Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração da abertura da Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração da abertura da Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2007 - Página 44653
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, SEMANA, SENADO, VALORIZAÇÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, AUMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO.
  • DEFESA, PRIORIDADE, POLITICA SOCIAL, PROMOÇÃO, IGUALDADE.
  • AVALIAÇÃO, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, OBJETIVO, INCLUSÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, NECESSIDADE, ATENÇÃO, GRAVIDADE, DEFICIENCIA, ANALFABETISMO.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero cumprimentar a Srª Verônica Calheiros, porque, se não fosse seu trabalho, sua iniciativa, não estaríamos aqui. Também, obviamente, cumprimento o Presidente Renan Calheiros, porque, sem seu apoio, nada disso estaria acontecendo. Em nome da senhora, cumprimento todos os demais que estão aqui.

Quero dizer apenas, Srªs e Srs. Senadores, que valorizar a perfeição não é nenhum mérito. O mérito começa, quando a gente valoriza deficiências. Mas o grande mérito é quando a gente iguala aqueles que se consideram perfeitos e aqueles que parecem trazer algum tipo de deficiência. É essa igualdade a grande demonstração, primeiro, de quebra do preconceito, ao se respeitar igualmente, e, segundo, de dedicação, de prioridade, de esforço, de generosidade, para compensar as deficiências.

O Brasil não precisaria muito, se quiséssemos garantir que ninguém deixaria de ver por falta de óculos ou de cirurgia; que ninguém deixaria de andar por falta de aparelho locomotor; que ninguém deixaria de ouvir por falta de aparelho ou de cirurgia que corrigisse sua deficiência. É aí que entra a grande valorização: a valorização do respeito, quebrando-se o preconceito, e a valorização das prioridades, corrigindo-se as desigualdades que existem entre nós. Isso não deveria ser difícil de fazer.

Por que posso corrigir minha deficiência com os óculos que compro e aqueles que não podem comprá-los ficam deficientes, por falta da generosidade coletiva da sociedade brasileira em garantir a cada um aquele instrumento de que necessitam ou mesmo em fazer a rampa onde for preciso, mesmo que isso aumente o custo de uma obra?

É para esta valorização que quero chamar a atenção aqui: a valorização da quebra do preconceito e a valorização da generosidade em fazer o esforço necessário, para que todos possam aproveitar o potencial que têm, com um pouquinho de compensação que a sociedade lhes pode dar.

Aproveitando os minutinhos que me restam, Sr. Presidente, quero chamar a atenção para o fato de que só há uma maneira de a gente conseguir, de fato, compensar as deficiências. Os aparelhos auditivos, os aparelhos de visão, tudo isso é importante, mas, sem uma revolução na educação, que trate de forma inclusiva cada um dos portadores de deficiência, pouco vão adiantar os óculos. Sem que se saiba ler, os óculos não preenchem todas as necessidades de cada um. Sem que se conclua o ensino médio, não se conseguem preencher as necessidades para se conseguir um emprego. Sem formação - tenho acompanhado pessoas que aprendem a exercer uma profissão mesmo com suas deficiências; o Maestro João Carlos fez o esforço dele, e outros precisam de um apoio maior do que ele -, a gente não vai adiante.

Finalmente, lembro um grupo de portadores de deficiência que a gente não trata como se o fosse, não dá o apoio de que precisam: os 16 milhões de brasileiros analfabetos. No mundo moderno, o analfabetismo é uma deficiência tão grande para se situar na vida como as deficiências físicas que temos.

Por isso, assim como queremos valorizar as pessoas portadoras de deficiência, valorizemos, de maneira radical, a educação de todos igualmente! Façamos escola igual para todos, e aí a gente começa a valorizar de fato aqueles que têm algumas deficiências! Que, na própria escola, possamos dar aquilo de que necessitam, para que sua deficiência seja compensada! Isso é possível.

Um evento como este, Srª Verônica, ajuda a dar consciência, para que o Brasil possa fazer a maior demonstração de civilização, que não é ter mais carros, nem uma economia maior. A maior demonstração de civilização é a capacidade de valorizar e compensar as deficiências que alguns de nós têm.

Era isso que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Srª Verônica, muito obrigado por ter tornado possível um evento como este. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2007 - Página 44653