O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela Liderança do DEM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fico muito feliz em ver esta sessão hoje presidida pelo Senador piauiense João Vicente e ter aqui na assistência o Senador Mão Santa, mas também o Senador Wellington Salgado, que é um grande investidor no Estado do Piauí -e, pelo que li na semana passada, pretende investir mais, principalmente no Município de Floriano.

            Mas, Senador Mão Santa, o Piauí aguardou com muita expectativa os 15 dias de viagem do Governador Wellington Dias à Europa. Roteiro fantástico. Roteiro, Senador Valter Pereira, de fazer inveja a quem está, por exemplo, em lua-de-mel; não a quem vai trabalhar. Portugal, com direito a passeios a Coimbra. Depois, Madri, Barcelona. Vai para a Itália. Na Itália: Veneza, Roma, Firenze.

            E hoje vejo uma matéria: “Ao retornar de viagem de 15 dias à Europa, Wellington Dias anunciou investimentos estrangeiros no Piauí”.

            Quero lhe dizer, Senador Mão Santa, que o meu primeiro impacto foi de muita emoção. Finalmente, algo de concreto para o meu Estado. Fiquei feliz. Puxei na máquina e tive uma frustração: “O Governador Wellington Dias diz que retornou ao Piauí com grandes novidades em investimentos.”

            Numa entrevista coletiva, diz:

O Piauí ganhará um dos maiores campos de golfe do mundo [tudo lá é grande.] e um complexo de hotéis de luxo no litoral. As empresas espanholas que irão investir no Estado criarão um complexo de resorts de alto padrão chamado Delta do Parnaíba. É um investimento de jovens executivos que prevê a construção de uma rede de hotéis em Luís Correia. “Serão investimentos de grife” [grife é luxo; “luxo” sou eu que estou acrescentando], afirma o Governador. Já na Itália, o Governador firmou parceria para realizar vôos do exterior para o litoral piauiense. Tão logo seja concluído o Aeroporto Internacional de Parnaíba, o local receberá passageiros deste País, da Espanha e Portugal. Ele explicou que uma viagem de Lisboa a Parnaíba, que antes era realizada com duração de 24 horas, agora será feita em seis horas. Um vôo de Madri ao litoral piauiense será feito em 7 horas, e, de Milão ou Roma, será feito em 8 horas.

O governador informou ainda que a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) irá realizar uma pesquisa sobre os impactos do programa Fome Zero no Piauí.

            Depois, em outra entrevista, justificando a sua passagem por Veneza, S. Exª diz que está levando para o Piauí uma escola de hotelaria. Vai ver na outra encarnação o Governador foi um hoteleiro, ou então um servidor importante da Embratur.

            Mas, meu caro Governador Wellington Dias, vá enganar o povo do Piauí assim na caixa prego! Quinze dias, Mão Santa, para anunciar vôo comercial, esporádico! Aliás, ele vem anunciando isso desde o primeiro ano de governo. Enquanto ele anuncia, uma empresa tipicamente local, modesta, de um avião, para fazer o turismo interno, fechou as suas operações em Parnaíba exatamente por falta de apoio de apoio do governo estadual.

            Meu caro Magno Malta, fico triste ao ver o Governador anunciar essa rede de hotéis para Luís Correa, e não ter o cuidado de voltar os olhos para os hotéis que estão lá sobrevivendo a duras penas, porque temos no Piauí hoje um turismo de temporada, e a hotelaria vive em dificuldades.

            Por que o Governador não prestigia, não incentiva, não estimula, por exemplo, o Rio Poty Praia, o Iberê, o Atalaia, o Hotel Amarração, o Santa Mônica, que é de um grupo português, mas que tem prejuízo, o Hotel das Araras, que está fechado, e mais uns dois ou três inacabados? Se andar alguns quilômetros, chega-se a Parnaíba, e ele vai ver o Hotel Cívico, que é de iniciativa privada, ele vai ver o Delta, que é o hotel da Federação das Indústrias, e vai ver o Recanto dos Pássaros.

            O Governador deve se lembrar de que esses hotéis lotam em pequena temporada do ano. O que ele tem que fazer é criar programas de natureza especial; e que crie eventos. Criando eventos e movimentações de turistas o ano inteiro para o Piauí.

            Não está claro, de maneira nenhuma, nem deu certo, as tentativas anteriores que S. Exª fez de vôo charter. Os aviões chegavam a Parnaíba, onde nós temos uma pista internacional, e os turistas se dirigiram para as cidades vizinhas do Ceará e do Maranhão, para tristeza nossa.

            Governador, faz-se turismo é com investimento em infra-estrutura! É botando água na cidade para não faltar nas temporadas! É colocando energia, é ajudando as prefeituras a calçar e a urbanizar as cidades! Deixe os hotéis para a iniciativa privada!

            V. Exª sabe que o Piauí tem uma experiência muito positiva do período revolucionário, que foi a criação dos hotéis da cadeia Rimo, e que estão de mal a pior. Os que estão funcionando, estão terceirizados. E nós temos exemplos - acabei de ser informado - de hotéis sobre os quais a irritação da população foi tanta com o tratamento que chegaram a destruí-los.

            Governador, viagem internacional tem que ser mais ampla. Viagem internacional tem que apresentar investimentos profundos para um Estado. Se V. Exª quer realmente - e é sincero no seu objetivo - estimular o turismo do Piauí, por que não se preocupa, por exemplo, em criar condições de hotelaria, estimulando a iniciativa privada? A começar, por exemplo, de Cristino Castro, onde temos um lençol freático que é um dos maiores do mundo. Aí, sim - não o seu campo de golfe -, presente da natureza. Por que não melhorar a infra-estrutura, inclusive de acesso, a São Raimundo Nonato, onde está a Serra da Capivara?

            Governador, no Piauí há uma fonte de turismo para ser explorada - só precisa estímulo do Governo - que fica em São Miguel do Fidalgo. Quero dizer a V. Exª que vim saber desse potencial há poucos dias, conversando com a Prefeita Sianena. É um campo, Senador Wellington Salgado, pelo qual seu xará deveria lutar. É um campo de águas termais, águas quentes, sulfurosas e que já serve hoje para acudir pessoas que têm conhecimento da sua existência e que sofrem de doenças de pele. É o local ideal para a construção de um pólo turístico fantástico. Aí, sim, S. Exª estará colaborando para infra-estrutura.

            Por que é que não se lembra de fortalecer a infra-estrutura de Piracuruca, onde nós temos o Parque das Sete Cidades, ou de Esperantina, onde nós temos a Cachoeira do Urubu? Aliás, eu passaria a noite toda cantando as belezas do Piauí e lamentando a falta de estrutura, porque o Governo, infelizmente, está ausente.

            O Governador vai passar seis meses, Senador João Vicente, tentando embromar a todos nós piauienses a contar as belezas e as maravilhas dessa viagem.

            As fotos com a estátua de David, com Michelangelo, a sua tentativa desesperada de segurar a Torre de Pisa, para que ela não tombasse, evidentemente que vão ficar guardadas a sete chaves pelos seus assessores, porque não pega bem. O seu passeio pela suntuosa Ponte Vecchio, onde o artesanato italiano é profundamente difundido. Evidentemente que essas fotografias não serão mostradas. A sua participação comendo o fettuccini do Alfredo na Praça do Imperatore - S. Exª evidentemente que beneficiado e homenageado pelo fato de ser governador, e aí o grande mestre da cozinha italiana lhe distingue com o “talher de ouro” - jamais será divulgada.

            Governador, que coisa boa é passear, às minhas custas; com o dinheiro do meu sofrido Estado do Piauí, jamais!

            Fui Prefeito de Teresina, meu caro Senador João Vicente, recebi convites, fiz viagens; não aceitei, em nenhum momento, que a Prefeitura pagasse as passagens. Não era que fosse quebrar a Prefeitura, mas é porque o exemplo tem de começar de casa.

            Estou querendo saber, afinal de contas, qual foi o tamanho da comitiva. Sabe-se que uma comitiva grande partiu de Fortaleza; outra, de outros pontos ou em dias diferentes, para não chamar muito a atenção. Mas, na Itália, na Europa, na Velha Europa, a união faz a força.

            Só peço que S. Exª não queira fazer em Teresina um coliseu - não é que não fique bonito -, ou queira fazer uma Fontana di Trevi. Não é porque Teresina não mereça, mas porque é caro.

            Primeiro faça, Governador, o que o senhor prometeu, anos atrás, que é a construção de um centro de convenções, para o qual até contratou a família da tradicional arquiteta Tomie Ohtake. Eu não vi ainda onde está sendo feito, onde estão fazendo essa obra de arte, que foi anunciada e cantada em prosa e verso, e que o piauiense aguarda com muita ansiedade, porque nós estamos precisando, até mesmo para quando esses seus investidores chegarem a Teresina, terem onde escutar as palestras de V. Exª, cantando em prosa e verso a beleza do nosso velho e sofrido Piauí.

            Senador Mão Santa, com o maior prazer.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Heráclito, vamos e venhamos: ele tem conseguido coisas que nem eu nem ninguém conseguiu; nem governador, nem V. Exª. Olha, eu nunca vi, em 508 anos do Piauí, tanta manchete. Nós ganhamos o Bom Dia Brasil; nós ganhamos o Jornal Nacional; ganhamos a Época, a Veja e a ISTOÉ. Em cinco dias. Nunca dantes... Mas tudo por corrupção! Hoje mesmo, a Líder do Democratas disse - eu pensei que tinha esgotado, não me dá prazer: “Olha aqui, Mão Santa, novas!” Tudo acusações. Rapaz, tem até retrato dele aqui. Todo dia sai. Não é só aquela que nós tínhamos visto. Todo dia sai. E tem fotografia - olhe aqui. Antes de começar o Governo, a Finatec foi para o Piauí; antes de ele tomar posse, ela já estava lá. Os aloprados, os assaltantes, naquele Hotel Metropolitan, numa reforma administrativa - depois de um ano, ele fez a reforma da reforma, com o mesmo pilantra. Antes. Ele está na Gautama, na Navalha, nos Sanguessugas... Ninguém, na história do mundo, conseguiu, em tão pouco tempo, que se falasse tanto do Piauí! Foi o Bom Dia Brasil, foi o Jornal Nacional, foi a Época, foi a ISTOÉ, todos os bichos aí.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª se lembra de que o Delúbio foi recebido como Chefe de Estado, com batedores e tudo? Ele prometeu obras no Piauí que nem Ministro prometia.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Sim, como Chefe de Estado. Aqueles da ambulância, o Vedoin - não sei os nomes desses aí -, tudo que é sanguessuga está aqui hoje, e ainda trouxeram mais. Eu já tinha até perdido as matérias, porque isso não interessa, não vai dar em nada. Ele só perdeu em gravação - na gravação, ouve-se a voz dele tramando corrupção: “ou eu faço logo esse negócio, ou perco a eleição” - para o Ministro que saiu, que foi 18 vezes gravado; ele foi 17, tirou medalha de prata. Quase nós somos o campeão da corrupção da Gautama. Agora, ele salvou, Heráclito. Ô João Vicente! Salvou... O rapaz é bom. Magno Malta, a justiça é simbolizada por uma mulher, a coisa mais linda do mundo, firme, vestida de branco, vendados os olhos. Ela pode ser cega, nós aceitamos - “o essencial é invisível aos olhos”, e “quem vê bem vê com o coração” -, mas ela não pode ser ridícula. Vamos cassar o Governador de Santa Catarina. Gente boa, o Luiz Henrique, foi Ministro. Vamos cassar o da Paraíba, o compadre, amigo do Efraim Morais. Vamos cassar o do Tocantins...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Vamos cassar tudo - ali já estava três a zero -, o da Santa Catarina. Vamos cassar o de Roraima - ele já está até no céu; cassaram o homem para pegar o vice. Vamos cassar o de Rondônia. O do Maranhão! Ô João Vicente, eu conheço o velho do Maranhão. V. Exª fazia parte do meu Governo; eu taquei a medalha dele no peito. Todo mundo conhece aquele velho honrado, cirurgião. É um velho de moral, um dos maiores cirurgiões que já houve na história do Nordeste. É igual a Almir Gabriel, é cirurgião de tórax. É um homem honrado. Vamos cassar o do Maranhão. Todo mundo sabe que ele foi um prefeito honrado. Aí eles viram a justiça, que pode ser cega, mas não pode ser ridícula, porque o primeiro a ser cassado é o corrupto do Piauí. E a justiça é fraca e vergonhosa. Essa é a verdade. Então, eles refletiram. Parou! Parou, porque o primeiro a ser cassado deveria ser o do Piauí, que foi blindado porque é do PT. Essa é a verdade. Repito: a justiça pode ser cega, mas não pode ser ridícula. Estão aqui as provas: 17 gravações. Por que não se fala? Por que é do PT? Por que está blindado? Essa é a vergonha. Então, ele tem serviços prestados. Heráclito, desiludi-me logo. Quis Deus estar na presidência João Vicente. Aliás, ele viajou comigo. Ele sabe o que é austeridade. Eu era Secretário, ele era Secretário de Indústria e Comércio e levou umas 200 indústrias para o Piauí. Mas vou dizer: era só um auxiliar; ele e o secretário. Em todas as viagens que eu fazia, só havia um. Agora, é uma caravana. Teve uma “passeata” de gôndola em Veneza. Lá fizeram uma “passeata”. Era gente demais.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Alguém cantando Sole Mio.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Ora, foi uma “passeata” de gôndola em Veneza. V. Exª sabe e é testemunha da austeridade. Eu só viajava com um. Ele foi em uma das vezes e trouxe muitos benefícios. Eu me decepcionei por quê? Heráclito, eu fui a São José do Peixe. Ô, João Vicente, você conhece São José do Peixe. Estava lá o Marcelo ao meu lado. É verdade. O Marcelo é um Deputado Federal. Houve uma inauguração, eles me deram um título de cidadão, e parece que deram também para o Marcelo. Aí ele discursou. Heráclito, ele disse: “Vou fazer cinco hidrelétricas”. Pronto! Aí eu digo: não tem nexo. É um mentiroso, um doente. A gente tem de ter bom senso. Fazer cinco hidrelétricas? Magno Malta, o Piauí tem uma pela metade. Nunca foram feitas eclusas. Castelo Branco, Juscelino Kubitschek...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ... aquele nosso Deputado, que era bom como foi o Heráclito...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Milton Brandão.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Milton Brandão. Lá, faltam eclusas. Nunca foi terminada a possibilidade de... Quanto ao aeroporto internacional, ô João Vicente, quero dizer o seguinte: Magno Malta, não há mais nem teco-teco. Eu fui agora, fui de carro, vi o drama daqueles que V. Exª foi o primeiro a ajudar. Dr. João Silva Filho. Fez a BR ir até a Luís Correia asfaltada.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Avenida Pinheiro Machado.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Ali, encheu-se. São muitos quilômetros até Luís Correia. Hoteleiros, pessoas que têm restaurante, que moram, comerciantes, estão todos falidos por causa daquela medida provisória que proíbe a bebida. Pessoas que planejaram um empreendimento hoteleiro - essas é que deveriam ver - estão todas falidas. Senador João Vicente, recebi uma carta e vou amanhã...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - A apicultura está toda desgraçada - e V. Exª foi Secretário de Indústria e Comércio. Recebi uma carta e amanhã vou falar. Senador Heráclito Fortes, quero dar um testemunho da sua luta. V. Exª, até nas caladas da madrugada, lutava pelo Orçamento. João Vicente, o Deoclécio Dantas dizia: “É uma lástima”. E uma lástima com tanto esforço, porque a gente lutando, e ele diminuiu. Era um percentual de 3,5% e passou para 2,8%.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - No ano passado, foram 3,7%. Como é na média, no ano passado, foi 3,7%; o ano atrasado, 3,5%; e este ano caiu para 3,2%, Senador João Vicente, o nosso percentual no Orçamento. E, se não for viabilizado o recurso do porto de Luís Correia, vamos para 2,7%. Aí, veja bem, o Governador, tranqüilo, na Europa, e todos aqui disputando. É verdade, é um absurdo isso.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Pois é, e eu coloquei no Porto de Luís Correia todas as minhas emendas, e no anterior, porque eu tinha um resultado de estudo feito pelo Elói Portela: US$10 milhões faziam um modelo reduzido. E eu coloquei. E se não vier? Mas pensando pelo menos num terminal de combustíveis, que bastaria. É o combustível mais caro do mundo, e seria uma alimentação para ressurgir a ZPE. Nós temos que cuidar. Ela está com data. Um tal de Carlos, de um jornal, um site lá, coloca todo dia “faltam tantos dias”, “faltam tantos dias”, porque o prazo da ZPE do litoral vai se extinguir. Então, eu pediria o apoio de todos e de V. Exª. Mas, Heráclito Fortes, não tem nem teco-teco no aeroporto internacional que ele disse. Não tem mais nem teco-teco. Eu era menino e ia para o Rio de Janeiro. Isso aí eu me lembro. Eu era menino. Aerovias... Era o Brasil. Para esse transporte aéreo que se chamava “PTA”, prepara tua alma, porque caía.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (João Vicente Claudino. PTB - PI. Fazendo soar a campainha.) - Conclua, Senador. V. Exª está com vinte minutos.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Ele, não é.

            O SR. PRESIDENTE (João Vicente Claudino. PTB - PI) - Peço ao Senador Mão Santa que conclua para deixar o Senador Heráclito concluir.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Então, ela saía, João Vicente. Parnaíba, Teresina, Rio Grande, Natal, Sergipe, Salvador; levava um dia, mas chegava. Agora não tem nem teco-teco no de Parnaíba. E o de São Raimundo só tem jumento na pista.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu agradeço ao Senador Mão Santa e, contando com a generosidade do Presidente, ouço o Senador Wellington Salgado.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Heráclito, é claro que, perante os três Senadores do Estado do Piauí aqui, tenho que pedir licença para falar do Piauí, porque aqui estão os três Senadores do Estado. Então, acho que tempo tem que ser dado à vontade. Mas quero dizer, Senador Heráclito, que tenho um carinho muito especial por Floriano, e V. Exª sabe disso. Quanto mais V. Exª fala do Piauí, mais eu gosto do Estado. Há muito tempo não vou a Floriano, mas, quando vou, fico lá no hotel Rio Parnaíba, como um peixinho lá naquela balsa, que, com certeza, o Senador João Claudino conhece bem!

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - É verdade. Ele já foi lá, viu?

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Já fui, não! Eu tenho uma paixão tão grande, que plantei caju, deu problema com o caju, depois botei a casinha de abelha, e as abelhas foram embora por causa da seca. Agora meu irmão tem lá o segundo viveiro de muda de caju anão precoce, o segundo autorizado pela Embrapa. O meu irmão até me ligava aqui dizendo que está com cem mil mudas lá, e não sei o que ele vai fazer. Mas é uma cidade por que tenho carinho. Quero abrir, um dia, uma universidade lá. Você vê que não há tanta gente lá, mas vou abrir uma universidade lá. Vou começar com uma faculdade pequena, vou investir e vou acreditar, porque tenho um carinho especial pela cidade. Mas, diante dos três Senadores do Estado do Piauí, realmente, só tenho que ficar aqui observando o que cada um de V. Exªs fala. O Senador Heráclito é um homem que já demonstrou ter viajado bastante, o Senador Mão Santa falou de Parnaíba e V. Exª fala do hotel que será construído lá. E o Senador João Claudino, da Presidência, vai dando tempo só para fazer propaganda do Estado do Piauí. Então, estou aqui me embebedando de sabedoria do Estado do Piauí. Muito obrigado, Senador! Só queria falar que também tenho um carinho muito grande e especial pelo Estado de V. Exªs, embora não seja Senador pelo Estado e não vá fazer política no Piauí.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª, embebedando-se de sabedoria, preocupa-me bastante. Cuidado porque a embriaguez, para um Senador da República, não fica bem!

            Sr. Presidente, vou encerrar. Vou encerrar, dizendo que, com fecho de ouro, o Governador do Piauí esteve na sede da FAO e trouxe uma notícia extraordinária aos piauienses. A FAO vai fazer uma pesquisa para analisar os impactos causados pelo Fome Zero no Estado do Piauí. Naturalmente, vai a Guariba, vai a Acauã, para ver se diminuiu a criminalidade, se aumentou o número de emprego. Se tudo isso foi o que S. Exª conseguiu nessa viagem, pobre Piauí.

            O pobre Piauí, enquanto S. Ex.ª viaja, é humilhado no Orçamento da União. O Piauí foi rebaixado de maneira impiedosa e criminosa em um Governo solidário ao Estado do Piauí. O Relator, além de Deputado pelo Ceará, nasceu no Piauí. Nosso índice caiu em relação ao ano passado, como aliás está caindo todos os anos no atual Governo.

            Quero fazer este registro e o meu protesto. Veja como as pessoas mudam, Senador João Vicente: o Governador está preocupado com hotel de grife para trazer os espanhóis, para trazer os italianos, a custa da fome dos trabalhadores piauienses, que, a muito custo e muito sacrifício, montaram os seus pequenos hotéis confiando no poder público, confiando no apoio do poder público, não para que o poder público derramasse dinheiro nos seus investimentos, mas, pelo menos, para não os atrapalhar, como acontece com essas ameaças de agora.

            O que o Governador tinha que fazer não era ir ao Velho Mundo atrás de investidores novos, mas ir ao BNDES, que é mais perto, pedir financiamento a preço justo e acessível para quem tem coragem de investir no turismo do Estado do Piauí.

            Lamento, meu caro Senador João Vicente, V. Exª estar presidindo esta sessão. Mas, de nós três piauienses, V. Exª é o que está em melhor situação, porque Presidente não fala, apenas ouve.

            É lamentável, mas tenho que fazer este registro. Sei que ele vai ficar aborrecido, mas é isso mesmo, é função do governante.

            Para terminar - é um assunto que vou trazer na próxima semana -, quero dizer que fiquei envergonhado na Comissão das ONGs. Por três vezes, espontaneamente, o Procurador citou o Piauí na trilha nociva da corrupção. E as informações estão vindo para a CPI das ONGs. Eu até brinquei com o Relator e disse: “Você está vendo: não precisou nem eu falar do Piauí, pois o próprio depoente, por três vezes, puxou o assunto e não posso, como piauiense, silenciar”.

            Pobre Piauí, que aparece nas manchetes não de forma promissora, não de forma futurosa, mas de forma a envergonhar a todos nós que queremos ver, finalmente, o nosso Estado caminhar pelo caminho do progresso e do desenvolvimento.

            Sonha, Governador, sonha! É um direito que lhe cabe, mas não transforme em pesadelo a dor e o sofrimento de uma população que continua tendo esperanças de que este governo faça alguma coisa pela nossa terra.

            Sonha, mas, quando acordar, acorda desperto e vai trabalhar, por favor.

            Muito obrigado.