Discurso durante a 236ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Louvor ao comportamento do Senador Paulo Paim, a frente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. Homenagem ao pastor evangélico Samuel de Oliveira Santos, da primeira Igreja Baptista da cidade de Itapetinga, no interior da Bahia. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS. HOMENAGEM.:
  • Louvor ao comportamento do Senador Paulo Paim, a frente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. Homenagem ao pastor evangélico Samuel de Oliveira Santos, da primeira Igreja Baptista da cidade de Itapetinga, no interior da Bahia. (como Líder)
Aparteantes
César Borges.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2007 - Página 45778
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS. HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, PAULO PAIM, SENADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO, DIREITOS HUMANOS, DEFESA, ADIAMENTO, VOTAÇÃO, POSSIBILIDADE, DEBATE, APERFEIÇOAMENTO, PROJETO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO, HOMOSSEXUAL, MOTIVO, ERRO, TEXTO, PROPOSTA.
  • HOMENAGEM, PASTOR, IGREJA EVANGELICA, ESTADO DA BAHIA (BA), RESPONSAVEL, CONVERSÃO, FAMILIA, ORADOR, REGISTRO, BIOGRAFIA, SACERDOTE.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, começo registrando o meu agradecimento a V. Exª, porque quem sabe não eu tenha tempo de fazê-lo depois. Neste momento, eu me preparei para vir à tribuna para falar um pouco mais sobre CPMF e, como só sei discursar com o coração, recuso-me a deixar que essas coisas entrem pela minha mente, esses números não me convencem.

Agradeço a V. Exª pelo seu comportamento na Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, com relação ao PL nº 122, que discute a homofobia, já com um nome muito errado, porque eu não sou homofóbico, e homofobia é doença. Não o projeto em si, com as propostas que contém, até porque não somos discriminadores - V. Exª não o é, como eu também não o sou - entendemos o texto da lei, que já está na Constituição brasileira, como justo, porque diz que é crime discriminar, seja negro, seja índio, seja evangélico, seja católico, por sexo, raça, etnia, mas estamos discutindo sutilezas no texto da lei e, à frente de todo esse trabalho que fizemos para impedir a votação dele, para que ele não fosse votado e pudesse ser melhor discutido, amadurecido e levado para o próximo ano, esteve V. Exª, num entendimento com a Senadora Fátima Cleide e com todos os Senadores. V. Exª foi necessário, responsável, teve a visão de todos, a visão do coletivo, no sentido de que precisamos amadurecer para não irmos para um embate desnecessário, quando não estamos discutindo as pessoas e suas escolhas, mas apenas sutilezas que existem no texto da lei.

Portanto, receba a minha gratidão e o meu abraço pelo comportamento de V. Exª à frente dessa Comissão.

Senador Sibá, eu gostaria de falar um pouco mais sobre CPMF, mas não vou falar, porque preciso usar este tempo, Sr. Presidente, para falar de uma figura que eu reputo das mais importantes para a vida de uma comunidade, da importância para a vida da minha família e para a minha vida, de uma forma muito pessoal, Senador César Borges.

Estou-me referindo, Sr. Presidente, ao pastor evangélico Samuel de Oliveira Santos. Tenho aqui alguns dados que a minha assessoria levantou sobre ele, dados que eu já conhecia, mais precisamente em relação a datas.

Eu nasci exatamente um ano depois de ele ter chegado à região de Itapetinga. E tal foi a minha felicidade com a chegada desse homem, Senador, que ele apresentou o Evangelho a minha família. Apresentou o Evangelho a minha avó, D. Martinha. E minha avó, que era viciada em cachimbo, fumava cachimbo, um vício que a família toda tinha, minha avó conhece o Evangelho e se liberta do vício. O meu tio mais velho conhece o Evangelho; minha mãe. E, quando eu tenho a felicidade de vir ao mundo, já vim nos braços de uma mulher que conhecia o Evangelho, conhecia Jesus, pela instrumentalidade, Senador Paim, desse jovem pregador, desse jovem pastor, lá do alto dos seus vinte e poucos anos de idade, numa região ainda não tão maravilhosa quanto é hoje, até porque a cidade onde minha avó se converteu, Macarani, cuja viagem até Itapetinga parecia uma eternidade, porque não havia estrada - são apenas 45 minutos de asfalto hoje, muito rápido -, a minha avó conheceu Jesus. E não tem preço para o que aconteceu naqueles anos lá atrás, como mudou a vida da minha família, com o mudou a vida da minha mãe; a vida dos meus tios. E, para felicidade nossa, que somos filhos e fomos alcançados por essa palavra de Evangelho.

Ai de mim, Senador Paim...V. Exª, que tem os filhos evangélicos e a família evangélica, sabe qual é essa visão. Ai de mim! Quem sabe minha história fosse outra se não tivesse conhecido o Evangelho pela instrumentalidade desse jovem pregador.

Por 50 anos, Senador Sibá, foi pastor da mesma igreja, em Itapetinga. Cinqüenta anos de idoneidade, dignidade e comportamento honrado, honesto e de moral irretocável. Não conheço ninguém que tenha levantado o dedo contra a honra desse homem, ou pelo menos para fazer um questionamento a esse respeito.

É possível que tenham havido discordâncias do ponto de vista doutrinário, no embate das crenças. Mas não na honra, na dignidade desse homem. Sem dúvida alguma, se existem alguns padrões morais no Brasil e se fossem dez, ali ele estaria. Se fossem cinco, também faria parte. Se fossem cem, também faria parte. E se fossem dois ou um, a escolha iria ser tão difícil, porque o Evangelho e a sociedade daquele lugar foram muito honrados, Senador César Borges, ex-Governador da Bahia, com a vinda desse homem de Alagoas para a Bahia.

Sabe o que mais me espanta, Senador César Borges, meu querido ex-Governador, tão bem votado em Itapetinga, sempre e sempre? É que ele é cidadão Itapetinguense - acho que é o único título de cidadão que tem por ali - e nunca tiveram o cuidado nem o tino, nem houve a perspicácia de algum político em dar a ele o título de cidadão baiano, por tantos benefícios.

Hoje eu sou seu colega. E não seria sem a instrumentalidade dele, se não tivesse largado um curso, uma tentativa, o sonho de ser médico para ser pastor e, jovem ainda, se mandar para uma região tão difícil da Bahia, naquela época, há 50 anos, para levar o Evangelho a minha avó, tão difícil, para que eu também fosse alcançado e minha vida mudada, com a minha família - e dou graças a Deus por isso - e estar na tribuna neste Senado hoje, 50 anos depois, homenageando esse homem, do seu Estado. E nenhum político teve a perspicácia de conceder a ele o título de cidadão baiano.

Concedo a V. Exª um aparte.

O Sr. César Borges (Bloco/PR - BA) - Senador Magno Malta, permita que eu possa estar ao seu lado neste momento em que presta uma homenagem ao pastor Samuel, um homem que marca 50 anos - meio século - de trabalho em prol de uma comunidade e que tem serviços relevantes não só na parte física, que eu sei que ele realiza junto à comunidade, mas principalmente na parte espiritual, ajudando a transformar a nossa sociedade, que tem tantos erros, tantos desvios, tantos vícios, por um trabalho de dedicação, de amor, de compreensão, que é, antes de tudo, um trabalho de fé. V. Exª se dá até como testemunho, como exemplo de um resultado do trabalho que ele fez. E eu parabenizo V. Exª por isso, porque, em sua humildade, traz o reconhecimento de alguém que foi importante em sua formação, permitindo que V. Exª esteja hoje onde está, pelos seus merecimentos, mas também porque soube aprender as lições do pastor Samuel. Então, eu me solidarizo e, ao mesmo tempo, lamento, realmente, que um político - até em meu próprio nome -, lamento que um político - e eu sou um político baiano - não tenha ainda dado a ele o título de cidadão baiano. Espero que essa injustiça seja rapidamente refeita e nós possamos ter uma homenagem justa, porque ele, claro, vai engrandecer o povo baiano como sendo seu irmão. 

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Senador César Borges, agradeço a V. Exª e incorporo o seu aparte à minha fala, tamanha é a importância da fala deste político querido e respeitado.

O meu tio pastor Manoel Nascimento está em Alagoas, em Arapiraca especificamente. Trocaram de lugar: ele saiu de Alagoas; ele é meu tio, filho dele na fé, e eu sou filho na fé da minha mãe, mas foi esse tio pastor, que está em Alagoas, que me recuperou das drogas, aos 17 anos de idade. Eu fui recuperado na casa dele.

Agora, avaliem a cadeia de tudo isso. Os meus irmãos todos são pastores, Sr. Presidente, e são todos filhos do Ministério desse homem. Avaliem quantos filhos já estiveram no Ministério desses meus irmãos. Há 27 anos, eu tiro drogados das ruas, Senador César Borges. E todos esses que passam, que Deus me dá a oportunidade de passar pelas minhas mãos, são devolvidos às suas famílias, recuperados, sarados, limpos, libertos das drogas, são 85% dos que passam por lá, Senador Sibá.

Imaginem que essas pessoas que passam pela minha vida são fruto da vida desse homem, lá atrás; uns são filhos; outros são netos; outros são bisnetos e assim vai.

Quando vejo os filhos dos meus amigos, que cresceram juntos naquela cidade, integrados, livres das drogas, mulheres casadas, meus amigos com netos, gente de bem. Todos são fruto do Ministério desse homem.

Agora, Senador César Borges, Senador Sibá Machado, normalmente, esses homens que sacrificam a vida a serviço do sacerdócio, a serviço da vida dos outros, sempre terminam e chegam ao melhor momento da sua vida para curtir os seus bisnetos e netos, jubilados e como que esquecidos. Esquecidos.

Parece que ao se perder o vigor da juventude, Senador Paulo Paim, e o investimento na vida, a experiência de mais de cinqüenta anos de vida as pessoas também perdem a garra do amor. Eu diria o primeiro amor, o agarramento dos primeiros dias. E parece que essas pessoas tendem a serem jogadas no esquecimento. Se depender de mim, não serão. Mas eu gostaria....

(Interrupção do som.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Eu gostaria, meu Presidente, que V. Exª me desse só mais três minutos para encerrar, porque essa é a melhor homenagem que eu faço como Senador da República.

Eu gostaria tanto que a cidade de Itapetinga estivesse me vendo, lá onde eu tive os meus melhores dias; a cidade de Macarani, onde eu nasci. Fui criado em Itapetinga, onde minha mãe nasceu, viveu, conheceu Jesus, casou-se. Em Macarani, vivem os meus parentes ainda; em Itapetinga, vivem os meus parentes. As cidades em volta, eu gostaria que todos eles estivessem me ouvindo; eu gostaria que as ovelhas do pastor Samuel, aqueles que ainda o são, pois ele ainda vive na cidade, aqueles que ainda lá estão, que ele ganhou, batizou, casou, batizou os filhos, casou os filhos, e que ainda lá estão, não perdessem a visão do que diz a Bíblia: “Vos darei pastores, segundo o meu coração”. E essa palavra é para ser lida, entronizada e vivida.

Penso que um homem jubilado, da estatura do pastor Samuel, tem que ser amado sempre, respeitado, absolutamente sempre, querido, absolutamente sempre, e dado a ele toda a condição de viver os melhores dias da sua vida, quando já na sua aposentadoria - imagino que aposentadoria, isso é até relativo, porque certamente não deixará de pregar nem de militar a causa do Evangelho - com uma certa tranqüilidade, com uma certa paz no seu dia-a-dia, no seu coração, na sua aposentadoria.

O Ministério propõe dias de sacrifício - feriados, Natal, Ano Novo, férias. Os filhos passam, crescem e o homem não percebe porque o tempo é muito mais dado para a família dos outros do que para sua própria família.

Senador Paim, eu não poderia deixar passar. Sei que se minha mãe, D Dada, estivesse viva, certamente me ligaria ao descer desta tribuna para dizer: “Meu filho, foi a melhor coisa que você fez.” Mas certamente ouvirei isso dos meus tios: pastor Antônio, lá no Maranhão, de Cafeteira; lá em Açailândia, Ministério fecundo; pastor Manoel Nascimento, em Alagoas; os meus irmãos e centenas e centenas de outros, sou incapaz de guardar e citar o nome, que nasceram na disposição, na disponibilidade e na vocação desse jovem pregador.

Gostaria de vê-lo como cidadão da Bahia, Senador César Borges. Lembro-me, Senador Paim, que éramos Deputados Federais e eu pedi sessão solene para homenagear os 40 anos de carreira de Raul Gil. V. Exª se lembra disso. Sujeito que gosto e amo, me chama de filho, me tem como filho. Ele me tem tanto respeito de filho e eu tenho respeito de pai. Vou fazer uma sessão solene também no próximo ano no Senado para celebrar os cinqüenta anos de uma pessoa que foi tão importante na minha vida.

Julgo que ainda é muito pouco, e muito se tem por fazer. Deus me deu a graça de fazer por este País. E advindo, nascido no Ministério desse homem, certamente, serei justo assim fazendo. Quem sabe tantos outros jubilados que a Nação precisava conhecer, e conhecer um pouco mais de perto, como estou fazendo, aqui, Sr. Presidente Senador Paulo Paim, prestando essa homenagem ao pastor Samuel de Oliveira Santos, homenageio sua esposa, D. Edna, suas filhas Eneida, Sueli, Sandra.

Lembro-me de que eu era moleque de 13 anos de idade, D. Edna era diretora de um colégio lá em Itapetinga...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Magno Malta, peço que V. Exª conclua, pois diversos Senadores estão esperando para falar.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Sr. Presidente, já encerro o meu pronunciamento. É porque é tão importante, não é porque eu seja empolgado. Todos sabem que não sou empolgado. Mas é porque é tão importante e V. Exª é tão benevolente, que faço uso da sua benevolência. Eu tive oportunidade de, pelas mãos dela, dirigir aquela escola no dia de 7 de Setembro. Olha, só. V. Exª acha que posso esquecer? Não posso esquecer.

Então fica aqui a minha homenagem da tribuna do Senado a essa família, a esse Pastor, a sua esposa, aos seus filhos, implorando à Igreja, àqueles que lá estão que o carinho, a devoção a ele seja de uma forma total, significativa e sincera.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2007 - Página 45778