Discurso durante a 20ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Contesta pesquisas que apontam falta de credibilidade dos políticos.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. SAUDE.:
  • Contesta pesquisas que apontam falta de credibilidade dos políticos.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2008 - Página 4107
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. SAUDE.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JONAS PINHEIRO, SENADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ABANDONO, IDOSO, DESRESPEITO, POPULAÇÃO, SUPERIORIDADE, NOMEAÇÃO, CARGO EM COMISSÃO, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS), PROTESTO, COMPARAÇÃO, INFERIORIDADE, SALARIO, OFICIAIS, MARINHA.
  • ELOGIO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, DEMONSTRAÇÃO, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO (HSE), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • REGISTRO, PERIODO, GESTÃO, ORADOR, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), AUSENCIA, CORRUPÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, SUPERIORIDADE, PREÇO, CARNE, AQUISIÇÃO, UTILIZAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, EMPENHO, SENADO, CONTENÇÃO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO FEDERAL, ACELERAÇÃO, CONCLUSÃO, OBRAS, AEROPORTO INTERNACIONAL, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), PORTO, FERROVIA, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita, que preside esta sessão de sexta-feira no Senado da República do Brasil, é bom salientar que nunca na História do Brasil e do Senado da República esta Casa abriu às sextas-feiras. Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Geraldo Mesquita, a verdade é uma busca. Essa preocupação é tão grande que quis Deus que o nosso Presidente Garibaldi Alves adentrasse o plenário. Quis Deus! Esta televisão, a TV Senado, e o povo buscam a verdade. Caiu por terra isso que querem impregnar na consciência do povo do Brasil: que somos desacreditados, que há uma pesquisa negativa. Eu sempre contestei isso, porque entendemos as coisas.

Senador Geraldo Mesquita, adentrou o plenário o nosso Presidente Garibaldi Alves, a quem não tenho restrições. Tenho restrições ao PMDB, mas não a V. Exª. Vamos analisar, ô Luiz Inácio. Vamos comparar a um time de futebol, que é comum no Brasil. Vejamos: um time jogar dez vezes, vencer nove e perder uma, nem o Real Madrid; nem o Santos de Pelé e Coutinho; nem o Fluminense dos anos 50, que hoje só tem de torcedor eu e o Chico Buarque de Holanda.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Mesquita Júnior. PMDB - AC) - Nem o Botafogo de Garrincha.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O Fluminense de Castilho, Píndaro e Pinheiro; Jair; Édson e Bigode; Telê, Didi, Carlyle, Orlando, Quincas e Veludo. Foi a euforia do Brasil. E o Botafogo ficou grande porque emprestamos o nosso Didi para eles. Foi para lá, depois para o Real Madrid. Mas, atentai bem! Em dez partidas, ganharam nove e perderam uma, brasileiros! Garibaldi Alves nos simboliza. Dez disputas eleitorais. Perdeu uma, na prorrogação, nos pênaltis, e ainda desconfio que os bandeirinhas e o juiz roubaram, porque houve muita corrupção nessas eleições com os Bolsa-Família. Não que sejamos 81 Garibaldis, mas somem os votos! O Mercadante recebeu quase 10 milhões de votos. Então, Luiz Inácio, atentai quando mandar o seu Duda Mendonça, Goebbels, atingir o Senado. Vossa Excelência estudou no Senai, onde se aprendia aritmética. É boa a escola do Senai. Quem a fundou no Piauí foi o meu tio-padrinho, José de Moraes Correia, e a escola é dirigida por um irmão meu. Então, havia aquela aritmética do Trajano. Some os votos aqui que darão muito mais do que os que Vossa Excelência teve

Aqui, somos filhos da democracia, somos filhos do voto!

Sr. Presidente Geraldo Mesquita, para verem como aqui funciona, o povo busca a verdade. Hoje, a audiência da TV Senado é incomensurável. Eu sei aonde ando. Cidades em que nunca fui, quando vou pela primeira vez, todo mundo me conhece. Não foi o meu trabalho de médico cirurgião no Piauí, na Santa Casa, de político - Prefeito e Deputado -, que me proporcionou isso.

Há pouco, encontrei um senhor, Presidente Geraldo Mesquita, que é de bem a verdade dizer, que me disse: “Mão Santa, você está botando até Geraldo Mesquita na tribuna para falar toda vez.” Quero dizer a verdade, porque é esse senhor que nos lidera. Ele é o direito. É a verdade. Quando dou um passo, às vezes o indago.

Presidente Geraldo Mesquita, há um livro que traduz isso, sobre o qual devemos filosofar, a respeito do que é a política. Não é de hoje, não. É de autoria de Patrick Charaudeau, professor da universidade de Paris, que relaciona muito à política francesa. Mas há um que a gente vê - a história se repete -, e nós é que estamos desestimulados, Luiz Inácio, nós que estamos desconsiderados.

Vou dar um quadro: “Deus escreve certo por linhas tortas”. Eu vi, eu assisti a um povo chorar na morte de um Senador. Isso acaba com essa pesquisa de um pilantra, que fez uma síntese, e não sei o quê, de que temos menos de seis pontos. Olhem os proprietários dessas porcarias! Compra-se tudo aqui, até vida. Mata-se. Então, num País como este, avaliem uma pesquisa! E dizer que não somos acreditados?! Nós somos é muito acreditados! Nós é que somos a crença. Nós é que somos a verdade. Nós somos filhos da democracia, do voto, ô Luiz Inácio! Respeite-nos. Somos pais da Pátria; temos de ser! Foi longa e sinuosa a nossa chegada aqui. Foi estudando e trabalhando, Luiz Inácio; foi trabalhando e estudando.

Mas eu daria aquele quadro do Jonas: “Deus escreve certo por linhas tortas”. Ninguém queria, mas no momento que quiseram nos desmoralizar...Eu vi um Estado, uma cidade, um povo chorar por um dos nossos. Eu vi, agora. E não chorou só isso, não. Deus fez até os céus choraram - chovia na hora. É Luiz Inácio! É este o Senado. V. Exª que, antes de nos ouvir, vai ouvir os seus aloprados. Aí é que está errado. Daí vir a mentira, naquela frase dita por Goebbels de que “uma mentira repetida se torna verdade”. Esses aloprados...Coloquem aí: ninguém é idiota, não. Nós sabemos, nós os entendemos. Tenho 65 anos e muitos quilômetros de páginas lidas. Luiz Inácio disse que ler uma página dá uma canseira. Eu não estou cansado, não. Quanto mais eu leio, mais aprendo, é o mesmo que o Romário jogando. Então, essa é a diferença.

Mas, olhem a barbárie: “Não devemos a ninguém. O Fernando Henrique era pé-frio”.

Não era, não - nunca votei no Fernando Henrique -, era estadista. Ô homem competente! Essas mudanças todas foram feitas por ele. Ele plantou. Eu fui Governador e não votei nele. Votei, no primeiro mandato, no meu partido e, no segundo, votei no Ciro Gomes, porque é vizinho ali, de Sobral, de Parnaíba. Não votei, mas isso tudo, disseram, era uma zorra, Luiz Inácio.

Eu fui prefeitinho com Sarney, com Collor, com Itamar e depois Governador com o Fernando Henrique. Era uma zorra esse País. Com Fernando Henrique não tenho nada, não lhe devo nada, não sou do PSDB. Ainda estou no PMDB - não sei até quando. Isso aqui era uma zorra. E a inflação? Olha, a gente entrava no supermercado, comprava e quando ia pagar o preço já estava havia dobrado. Não é brincadeira, não.

Fui prefeitinho, e a inflação era 80% ao mês. Ô Luiz Inácio, é a experiência. Geraldo Mesquita, todo mês, eu varava a madrugada para dar um reajuste salarial. Daí a nossa convicção quando bati aqui, ouviu Geraldo, e disse que ia acabar a CPMF e ia melhorar o País porque o dinheiro ia sair da mão dos aloprados e ficar na mão da dona-de-casa, do operário; ia aumentar o ICMS... E aconteceu.

Eu vi isto: todo mês tinha inflação. Fernando Henrique e Itamar acabaram com a inflação. Eles cumpriram a missão deles. Está ali o Garibaldi, o homem mais honrado desse País. Eu não sei não, se Deus permitisse que eu fosse Presidente desse País, seria melhor do que está aí. Olha aí, Geraldo Mesquita: V. Exª seria Ministro da Justiça. Eu não quero que aconteça o que aconteceu com nosso Jonas: eu disse que ele ia ser Ministro da Agricultura e Deus o levou. Mas, eu buscaria o Malan, que é o homem mais correto que conheço no País.

Eu negociei as dívidas. Eu vi as dificuldades. Eu tive muitos encontros com ele. Nunca mais o vi, não sei onde está. Outro, o assessor dele, Pedro Parente, foi quem venceu o apagão. Vocês se lembram? Eu sei que ele é filho de um piauiense. Isso é que eu sei, tenho ligação com ele. Então, o Governo de Fernando Henrique Cardoso foi muito bom, veio para botar ordem. Ninguém sabia quanto devia, não. Eu vou lá para esse negócio do decoro, mas é esculhambação esse nome que se dá.

Olha, ninguém sabia, todo mundo tirava dinheiro e ninguém sabia o que se devia. Só se soube o quanto devia e onde se devia depois dessa equipe. Foi traumático. Pagamos. Pagar não é bom, mas se ordenou. E foi isso. Fernando Henrique foi isto: estadista.

Então, Vossa. Excelência pegou este País organizado, respeitado, sabendo quanto devíamos e o que íamos pagar. Essa é a verdade. Agora, dizer que o homem é perfeito? Não é não. Eu governei com ele. Essa é observação minha, não sei. O que se diz do Pedro Malan? É homem honesto, honrado. Mas é isso, Luiz Inácio. Agora, encher a cabeça do povo brasileiro dizendo que paga mais, que é auto-suficiente? E o povo? E “O Petróleo é Nosso”? Monteiro Lobato já dizia, é a gasolina mais cara do mundo, Luiz Inácio. É o gás de cozinha mais caro do mundo. “Não devemos aos americanos, aos gringos. Somos credores. “Em 506 anos, só Luiz Inácio conseguiu isso”. Mentira! Vossa. Excelência não está devendo aos gringos, aos banqueiros. Vossa. Excelência pagou os gringos e os banqueiros, que são fortes - e vou lhe mostrar -, mas Vossa. Excelência é o que deve mais. Vossa. Excelência deve aos velhinhos, aos aposentados.

Vai adentrando aqui nosso Garibaldi. E eu venho aqui pedir que derrubemos aquele veto aposto pelo Luiz Inácio, quando os aloprados mandaram baixar de 16,7% para 4% o aumento responsável dado aos aposentados. Esse é, Garibaldi, o veto que nós queremos derrubar em defesa dos velhinhos aposentados. Vossa. Excelência, Luiz Inácio, deve aos velhinhos aposentados. Seria melhor dever aos gringos, como Fernando Henrique, aos banqueiros. Vossa. Excelência pagou aos banqueiros. Pague aos velhinhos aposentados. Essa é a verdade.

Aqui está o Presidente Garibaldi - o exemplo arrasta - na sexta-feira, dando o exemplo do trabalho.

Geraldo Mesquita, Patrick Charaudeau - como V. Exª ainda não escreveu o seu livro, e eu vou ler o que ele disse - afirma:

Entretanto, Balzac, aquele que escreveu A mulher de Trinta Anos, daí o termo “balzaquiano”, escreveu A Comédia Humana, que V. Exª deve ter lido, não, Geraldo Mesquita? (Pausa.) Ainda, não! Rapaz, é a coisa mais difícil, porque ele sabe de tudo. Balzac, em A Comédia Humana, afirmava que na época da “toda-poderosa nota de cem sous [hoje seriam os cem euros, que o Ademir Santana tem muitos] em que o “banco, realeza formidável...” Atentai Lula, o banco, realeza formidável, como ele dizia.

Ele pagou aos banqueiros. A dívida era para com os bancos. Os velhinhos estão aí. Tem muita dívida esse Governo. A dívida é interna. Deve a nós mesmos, aos empresários, às instituições.

Eu li, Geraldo Mesquita, um artigo, há dois dias, de um médico sobre a saúde no Rio de Janeiro, com nomes e data. Todos os hospitais estão decadentes. Todos. Ele analisa: fecharam os serviços de urgência, fecharam UTIs. No Hospital dos Servidores do Estado, ô Daltro, ô Heráclito, Daltro Ibiapina, o Hospital dos Servidores do Estado - HSE, onde eu me formei, -,no Rio de Janeiro, cinco andares estão fechados.

Essa é a dívida do Lula, a dívida interna. Todas as instituições estão aí: a universidade, a escola pública a polícia.

Ontem o Heráclito, num esforço tremendo de liderança, atendeu à Marinha, aumentando o seu número de almirantes e contra-almirantes. Mostrou a eficiência deste Congresso. Fomos lá. Heráclito, o Ministro da Defesa tem de mandar é o aumento salarial deles. Um capitão da Marinha - eu conheci um capitão lá em Recife, que é da minha cidade, Parnaíba - ganha pouco mais de R$4 mil. Ele ganha o mesmo que um soldado da polícia aqui do Distrito Federal. Não é que o soldado da polícia do Distrito Federal não mereça - ele merece o que ele ganha, corre risco, trabalha para manter a tranqüilidade e a segurança -, mas, Vossa. Excelência, Luiz Inácio, cometeu o erro, a injustiça. Vossa. Excelência deixou soltos os aloprados, que nomearam 25 mil, que entraram pela porta larga, com DAS-6. Garibaldi, V. Exª não sabe porque no seu governo, no nosso, só tinha DAS-4. O DAS-6 ganha R$10.448,00, quando um capitão dos portos, numa cidade assim como Recife, ganha quase um terço.

Então Vossa. Excelência tem essa dívida com aqueles que garantiram a ordem e o progresso, as nossas Forças Armadas. Mas o que ele diz? Olha aí Geraldo Mesquita: “O banco, realeza formidável, domina os tronos e os povos”. Os bancos dominaram o nosso Presidente Luiz Inácio, ele pagou as contas dos banqueiros, mas está devendo aos velhinhos aposentados, devendo à saúde brasileira, devendo à educação, devendo à segurança nossa.

Geraldo, o dinheiro é o único deus moderno ao qual se faz fé, essa é a crença do partido trabalhista.

Eles têm fé nisso, o que já denunciava nosso Balzac. “O dinheiro é o único deus moderno ao qual se faz fé.” Esses aloprados têm fé no dinheiro mesmo! As malandragens são para buscar o dinheiro, e eles estão é fortes. Nós, aqui, temos de reagir.

(...) que “os únicos que negam são os parvos e os palermas, uma vez que, apesar de tantas declarações ingênuas sobre o dinheiro, sempre é preciso (...) beijar o casco fendido do bezerro de ouro”.

É isso o que a nossa sociedade está fazendo, é isso o que o Governo que nos representa está fazendo.

Nosso autor, Geraldo Mesquita, diz que é esperteza quando a pessoa diz: “Eu não sei, eu não vi, eu não soube”. O autor, aqui, diz que é esperteza, quando se diz “eu não sei, eu não sabia, eu não vi, eu não estava presente”.

Isso é o que acontece no Brasil. E diz o autor Patrick Charaudeau que isso é fuga de responsabilidade.

Quero chamar a atenção para o fato de que, no mundo moderno, os princípios de administração têm de ser aceitos, têm de ser obedecidos. Nos princípios de administração, são sagrados: unidade de comando e unidade de direção. É isso. Então, não podemos aceitar essa resposta do Luiz Inácio. É fuga de responsabilidade. E o único responsável por isso é o nosso Presidente da República.

Garibaldi, não sei se ocorreu com V. Exª, mas, ontem, entrei em um site da Internet e verifiquei que a carne que o Presidente da República comia, comprada pelos créditos corporativos - li e citei o fato -, custava R$48,00 o quilo. Geraldo Mesquita, a carne que também quero comer, quando eu for ao Acre ou ao Rio Grande do Norte, é a de coelho, que custava R$30,00 o quilo. Achei caro, mas a dele...

Ô Pedro Simon, V. Exª, nesta sessão, qualitativamente, é uma das figuras mais belas do Senado. Quero lhe dar um exemplo: fui Governador do Estado, como V. Exª o foi, como Garibaldi o foi. Nunca me esqueço. Ô Luiz Inácio, eu também era rodeado de aloprados por todos os lados, mas, no Piauí, dizem o seguinte: “Pode ter havido roubo no Governo do Mão Santa, mas ele, não. Ele não.”

Eu me lembro, Pedro Simon, de que eu já o convidei para ir ao Piauí com a Ivete. Tenho inveja daquele seu retrato, namorando com ela num rio, numa canoa. Quero levá-los aos verdes mares bravios do Piauí, para que vejam as dunas brancas, o vento nos acariciar, o sol a nos tostar, o rio a nos abraçar! E quero, Pedro Simon, levá-lo à nossa casinha. Adalgisa e eu a construímos com muito amor. Pedro Simon, o Heráclito a conhece demais. Ele tem um irmão que tem uma casa no fundo.

Heráclito, com cinco meses, deu saudade da casinha, da Adalgisinha, da praia. Aí eu disse: “Vamos embora.” Está ouvindo, Garibaldi? Aí fui para minha casinha no Morro do Coqueiro. Pedro Simon - ô Luiz Inácio, aprenda! -, quando entrei, quase tive um enfarte. Heráclito, você sabe que, entre meus assessores, também havia uns aloprados. Todo mundo sabe - mas o Mão Santa não danificou o Estado. Heráclito, haviam trocado todos os móveis. Até minha caminha, onde eu dormia com Adalgisa. Vivemos tão bem por 30 anos! Tudo, tudo, tudo, tudo. Minha casa, com um coqueiro bem no meio - João Paulo dos Reis Velloso escolhia o coqueiro. Heráclito, levei um susto. Fui ao quarto, e até a caminha não estava mais! Tão boa, deu tanta saudade. Só não trocaram a Adalgisa, porque aí seria demais. Tudo, tudo, tudo. Aí, levei um susto. A casa era minha, todo mundo sabia. Luís Correia é o nome do irmão do meu avô. Minha família tinha posses, fui médico, fui cirurgião. Rapaz, quando vi aquilo, perguntei:”Quem foi?” Foi um aloprado que havia no meu governo. No meu governo havia, no do Lula há mais, e ele não toma providência. Geraldo Mesquita, Adelmir: “O que é isso?” “Foi um aloprado, que foi a uma empresa e mudou tudinho. Botou tudo novo.” Até minha cama?! Tomei um susto.

Aí, olhei - ó Luiz Inácio, isso é para a história - e perguntei: “Quem fez isso?” Identifiquei o aloprado, um daqueles assessores militares; a empresa, e também não quis briga. Aí, Heráclito, eu disse: “Vá buscar um caminhão e tire tudo. Eu quero é minha caminha velha, minha colcha.” Para não brigar com a empresa, eu disse: “Vou ficar com essa geladeira - a minha estava enferrujada.” Puxei meu talão de cheque - sempre trabalhei, sou médico há 41 anos, e minha tinha posses - e dei um cheque meu para ficar só com a geladeira.

Luíz Inácio, eu sei que Vossa Excelência não tem culpa dessa carne de R$48,00 o quilo. Foram seus aloprados, mas Vossa Excelência tem culpa de não entender de administração, porque está escrito: planejar, administrar, orientar, coordenar e fazer o controle, Pedro Simon. Ele tem de fazer isso. Eu fiz.

Pedro Simon, você sabe qual foi o dia mais difícil da minha vida, Heráclito? Médico, cirurgião, feliz, Santa Casa, minha vida! A Teresina, eu não ia; eu ia para Fortaleza, Rio de Janeiro e Buenos Aires comprar livros com Adalgisa - sempre a mesma mulher. Aí, de repente, o cão atenta, eu era eleito prefeito. Pedro Simon, eu não dormia. É verdade! Adalgisinha, dormindo, e eu, estudando. Eu dizia: “Tô lascado! Por que diabo fui me meter nessa fria?!” Tão bom médico cirurgião da Santa Casa, conceituado, todos os cursos.

Fortaleza é bom. Estudei lá. Rio de Janeiro. Por isso que gosto de Buenos Aires. Livro era O Ateneu. Só tinha livro em espanhol.

Prefeito! Digo: “Vou me lascar. Que diabo, cirurgião! Como é que fui entrar nessa fria?”

Aí, acredito em Deus, no estudo e no trabalho. Comecei a estudar. Livro, Luiz Inácio!

A primeira apostila que li foi do Banco do Nordeste, que era do Rotary, e a entidade me deu. O autor era Francisco não sei quê. Chefia e Liderança. Fui lendo. Fui lendo Henri Fayol, o pai da administração; Mestre Taylor; Whitaker Penteado. Nosso amigo do Dasp Wagner Estelita.

Estudava e dizia: “Tô lascado!”

Era dia 1º, e o bicho, chegando. Dia 27. Adalgisa dormindo, e eu aprendi a estudar. “Vou me lascar! Tô lascado, sem coragem.” É a pior coisa. Aí, lá pela madrugada, no escritório, vi um livro. Capa amarela: Taylor, o Mago da Administração.

Geraldo Mesquita, mudei.

Ele dizia: “Administrar é fácil.”

O cirurgião só tem a equipe. Por exemplo, o cirurgião, que trabalha em equipe, tem de ter coragem, tem de tomar decisão, saber começar e terminar; tem de ter noção do tempo, corre risco. Aí, pensei: “Ah! É comigo mesmo.” Enfrentei e estou aqui. Assim foi com Juscelino. Ele dizia que o pré-operatório, Luiz Inácio, é o planejar. Aponte aonde estamos e aonde queremos chegar. O transoperatório é a operação em si, é a obra. E o pós-operatório é o controle.

Por isso. O pós-operatório é o controle da administração. Luiz Inácio, Vossa Excelência tem de controlar esse pessoal. 

Senador Geraldo Mesquita, aquele negócio de estar no site, Garibaldi dizendo...Por isso que ouvi o Heráclito falando lá de um churrasqueiro, compadre dele, e eu ficava ali, porque eu gosto muito de churrasco. Sou muito franco. Convide-me que eu estou lá; tomo umas; todo mundo sabe. Não gosto mais do Pedro Simon porque ele é gaúcho e nunca me convidou para um churrasco. Mas, com a turma que me convida, tomo umas. Ontem mesmo, tomei umas ali com um sobrinho meu. O Garibaldi sabe disso, ele era meu vizinho, e eu o chamava para tomar um vinho. Não gosto mais do Geraldo Mesquita porque ele toma pouco vinho. Nunca falei do Luiz Inácio, porque eu também gosto e tomo uma - nós tomamos a do nosso Piauí; eles tomam a Havana; para nós é aquela Mangueirinha e tal.

Ô Garibaldi, ele que assuma a Presidência. Ele não tem tanta guarda? Manda prender o site, porque ninguém pode desonrar ou caluniar o nosso querido Presidente da República. Mas acho que é verdade, porque ele diz o tipo da carne “argentina” - e aí está justificado aquele compadre para cuidar da carne, porque custa R$48,00 o quilo, pago com cartão corporativo.

Então, para ele está faltando o que eu fiz na minha casinha: fazer o controle. Ele talvez não saiba. Então, são essas as nossas palavras. Queremos dizer que o Senado cumpre a sua função, mas este Governo precisa ter austeridade, Heráclito, para que as mentiras ditas no Piauí se tornem verdade - daí eu dizer aquela frase: três coisas que só se faz uma vez- nascer, morrer e votar no PT - porque o Piauí está um descalabro.

Porto - prometido, começado por Epitácio Pessoa: dez milhões de dólares. Estrada de Ferro: Heráclito Fortes, vamos nos debruçar no seguinte. Aeroporto Internacional: o Parnaíba não tem mais nem teco-teco. E V. Exª que é bom nisso, vamos nos debruçar. Nós colocamos a OCE, o Governador não pagou as passagens e ela saiu. Aquele empresário parnaibano, Abdon Teixeira, não sei o que deu. Eu ia para pegar aviãozinho, mas não tem mais, Pedro Simon. Eu era menino e tinha aviões em Parnaíba. Eu saí menino na Aerovia, na Aerofast, na Panair: passava no Brejo, Teresina, Petrolina, Natal, Sergipe e acabava chegando no Rio. E o pior, Garibaldi, é que todos os jornais, toda a mídia fala em aeroporto internacional. Não tem mais nem teco-teco. E o de São Raimundo, ô Heráclito, ô Heráclito, só tem jumento na pista. O de São Raimundo? É uma mentira.

Então, nós temos que acabar com essas despesas supérfluas. Austeridade para que Vossa Excelência nos ajude a concluir o porto; as ZPEs, que estão tirando; a ferrovia desativada; uma ponte que é uma marca que envergonha. Vossa Excelência foi lá e disse que depois de 150 ia ter a ponte. Há oito anos está lá parada a ponte. O Heráclito fez a ponte no mesmo rio em cem dias, e eu fiz uma em noventa. No mesmo rio. Então, isso é a descrença.

Ô Pedro Simon eu não sei como é que está o Rio Grande do Sul, mas o governadorzinho do PT conseguiu a mídia. Saiu - olhem o nosso Obama louro ali; chegou o Obama louro: o Arthur Virgílio -, ele conseguiu ganhar o Jornal Nacional. O Luz Santa foi uma roubalheira louca, aliás, o Luz Para Todos. Luz Santa era no meu tempo o projeto, mas o Luz para Todos foi. Ele conseguiu, só perdeu do Silas Rondon em gravações comprometedoras com Gautama: 17 vezes gravados. E a Finatec foi primeiro - olha como eles são ligeiros; têm um preparo físico e uma intuição de onde está o roubo - que fez contato.

Então, é isso e é essa nossa colaboração.

Luiz Inácio, Vossa Excelência tem viajado muito. Faça uma viagem e eu quero que Garibaldi também vá para olhar e permitir a nossa ação e dizer que é necessária.

Lá no México, num palácio tem uma frase, de um general de quem eu já esqueci o nome - eu também não sou de gravar nome de homem, não. Mas tem um general que disse o seguinte, Garibaldi: “Eu prefiro um adversário que me traga a verdade a um aliado amigo que me traga a mentira”.

Enfim o que o Lula qualificou como aloprado.

Luiz Inácio, austeridade no Governo de V. Exª. Austeridade é o casamento da honestidade com a seriedade, que vai dar fruto à prosperidade para o Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2008 - Página 4107