O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que, com muita sensibilidade, preside esta sessão; Parlamentares; brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Paulo Paim, Rui Barbosa está ali, e V. Exª está aí. Rui Barbosa disse que a primazia tem que ser do trabalho e do trabalhador. Ele vem antes. Eles fazem as riquezas.

Entendo, Paim - e Geraldo Mesquita é um homem que se aproxima de Rui Barbosa, é jurista -, que a página mais bonita da sociedade, da humanidade, foi quando ela trouxe a liberdade. Mas entendo que não há nenhuma liberdade antes da liberdade econômica. Aquele foi um grito. Liberdade, igualdade e fraternidade! Mas sem a liberdade econômica não existem as outras.

E, Paim, a inteligência desse reconhecimento de política e justiça fez mensurar o trabalho, compensar quem trabalha com uma remuneração. É essa remuneração que dá dignidade. Trata-se da dignidade que o trabalho tem que trazer, de que este se faz acompanhar.

Paim, mas o que me preocupa é que está aqui - jornal Estado de Minas: “Benefícios de aposentados serão reduzidos ao salário mínimo até 2030, diz estudo”. Em 2030, Luiz Inácio; atentai, é estudo, isso existe, é pesquisa. Trabalho longo, minucioso, que prova, ô Mário Couto, o que estamos a advertir: do jeito que está, nesse empurrar com a barriga, em 2030 todo mundo ganha salário mínimo.

Quanto ao salário mínimo, até que somos vitoriosos, mas não tanto quanto estão alardeando. Quando o salário mínimo era U$70.00, o dólar era R$4,00. Essa é a verdade. A ignorância, Senadores; não vamos ser triunfalistas. Então, na prática, R$140,00 eram R$280,00 nos dias de hoje, porque o dólar era R$4,00; quando começamos o mandato, era quase R$4,00. Antes de entrar aqui, dei uma voltinha ali em Miami, e era quase R$4,00. Agora, melhorou, realmente. Mas de R$280,00 para R$415,00, porque o dólar caiu. Isso é verdade.Temos que entender as coisas.

Mas o que me preocupa, Mário Couto, é que os aloprados estão iludindo Luiz Inácio, essa é a verdade. Nada vai me tirar o direito de levar a verdade ao povo, eu, que represento o verdadeiro Piauí com independência, a força do povo.

O que me preocupa é que alardeiam muitas coisas, como “Petrobrás, a maior do mundo!”. Monteiro Lobato já falava nela, Getúlio também, mas o que sei é que é o petróleo mais caro do mundo, o que sei é que é o gás de cozinha mais caro do mundo. Então, não é nosso esse negócio.

Alardeiam também que o Brasil é credor, não deve mais aos gringos, aos banqueiros. Espalharam isso por aí. Tiraram dos velhinhos o dinheiro deles, mas todos os banqueiros estão ricos. Pagaram os banqueiros americanos, mas, antes de pagar a dívida, Luiz Inácio, eu teria pago os velhinhos, os aposentados.

Não é mole ser enganado pelo Governo. Muitos pagaram dez salários mínimos aos institutos porque o Governo e a Pátria garantiram que eles iriam se aposentar com dez salários mínimos. Estão com quatro, quatro e pouquinho para ser franco. Muitos, a vida toda, pagaram e descontaram para se aposentar com cinco salários mínimos e estão recebendo dois. Eu não entendo, ninguém entende.

Mas é o seguinte: a dívida, Luiz Inácio, além dos velhinhos aposentados... Papaléo, preste atenção! Eu digo aqui... Quem diz sou eu, Mário Couto, oficial da reserva não-remunerada, não é Jobim, que pouco entende de segurança, eu entendo mais de segurança. Eu lhe digo, Geraldo Mesquita - eu sou Francisco, paz e bem; eu não penso, Osmar Dias, em guerras -, se tivermos uma guerra agora, nós só ganhamos, na América do Sul, do Paraguai e da Bolívia. Eu estou dizendo isso como Senador da República e Oficial da Reserva, eu sei de todas as informações.

Mário Couto, pior: desmotivados estão os mais importantes, os militares. Eles estão quase pedindo esmola, Luiz Inácio. Ô Antonio Carlos Valadares... Chegou Romeu Tuma, símbolo da firmeza. Sarney está aí; ele devia todo dia lhe pedir a benção porque V. Exª garantiu a ordem no governo dele enfrentando dez mil greves. V. Exª é a Polícia Federal.

Eu não tenho nada contra um soldado da Polícia do Distrito Federal ganhar quatro mil e pouco - ele merece, e nós merecemos tranqüilidade. Ele não ganha muito, mas ganha pouco um Capitão dos Portos do Recife e do Rio de Janeiro, que ganha também quatro mil e pouco. Está defasado esse negócio. Nós temos uma dívida muito grande.

Nós temos uma estrutura bélica que só ganhamos numa guerra, o resto é conversa fiada e mentira. Papaléo, nós só ganhamos se travarmos guerra contra o Paraguai ou contra a Bolívia. O nosso melhor material, o humano, está defasado.

O General Oliveira foi meu secretário. Olhei o contracheque dele: ganha menos do que um DAS-6, que é R$ 10.448,00, função que os aloprados têm aos milhares, todo dia saem distribuindo.

Ô Mario Couto, o Presidente da República vetou o aumento de 16,7% que nós demos para os velhinhos, concedeu apenas 4%. Paim, o melhor do PT, líder sindicalista, apresentou projeto de lei, o de nº 58, que tramita há dez anos, para que os velhinhos recebam o mesmo que recebem os que estão trabalhando. E nada!

Mas nem tudo está perdido. O Brasil viu o mais belo dia, que foi aquele em que enterramos a CPMF, mostrando que aqui não é a esperança não, é a certeza do respeito à democracia do Direito.

Paim e Geraldo Mesquita já estão tramando, e eu estou nessa. Na semana, se eles não botarem o projeto do Paim ou derrubarmos o veto, eu convido os velhinhos lá do meu Piauí a se manifestarem. Nós temos trezentos mil piauienses em Brasília. 

Meus velhinhos aposentados, venham, que Paim vai encaminhar aqui, com Geraldo Mesquita, uma vigília. Isso não vai fechar não. Ou vem o veto dos velhinhos ou vem o projeto de lei do Paim. Podem estar enganando o Garibaldi, mas a nós não. Ou vem o veto, ou vem o projeto de lei do Paim.

Como disse Castro Alves em Navio Negreiro: “Ó Deus, onde estás? Então eu digo: Ó Deus, na próxima semana este Senado vai entrar em vigília em respeito aos velhinhos.

Romeu Tuma, V. Exª quer um aparte?

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Se possível.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - É que V. Exª...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Peço compreensão ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Um minuto, nada mais que um minuto...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Aviso ao Senador Mão Santa que o seu tempo já esgotou...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Gostaria apenas de cumprimentar...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Visto que o Senador Mão Santa está fazendo uma comunicação inadiável, excepcionalmente o Senador Romeu Tuma poderá fazer uso da palavra pela ordem...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP ) - Só um minuto...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - ... após o encerramento da fala do Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ele deu para você, Romeu Tuma. Todo o País quer ouvi-lo. Ele viu um e-mail em que se disse que não fica bem grossura na Mesa. Ontem eu peguei uns e-mails e mostrei para ele.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Senador Mão Santa, peço sua compreensão. O Senador Romeu Tuma fará uso da palavra logo após...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu peço sua compreensão também. Ele quer entrar no assunto. Foi ele que pediu.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Ele fará uso da palavra dentro do assunto, mas nós temos que respeitar o Regimento Interno da Casa, que não permite aparte durante uma comunicação inadiável. Eu peço sua compreensão...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - A minha compreensão V. Exª tem e também o meu entendimento. Eu sei que tem Regimento, mas tem um tal de espírito da lei de Montesquieu, que prevê...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Vamos usar o espírito da lei para conceder a palavra pela ordem ao Senador Romeu Tuma após a sua fala.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Melhorou, já foi uma conquista pra V. Exª.

Mas eu queria lembrar, para terminar logo aqui, algo que disse Jesus: “Vinde a mim as criancinhas!” Paim, se Jesus andar por aqui, no Brasil, dirá: “Vinde a mim os velhos, que estão sacrificados!”.