Discurso durante a 18ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao eminente brasileiro Senador Jonas Pinheiro, que exerceu importantes cargos, dedicando sua vida pública a serviço do País e em defesa da agricultura brasileira.

Autor
Valter Pereira (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Valter Pereira de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao eminente brasileiro Senador Jonas Pinheiro, que exerceu importantes cargos, dedicando sua vida pública a serviço do País e em defesa da agricultura brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 29/02/2008 - Página 3978
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JONAS PINHEIRO, SENADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, INTERESSE PUBLICO, ESPECIFICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO AGRARIO, BRASIL, REGIÃO CENTRO OESTE, RESPONSABILIDADE, ATENÇÃO, TRABALHADOR RURAL, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE.

O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores; ilustres convidados; Senador Maguito Vilela; Sr. Fábio, que está aqui representando a Confederação Nacional da Agricultura; Deputada Celcita, esposa do homenageado; Giorgio e Giani, filhos do grande Jonas Pinheiro; a Liderança do PMDB, por meio do Senador Valdir Raupp, designou-me para representar o meu Partido nesta solenidade. O mesmo fez o Senador Neuto de Conto, Presidente da Comissão de Agricultura, da qual faço parte e onde era colega do eminente e inesquecível Senador Jonas Pinheiro.

É claro que eu não poderia deixar de cumprir esta missão, até porque, como representante de Mato Grosso do Sul e vizinho do vetusto Mato Grosso, do qual Mato Grosso do Sul se originou, temos um vínculo de amizade que há muitos anos nos une. O Senador Jonas Pinheiro, em um período de sua vida, morou em Campo Grande. Aqui, era meu vizinho também. Eu sentava ao lado do meu companheiro e amigo Jayme Campos, compartilhando o mesmo espaço com o Senador Jonas Pinheiro. De sorte que, por muitas vezes, tivemos oportunidade de discutir os problemas da política brasileira, da política de Mato Grosso e da política de Mato Grosso do Sul. Ele sempre indagava sobre Fulano, Beltrano e Sicrano, da mesma forma que me informava sobre o que acontecia no velho Mato Grosso, onde tive oportunidade de exercer o mandato de deputado estadual, na Assembléia Legislativa, na última legislatura que antecedeu a divisão daquele grande território.

Os que me antecederam todos já falaram bastante sobre a personalidade, sobre a dedicação ao trabalho, sobre a fidelidade que o Senador Jonas Pinheiro sempre devotava às causas que abraçava. Indiscutivelmente, o Senador Jonas Pinheiro granjeou a amizade desta Casa pela sua simplicidade, pela sua lealdade, mas granjeou o respeito por sua determinação e dedicação à causa pública.

Eu não posso deixar de reconhecer uma grande virtude da democracia em momento como este. A democracia é um regime que assegura a participação efetiva do povo nas grandes decisões.

Vejam o que a democracia produz: oportunidade a um filho de pescador, de um homem que veio do campo, que conheceu as agruras, a rudeza da vida campestre, de alçar os cargos mais importantes em seu Estado e na Federação. E o Jonas foi esse filho do pescador que virou Senador. E aqui, no Senado, durante o exercício de seus mandatos, não arredou o pé, seus compromissos e pensamentos das causas do campo, das causas do setor produtivo de nosso País. Esteve sempre atento ao que acontecia em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e no Brasil, porque, na verdade, a causa que ele abraçava transcendeu, e muito, os umbrais de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, porque a agricultura é efetivamente uma causa do povo brasileiro. A agricultura é um motor que alavanca a economia de nosso País. E, portanto, quando ele abraçava essa causa, transcendia as barreiras de nosso Estado e atendia aos reclamos de todo o nosso País. E, quando vamos investigar a vida do nosso homenageado, para ter autoridade na locução que vamos fazer, deparamo-nos com uma coerência extraordinária, do começo ao fim de sua vida pública, de sua atividade parlamentar.

Qual foi o primeiro pronunciamento que Jonas Pinheiro fez aqui desta tribuna, aliás destas duas tribunas, que ele sabia freqüentar sempre para defender as causas de seu Estado e de seu País? Por quase 300 vezes, Fábio, ele esteve ocupando estas tribunas para defender essas causas.

Qual foi o primeiro pronunciamento dele? Isso, em fevereiro de 1995, se não me engano. Ele veio à tribuna para anunciar a apresentação de um projeto que dava destino às embalagens de agrotóxicos - que até hoje é uma luta de todos os ambientalistas do País e é uma luta que se faz junto com a agricultura. Assim, ele inaugurou a participação que teve em sua luta no Senado Federal.

Portanto, era um homem que tinha uma determinação muito forte com essa causa. Ele preconizava o desenvolvimento da agricultura e a exploração do solo para produzir riquezas, mas com observância da saúde de quem trabalhava e do meio ambiente. Era um homem que encarava essa atividade com responsabilidade, e, até o fim de sua vida, sua luta foi essa.

Assim, a homenagem que hoje o Senado presta ao Senador Jonas Pinheiro é das mais justas: foi um homem exemplar, com sua humildade, simplicidade, mas determinação, coerência, pertinácia e dedicação à causa pública.

Indiscutivelmente, temos de reconhecer que o nosso saudoso e inesquecível amigo deixa aberta uma lacuna muito grande na política brasileira e no Senado Federal. Temos a esperança e a convicção de que o seu substituto, que neste momento preside esta sessão, Senador Gilberto, haverá de preenchê-la com competência, porque, quando Jonas o escolheu, tinha a convicção de que, em sua ausência, ele teria de ter uma pessoa com seu perfil e com a responsabilidade que sempre devotou à causa pública para substituí-lo.

Portanto, Deputada Celcita, V. Exª, que aqui hoje comparece a esta sessão com o coração ferido, saiba que nesta Casa a memória dele será inesquecível, como inesquecível também aquela cena, a que eu tive oportunidade de assistir em Santo Antônio do Leverger. Quando cheguei próximo ao esquife, comentei com um colega que estava junto a mim que, se precisássemos realizar uma sessão do Senado Federal, ou do Congresso Nacional, já teríamos quórum suficiente, porque a amizade de que ele desfrutava arrastou para Cuiabá e para Santo Antônio do Leverger o Congresso quase todo.

            Foi uma homenagem que, efetivamente, emocionou todos os Senadores que estavam ali presentes e que foi muito bem traduzida aqui hoje pela Senadora Lúcia Vânia, que falou da relação que ele tinha com a região Centro-Oeste. A região Centro-Oeste foi, indiscutivelmente, a mais prejudicada com a sua perda, mas esperamos que seja recompensada com o trabalho de seu substituto, Senador Gilberto, que preside esta sessão.

Minhas homenagens, em nome do PMDB; minhas homenagens, em nome da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária; e minhas homenagens, em nome do Mato Grosso do Sul, que represento neste Congresso, ao nosso Estado-Irmão, que perdeu Jonas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/02/2008 - Página 3978