Discurso durante a 11ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal Chico Pinto, símbolo de resistência democrática nos períodos autoritários.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal Chico Pinto, símbolo de resistência democrática nos períodos autoritários.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2008 - Página 3310
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, FRANCISCO PINTO, EX-DEPUTADO, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LUTA, DEFESA, LIBERDADE, DEMOCRACIA.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, foi com um certo susto, meu caro Senador Jarbas, que tomei conhecimento do falecimento do ex-Deputado Chico Pinto. Sabia que ele passava por um processo de recuperação de saúde, mas, ontem, passei o dia fora de Brasília e só tomei agora conhecimento, por meio desse requerimento de sua autoria e do Senador Pedro Simon.

            O grande problema no Brasil hoje é que estamos perdendo, na vida pública, grandes nomes e não temos a reposição adequada e necessária. Cada um no seu campo, cada um com seu componente ideológico, cada um com sua maneira de atuar. Só que se perdem os mais competentes, e, infelizmente, vivemos um hiato - até compreensível -, mas um hiato em que a substituição fica muito aquém. Chico Pinto é um desses exemplos, exemplo de difícil substituição no cenário da política nacional, pela sua característica ímpar, pela sua maneira de atuar.

            O Senador Pedro Simon foi muito feliz. Chico Pinto conseguia ser rebelde e revoltar o regime militar sem alterar a voz, sem ser áspero, tampouco histriônico. Era um homem de voz pausada, era um homem de palavras medidas e comedidas; no entanto, sabia atacar o ponto que toda uma geração que lhe confiou consecutivos mandatos queria atingir, que era exatamente a retomada imediata das liberdades democráticas.

            Tive oportunidade de conviver com Chico Pinto; o Senador Arthur Virgílio também. Ainda não era Deputado, não era Parlamentar. Chico Pinto morava no Brasília Palace. E era sempre um conselheiro dos parlamentares e dos jornalistas. Com o seu cigarro protegido por uma piteira, como a proteger a própria saúde, era aquela figura que, pelo hiato de silêncio que fazia entre cada frase que pronunciava, prendia a atenção de todos que o cercavam.

            Figura extraordinária, decepcionado com a política, resolveu não concorrer mais a nenhum cargo público, mas continuou sendo, na sua Feira de Santana e na sua Bahia, um ponto obrigatório de visita para aqueles que queriam aprender com as suas lições, com a sua experiência, e acumular cabedal para o futuro desta vida de tantas incertezas que é a vida pública.

            Portanto, meu caro Senador Pedro Simon, meu caro Senador Jarbas, ao associar-me ao requerimento de V. Exªs, quero associar-me também à dor do povo baiano e de todo o Brasil que soube compor, com a geração de Chico Pinto, através daquele movimento de incertezas, mas que, acima de tudo, era de busca de esperanças, uma história que está marcada na vida de toda uma geração

            Deixo, portanto, este registro, associando-me à dor daqueles que tiveram o prazer e a oportunidade de com ele conviver e à tristeza dos que não foram privilegiados pelo destino com essa oportunidade.

            Muito obrigado. 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2008 - Página 3310