O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Presidente Senador Augusto Botelho, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Jarbas Vasconcelos, finalmente, nós podemos dizer ao Senado e ao povo do Brasil: aqui a democracia é representativa; entendeu-se que nós representamos o povo brasileiro. Depois do vitorioso episódio, enterramos mesmo a CPMF. Como Ulysses dizia: “Ouça a voz rouca das ruas”; nós a ouvimos. Os impostos: Tiradentes, eram 20%; o brasileiro estava pagando 40%. Um quinto. A novela O Quinto dos Infernos: cinco quilos de ouro, um para Portugal; cinco bois, um para Portugal; de cada cinco bodes do Piauí, a gente dava um para eles, e aumentou. Mas temos muito que fazer.

Eis aqui um e-mail - todos nós recebemos muitos. Com razão, eu dizia com muita fé, aquela fé que remove montanhas: este é o melhor Senado da História da República, em 183 anos. Aqueles que eram São Tomé estão crentes hoje. Mas temos muito que fazer. Então, atentai bem! Cadê o Paim? Paim luta, mas estamos perdendo. Aí diz o e-mail:

“Prezados senhores,

Eu, Itamar Barbosa França, venho pelo presente parabenizá-los pelo desempenho na luta contra a famigerada CPMF, extirpando este câncer da sociedade, que só servia a outros fins, menos à saúde, e pedir que o desempenho dos senhores seja agora concentrado em prol de nós aposentados. Já faz um bom tempo que não vejo esse assunto em pauta no Senado. Sou um telespectador assíduo da TV Senado, assisto sempre com a esperança de ver devolvido o direito que nos foi tirado. Estamos à beira da miséria, nossos compromissos não mais podemos cumprir. Nosso benefício não acompanha o dia-a-dia do capitalismo; enquanto tudo sobe, nosso benefício desce. E, no meu caso, respondo pelos aposentados por invalidez. Pensava que teríamos um Natal feliz. Mero engano, pois nossa situação não mais o permite; perdemos a saúde e agora a dignidade. Diga-me, por favor, qual a resposta do Presidente em relação ao pedido de V. Exª do veto? Estava assistindo à TV Senado quando foi pedido o veto do Presidente em relação a nós aposentados. Creiam-me, Srs. Senadores, nossa situação está difícil. E o que revolta é que trabalhamos em prol do crescimento deste lindo e rico Brasil, e hoje somos machucados e desprezados.

Receba meu fraterno abraço”.

Senador Jarbas, este é o quadro real dos nossos aposentados.

Lembro-me de quando este Governo trouxe a primeira medida provisória que tirava os direitos adquiridos dos velhos aposentados que já tinham sido taxados a vida toda. Foi nesse episódio que a heróica mulher Heloísa Helena se rebelou contra o PT. E esta Casa, numa grandeza, Pedro Simon, nós fizemos aqui. O Paim era o Vice-Presidente, e foi sugerido que se afastasse - o Tasso era Presidente - para estudarmos, com responsabilidade, o aumento dos velhinhos aposentados. Este Senado, revelando competência e responsabilidade.

(Interrupção do som. )

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agora os cinco minutos do Natal.

O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. Bloco/PT - RR) - Concedo-lhe os cinco minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, demos aos velhinhos 16,7% de aumento, aos aposentados, esses que me escrevem aqui e agora - a todos eles!

Senador Mozarildo, a lei boa e justa feita aqui, nesta Casa do povo, neste Senado grandioso, foi ao Executivo. E o Luiz Inácio, não entendendo o jogo, foi ouvir os aloprados. Esse Mantega aí, que está identificado, foi o mesmo que o enganou nessa negociação.

Pedro Simon! Aí, ele reduziu o aumento que esta Casa deu, com responsabilidade, de 16,7%. Nosso Presidente vetou, reduzindo para 4%.

Eis os aposentados, eis uma carta, eis o drama. Este Senado, ô Flexa, deve exigir do nosso Presidente...

Quando fui Prefeito, eu vetava. O projeto voltava para a Câmara de Vereadores e eles derrubavam meu veto, Mozarildo. Faz parte do jogo. Eu era Governador do Estado. Alvaro Dias, o mesmo deve ter acontecido com V. Exª. Fazíamos o veto, voltava, a Assembléia tem o direito de analisar.

Não tivemos a coragem de analisar nem um veto de Sua Excelência, o Presidente da República. Fraquejamos não cumprindo com nossas funções.

Senador Garibaldi, vamos dar um presente de Natal aos nossos velhinhos. Vamos assumir o compromisso.

Pedro Simon, Pedro, começou a dormir mesmo! Olhe aí, ô Pedro, vamos acordar o Presidente da República, trazer o veto dele e dar de presente aos velhos aposentados que tanto trabalham, tanta dignidade têm. O nosso Itamar França reclama aqui, dizendo que está machucado e desprezado. Vamos, então, ter a coragem de analisar e derrubar o veto do Presidente, dando aos aposentados o aumento que eles merecem.

Portanto, são essas as nossas palavras. E entendo que, nessa época de Natal, essa é a esperança e o presente que podemos dar aos nossos velhinhos aposentados.

Naquele livro O Velho e o Mar, Ernest Hemingway diz que a maior estupidez é perder a esperança. Então, não podemos deixar os nossos velhinhos sem esperança. Vamos assumir o compromisso de que, nesse Ano Novo, vamos defender e derrubar o veto do Presidente, soerguendo a dignidade dos aposentados do nosso Brasil.