela.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2007 - Página 44958