Discurso durante a 11ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal Chico Pinto.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal Chico Pinto.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2008 - Página 3314
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, FRANCISCO PINTO, EX-DEPUTADO, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA, VITORIA, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL, COMENTARIO, SAIDA, POLITICA NACIONAL, PERIODO, PARALISAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO.

     O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, eu agradeço ao Senador Renato Casagrande, não apenas pela sua generosidade, mas pelo seu cavalheirismo constante e sua elegância de ter lembrado, porque de fato levantei o microfone e sentei. Então, o certo até seria que S. Exª falasse.

     Porém, eu não poderia deixar de manifestar também o meu sentimento em relação à perda desse grande brasileiro, Chico Pinto. Quero manifestar a minha solidariedade com sua família, sua esposa, Taís.

     Quero lembrar um aspecto que não tem sido lembrado: o exemplo do Chico. Ele foi um exemplo na luta contra a ditadura. Mas sabem de uma coisa que mais me tocou na vida do Chico Pinto, nos últimos anos? A sua capacidade de se retirar da política quando percebeu que não tinha mais muito o que fazer na política. Ele teve a sensação de que, ao ganhar a democracia, entramos num marasmo, entramos no que por aí chamam de geléia geral, de uma misturada completa, numa falta de rumo, numa falta de desejo de mudar o País, na perda do vigor transformador. E ele achou que, nesta situação, melhor era ir para casa, melhor não fazer política.

     O Chico foi um exemplo de luta coerente pela democracia, mas ele foi exemplo de luta pelas reformas que este País precisa fazer. Quando sentiu que, nesta Casa, na maneira que estamos praticando, os diversos partidos deste País, essas mudanças não viriam, como não estão vindo, ele preferiu se retirar e manter a sua honra, os seus princípios, a sua coerência, e conviver com a sua família, escrever, conversar, e disse: “Não vou fazer teatro, não vou apenas encenar que estou ajudando a construir um novo País. Eu prefiro ficar em casa”.

     Foi isso o que ele disse. Esse talvez seja o maior dos seus exemplos. E a maior das suas vitórias foi derrubar o regime militar e construir a democracia. Essa foi a sua vitória.

     Mas seu maior exemplo foi dizer ao Brasil que, quando a gente não tem mais como ajudar a mudar a realidade do nosso País, naquele momento, porque as circunstâncias não permitiam, e não permitem, é melhor retirar-se para entrar na história como aquele que não transigiu.

     Esse exemplo do Chico eu queria deixar registrado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2008 - Página 3314