Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comemora crescimento da economia brasileira. Alerta ao Governo sobre investimentos em transportes de massa. (como Líder)

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE TRANSPORTES. SENADO.:
  • Comemora crescimento da economia brasileira. Alerta ao Governo sobre investimentos em transportes de massa. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2008 - Página 5418
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE TRANSPORTES. SENADO.
Indexação
  • REGISTRO, DADOS, PESQUISA, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), ANALISE, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, IMPORTANCIA, AUMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), INICIO, EXERCICIO FINANCEIRO.
  • ANALISE, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL, CONTROLE, INFLAÇÃO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REDUÇÃO, DIVIDA PUBLICA, TAXAS, JUROS, AMPLIAÇÃO, EXPORTAÇÃO, IMPORTAÇÃO, RESERVAS CAMBIAIS, IMPEDIMENTO, COMPROMETIMENTO, BRASIL, CRISE, MERCADO INTERNACIONAL, ADVERTENCIA, NECESSIDADE, ATENÇÃO, CAMBIO.
  • COMENTARIO, INCENTIVO, GOVERNO FEDERAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, MERCADO INTERNO, AUMENTO, SALARIO MINIMO, REMUNERAÇÃO, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, FACILITAÇÃO, CREDITO IMOBILIARIO, ACESSO, POPULAÇÃO CARENTE, INFORMATICA.
  • ADVERTENCIA, EXCESSO, AUMENTO, NUMERO, AUTOMOVEL, AUSENCIA, INVESTIMENTO, RODOVIA, DEFESA, NECESSIDADE, TRANSPORTE COLETIVO URBANO, ESPECIFICAÇÃO, TRANSPORTE METROVIARIO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, EMPENHO, SENADO, DEBATE, ASSUNTO, INTERESSE, BRASIL.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadores, Srs. Senadores, quero, hoje, registrar no plenário os dados preliminares do IBGE sobre o crescimento da economia brasileira no ano passado.

O Brasil cresceu 5,4%, e os estudos conclusivos do IBGE que sairão no futuro próximo poderão apresentar um desempenho ainda melhor do que esse, que já é uma conquista muito importante se analisarmos mais de duas décadas em que este País cresceu menos de 2% ao ano.

Estamos retomando uma perspectiva de crescimento sustentável. O mais importante é que, nos meses de janeiro, fevereiro e agora março, todos os indicadores econômicos mostram que houve um crescimento bastante consistente que atinge praticamente todo o território nacional. A indústria de transformação teve um desenvolvimento muito forte, em torno de 6,5%, e o Produto Interno Bruto, no último trimestre do ano passado e neste primeiro trimestre, já atinge um patamar da ordem de 6%.

Esse crescimento econômico foi construído pela seriedade da política econômica do Governo Lula. Nós, em primeiro lugar, soubemos manter a estabilidade da economia, e a inflação, hoje, está muito próxima à meta de inflação, em torno de 4,5%, o que também é uma conquista muito importante quando olhamos, por exemplo, para uma economia como a dos Estados Unidos, que está com uma inflação de 7,2%.

No Brasil, o Banco Central foi eficiente do ponto de vista da contenção da inflação, e nós estamos crescendo, puxados pela demanda interna, puxados pelo consumo das famílias, com estabilidade.

Houve uma melhora nas contas externas e nas contas públicas, o que foi fundamental para pavimentar esse crescimento sustentável. Reduzimos a dívida pública de 57% do PIB para 42,5% do Produto Interno Bruto. Reduzimos o estoque da dívida, melhoramos o perfil da dívida e isso permitiu também a redução da taxa de juros e tenho certeza de que nós poderemos retomar, assim que acomodarmos a inflação, uma queda sustentável na taxa básica de juros.

Estabilidade, crescimento, melhora nas contas públicas e uma melhora muito expressiva na conta externa, a redução da vulnerabilidade externa, que foi a condição fundamental para que pudéssemos colher o que estamos colhendo. O Brasil manteve grandes superávits comerciais. Nós praticamente triplicamos as exportações brasileiras ao longo desses cinco anos do Governo Lula.

Tivemos um crescimento também importante das importações. E esse superávit permitiu que o Brasil gerasse reservas cambiais em torno de US$190 bilhões, que hoje são uma âncora muito segura nessa turbulência financeira internacional que atinge a economia americana com o subprime - uma economia que entra em recessão, que atinge a Europa e também vários bancos importantes de vários países - e que mantém a economia brasileira preservada. É evidente que esse cenário tem influência em nossa economia, mas eu diria que temos conseguido manter um relativo descolamento dessa tendência recessiva e dessa instabilidade financeira.

A Bolsa de Valores bate recordes atrás de recordes, o que barateia as condições de financiamento da economia brasileira, setor em que temos uma melhora muito importante, além das facilidades no financiamento do crédito consignado à população de baixa renda, do crédito imobiliário, onde só o consumo de cimento, no ano passado, cresceu 10,5%, o que significa a alavancagem da construção civil, da construção de casa própria, de investimentos em saneamento básico.

E está correto o Governo ao definir o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) como eixo de intervenção do Estado para reduzir os gargalos, particularmente energia, transporte e logística.

Faço uma advertência: mais de três milhões de veículos foram vendidos no ano passado - recorde histórico no Brasil -, mas não temos investimentos em estradas, ruas e avenidas, para suportar esse ritmo de crescimento da indústria automotiva. Na minha cidade, São Paulo, os congestionamentos diários chegam a 190 km, e tivemos, só nessa cidade, 900 mil carros novos entrando! Essa situação precisa ser revertida, não só...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Aloizio Mercadante, V. Exª necessita de quantos minutos para concluir?

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Dois minutos.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Então, colocarei três minutos para V. Exª.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado.

Teremos, então, um investimento importante em estrutura e logística e agora precisamos também de investimento em transporte de massa: trens, trens de alto desempenho, principalmente nos centros urbanos porque a estrutura viária não suportará esse crescimento vigoroso da venda de automóveis e caminhões, que foi superior a 30%.

Sr. Presidente, o que mais me entusiasma nesse cenário, com tantos desafios e muitos problemas - talvez o nosso problema macroeconômico mais importante seja a apreciação do real -, é que as importações cresceram, em janeiro e fevereiro, 50%; as exportações, apenas 19%. Não temos nenhum problema imediato de balanço de pagamentos, mesmo porque a conta de capitais e financeira continua muito forte, com a entrada de recursos externos, e o Brasil deve atingir, num futuro próximo, a condição de grau de investimento.

Mas é evidente que temos de olhar com muita atenção a taxa de câmbio e procurar, de forma suave e cuidadosamente, encontrar uma taxa de equilíbrio. Não é uma tarefa fácil, não é possível fazer pacote. O Governo jamais fará qualquer pacote econômico nem abandonará as diretrizes fundamentais da política econômica. É uma política bem-sucedida de crescimento, uma política econômica de estabilidade e, se for importante reverter o quadro da dívida externa, muito mais importante está sendo o resgate da dívida social deste País.

Oito milhões e meio de empregos com carteira de trabalho assinada, a renda da população pobre vem crescendo a um ritmo de 9%, um ritmo chinês, que é o Bolsa-Família, que hoje já não é só alimentos, porque, junto com ele, temos o salário mínimo, que vem se recuperando com uma política consistente, pactuada com as centrais sindicais de inflação mais PIB. Crescimento econômico baseado no consumo de massa. Dez milhões e meio de computadores - isso é inclusão digital e muda a qualidade da formação dos jovens, aumenta a eficiência da economia, coloca uma parte importante da sociedade na Internet e no futuro.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é neste Brasil, com tantos desafios e dificuldades, que este Senado Federal precisa ter uma agenda própria. Precisamos repactuar o debate político, aprofundar a discussão e tratar de temas relevantes, porque é isso que a sociedade brasileira espera. E tenho certeza de que seremos capazes de dar passos nessa direção.

Agradeço ao Presidente e ao Plenário pela atenção e termino como comecei. Acredito que foram muito importantes hoje os dados do IBGE, que ainda são provisórios, de um crescimento de 5,4%. Acho que é um crescimento muito relevante e, quando o IBGE concluir os estudos, teremos ainda melhores surpresas quanto ao crescimento econômico.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2008 - Página 5418