Discurso durante a 225ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comenta o fato de que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva também fez greve de fome quando era sindicalista e metalúrgico.

Autor
Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comenta o fato de que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva também fez greve de fome quando era sindicalista e metalúrgico.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2007 - Página 44238
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, TENTATIVA, GREVE, FOME, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, ATUAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, DEPOIMENTO, ORADOR, EX-DIRETOR, POLICIA FEDERAL.
  • COMENTARIO, GREVE, FOME, BISPO, PROTESTO, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu pediria desculpas a V. Exª, mas o Senador Mão Santa trouxe um fato histórico, Senador Colombo.

            Em respeito à palavra de V. Exª, entendo que cada cidadão tem independência para tomar as suas decisões na busca daquilo que é do seu interesse, principalmente um bispo que representa uma coletividade.

            O Senador Mão Santa referiu-se a uma greve de fome do então líder operário Luiz Inácio da Silva, Lula. E havia, por determinação da Justiça Militar - este é um fato histórico que estou relatando -, a prisão preventiva do Lula e de mais vinte e poucos líderes trabalhistas das grandes greves que houve na década de setenta.

            No dia seguinte, eles ficaram comigo, na minha sala, todos eles. E havia o Alemãozinho, que hoje faz oposição ao Lula, que foi detido em Santo André e não queriam que ele se apresentasse. Ficou na Prefeitura, quando o Prefeito Tito Costa - do PMDB, se não me engano - o abrigou.

            Lá se encontravam Montoro, Quércia. Uma série de Parlamentares entraram em contato comigo. Havia uma ordem de prisão contra o Alemãozinho. Havia outras coisas que a área militar queria. Eu não permiti que houvesse violência alguma. E pedi que ele se apresentasse junto com os representantes que o quisessem.

            Ele chegou, não estava bem, houve uma discussão muito forte entre ele e o Lula e outros membros que estavam lá. Expliquei, então, que eu tinha que suspender; não podiam ficar na minha sala, no meu gabinete. Recolhi-os ao xadrez para evitar um confronto físico.

            No dia seguinte, o advogado Greenhalgh - ele foi deputado, todos o conhecem - veio me comunicar que eles tinham decretado uma greve de fome em protesto à prisão. Eu fiz um apelo a ele: “Não são criminosos; é um problema de ordem praticamente trabalhista; a Justiça Militar poderá rever isso, vai recorrer para que eles fiquem em liberdade”. Mas disseram: “Está decidido”.

            Eu desci ao xadrez, fechei-me lá com eles e conversei:”Vocês não são terroristas. Por que essa greve de fome? Vou dar três dias como se fosse o jejum muçulmano. Se vocês fizerem greve por três dias, vou chamar os médicos, porque aqui ninguém vai morrer nem sofrer alguma conseqüência por essa greve”.

            No dia seguinte, o Lula pediu-me que fosse ao xadrez. Fui. Ele disse: “Não vamos fazer greve de fome, não há nenhum sentido nisso aqui. Nós queremos comer”. O que fiz? Fui a um restaurante grego, encomendei lula à doré e servi aos vinte e poucos. E eles quebraram a greve de fome. Mas eles decidiram por ela por uma decisão do então advogado Greenhalgh. Era um direito deles. Eu não podia escamotear esse direito, mesmo sendo presos. Mas eu tinha que tomar outras providências de ordem médica, porque V. Exª sabe que, se uma pessoa ficar dez, quinze dias sem comer...

            Quanto ao sacrifício que o bispo está fazendo, a conseqüência física é só dele. Mas como é que ele chegou a ter conhecimento público do protesto? Pela greve de fome, que ele já tinha feito anteriormente. Ele foi chamado, fizeram o acordo, e ele suspendeu a greve. E há quanto tempo isso está paralisado? Ele voltou à greve, dizendo: “Já que não me atenderam e não têm consideração pelo que faço, tenho que chamar a atenção outra vez para aquilo que me propus a fazer.”

            Não sei se fui claro, Senador. Peço desculpas ao senhor, mas acho que são fatos que a gente viveu e que não se pode deixar no ostracismo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2007 - Página 44238