Discurso durante a 240ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao centenário de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer Soares Filho.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.:
  • Homenagem ao centenário de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer Soares Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2007 - Página 46311
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, IMPORTANCIA, SESSÃO ESPECIAL, SUPERIORIDADE, AUDIENCIA, TELEVISÃO, SENADO, ACESSO, TERRITORIO NACIONAL.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, TRANSFERENCIA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), POSSE, OBRA PUBLICA, EDIFICIO, ANTERIORIDADE, SEDE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, OBJETIVO, INSTALAÇÃO, SECRETARIA DE ESTADO, EDUCAÇÃO, CULTURA, PRESERVAÇÃO, ACERVO, OBRA ARTISTICA.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Garibaldi Alves Filho; Senador Marco Maciel, de Pernambuco; Senador Inácio Arruda, do Ceará; Sr. Carlos Oscar Niemeyer Magalhães; Srª Edenize Sousa, gerente do Espaço Oscar Niemeyer; o importante de tudo isso nesta tarde não é apenas o Senado ter dez, vinte ou trinta pessoas presentes. O importante é que nós estamos falando graças à moderna tecnologia para milhões e milhões de pessoas neste Brasil. Eu sei disso porque tenho recebido comunicações, cartas, e-mails das pessoas mais diferentes, que eu jamais vi, dos Estados mais distantes da federação. O Deputado Francisco de Assis sabe disso.

Então, na realidade, hoje, este plenário deveria estar superlotado, o plenário, o espaço material, mas eu sei que está superlotado de audiência do Brasil inteiro.

Um fato interessantíssimo se dá hoje. Todos já falaram, discorreram, poeticamente ou não, sobre a vida do arquiteto carioca. A Bancada carioca está presente aqui, tanto o Senador Francisco Dornelles quanto eu próprio. O Rio está presente. E estão presentes três personagens ligados a uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer, e talvez ninguém saiba ainda disso. Nós, do Rio, queremos que a União, que já está em Brasília há muito tempo, a capital que já veio para cá desde 1961; nós, do Rio, temos um desejo muito grande, meu caro Presidente Garibaldi, de que uma das obras primeiras e mais importantes do arquiteto Oscar Niemeyer seja transferida para o nosso Estado, para que, nesse edifício, instalarmos a Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

É um edifício de marca internacional, como quase toda sua obra o é. Mas esse é diferente. Esse é de quando o Brasil ainda começava a caminhar. Esse é de quando os jovens da Escola de Belas Artes estavam iniciando o curso de Arquitetura. Ainda não havia uma faculdade bem organizada, e um conjunto de jovens arquitetos foi convidado pelo então Ministro da Educação Gustavo Capanema, para fazer o projeto do Ministério. Era preciso fazer um projeto para a cidade do Rio de Janeiro. A capital funcionava ali. Eu conheci ali, jovem ainda, aqueles nomes todos que estão lá.

Esse edifício hoje está subaproveitado, eu diria, apesar de ser uma marca internacional, e isso começou em 1936. Acredito que a maioria das pessoas que estão aqui neste plenário nem eram nascidas. E já, naquela ocasião, foi dada a partida para a grande corrida internacional da beleza da arquitetura. Foi o edifício mais criticado, mais ousado, mais reconhecido, mais admirado no ano de 1936. O edifício com que os grandes artistas brasileiros da época colaboraram, meu caro Presidente Garibaldi. Naquele edifício de hoje, lá no Rio...

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senador Paulo Duque, V. Exª me concede um aparte?

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Daqui a pouquinho.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Pois não.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ) - Naquele edifício, encontram-se obras de Di Cavalcanti, Guarniere, Portinari - embora em artes muito afins, caminhavam juntos Portinari e Niemeyer - que têm de ser preservadas como um brilhante precioso. Aquelas pinturas, aqueles murais estão lá, no Rio de Janeiro. A gente passa por perto, onde se encontra o melhor auditório da América Latina, sem dúvida alguma, pela concepção, pela sonoridade. Tudo isso foi feito naquela época em que o Brasil caminhava, depois da Semana de Arte Moderna de São Paulo, por novos rumos na arte.

Então, vejam a coincidência. Ao chegar a este Senado, eventual e recentemente, apresentei um projeto de lei passando para o Rio de Janeiro, fazendo uma doação ao Rio de Janeiro do prédio inteiro. São 16 andares, 27 mil m2 de construção e a tramitação é fácil: vai logo para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que o distribui para um relator e depois segue a tramitação normal. Ora, quem foi que relatou o projeto? Acabou de falar, o Líder Aloizio Mercadante. Ele relatou o projeto e falou hoje aqui. E quem foi que distribuiu o projeto para o Aloizio Mercadante? Acabou de falar: o Senador Marco Maciel.

Sou o autor do projeto. Constituímos um triângulo. Niemeyer jamais imaginou isso. Aliás, nem eu, nem Maciel, nem Mercadante imaginamos que um dia estaríamos aqui no Senado da República querendo transferir para o Rio de Janeiro o edifício que talvez seja o mais discutido, o mais trabalhado, porque era um grupo de jovens arquitetos que precisavam mostrar o seu valor. Foi-lhes dada essa oportunidade pelo Ministro Gustavo Capanema, cujo chefe do gabinete era Carlos Drummond de Andrade, e foi feito assim. Vejam como foi importante a presença do Senador Marco Maciel, do Senador Aloizio Mercadante e do neto de Oscar Niemeyer aqui, que não sabia disso.

A Bancada carioca está lutando, com toda força, com todo vigor, para que essa primeira construção que ficou famosíssima e tornou-se marca internacional - o antigo prédio do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro - passe a ser bem cuidado, carinhosamente cuidado pelo novo Estado do Rio de Janeiro depois da transferência da capital da República para cá. Por isso, vim à tribuna hoje, porque tudo o que se disse aqui foi dito merecidamente pelos oradores que me antecederam e por aqueles que ainda vão falar.

Não estou falando para meia dúzia de Senadores, pois esta Casa representa o Brasil inteiro. O Brasil é esta Casa, com todos os erros e os acertos. Estamos aqui homenageando um homem que tem um reconhecimento global do Brasil e do povo brasileiro.

Sei, Sr. Presidente, que existem outros oradores, mas eu não poderia omitir-me, porquanto, ao começar a fazer o projeto a que me referi, estudei várias vezes este famoso livro Colunas da educação. Ele fala sobre a construção do Ministério da Educação e Saúde. É um livro interessantíssimo e conta, nos mínimos detalhes, a colaboração muito pequena do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. Ele conta a verdade e vale a pena ser lido. Vou dar esse livro à biblioteca do Senado, porque vale a pena ter esse livro sobre a construção daquele prédio, cujo autor é o Sr. Paulo Sérgio Moraes de Sá, também arquiteto. Não sei se existe outro edifício sobre o qual haja um livro contando sua história.

Então, hoje, temos esse livro, V. Exª, que está distribuindo o processo, eu, que sou autor do projeto desse prédio para o Rio de Janeiro, e o nosso Mercadante, que deu parecer favorável ao projeto.

Saúdo aqui, com as minhas homenagens, todos aqueles que tiveram a iniciativa de promover este evento. Tenho certeza absoluta de que o Brasil todo está aplaudindo hoje esta homenagem do Senado aos cem anos de Oscar Niemeyer.

Muito obrigado. (Palmas.) 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2007 - Página 46311