A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Senador Jayme Campos, que preside neste momento a sessão especial de homenagem ao nosso querido companheiro de Senado por Mato Grosso, Senador Jonas Pinheiro; querida Celcita, a quem não vou chamar nem de Secretária, o que a senhora é, nem de Deputada, vou chamar de professora, aquela colega que, com certeza, nos tempos em que trabalhamos na universidade, foi escolhida sempre pela sua competência para participar dos trabalhos do Núcleo de Pós-Graduação. Com certeza o atual Reitor, Prof. Paulo Speller, Olguinha, Artemis, Orestes, nós todos do Núcleo de Pós-Graduação tínhamos a maior confiança no seu trabalho, pela sua dedicação, pelo seu compromisso, pela sua responsabilidade, pela sua competência junto àquele Núcleo, no que diz respeito àquele trabalho que foi feito em acordo com o Estado. Então prefiro chamá-la de professora, porque eu também sou professora. Apenas estamos em outros cargos.

Nossa querida Celcita; nossa querida Giani Pinheiro, filha do nosso Senador; Giorgio, filho do nosso Senador; Senador Jayme Campos; Senadora Kátia Abreu, autora do requerimento desta sessão; nosso Senador por Mato Grosso, Gilberto Goellner; Srªs e Srs. Senadores; Deputados e Deputadas Federais; servidores - que com certeza sofrem muito também - do gabinete do Senador Jonas Pinheiro; senhoras e senhores, eu quero aqui, antes de iniciar a minha fala, dizer que a Senadora Ideli Salvatti, Líder do nosso Partido, ligou-me pedindo que falasse em nome dela, em nome da Liderança do Partido dos Trabalhadores, à família do nosso Senador Jonas Pinheiro.

Sr. Presidente, senhoras e senhores, esta sessão que homenageia o Senador Jonas Pinheiro, não tenho dúvida, representa para cada um de nós que dela participamos um momento de profunda consternação.

Jonas Pinheiro, pela absoluta dedicação com que cumpriu os diversos mandatos que o povo mato-grossense lhe delegou, é um político que sempre honrou o Parlamento.

Eu e ele sempre militamos em lados opostos, no que se refere às agremiações partidárias, mas quero iniciar esta fala destacando o profundo respeito que o ativo Senador Jonas Pinheiro sempre me inspirou. Todos são testemunhas, aqueles de Mato Grosso, a família dele, de que eu e o Senador nunca tivemos nenhum embate. Conversávamos muito, sim. Discordávamos muitas vezes - sentávamos lado a lado ali -, mas tínhamos sempre o maior respeito um pelo outro, e nossas discussões sempre eram frutíferas, sempre faziam avançar os interesses de Mato Grosso.

Como eu disse, ele sempre nos inspirou grande respeito. O fato é que, ao longo dos 25 anos em que representou o povo de Mato Grosso no Congresso Nacional, muito fez pelo Brasil. É, portanto, um político que teve uma trajetória invejável, e desta já destaco a responsabilidade que recai sobre o nosso Senador Gilberto Goellner, ao sucedê-lo, de dar continuidade ao seu trabalho, de honrar no dia-a-dia a memória desse político exemplar que foi Jonas Pinheiro. Saiba, Senador Gilberto Goellner, que os agricultores, os pecuaristas, homens e mulheres que sustentam a vida no vasto interior de Mato Grosso esperam contar com o senhor, como sempre contaram com Jonas Pinheiro. Tenha certeza de que o Senador Goellner, o Senador Jayme Campos e eu, nós três, por Mato Grosso, temos um acréscimo de responsabilidade, professora Celcita. Não estou falando isso neste momento aqui por ser uma sessão especial. Já falei inúmeras vezes, após a perda do nosso Senador, para a imprensa de um modo geral. Sempre que me perguntaram, esta foi a minha fala: uma perda irreparável.

Aqui estamos nós para prestarmos nossas homenagens a esse lutador incansável, Jonas Pinheiro. Repito aqui: eu, o Senador Jayme Campos e o Senador Goellner, como componentes da Bancada de Mato Grosso, certamente sentimos um peso muito maior, já que convivíamos ali, naquele cantinho do plenário - como disse o Senador José Agripino há poucos minutos -, onde juntos sentávamos, compartilhando ações que pudessem redundar em benefício do povo de nosso Estado e de toda a população que ali vive e trabalha.

Tenho certeza, Senador Jayme Campos, de que jamais na história da política mato-grossense uma Bancada de Senadores teve tanta vontade de encontrar, como encontramos, pontos comuns na defesa dos interesses de Mato Grosso. O senhor, Senador Jayme Campos, é testemunha de todo esse empenho de Jonas Pinheiro, de Jayme Campos e de Serys Slhessarenko, que, embora de colorações partidárias diferenciadas, estávamos sempre ali na luta para buscarmos pontos comuns que pudessem vir a melhorar a situação do nosso Estado de Mato Grosso. Nosso tratamento sempre foi extremamente respeitoso e se encarregou de fazer com que, mesmo nas defesas antagônicas, o diálogo sempre prevalecesse.

A perda do Senador Jonas Pinheiro, neste momento em que este nosso Senado Federal tanto precisa de equilíbrio, tranqüilidade e rapidez em suas decisões, é uma perda - como já disse aqui - irreparável, e temos muita consciência da falta que ele nos fará. Tranqüilo, calmo, muito quieto, mas, na hora necessária, determinado; falando, muitas vezes, pouco, mas dizendo muito naquele pouco que ele se pronunciava e sendo extremamente respeitado por todos.

Lendo sua autobiografia, destaquei um ponto que demonstra sua simplicidade, bem característica de nosso povo mato-grossense. Dizia o Senador Jonas Pinheiro: “Nos tempos de minha infância, e mesmo na minha juventude, vivendo entre pequenos agricultores e pescadores, jamais imaginei que o futuro me reservasse o privilégio de um dia poder estar num cargo de âmbito nacional, no qual eu pudesse ajudar de alguma forma aqueles conterrâneos, cujo trabalho, tão importante, é tão pouco valorizado” - palavras de Jonas Pinheiro. E eu digo: o Senador Jonas Pinheiro fez muito por Mato Grosso e muito pelo Brasil, usando como seu principal instrumento de ação o diálogo aberto e franco. Nunca foi homem de ações extremadas, tanto que não podemos relacioná-lo com aqueles setores mais endurecidos que construíram grupamentos rurais como a UDR. Nascido e fortalecido, sim, na Extensão Rural, é um exagero dizer que Jonas Pinheiro só pugnou nesta Casa pelo interesse dos grandes, porque ele soube muito bem estender a sua ação em favor dos pequenos agricultores, em favor dos assentados. Quantas vezes estive em palanque, Profª Celcita, no meio de grandes assentamentos da reforma agrária e de pequenos proprietários rurais e lá encontrei Jonas realmente defendendo os interesses daqueles pequenos e sendo ovacionado por eles, pela luta que sempre travou também em favor deles!

Desculpem-me, pois é difícil falar.

Por tudo isso, não vacilo em dizer, ao lembrar a figura do nobre Senador Jonas Pinheiro, que a memória que me fica é a de um homem bom, de um adversário que sempre soube polemizar nos marcos da democracia, afirmando, por isso mesmo, a cada dia, a importância dessa convivência democrática que ele tão bem praticava, Profª Celcita.

Jonas, como gostava de ser tratado, se dizia representante da agricultura nesta Casa, mas, na verdade, procurou trabalhar sempre em favor de todos, indistintamente, pois tinha a exata noção de que seu mandato não era apenas de um só setor, mas um mandato através do qual trabalhava em defesa de todos.

(Interrupção no som.)

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Mato Grosso, Sr. Presidente, perdeu um dos seus melhores filhos e, talvez, o que melhor discutia a política agrícola do País.

Fui ao enterro do Senador Jonas Pinheiro prestar minhas últimas homenagens, lá em sua terra natal, a cidade de Santo Antonio do Leverger. Profª Celcita, eu não fui por obrigação de ofício, mas pelo imenso carinho que aprendi a ter, em nossa convivência, pelo Senador Jonas Pinheiro, e pude ver o tanto que era querido esse nosso amigo Jonas. Foram centenas, milhares de amigos, familiares e correligionários, uma entristecida e perplexa multidão que acorreu à sua casa para prestar solidariedade à família. Todos se sentindo enlutados, todos se sentindo abatidos pelo desaparecimento de uma personalidade tão fraterna, tão presente, tão ativa. Lá estiveram políticos, empresários e líderes de vários setores, mas estiveram, principalmente, seus conterrâneos, homens e mulheres do povo que, aos milhares, sentiram e fizeram questão de prantear a sua saudosa memória.

Quero, portanto, desejar à sua família muita força e que sua companheira de tantos anos, Celcita Pinheiro, Secretária do Bem-Estar Social da Prefeitura de Cuiabá, possa ter a tranqüilidade para confortar seus dois filhos, Giorgio Pinheiro da Silva e Giani Antônia Pinheiro de Moraes, na certeza de que os milhares e milhares de amigos e correligionários de Jonas Pinheiro se ressentem, nesta hora, da mesma dor.

Quero registrar, neste plenário, o que talvez muitos não saibam. No dia do seu falecimento, pela manhã, às nove horas, abrimos, com a minha presença na Mesa, e os representantes dos países que compõem o Fórum de Parlamentares Internacionais do G-8+5, composto pelos oitos maiores países em termos de desenvolvimento de riqueza do mundo e mais China, Índia, África do Sul, México e o Brasil, além de cinco países da África, se levantaram, com a presença do nosso Presidente, Senador Garibaldi, e fizeram um minuto de silêncio pela falta, pelo falecimento do Senador Jonas Pinheiro. Ele foi reverenciado pelo mundo na presença de todas as missões aqui presentes no Brasil do G8+5, e em muitos momentos, praticamente todas as missões, ao tomarem a palavra, durante dois dias, se pronunciaram sempre trazendo sua homenagem a esse nosso Senador, falando dessa perda para o Senado da República.

Nossa homenagem à querida família do nosso Senador Jonas Pinheiro.

Obrigada. (Palmas.)