O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Gilberto Goellner, que preside esta sessão em justa homenagem ao Senador Jonas Pinheiro; Deputada Federal Celcita Pinheiro, viúva do Senador Jonas Pinheiro; Srª Giani Antônia Pinheiro, sua filha; Sr. Giorgio Pinheiro, seu filho; Sr. Fábio Meirelles, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; Senador Maguito Vilela, Vice-Presidente de Governo do Banco do Brasil; Senador Jayme Campos; Srs. Senadores, Srªs Senadoras; senhores e senhoras presentes a esta sessão de homenagem ao nosso querido amigo, Senador Jonas Pinheiro.

O Brasil e o Senado têm perdido, nos últimos anos, homens públicos de vulto. Primeiro, Ramez Tebet. Depois, Antonio Carlos Magalhães. Agora, choramos a ausência de nosso querido amigo e colega Jonas Pinheiro. A vida política nacional está mais pobre; a História do Brasil, mais rica.

Uma Sessão Especial é uma homenagem muito simples diante de tudo o que representou para esta Casa, para o Estado do Mato Grosso e para o Brasil a figura do Senador Jonas Pinheiro. Entretanto, é uma homenagem sincera que nós, Senadores da República, prestamos ao eminente colega que, por treze anos, honrou esta Casa com seu trabalho e com suas idéias.

Jonas Pinheiro era um homem obstinado. Nunca se cansou de lutar pela causa da sua vida, a agricultura nacional. Nunca deixou que calassem sua voz quando o assunto era a defesa do homem do campo. Foi Presidente da Emater de Mato Grosso, onde pôde ouvir de perto os anseios dos agricultores do seu Estado. No Parlamento, onde teve oportunidade de difundir seus ideais, exerceu três mandatos de Deputado Federal e estava em seu segundo mandato de Senador da República.

Mesmo ocupando posições de relevo, jamais se deixou contaminar pela soberba e pela arrogância. Ao contrário, manteve-se fiel às suas origens: continuou sendo o filho de pescador que conversava, de igual para igual, com a sua gente, seja para ouvir os seus clamores, seja para anunciar alguma melhoria que havia conseguido.

Jonas Pinheiro não era homem de retórica vazia, muito menos de palavras sem sentido. Era homem de ação. Dizia ele que o povo não quer simples promessas. O povo quer, isto sim, trabalho e dignidade. Essa frase é emblemática, que orienta, com certeza, todos nós Senadores da República. E como esse homem lutou para dar trabalho e dignidade aos mato-grossenses! Por isso, era tão amado por seu povo, que o consagrou nas urnas em todas as eleições disputadas.

Era um homem simples, mas sua simplicidade nunca o impediu de defender com brilho, neste Parlamento ou em qualquer repartição pública das três esferas de governo, os interesses dos agricultores e dos pecuaristas, em especial os mais pobres. Mesmo sendo da Oposição, jamais se furtou a bater nas portas dos ministros para cobrar melhorias para o agronegócio, bem como o cumprimento das muitas promessas que sempre são feitas e nem sempre honradas.

Apesar do jeito manso que lhe foi tão característico, brigava como um leão para solucionar um problema que sempre foi, e ainda é, o calcanhar de Aquiles do agronegócio brasileiro: o endividamento dos produtores rurais. Aqui no Senado, não deixou um minuto sequer de defender a causa de sua vida. Ocupou posição de destaque na CPI do Endividamento Rural, ocorrida entre 1993 e 1994. Além disso, quem não se lembra da figura de Jonas Pinheiro à frente do “tratoraço”, manifestação em defesa do campo que tomou conta das ruas de Brasília, em junho de 2005?

Mais recentemente, é digna de nota a sua atuação no processo de renegociação das dívidas dos produtores rurais, ocorrido no ano passado. Trabalhando com afinco, foi capaz de construir um acordo entre o Governo, os Parlamentares da Situação e da Oposição e entidades representativas dos produtores rurais, o que viabilizou a ampliação dos prazos e a melhoria das condições de pagamento, permitindo que os produtores voltassem a ter acesso ao crédito rural para financiamento da safra 2007/2008.

Senador Jayme Campos, eu não tenho medo de afirmar, Senador Gilberto Goellner, que as safras recordes colhidas pelos produtores rurais brasileiros - e que ainda viabilizam o superávit comercial deste País - se devem, em boa medida, à dedicação desse homem simples e lutador que foi Jonas Pinheiro. O Estado do Mato Grosso, maior produtor de soja deste País, deve muito de sua prosperidade econômica ao trabalho de seu filho querido, que tanto amava sua terra e sua gente.

Jonas Pinheiro acreditava no trabalho e na honestidade, pilares da educação recebida de seus pais. Para ele, o produtor rural não precisava de esmolas ou de benesses do Governo. Precisava, sim, de condições justas para o pagamento de suas dívidas, condições essas que viabilizassem sua atividade produtiva. Investir no agronegócio era, para ele, a melhor maneira de fixar o homem no campo. Evitava-se, assim, o êxodo rural, responsável, em grande parte, pelo aumento da miséria e da violência.

Ele mesmo era um trabalhador exemplar. Aqui no Senado participava, como membro titular, de quatro Comissões: Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle; Direitos Humanos e Legislação Participativa; Desenvolvimento Regional e Turismo; e Agricultura e Reforma Agrária, como não poderia deixar de ser. Não tenho dúvida, de que os Presidentes de todas essas Comissões podem atestar o papel de destaque que o Senador Jonas Pinheiro sempre ocupou nos debates e nas votações.

Sem nunca se desgrudar de suas convicções, possuía um tom conciliador e uma maneira sempre amável de lidar com seus colegas Senadores e com os funcionários desta Casa. Por isso era muito querido por todos nós, Deputada Celcita, que temos sentido, e muito, a sua falta.

Olhamos a Bancada em que ele sentava e é como se, neste instante, ele estivesse nos assistindo e recebendo a homenagem por tudo o que fez por Mato Grosso e pelo Brasil.

O tempo passará, mas a figura inesquecível de Jonas Pinheiro estará sempre presente em nossa memória.

Eu não poderia deixar de vir aqui fazer esta homenagem ao meu querido amigo Jonas Pinheiro. Somos de Estados vizinhos. O meu Estado, que tenho a honra de representar no Senado Federal, o Pará, talvez tenha as mesmas problemáticas e os mesmos desejos de desenvolvimento e de diminuição das desigualdades, mantendo as diferenças. Temos diferenças, sim, em relação ao resto do Brasil, mas precisamos diminuir as desigualdades. E a luta do amigo Jonas era neste sentido: asfaltar a Santarém-Cuiabá; transformar em realidade a Teles Pires-Tapajós; e aumentar a competitividade do agronegócio, o qual, eu diria, está sufocado pela falta de infra-estrutura, que tira a competitividade do produtor rural, que tem até a porta da sua propriedade talvez a maior competitividade mundial, mas a partir daí falta, Senador Maguito Vilela, a infra-estrutura necessária, pela qual o Senador Jonas Pinheiro aqui muito batalhou.

E sendo vizinho de Mato Grosso o meu Estado do Pará, por muitas vezes estive nas mesmas batalhas que o Senador Jonas Pinheiro, o Senador Jayme Campos e a Senadora Serys - todos os Senadores que por aqui passaram - para que pudéssemos, juntos, unir as Bancadas dos dois Estados e tentar fazer com que o Executivo nacional voltasse as suas vistas para esses Estados, principalmente Mato Grosso, tão amado pelo Senador Jonas Pinheiro.

Recebam, Deputada Celcita, Srª Giani e Sr. Giorgio, os meus sentimentos. Jonas, como todas as pessoas especiais, não morreu. Ele está encantando, está lá em cima, junto com Deus, olhando pelo Mato Grosso, pelo Brasil e por seus amigos.

Muito obrigado. (Palmas.)