Discurso durante a 232ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Eleição do Senador Garibaldi Alves Filho à Presidência do Senado.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Eleição do Senador Garibaldi Alves Filho à Presidência do Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2007 - Página 44982
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VITORIA, GARIBALDI ALVES FILHO, SENADOR, PRESIDENTE, SENADO, CUMPRIMENTO, TIÃO VIANA, EX PRESIDENTE, ELOGIO, GESTÃO.
  • ANALISE, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), COMBATE, REGIME MILITAR, DEFESA, DEMOCRACIA, COMPARAÇÃO, ATUALIDADE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DISCORDANCIA, ATUAÇÃO, APOIO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, INICIATIVA, EDUARDO SUPLICY, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, REQUERIMENTO, SUBSCRIÇÃO, SOLICITAÇÃO, INDICAÇÃO, NOME, ORADOR, PRESIDENCIA, SENADO, JUSTIFICAÇÃO, DISCORDANCIA, CANDIDATURA, DIVERGENCIA, POLITICA PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, CONFIANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ORADOR, ALEGAÇÕES, CONTRADIÇÃO, ANTERIORIDADE, HISTORIA, SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, CHEFE DE ESTADO.
  • JUSTIFICAÇÃO, PERMANENCIA, ORADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), EXPECTATIVA, RESGATE, IDEOLOGIA, INCENTIVO, REFORÇO, OPOSIÇÃO, ATUAÇÃO, NATUREZA POLITICA, POPULAÇÃO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA.
  • APOIO, GARIBALDI ALVES FILHO, SENADOR, SUGESTÃO, AMPLIAÇÃO, INDEPENDENCIA, SENADO, LEGISLATIVO, DEFESA, INTERESSE PUBLICO, BRASIL.

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, meu carinho e minha admiração por V. Exª na Presidência desta Casa. Tive muita honra de votar em V. Exª e tive muita honra, desde o primeiro momento, de dizer que V. Exª era um nome que merecia o nosso respeito e merecia a nossa admiração.

     A meu ver, o Senado vive um grande dia, notadamente porque, com essa unanimidade, com o pronunciamento feito pelo Líder do PSDB, onde V. Exª diz, e com muita competência, que o que ele propõe V. Exª assina com a maior tranqüilidade - e assinou de público - porque é o que V. Exª sempre defendeu, e eu sou testemunha disso, estamos vivendo uma hora realmente muito importante.

     Felicito o ilustre 1º Vice-Presidente, que - disse muito bem o Senador Arthur Virgílio - teve um desempenho excepcional, se impôs à nossa admiração, ao nosso respeito, pela sua seriedade, pela sua competência, pela sua respeitabilidade.

     Mas eu venho a esta tribuna porque foi tão comentado o meu nome e a minha atuação, em face de todo esse momento, que eu não tinha como não vir a esta tribuna e fazer alguns esclarecimentos.

     Primeiro, eu já há algum tempo sou uma pessoa que - todos sabem - tenho restrições ao comando do PMDB, e o PMDB tem muitas restrições a mim. De modo muito especial à liderança do PMDB nesta Casa, aos líderes, às pessoas que vêm comandando, desde o Jader Barbalho, passando pelo Sr. Sarney, passando pelo Sr. Renan, passando pelo Líder Suassuna, passando pelo atual Líder, tenho muitas restrições; restrições que são profundas - e eu venho lutando nesse sentido.

     Fui, durante muito tempo, maioria no MDB do tempo do Dr. Ulysses, do Dr. Tancredo, do Dr. Teotônio, das grandes lideranças do MDB, na época áurea das grandes lutas, quando o MDB era um partido que parecia um grupo de malucos imaginando que podiam mudar o Brasil. Mas quem são essas pessoas? E esse movimento militar, com esses generais um atrás do outro, com o apoio do regime empresarial, com o apoio da Igreja, com o apoio da mídia, com o apoio de todos vai durar uma eternidade, e só podemos pensar em derrubá-lo com uma guerra civil, com uma luta, com uma rebelião!

     E nós, do MDB, não, não aceitávamos; defendíamos a tese de que tínhamos que lutar dentro da democracia, dentro do campo democrático, e buscar essa transformação; e conseguimos.

     Houve um determinado momento em que fomos esmagados pelo voto em branco. Em 1970, parecia que o MDB iria desaparecer. A Arena tirou o primeiro lugar; o voto em branco tirou segundo lugar; e o MDB ficou lá atrás, em último lugar; ficamos com sete Senadores nesta Casa. Ali era para implosão; não tinha mais o que fazer. E, na verdade, nós conseguimos dar um rumo para o MDB. Foi lá no Rio Grande do Sul. Reunimos o MDB de todo o Brasil. Assim não dá! Temos que saber o que é o MDB! Recebe gente das mais variadas ideologias? Sim. Comunistas, de esquerda? Sim. Mas temos que ter um conteúdo.

     O MDB é um partido que luta pela democracia, luta pela Assembléia Nacional Constituinte, luta pelas Diretas Já, luta pelo fim da tortura e luta pela anistia. Fora disso, não é PMDB. E fomos adiante; e fomos para a rua.

     Derrotada a Emenda das Diretas Já, parecia que o MDB iria desaparecer; e não desapareceu. Fizemos um absurdo considerado na época: fomos para o Colégio Eleitoral e derrotamos a Arena, derrotamos a revolução, derrotamos a ditadura, e, no Colégio Eleitoral, ganhou o Dr. Tancredo.

     Esse é o meu MDB. É o MDB do qual eu vim; o MDB que eu defendi, o MDB das nossas idéias, da nossa bandeira, da nossa luta. Não é o de hoje. Lamentavelmente as nossas lutas ficaram no caminho.

     O mesmo grupo que estava no PMDB apoiando o governo do Sr. Fernando Henrique está no PMDB apoiando o Sr. Lula. A mesma gente! O Renan foi ministro do Fernando Henrique; é o homem de confiança do Lula. Então as divergências eram naturais.

     Eu respeito os meus adversários e creio que mereço respeito. Então, não tinha por que eu entrar. Já entrei duas vezes. Nas duas últimas eleições, brigamos para ter candidato próprio, e parece mentira: todo o Brasil querendo que o MDB tenha candidato próprio...

(Interrupção do som.)

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - (...) e uma convenção do PMDB para dizer que o PMDB não teria candidato próprio. Esse é o PMDB que está aí; essa é a nossa luta.

     Então, neste movimento atual, eu estava fora, não pensava em nada. O Senador Suplicy e o Senador Cristovam me procuraram dizendo que a hora que estamos vivendo é tão complicada, tão complexa, que seria muito importante que se fizesse um movimento suprapartidário, um entendimento pelo qual encontraríamos um presidente. Falaram comigo. Eu disse: “Eu não tenho chance”. Disseram: “Mas se for para o Plenário, tu ganhas”. Mas eu não vou para o Plenário. “Não, mas é normal uma candidatura avulsa em Plenário. Muitas vezes aconteceu isso”. Mas eu não vou, pelo meu estilo, pela minha maneira de ser, não.

     Então, fizeram um requerimento - mais de trinta assinaturas - ao Líder do PMDB, propondo a candidatura do Pedro Simon. Alguém se rebelou. Um Senador disse: “Mas é uma barbaridade! Por que os outros partidos têm que se meter?” A Senadora Patrícia deu uma resposta que achei muito importante: “Não, quem indica é o PMDB, quem escolhe é o PMDB, mas somos nós, Senadores, que vamos votar. Se nós vamos votar, temos o direito de fazer uma proposta. Nós não estamos impondo, não estamos dizendo o que é, mas nos tirar o direito de poder fazer uma proposta?” E foi feita a proposta.

     Eu disse a eles: “Eu não vou para o Plenário”. Mas disputei no PMDB. Aí, aceitei disputar, sabendo que não ia ganhar, mas aceitei disputar. Aí aconteceram fatos. Que não ia ganhar eu sabia, mas que sairia uma mensagem do Palácio dizendo que o Pedro Simon não era de confiança e dizendo que o Pedro Simon era imprevisível nas atitudes que iria tomar.

     Perdão, Presidente Lula, mas eu mereço uma explicação. Sou um político muito mais velho que Vossa Excelência: quando Vossa Excelência nem era líder sindical, eu já era político. Vinte e cinco anos eu tenho nesta Casa. Nas horas difíceis de Vossa Excelência, quando estava lá na cadeia, em São Paulo, Teotônio e eu fomos lá; quando tinha aquela loucura na praça, fomos lá e conseguimos a calmaria, para que não acontecesse uma catástrofe; quando Vossa Excelência ia ser julgado pelo tribunal militar, nós - Ulysses, Teotônio e eu - estávamos lá, defendendo-o; quando Vossa Excelência foi candidato pela primeira vez contra o Collor, o único Governador que subiu ao seu palanque fui eu, do Rio Grande do Sul; quando Vossa Excelência foi eleito pela primeira vez, jantou na minha casa e convidou-me para participar do seu governo. Então, sempre fui da sua amizade e parece que sempre gozei da sua confiança!

     O que aconteceu? Sim, porque o meu problema é mais sério, não é nada com V. Exª, mas tem que ter explicação. Por que o Lula não confia no Pedro Simon? Quem é o Pedro Simon? O Pedro Simon é um irresponsável? Quem é o Pedro Simon? Um agitado que vai lá e gesticula e não dá para ter confiança? Por que o Lula não confia mais no Pedro Simon? Ontem podia ser Ministro; hoje não pode. Isso tem de ser esclarecido.

     Eu, Pedro Simon, só tenho um motivo para ter me afastado do Lula. Qual é o motivo? Waldomiro. Quando saiu na televisão o Waldomiro recebendo o dinheiro, a gorjeta, botando no bolso e dando as explicações de qual era o percentual, que a televisão repetiu mil vezes, Suplicy, falei com V. Exª. Eu falei com o Governo, falei com o 1º Vice-Presidente; eu fui ao Lula. Só tem uma saída: o Lula tem que demiti-lo imediatamente. Bota para rua, pode até mandar prender. Se a Justiça quiser soltar, que o solte. Tem que dar o rumo do seu governo, mostrar que o seu governo veio para ser sério, para ser honesto, para ser íntegro - isso foi o que eu disse para o Lula.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Surpreendentemente para mim, o Lula não fez isso. Como o Lula não fez isso, nós pedimos uma CPI. Pedimos uma CPI na Casa para investigar.

     Na ditadura militar, eu estava aqui. Na ditadura militar, criamos várias CPIs, inclusive uma gravíssima no governo Geisel, que foi autor do acordo atômico Brasil-Alemanha, para investigar o acordo atômico Brasil-Alemanha. Criamos a CPI. O Sr. Lula não deixou criar. Não deixou criar!

     E uma nota cruel, assinada pelo Líder do PMDB da época e pelo Líder do PT da época, dissera o seguinte: “Não sai CPI. Nós não vamos indicar os nomes dos nossos partidos para a CPI. CPI só sai quando as lideranças da maioria desejarem. Parlamentares queriam a CPI...

(Interrupção do som.)

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - (...) a maioria elege o Presidente, elege o Relator. Acontece como está acontecendo agora na reunião sobre as entidades não-governamentais, onde a maioria não deixa convocar, não deixa chamar. Está boicotando o trabalho; mas criaram a CPI.

     Quando os líderes não indicaram, nós fomos ao Presidente, Senador Sarney. Se os líderes não indicam, cabe ao senhor indicar. “Eu não indico” - e não indicou. Pressão do Sr. Lula. Entramos no Supremo, e o Supremo, por unanimidade, mandou criar. Primeira vez que isso aconteceu! O Supremo interveio nos trabalhos do Senado dizendo que tinha de ser criada a CPI, e a CPI foi criada, mas só foi criada um ano e três meses depois. Depois de um ano e três meses, não foi criada uma CPI, mas foram criadas sete CPIs! E os escândalos estavam aí. Isso aconteceu.

     É por isso que o Presidente Lula diz que o Senador Sarney é homem da sua confiança e que, nas horas mais difíceis, ele esteve do lado dele? E o Pedro Simon não é homem de confiança?!

     Senhor Lula, se é isso, é verdade! Eu não sou homem da sua confiança, mas não dá para dizer que o Pedro Simon é imprevisível. Não é não, Doutor Lula! Eu sou previsível, absolutamente previsível! Fiz isso no governo Fernando Henrique, fiz isso na ditadura e fiz isso no seu governo, porque Vossa Excelência é que não foi fiel ao seu passado. Então, que isto fique claro: o Doutor Lula entrou, interveio no processo, através dele e do Dr. Sarney, para criar uma posição, porque o Simon não era confiável. Nesse sentido, não sou confiável.

     Agora, no sentido do Senado, que eu tenho a emoção de dizer - inclusive o Senador Arthur Virgílio, líder do PSDB, assinou o requerimento indicando a minha candidatura -, eu era confiável. O líder disse que o partido se reuniria para escolher quem tenha trânsito livre no meio dos outros parlamentares, dos outros partidos. Se o líder fosse sincero, ele já tinha um requerimento na sua mão indicando um nome com mais de trinta assinaturas - mais de trinta assinaturas! E o Líder...

(Interrupção do som.)

     O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª permite um aparte, Senador?

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Vou conceder o aparte a V. Exª.

     Que fique claro, Doutor Lula, que o Senhor interveio no processo de uma maneira grosseira. Interveio na escolha do Presidente de uma maneira vulgar. Mas o motivo foi que o Pedro Simon não é de confiança, porque na hora de pedir, pediu? Muito obrigado, eu lhe agradeço. Mas explique. Daqui falo à Nação, dirigindo-me ao Presidente da República. Se ele tem outra razão, diga qual é. Se ele tem algum motivo que não esse para não confiar no Pedro Simon, diga qual é! Não pode ficar no ar, sem resposta.

     Com relação ao PMDB, não teria dúvida. Disse ao Senador Cristovam e ao Senador Suplicy que não tenho dúvida alguma: esse MDB que está aí não é o meu. Esse, o atual líder, o Sarney... Aliás, o Senador Sarney é o que vem sempre na frente. Era o Sarney e o homem lá do Pará, o Jader, que renunciou porque ia ser cassado por corrupção...

(Interrupção do som.)

     O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O Sarney e o Suassuna, que foi cassado pelo povo. Aí, ficaram o Sarney e o Renan. O Renan renunciou. Agora, é o Sarney. Ele está sempre em todas.

     Só tem um lado positivo, que vai constar da Ata. Quando eu disse que o Sarney não queria ser presidente este ano para ser, daqui a um ano, dois anos, mais dois, quero pedir desculpas, porque, na reunião da bancada, ele disse que não vai ser em hipótese nenhuma! Eu pedi ao líder para constar em ata. Líder, eu pedi que conste em ata que o Senador José Sarney disse que não vai ser. Já foi uma grande vitória. Eu acho que já foi muito positivo nós termos essa tese de que o Dr. Sarney não é candidato hoje, o que já foi uma vitória, e não será candidato daqui a dois anos.

     Com todo prazer, eu lhe darei o aparte, Senador.

      O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, se for possível o aparte.

      O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Eduardo Suplicy, espero contar com a compreensão de V. Exª, porque, neste momento, não é possível ao orador conceder aparte.

      Agradeço a V. Exª.

      O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Peço para ficar inscrito então, quero falar posteriormente.

      O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - V. Exª está inscrito.

      Continua com a palavra o Senador Pedro Simon.

      (Interrupção do som.)

      O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - (...) o Senador Renan, o Sarney in perpetuum. Aí me perguntam: “Mas o que tu estás fazendo nesse partido? Por que tu não sais?” Ora, porque o partido não são eles. Seria uma coisa que eu não teria como explicar aos meus filhos; eu não poderia dizer: “Saí do PMDB, deixei o Sarney na Presidência, porque não era mais o mesmo partido”. Eu não posso fazer isso. O Dr. Sarney passa, o PMDB fica. O Dr. Sarney passa, nós ficamos.

      Eu tenho convicção de que o velho MDB haverá de voltar. Vimos erros históricos acontecerem em nosso País. O MDB teve a glória de derrubar a ditadura... Quando chegou no Governo, Dr. Tancredo fez uma maldade com a gente: ele não podia ter morrido. O Dr. Tancredo não podia ter morrido, mas morreu. Dr. Sarney foi um bom Presidente: sério, honesto, decente, digno - sou obrigado a dizer isso e estaria mentindo se dissesse diferente -, fez a Constituinte, foi um grande Presidente!

      (Interrupção do som.)

      O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas não representava o PMDB, não tinha estímulo para levar nossa questão adiante. De lá para cá, nós temos vivido...

      O PSDB saiu do PMDB. Criaram o PSDB, o partido dos puros, dos sérios, dos bacanas, mas deu no que deu! Aí entrou o PT, o grande PT, espetacular, e o Dr. Lula, infelizmente, está indo por esse caminho.

      Eu acho que nós temos um lugar vazio que deve ser preenchido. Eu chamo a atenção do Brasil: vocês se lembraram, meus irmãos brasileiros, o que aconteceu na Venezuela? Vocês repararam que, na Venezuela, meses atrás, a oposição estava tão ridicularizada, tão desmoralizada, que nem concorreu ao Congresso Nacional? O governo teve vitória total, porque a oposição não existia praticamente mais, mas agora caiu. No referendo, foi derrotado por quê?

      (Interrupção do som.)

      O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Quem fez a oposição, quem comandou a oposição lá na Venezuela foi a UNE de lá, foram os estudantes, foram os jovens. Os jovens é que foram para as ruas, levantaram o povo, e o povo esteve presente. Eu acho que isso tinha de acontecer no Brasil. O Brasil não pode esperar que a mudança venha do Congresso. Eu não acredito nisso. Infelizmente, não se pode esperar do governo, do Executivo, a mudança. Não acredito nisso. Se o povo sair às ruas, nós vamos atrás.

      Eu agradeço a V. Exª, Sr. Presidente, e lhe desejo um feliz mandato. Conte conosco nas boas e necessárias atitudes. Mantenha a independência, Sr. Presidente. Não vá, pelo amor de Deus, querer romper com o Governo Federal, não vá fazer promover a divergência entre V. Exª e o Presidente da República.

      A propósito, quando eu era Líder da Assembléia Legislativa, nós tínhamos 34 Deputados, e a Arena tinha menos de vinte. Nas horas difíceis, porém, a tese do MDB era a seguinte: “O que é bom para o Rio Grande é bom para o MDB”.

      O que é bom para o Brasil deve ser bom para o Senado Federal. Isso eu defendo e acho que V. Exª deve defender também, mas com independência. V. Exª não poder ser um apêndice do Presidente da República - ele tem de entender isso, Sr. Presidente. Vejo que V. Exª fala, e fala muito bem, no sentido de diminuir as medidas provisórias. Que bom se isso acontecer!. Eu confio na independência de V. Exª.

      Eu entendi, Sr. Presidente. Muitos jornalistas me perguntaram o que eu achava de V. Exª ter ido correndo falar com o Presidente. Eu disse: “Ele não foi correndo. Ele foi chamado”. O Líder do PMDB, esse sim - não saberia dizer por quê -, fez isso. Não vejo problema nenhum nisso, Sr. Presidente. Apenas que se entenda: V. Exª representa um Poder, é Presidente do Senado e Presidente do Congresso Nacional. Ajudar sim, mas ajudar não significa submissão.

      Conte comigo, Presidente.

      Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2007 - Página 44982