O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, por favor, eu também gostaria de me manifestar nesta oportunidade, não sem antes cumprimentar S. Exª a esposa do nosso querido e saudoso colega, seus filhos, familiares aqui presentes. Logo no início do Ano Legislativo, este Ano Legislativo, um dos primeiros Senadores que eu reencontrei aqui na Casa foi o querido amigo Senador Jonas Pinheiro. Nós estávamos iniciando a reunião na Comissão de Direitos Humanos, da qual ele fazia parte, e foi um dos primeiros colegas que eu avistei.

     Além do fato de estarmos na mesma Casa, modestamente, eu compartilhava com o Senador Jonas a preocupação que ele absorveu durante a vida inteira com as questões de que tinha amplo conhecimento, quais sejam, a agricultura do nosso País, o agricultor, a agricultora. Quando ele se expressava - e não usava a tribuna como o nosso querido companheiro Flexa -, quando vinha à tribuna sempre trazia um posicionamento muito firme, muito ponderado, acerca dos reclamos, das reivindicações das pessoas que estão no campo.

     Eu partilhava com o Senador Jonas um sentimento que o acometia e que me incomoda sobremodo: é que no nosso País há quase que um preconceito contra aqueles que estão tentando produzir no nosso campo, seja em que lugar for do País. Eu observo, a partir da realidade do meu Estado, inclusive, que as coisas quando são feitas em prol do homem do campo ou no âmbito do sistema produtivo, as coisas são feitas muitas das vezes de forma, como a gente diz aí na rua, de forma matada, de qualquer jeito, como se existissem cidadãos de primeira e segunda categoria neste País. Eu sempre colhi, do convívio com o Senador Jonas, esse tipo de preocupação. E mesmo quando as coisas são feitas: a escola é mais ou menos, o posto de saúde, quando existe, também é feito de forma... Falta remédio, falta médico. O crédito rural é um drama eterno no Brasil. Nós vivemos brigando nos fóruns internacionais contra os países que concedem subsídios agrícolas a seus nacionais. A gente fica aqui querendo que eles deixem... Ao invés de prover os nossos, de efetivamente nos preocuparmos com quem está aqui, dar-lhes o apoio necessário, não é? Por que brigar para a França tirar o subsídio lá dos agricultores franceses, e não introduzirmos o nosso subsídio aqui?

     E nas conversas, no contato com o Senador Jonas, eu sempre senti o Senador Jonas preocupado, angustiado, naquele jeito dele, tão tranqüilo, mas que ninguém deveria se enganar com aquele jeito pacato, de pessoa simples do povo que ele era, aquela expressão dele que está aí, aqui na nossa tela, é de uma coisa impressionante. “O povo é simples e quer coisas simples”.

     Tem coisa mais realista do que isso? Os amigos vão. Enquanto estamos aqui perdemos o Senador Ramez Tebet, que era uma pessoa impressionante. Os dois devem estar lá em cima hoje em dia conversando. Eu queria apenas deixar esse meu depoimento de que, mesmo sem tanta intimidade assim com o Senador Jonas Pinheiro, observava-o sempre porque tratava de temas que também me angustiam, que também exige muita reflexão.

     Eu não poderia deixar, nesta oportunidade, de prestar uma humilde e singela lembrança, uma homenagem do companheiro de tantas horas, de tantas lutas e de tanta bravura.

     Senador Jonas Pinheiro, quero, com muito respeito, oferecer a minha solidariedade a sua família. Gostaria de dizer que estamos todos aqui consternados, sentidos com o desaparecimento do Senador Jonas Pinheiro, da vida material, não do nosso coração, da nossa lembrança. E S. Exª estará sempre na nossa lembrança como um valoroso companheiro. Peço a Deus que o acolha com generosidade e que não apague de nossas lembranças a figura, a dignidade e a presença do Senador Jonas Pinheiro.

     Era o que eu tinha a dizer.

     Muito obrigado, Sr. Presidente.