Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem ao fotógrafo capixaba Sebastião Salgado. Solidariedade ao Presidente Garibaldi Alves pela postura adotada durante a sessão de ontem. Apelo pelo cumprimento do Regimento Interno do Senado Federal. Pedido de CPI para investigar um movimento nacional de organismos subversivos, comandados pelo Foro de São Paulo e pelas Farc. Solidariedade à Vale do Rio Doce.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SENADO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. IGREJA CATOLICA.:
  • Homenagem ao fotógrafo capixaba Sebastião Salgado. Solidariedade ao Presidente Garibaldi Alves pela postura adotada durante a sessão de ontem. Apelo pelo cumprimento do Regimento Interno do Senado Federal. Pedido de CPI para investigar um movimento nacional de organismos subversivos, comandados pelo Foro de São Paulo e pelas Farc. Solidariedade à Vale do Rio Doce.
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2008 - Página 5401
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SENADO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, FOTOGRAFO, REPUTAÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, RECEBIMENTO, PREMIO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, PROJETO, AREA ECOLOGICA, PROMOÇÃO, PRESERVAÇÃO, MATA ATLANTICA, RECUPERAÇÃO, RIO SANTA JOANA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, GARIBALDI ALVES FILHO, PRESIDENTE, SENADO, DEFESA, NECESSIDADE, CUMPRIMENTO, REGIMENTO INTERNO, CRITICA, LIDER, BANCADA, DESCUMPRIMENTO, HORARIO, VOTAÇÃO, LIMITAÇÃO, TEMPO, DISCURSO, COMENTARIO, CARENCIA, EFICACIA.
  • ADVERTENCIA, ATUAÇÃO, BRASIL, ENTIDADE INTERNACIONAL, SOCIALISMO, GRUPO, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, COMERCIO, DROGA, ARMA DE FOGO, CRITICA, OMISSÃO, AGENCIA BRASILEIRA DE INTELIGENCIA (ABIN), INSUFICIENCIA, FORÇAS ARMADAS, PROTEÇÃO, FRONTEIRA, IMPEDIMENTO, TRAFICO.
  • CRITICA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, TRABALHADOR RURAL, SEM-TERRA, PARALISAÇÃO, TREM, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), PREJUIZO, PASSAGEIRO, POPULAÇÃO CARENTE, IMPEDIMENTO, ESCOAMENTO, CARGA, FERRO, COMPROMETIMENTO, REPUTAÇÃO, BRASIL, MERCADO INTERNACIONAL, DEMONSTRAÇÃO, SOLIDARIEDADE, EMPRESA, COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, GRUPO, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.
  • DEFESA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, VIABILIDADE, PUNIÇÃO, GRUPO, RESPONSAVEL, SUBVERSÃO, DEPREDAÇÃO, PREDIO, GOVERNO, CRITICA, IDEOLOGIA, COMUNISMO.
  • APREENSÃO, POSSIBILIDADE, PARTICIPAÇÃO, MEMBROS, IGREJA CATOLICA, GRUPO, COMUNISMO.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sem prorrogação.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, improvisadamente, vou secundar minha fala no pronunciamento do meu Líder, Senador Valdir Raupp.

Ontem, no Aeroporto de Vitória, encontrei-me com um velho amigo, colega de faculdade, que se tornou famoso no mundo inteiro: o fotógrafo Sebastião Salgado. Esse mineiro “acapixabado”, que, residente no Espírito Santo, pegou a propriedade que herdou do pai, uma fazenda devastada, situada na região entre Espírito Santo e Minas, no Município de Aimorés, e a transformou em um santuário da Mata Atlântica. Foi um trabalho de oito anos feito por ele e sua esposa Leila. Com 80 funcionários trabalhando, já começa a produzir em torno de um milhão de mudas de árvores autóctones (ali da região), distribuindo-as para todos aqueles municípios ao longo do rio Doce, recuperando-o.

Ele quer agora produzir oito milhões de mudas por ano, para distribuir, mas há um outro problema: não é só a recuperação das matas ciliares, da Mata Atlântica. Ele está levando crianças de colégios e estudantes universitários, porque fez ali uma hospedaria para 100 pessoas, que passam o fim de semana, mudando as consciências, no sentido da implantação da consciência ecológica na região, a recuperação do rio Santa Joana.

Por isso, ontem, ele recebeu do jornal O Globo o Prêmio Faz Diferença, como o grande destaque nacional. Sebastião Salgado, esse grande fotógrafo, com projeção no mundo inteiro, viajou ontem à noite para a Malásia, onde está fazendo um trabalho sobre o café no mundo para a Illycaffè, da Itália.

Registro, portanto, dentro dessa consciência ecológica e da fala ecológica, a presença desse grande brasileiro e capixaba Sebastião Salgado.

Sr. Presidente, quero reportar-me aos fatos que ocorreram na madrugada de hoje neste plenário, solidarizar-me e cumprimentar o Presidente do Senado Garibaldi Alves, pela sua postura, comandando a sessão que, começada ontem, terminou hoje de madrugada.

Temos de criar aqui, na Casa, um grupo de Senadores que reforcem a ação do Presidente, que reforcem a ação do Regimento Interno. Sem este, não podemos viver, não podemos produzir, não podemos resolver, não podemos votar. Temos de fazer com que o Regimento Interno, que considero antiquado e capenga, seja obedecido.

Quando vamos a reuniões de condomínio do prédio em que moramos, vemos que há regimento interno, ata, hora para começar e para terminar, para se inscrever para falar, momentos em que há quórum e em que não há. Se em um condomínio, que é uma coisa muito simples, deve ter um regimento, mais ainda o Senado da República, e que seja obedecido pelos Srs. Senadores.

Penso que temos de acabar aqui com um outro problema: estamos vivendo sob a ditadura dos Líderes. O Senado tem horário para começar a sessão, horário para começar a Ordem do Dia, que é a hora das votações, mas estes são mudados. Os Líderes chegam aqui e querem votar às 20h, às 21h, e não às 16h30, conforme está escrito no Regimento. Penso que a maioria do Senado tem de começar a exigir dos seus Líderes que eles dêem exemplo no cumprimento do Regimento Interno.

O Regimento limita as falas dos Srs. Senadores, impõe condições de convivência, para que possamos, caso haja discordância, conseguir votar as matérias que tramitam pela Casa. Então, penso que, se formarmos um grupo para dar força e peso, como fizemos ontem, como decidiu o Sr. Presidente, estaremos colaborando para que o Senado melhore a resolutividade, a praticidade e a efetividade de suas decisões.

O parêntese que fiz, Sr. Presidente, foi para registrar aqui alguns fatos tristes que estão ocorrendo no Brasil e que aconteceram no fim de semana no Espírito Santo até segunda-feira.

Há um movimento nacional de organismos - e vou usar a palavra subversivos, bandidos - para desestabilizar a economia do Brasil. Eles são comandados pelo foro de São Paulo e pelas Farc. Estou dizendo aqui há cinco anos que as Farc estão atuando no Brasil. A Abin sabe que as Farc estão atuando no Brasil; a Abin sabe que as Farc estão matando mais no Brasil do que na Colômbia. Os jovens brasileiros estão morrendo em conseqüência do tráfico de cocaína que as Farc enfiam pelas fronteiras do Brasil. As armas que estão matando os jovens brasileiros são infiltradas pela fronteira, pelas Farc, e não se vê uma providência a ser tomada pelo Brasil.

O Brasil, o contribuinte brasileiro, você, brasileiro, paga a Marinha mais cara da América Latina; paga o Exército mais caro e melhor aparelhado da América Latina; paga a Aeronáutica melhor aparelhada da América Latina e não recebe nada de volta. A fronteira do Brasil é um queijo cheio de buracos - entram armas, drogas, maconha. E o nosso Exército? Cheio de unidades no Rio e em São Paulo, aqueles quartéis precisam estar na divisa. Por que a Marinha não patrulha as nossas águas, onde são lançadas as armas para serem recolhidas pelos bandidos? Por que não vigiamos as nossas fronteiras? Por que temos as Forças Armadas mais poderosas da América Latina e ninguém nos respeita? Os paraguaios roubam as nossas armas, enchem o Brasil de maconha, metem contrabando para dentro do Brasil; a Bolívia faz a mesma coisa, a Colômbia faz isso também. E quem respeita o País?

Temos de começar a pensar, pois as Farc atuam na divisa do Espírito Santo com Minas. Paralisaram os trens da Companhia Vale do Rio Doce.

Trezentas mil toneladas, comprometendo o prestígio do Brasil no mercado internacional, de minério de ferro deixaram de ser embarcadas. Navios parados ao longo do litoral do Espírito Santo, congestionando os portos, aguardando serem abastecidos, Sr. Presidente. E mais, 2.500 passageiros da única ferrovia do Brasil que tem dois trens por dia, que liga Vitória a Belo Horizonte, que é uma ferrovia para a Companhia Vale do Rio Doce, deficitária, mas que serve ao fluxo de passageiros, 2.500 a 3.000 passageiros por dia, entre Belo Horizonte e todas aquelas cidades vizinhas ao longo do Rio Doce, que estão dentre Vitória e Belo Horizonte.

E víamos na televisão, na estação ferroviária de Vitória e na estação ferroviária de Belo Horizonte - e é preciso dizer que são as pessoas mais humildes, porque a passagem de trem custa um terço da passagem de ônibus. Essas pessoas usam esses trens, gente humilde, que estavam indo ao médico, parados, passando fome, porque acabou o dinheiro deles. Foi preciso que a assistência social da Prefeitura de Cariacica se deslocasse ate à estação com lanche para aquelas pessoas paralisadas ali.

O que essa gente ganha fazendo o pobre sofrer? Essa Via Campesina, esse MST, essas organizações marxistas, que desapareceram na Europa e nos países civilizados, nem na África existem mais, mas prosperam na América Latina. Quem é que mantém essa associação que um dia invade no Pará, noutro dia invade no Rio Grande do Sul? De onde vem esse volume de dinheiro para manter esses malandros fazendo baderna pelo País afora, desonrando o Brasil, fazendo que o País passe vergonha em âmbito nacional?

Quem paga os aviões fretados dos índios de Aracruz - falsos índios - que vão para Europa, para porta dos concorrentes desfilar de tanga? Quem aluga esses aviões? Quem é que leva esses caras para Portugal, para a Suécia, para a Itália, para fazer dança na chuva na porta dos escritórios Aracruz Celulose, que é brasileira? Precisamos saber disso.

Precisamos fazer uma CPI porque eles chegam aqui e rebentam, quebram os vidros do Congresso Nacional. Sabe o que aconteceu? Nada, Sr. Presidente. Param as estações de pedágio, quebram os computadores todos. Sabe o que acontece? Nada. Vão para a sede do Incra, arrebentam os computadores, quebram os vidros, destroem os escritórios. Sabe o que acontece? Nada. Que diabo de País é este em que não acontece nada com essa gente? Quem patrocina essa gente? Quem os abriga? Quem os defende? É na Justiça que está o problema ou na estrutura do País que está apodrecendo ideologicamente a favor dessas ideologias ultrapassadas, que não existem no mundo e que só o atraso do Brasil permite que existam aqui?

Eu acho que isso é que merece uma CPI; isso precisa de uma CPI. Essas leis precisam ser mudadas, para que o brasileiro não fique cada vez mais passando vergonha aos olhos do mundo por ações antiquadas, ultrapassadas, orquestradas, bem pagas e, com a conivência de altas autoridades brasileiras, envergonhando o Brasil, fazendo mal aos brasileiros, diminuindo as oportunidades de investimentos, as oportunidades de trabalho para milhões de brasileiros.

Eram essas as colocações que queria fazer, apresentando a solidariedade à Vale do Rio Doce, que está sendo perseguida por criar tantos empregos no Brasil.

Como católico, eu tenho medo que alguns setores da Igreja Católica estejam metido nisso. Eu falei, aqui, há algum tempo, que estava assistindo a uma missa, em São Paulo, quando veio o padre e parou tudo para distribuir um folheto, no qual se pedia a reestatização da Vale. E, dentro da igreja, estava ali a Via Campesina. Eu me retirei de lá, pois se vai num domingo à igreja para rezar, fazer uma reconciliação com Deus e é agredido com uma coisa dessas! Será que a Igreja Católica está atrás dessas coisas?

Um amigo meu disse outro dia: “Gerson, quando eu vou à missa, eu não dou mais contribuição, porque eu não sei, se esse dinheiro é para financiar o culto, se é para melhorar a minha igreja, ou se vai parar lá na mão de uma organização clandestina, comunista para fazer baderna, no Brasil, por trás de alguns sacerdotes da Igreja Católica”.

Os bispos, a CNBB... Eu, que sou católico, tenho o direito de cobrar uma certa posição diante de certos extremismos, porque, no final, a gente vê que, lá por trás, há alguma ação de alguns padres que, desviados da doutrina de Jesus Cristo, partem para a doutrina marxista para agredir, atacar, semear a cizânia e o ódio entre os brasileiros. Isso não é função de quem é cristão.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2008 - Página 5401