Discurso durante a 11ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos duzentos anos da abertura dos portos no Brasil.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Comemoração dos duzentos anos da abertura dos portos no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2008 - Página 3239
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, ABERTURA, PORTO, BRASIL, COMERCIO EXTERIOR, ANALISE, HISTORIA, INICIO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, UNIDADE, DIFERENÇA, DIVERSIDADE, PAIS, AMERICA LATINA.
  • REPUDIO, LIVRO DIDATICO, DESVALORIZAÇÃO, VULTO HISTORICO, PRINCIPE REGENTE, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, BRASIL.

O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Garibaldi Alves Filho, ex-Governador do Rio Grande do Norte por mais de um mandato, ex-deputado, enfim, um político, um homem interessado nas questões brasileiras e que fez questão absoluta de preparar, com a categoria que merece, a festividade requerida pelo Senador Romeu Tuma. Autoridades aqui presentes, meu prezado Ministro Júlio Soares de Moura Neto; Sr. Francisco Seixas da Costa, Embaixador de Portugal; Sr. Jorge Antonio Deher Rachid, Secretário-Geral da Receita Federal, atividade tão importante para o Brasil hoje em dia; Sr. General do Exército Brasileiro Odilson Benzi, a quem tenho muita honra de cumprimentar hoje; Sr. João Aparício dos Reis Costa, Secretário Especial dos Portos, foi com muita justiça que V. Exª foi chamado pelo Senado, que, hoje, representa o Brasil, visto que aqui estão homens e mulheres de todas as partes do nosso País; demais autoridades, minhas senhoras e meus senhores, não sei se todo mundo aqui é do tempo do bonde no Rio de Janeiro, mas naquela época eu era jovem, há muitos anos, ainda garoto, e havia uma parada bem em frente ao Hotel Glória. E, nessa parada, há um poste de bronze - quem conhece bem o Rio de Janeiro sabe disso - onde está inscrito um dístico em homenagem ao dia 8 de fevereiro de 1808, pela abertura dos portos do Brasil às nações amigas. Essa homenagem está lá até hoje. Quem um dia for ao Rio e se hospedar no Hotel Glória ou passar ali por perto procure o poste, que é uma das coisas mais bonitas que o Rio de Janeiro tem: o poste de bronze, representando fortaleza, com a data exata em que Dom João VI, Regente do Reino de Portugal - porque sua mãe, Dona Maria I, estava doente e ele assumiu como Regente - fez a abertura dos portos.

Então, o Brasil hoje está homenageando essa data. O passado ensina muito ao presente. Essa passagem do monarca por aqui tem um caráter estratégico, um caráter de muita sabedoria e um caráter desenvolvimentista extraordinário. Tudo isso já foi relatado aqui pelo Senador Romeu Tuma, de São Paulo, e pelo Senador Líder da minha Bancada, Senador Valdir Raupp. Assim, quero apenas registrar um fato que considero da maior importância.

Falei agora de um poste de bronze, em frente ao Hotel Glória. Mas vou falar do passado, duas nações: uma menor do que o Estado de Sergipe - que é Portugal -; a outra, menor do que o Estado do Paraná - que é a Espanha. Essas duas nações, nos idos de 1493, dividiram o mundo em duas partes. Quem descobrir terras para esse lado aqui fica com elas; quem descobrir para esse outro lado aqui, fica com elas. Não vamos brigar. Há tantas terras para serem descobertas. O Tratado de Tordesilhas, uma linha fixando “daqui para cá é meu; daqui para lá é seu”. Houve este luxo, naquela época, de dividir parte do mundo: “para cá é meu; para cá é seu”.

A verdade é que a América portuguesa conservou-se intacta. Não sofreu dilaceramentos, não foi repartida: a América descoberta pelos portugueses. E a América espanhola? Essa foi muito dividida, Sr. Presidente. Muito. Dividiu-se em 13, 14, 15 países independentes que foram crescendo, crescendo; o tempo passando; e o Brasil, pujante, unido.

Considero que a vinda, provisoriamente, do governo português para o Brasil foi um dos fatores principais da unidade nacional, sem dúvida alguma. Outros fatores existem também: a religião católica, sem dúvida nenhuma, foi um fator fundamental. Ainda vou dizer mais um que está sendo muito badalado ultimamente: o rio São Francisco, que era considerado o rio da unidade nacional. Esse mesmo rio São Francisco que hoje está tão questionado, tão falado, tão planejado. E estão planejando coisas para o rio São Francisco. Ele foi, portanto, um fator geográfico que contribuiu muito para a unidade nacional.

No momento em que o Brasil está aqui unido, recepcionando professores, autoridades, militares, interessados, patriotas, brasileiros... Cada qual aqui tem um pensamento a respeito da política a ser seguida por nós em tudo, em relação à Marinha, em relação ao Exército, em relação à Aeronáutica. E não é justo, Sr. Presidente, que eu ocupe por tanto tempo a tribuna porque poderia falar nisso por muito, muito, muito tempo. Quero deixar espaço para meus companheiros, conforme combinei com V. Exª.

Quero saudar aqueles que saíram de suas residências, que vieram de outros Estados - tenho certeza de que vieram de outros Estados algumas pessoas aqui -, e lembrar aquela figura que, no colégio, ensinam tão jocosamente como homem comedor de frango, quando, na realidade, foi um dos grandes, talvez um dos maiores estadistas brasileiros, com frango ou sem frango. Essa é que é a verdade. Tomando banho no Caju, no Rio, ou não, fazendo as mazelas dele com Dona Carlota Joaquina ou não. Mas deixou uma geração admirável, como seu filho Dom Pedro I, aventureiro, bonito, corajoso. Dom Pedro I! Meu Deus do céu, que valor extraordinário teve esse homem!

Confesso que desabafo neste instante, quando vejo jocosamente alguns livros didáticos até hoje tratarem o Regente como um simples comedor de frango. Não concordo com isso. Nunca concordei!

Já com a minha intuição de estudante, eu pensava: este foi um grande homem. Ele merece a homenagem do Brasil. Hoje é o Brasil inteiro que o homenageia.

Salve Dom João VI! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2008 - Página 3239