Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à criação da TV-Pública. Defesa da votação da derrubada do veto ao aumento dos aposentados e pensionistas do INSS.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Críticas à criação da TV-Pública. Defesa da votação da derrubada do veto ao aumento dos aposentados e pensionistas do INSS.
Publicação
Publicação no DSF de 29/02/2008 - Página 4006
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CRITICA, CRIAÇÃO, TELEVISÃO, EXECUTIVO, DEFESA, MELHORIA, APLICAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, PAGAMENTO, HORARIO GRATUITO, PROGRAMA POLITICO, POSSIBILIDADE, REPARAÇÃO, PREJUIZO, EMISSORA.
  • DISCORDANCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PRIORIDADE, PAGAMENTO, DIVIDA EXTERNA, DISCRIMINAÇÃO, APOSENTADO, FALTA, ASSISTENCIA, REDUÇÃO, REAJUSTE, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, CRITICA, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente Camata, Parlamentares, brasileiras e brasileiros que estão presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Mário Couto, mentir é fácil. Agora, sou da geração - viu, Camata? - que mentira... Eu apanhei muito do meu pai. Qualquer mentirinha, ele dizia “quem mente rouba”. E era de cinturão.

Olha, este Governo, de mentira em mentira, vai passando o tempo... Este Governo, além do sistema de comunicação que tem, está para criar um novo sistema.

Perguntaria eu, Mário Couto: ô, Camata, não seria mais justo o Presidente da República pagar as pobres emissoras do sistema de comunicação que transmitem a sua voz, a sua propaganda, todas as noites, em centenas de lares brasileiros? Está todo falido aí esse sistema de comunicação. Vamos criar mais um.

Aí, vêm e dizem: “o Presidente da República não é pé-frio, os outros são pés-frios”. “Somos credores, não somos mais devedores”.

Vocês lembram da Petrobras. A Petrobras, o Monteiro Lobato já falava nela. O Getúlio Vargas: “o petróleo é nosso”. Muita luta, muita conquista, muita pesquisa... Aí, o Luiz Inácio fez a Petrobras...

Eu pergunto: qual é a gasolina mais cara do mundo? É a do Brasil! Fome Zero. O gás mais caro do mundo é este do Brasil. E somos credores!

Ô, Luiz Inácio, Vossa Excelência tem uma dívida muito grande!

Ô, Mário Couto, eu estou aqui, Camata, morto de vergonha. Nós lutamos para que se tivesse coragem de analisar os vetos.

Ó Líder do PSOL, Senador José Nery - olhe, para substituir Heloisa Helena, ô mulher!... -, e já imploramos o veto dos velhinhos. Quer dizer, ele não deve mais aos gringos, aos norte-americanos, aos banqueiros; ele não deve, porque dá prioridade a eles, já pagou tudo. Não deve. Mas, e aos velhinhos aposentados, deve ou não deve?

Esta Casa, com a responsabilidade da oposição, com lucidez, entramos noite adentro, Gerson Camata. Tasso Jereisati presidia a Comissão, Paulo Paim era o Vice, ameaçaram até para sair, e houve um aumento de 17,6% para os velhinhos. Os aloprados fizeram a cabeça de Luiz Inácio, porque ele não entende, e disseram para diminuir. Diminuiu para quatro, vetou.

A Sudene, Luiz Inácio. Juscelino. Por que se fala em Juscelino? Ele tinha pé-frio? Tu tem pé-frio; ele que é o pé-quente. Juscelino disse em um dos seus pensamentos, Ô Mário Couto, que “a velhice é infeliz, e desamparada é uma desgraça” - como estão os nossos aposentados.

Eu vou dar só um cálculo, Senador Gerson Camata. Eu aqui estou porque sei. Isso é uma farsa! Todos os hospitais do Brasil. Ontem eu li a respeito do Rio de Janeiro, pela mídia, o cara analisando um por um. Os que estão abertos estão funcionando 30%, 40%. Eu aqui sou médico-residente, pós-graduado do Hospital HSE, que era padrão. Eu vim e não trouxe nem a mídia, porque fiquei doente. Aquela escola de cirurgiões, da qual eu faço parte - HSE - Hospital Servidor do Estado. Presidente da República ia para lá. Presidente da República, como Castello Branco. Eu me lembro quando ele deu aquele infarto. Depois ele foi se operar, e foi para lá. Fecharam! Ele tem doze andares. Eu vi...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...não tem tempo. Um minuto só, Gerson.

Então, eu lá em cima, vendo a ponte de Niterói - aquilo é que é obra! -, dando plantão naquele hospital. Ó Mário Couto, eu lá em cima, na UTI. Era CTI. Eu até apelidei “Companhia de Transporte para o Inferno”, pois morria muita gente. Mas, olhe bem, ele está com seis andares fechados. Esse é o quadro! Essa é a verdade!.De verdade em verdade vos digo. Ó PSOL! Ei rapaz, eu vou falar com a Heloísa Helena, para você dar um jeito aí. Por que não a colocou de suplente aí? É, está errado esse negócio de suplente. Quem tem de vir é a Heloísa Helena.

Meu amigo, eu fui ver os vetos... Você não faz oposição! Até tu, estão dizendo que tu está... Saiu no jornal que o PSOL da Câmara já foi absolvido. Pode pegar a mídia. E aqui...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu fui olhar os vetos...

Lá no meu PMDB, no teu -...e saí envergonhado. Escolheram uns vetos e pensaram: “O dos velhinhos não está lá, não.” O dos velhinhos... Olha, nós demos, responsavelmente - uma oposição responsável, capaz e competente -, 16,7%. Ele baixou para 4%. Nós demos. Vetou.

Eu só vou contar um quadro. Chegou o nosso Senador Paulo Duque, mas ele não é velho, não, ele é novo. Ô Mário Couto, olhe para cá. Hoje nós saudamos o Jonas. Ah, agora vou ter um tempo a mais, porque o Presidente é do Paraná. Comece aí. Deus escreve certo por linhas tortas. Agora temos Presidente.

Camata, você já foi do Rotary? Eu fui. Em 1969...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - A Mesa pede a colaboração de V. Exª, que tem mais um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O orador pede que V. Exª transfira a Presidência ao Vice-Presidente, que representa a sensibilidade do Paraná e que jamais calou a voz da oposição e do povo, tem esse entendimento.

Fiquei aguardando S. Exª chegar, porque S. Exª é sensível e me inspira.

Eu só vou apresentar um quadro, porque um quadro vale por mil palavras. É simples. Em 1969, chegávamos a ser uma comissão, eu e Adalgizinha, na casa do meu pai. Eu tinha acabado o curso de Medicina. Aí me convidaram...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agora, habemos papa? Habemos presidente bueno. Três minutos, já melhorou.

Então, eu, convidado para o Rotary, sonhava ver aquele negócio, fui e logo aceitei. Aquele que convida a gente chama de padrinho. Essa pessoa foi meu padrinho e eu o chamei sempre de padrinho. Ô Camata, o melhor homem que eu vi na minha vida. Eu era Governador do Estado: “Padrinho”, e o pessoal pensava que era padrinho mesmo, mas era de Rotary. “Meu padrinho”, ficou aquilo, a deferência. Camata, trabalhador, como esses aposentados, pagaram, descontaram, trabalharam descontando para aposentadoria dez salários mínimos. Olha, esse senhor, o melhor homem que eu já vi, olha o que é a vida - “O Homem é o homem e suas circunstâncias", Ortega y Gasset - eu não estava lá, suicidou-se. Símbolo do aposentado brasileiro, Luiz Inácio. Eu tenho convicção, se céu existe, ele está lá. Eu não sei se esses daqui estão e se o pessoal que está lá no Alvorada está. Atentai bem, por quê? Deveria ter uns 60 anos de casado, com a sua amada esposa e os filhos. No final da vida, a geração, seus amigos vão morrendo e ele não teve aquela cobertura do diretor velho, que era amigo da Santa Casa, eu não estava lá. Sabe por que ele se suicidou? O melhor homem que eu conheci? Porque, quem acredita em amor, a mulher, depois de 60 anos, a esposa dele estava doente e precisou internar-se, mas ele não tinha dinheiro para pagar o hospital.

Esse drama parece banal, mas quem acreditou, quem trabalhou, quem construiu uma família foi embora. Esse aposentado trabalhou muito mais do que Luiz Inácio, do que todo esse pessoal do Partido dos Trabalhadores, e suicidou-se, enforcou-se, porque não tinha dinheiro para pagar o hospital de sua amada no fim da vida. Foi um instante tresloucado. A vida de um homem digno, trabalhador. Tenho certeza de que Deus vai julgá-lo pela vida.

Esse retrato que passo agora é o dos aposentados do meu Brasil. Eu conheço. Eles são dignos, são honrados, são trabalhadores.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Alvaro Dias, infelizmente, eu não tenho a sua inteligência para sintetizar.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Mais um minuto, Senador.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em um minuto, Jesus fez o Pai Nosso e elevou-nos ao céu. Eu quero isso e os aposentados também. Eles estão sofrendo.

E, ainda, esses eunucos, aloprados, disseram na hora de ele vetar: “Não. Os velhinhos não precisam. Eles já têm tudo, eles podem ganhar menos.” Pelo contrário. Eu sou médico. Há o infortúnio, a doença.

Então, Luiz Inácio, Vossa Excelência que diz aí que FHC, o estadista, tem pé-frio, quero dizer-lhe que Juscelino Kubitschek falou: “A velhice é triste. Ela desamparada é uma desgraça”.

Vamos. Mande V. Exª mesmo para cá o veto dos aposentados. Vamos dever aos gringos. Vamos dever aos gringos, esses perversos banqueiros, mas vamos pagar aos velhinhos que estamos a dever. Não tem acompanhado... Não entra na cabeça de ninguém um contrato - que País é este? É decente? - em que o velho que trabalha e desconta para ganhar dez salários mínimos está ganhando quatro; o que desconta para quatro está ganhando um.

Então, é isso, Luiz Inácio. Aí, sim, eu virei aqui, como homem do Piauí, agradecer e enaltecer o Presidente. Enquanto isso, Vossa Excelência deve aos nossos velhos. Vamos pagar a nossa dívida.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/02/2008 - Página 4006